quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Ao que se chegou!


A necessidade da intervenção policial na Grécia nas universidades gregas, para obviar aos actos de vandalismo aí praticados, foi proposta de lei de um novo primeiro ministro conservador Kyriakos Mitsotakis, no que foi altivamente respondido com o abandono do Parlamento pelos compadres do Syrisa. Por cá há propostas de requisição civil na questão da greve dos motoristas, mas há uma Antran valente que faz frente ao governo e vence, e parece que convence.  Não somos idêntica gente...
GRÉCIA: Tsipras acusa Mitsotakis de perseguir as universidades públicas
O novo primeiro-ministro conservador grego apostou em aprovar um pacote legislativo que inclui a permissão para os polícias entrarem nas universidades no dia em que assinala um mês de governação. A oposição de esquerda saiu em bloco do hemiciclo.
MARIA JOÃO GUIMARÃES    PÚBLICO; 8 de Agosto de 2019,
A oposição grega abandonou o Parlamento antes da votação de um pacote legislativo onde se incluía uma lei para permitir à polícia entrar nos edifícios universitários sem ter de ser antes chamada pela direcção, como acontecia até agora. A introdução inesperada de duas emendas, que impõem limites ao montante das pensões mensais, quer sejam por idade ou invalidez ou viuvez, desencadeou esta reacção da oposição. Ainda assim, a votação aconteceu, no dia em que o primeiro-ministro conservador Kyriakos Mitsotakis faz um mês no Governo.
O Syriza, os comunistas gregos e outros pequenos partidos abandonaram o hemiciclo. Mas a legislação foi esta quinta-feira aprovada pelo partido conservador Nova Democracia, após um animado debate parlamentar. Em resposta às críticas do anterior primeiro-ministro Alexis Tsipras de que a lei reflecte a “obsessão” do Governo em pôr em causa as universidades públicas, Mitsotakis afirmou que o objectivo é afastar dos campus universitários “criminosos” que têm podido operar livremente.  O primeiro-ministro tinha prometido que mudar esta lei seria uma das suas prioridades, a par de uma série de medidas de aumento de policiamento. A oposição à lei do asilo vem sobretudo da esquerda – a lei foi aprovada pelo Partido Socialista em 1982 – e é hoje defendida pelo partido de esquerda Syriza, por exemplo. O espírito da lei era proteger estudantes que protestassem e a liberdade de ideias, evocando a repressão de um protesto nos tempos da junta militar, em 1973, no Politécnico de Atenas. A data, 17 de Novembro, é sempre assinalada com grandes manifestações.
Mas caso após caso de ocupações, interrupções de aulas, vandalização de propriedade, agressões entre grupos radicais, entre vândalos e professores, levou a muitas críticas e pedidos para que a lei fosse anulada. Um telegrama divulgado pela Wikileaks do então embaixador americano em Atenas revelava como esta particularidade grega era vista: uma capa para todo o tipo de acções ilegais nas universidades – até contrabando e venda de droga. As únicas três vezes em que reitores chamaram a polícia tiveram a ver com casos muito particulares, como uma plantação de cannabis num terreno da universidade de Creta.
Muitos professores universitários defenderam que a lei era já uma ameaça à liberdade académica e não fazia nada para a assegurar. Um conselho de reitores e a Federação dos Professores e Investigadores Universitários manifestaram apoio à lei, enquanto associações de estudantes organizaram protestos pela sua manutenção e grupos anarquistas prometeram resistir à entrada da polícia, se fosse chamada. Muitos estudantes suspeitam da polícia – a semana passada foi libertado o homem que em 2008 matou o estudante Alexis Grigoropoulos, então com 15 anos, em Exarchia. A morte foi o rastilho para semanas de protestos violentos em Atenas. Condenado a 13 anos de prisão, Epaminondas Korkoneas foi libertado depois de 11 de pena efectiva.
Em relação à segurança, o novo Governo estabeleceu ainda metas para redução do crime – o ministro para a Protecção dos Cidadãos, Michalis Chrysochoidis, pediu à polícia para reduzir, até ao final do ano, o número de roubos e assaltos em Atenas em 25%.
O anúncio de patrulhamento da capital pelos polícias conhecidos como “panteras negras”, que serão deslocados para estações de metro sob o mote da “Operação Rede”, “parece um regresso aos maus velhos tempos”, escreveu Eva Cossé, investigadora da Human Rights Watch na Grécia. “Tendo em conta a história de operações policiais abusivas, a ‘Operação Rede’ faz disparar alarmes sobre uma possível nova onda de violações de direitos humanos da polícia na capital.”
COMENTÁRIOS
TM, 08.08.2019: Uma medida de bom senso. Nos últimos tempos a violência nas universidades gregas tem sido inadmissível!
Tiago Vasconcelos, 08.08.2019: Porque é que as universidades estatais haveriam de ter um estatuto à parte no que toca à acção das forças de segurança?

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