Uma nova linguagem, um tanto
sofisticada, para leigos como eu, que alinho preferencialmente nos trechos
musicais dos “Strauss valsantes”,
mais do que nas composições de grande complexidade tonal ou atonal desses
génios musicais a que se refere Salles da Fonseca - e que o próprio título do
seu texto igualmente exemplifica - aponta para uma certa ambiguidade ou, pelo
menos, para um outro lado da cultura que os mesmos leigos mal penetram. É certo
que todos esses compositores musicais, na profundidade sonora das suas
composições e mensagens ideológicas, servem igualmente aos propósitos críticos
de Salles da Fonseca, agora sobre uma Alemanha que neles se inspirou, na época
áurea de crimes de atordoar as consciências, de um povo extraordinariamente
saliente no mundo de realização cultural e do “homo faber” universal. Salles da
Fonseca deveria desenvolver melhor o seu pensamento, nesta sua temática musical
e histórica, o que seria uma lição de grande interesse para nós, leigos.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 23.05.19
ANTANHA TUPI
Wagner, Mahler, Strauss (o
alemão, o sério, o Richard, não os valsantes), Schönberg – todos iguais, todos
diferentes. Inconfundíveis, mas cada um a fazer-me lembrar os outros.
Sonoridades não longínquas, acordes e dissonâncias, todas primas e primos uns
dos outros. Só os dramas os distinguem na mesma saga a que o neto da avó tupi
se referiu ao chegar a Nova Yorque para o auto exilio a que se votou, Thomas
Mann, dizendo “onde eu estiver, está a Cultura Alemã”.
Wagner e a mitologia germânica
trazida à boca de cena para o refulgir da glória dos hiperbóreos – debalde, o
Kaiser caiu; Mahler e as convulsões sócio- politicas da aproximação da
decadência austro-húngara, o bluff a chegar ao fim e nem a “Canção da Terra”
levou aquela gente a pôr os pés no chão e a perceber que o mundo já não era aquele
em que ainda se imaginavam; Strauss, o compositor do infinito, aquele que em
desespero, faz a flauta trinar no final da última das quatro canções, a dizer
que a vida continua para além da morte…
…da morte da própria da Nação
Alemã.
Schönberg, a confirmar que havia
esperança na ressurreição, um halo do passado sobre o futuro que se abria…
Segue-se Alban Berg mas esse,
atonal, está noutra escola, numa sonoridade com que a avó de Thomas Mann nada
tinha a ver. E com os outros também não.
Maio de 2019
Henrique Salles da Fonseca
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