A necessidade da intervenção policial na
Grécia nas universidades gregas, para obviar aos actos de vandalismo aí
praticados, foi proposta de lei de um novo primeiro ministro conservador Kyriakos Mitsotakis, no que foi
altivamente respondido com o abandono do Parlamento pelos compadres do Syrisa. Por
cá há propostas de requisição civil na questão da greve dos motoristas, mas há
uma Antran valente que faz frente ao governo e vence, e parece que convence. Não somos idêntica gente...
GRÉCIA: Tsipras acusa Mitsotakis de perseguir as
universidades públicas
O novo primeiro-ministro conservador
grego apostou em aprovar um pacote legislativo que inclui a permissão para os
polícias entrarem nas universidades no dia em que assinala um mês de
governação. A oposição de esquerda saiu em bloco do hemiciclo.
A
oposição grega abandonou o Parlamento antes da votação de um pacote legislativo
onde se incluía uma lei para permitir à polícia entrar nos edifícios
universitários sem ter de ser antes chamada pela direcção, como acontecia até
agora. A introdução inesperada de duas emendas, que impõem limites ao montante
das pensões mensais, quer sejam por idade ou invalidez ou viuvez, desencadeou
esta reacção da oposição. Ainda assim, a votação aconteceu, no dia em que o
primeiro-ministro conservador Kyriakos Mitsotakis faz um mês no Governo.
O Syriza, os comunistas gregos e
outros pequenos partidos abandonaram o hemiciclo. Mas a legislação foi esta
quinta-feira aprovada pelo partido conservador Nova Democracia, após um animado
debate parlamentar. Em resposta às críticas do anterior primeiro-ministro
Alexis Tsipras de que a lei reflecte a “obsessão” do Governo em pôr em causa as
universidades públicas, Mitsotakis afirmou que o objectivo é afastar
dos campus universitários “criminosos” que têm podido operar livremente.
O primeiro-ministro tinha prometido que
mudar esta lei seria uma das suas prioridades, a par de uma série de medidas de
aumento de policiamento. A oposição à lei do asilo vem sobretudo da esquerda –
a lei foi aprovada pelo Partido Socialista em 1982 – e é hoje defendida pelo
partido de esquerda Syriza, por exemplo. O espírito da lei era proteger estudantes que protestassem e a
liberdade de ideias, evocando a repressão de um protesto nos tempos da junta
militar, em 1973, no Politécnico de Atenas. A data, 17 de Novembro, é sempre
assinalada com grandes manifestações.
Mas
caso após caso de ocupações, interrupções de aulas, vandalização de
propriedade, agressões entre grupos radicais, entre vândalos e professores,
levou a muitas críticas e pedidos para que a lei fosse anulada. Um telegrama
divulgado pela Wikileaks do então embaixador americano em Atenas revelava como
esta particularidade grega era vista: uma capa para todo o tipo de acções
ilegais nas universidades – até contrabando e venda de droga. As únicas três
vezes em que reitores chamaram a polícia tiveram a ver com casos muito
particulares, como uma plantação de cannabis num terreno da
universidade de Creta.
Muitos
professores universitários defenderam que a lei era já uma ameaça à liberdade académica
e não fazia nada para a assegurar. Um conselho de reitores e a Federação dos
Professores e Investigadores Universitários manifestaram apoio à lei, enquanto
associações de estudantes organizaram protestos pela sua manutenção e grupos
anarquistas prometeram resistir à entrada da polícia, se fosse chamada. Muitos
estudantes suspeitam da polícia – a semana passada foi libertado o homem que em 2008 matou o
estudante Alexis Grigoropoulos, então com 15 anos, em Exarchia. A morte foi o rastilho para semanas de
protestos violentos em Atenas.
Condenado a 13 anos de prisão, Epaminondas Korkoneas foi libertado depois de 11
de pena efectiva.
Em
relação à segurança, o novo Governo estabeleceu ainda metas para redução do
crime – o ministro para a Protecção dos Cidadãos, Michalis Chrysochoidis,
pediu à polícia para reduzir, até ao final do ano, o número de roubos e
assaltos em Atenas em 25%.
O
anúncio de patrulhamento da capital pelos polícias conhecidos como “panteras
negras”, que serão deslocados para estações de metro sob o mote da “Operação
Rede”, “parece um regresso aos maus velhos tempos”, escreveu Eva Cossé,
investigadora da Human Rights Watch na Grécia. “Tendo em conta a história de
operações policiais abusivas, a ‘Operação Rede’ faz disparar alarmes sobre uma
possível nova onda de violações de direitos humanos da polícia na capital.”
COMENTÁRIOS
TM, 08.08.2019: Uma medida de bom
senso. Nos últimos tempos a violência nas universidades gregas tem sido
inadmissível!
Tiago Vasconcelos, 08.08.2019: Porque é que as
universidades estatais haveriam de ter um estatuto à parte no que toca à acção
das forças de segurança?
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