Afinal o seu país é extremamente vasto,
e a esmola do G7, de par com as sugestões de resolução, entregues,
para mais, nas propostas finais, não a um representante graduado de um país de
envergadura em área e economia, mas a uma França ultimamente a contas com os
seus próprios “incêndios”, excitou os orgulhos ardorosos do presidente
brasileiro e foi o que se viu de desbocamento altissonante: Ora toma, que já almoçaste!
G7:
Macron oferece ajuda para Amazónia, Bolsonaro responde com insultos
O
Presidente brasileiro acusou o seu homólogo francês de tratar o Brasil como se
fosse uma “colónia”, depois de este ter anunciado um apoio do G7 ao combate às
chamas na Amazónia. Macron respondeu-lhe: “O Brasil merece ter um Presidente à
altura do cargo”.
PÚBLICO,
26 de Agosto de 2019
O
Presidente francês liderou os esforços para o G7 assumir uma posição dura
contra Bolsonaro, mas acabou isolado REUTERS/PHILIPPE
WOJAZER
A guerra de palavras em torno da
Amazónia continua e nem o anúncio do G7 de enviar uma ajuda de emergência de
“pelo menos 20 milhões de euros” para o combate aos incêndios na floresta a
serenou. Mas o Presidente brasileiro
reagiu violentamente a esta oferta de ajuda, acusando o seu homólogo francês de
tratar Brasília como “uma
colónia ou terra de ninguém”.
Pelo meio, Bolsonaro e membros do seu Governo ofenderam Macron e a sua
primeira-dama.
Emmanuel
Macron comentou que
os brasileiros merecem um “Presidente à altura do cargo”, depois dos insultos a
Brigitte Macron. Bolsonaro fez
comentários “desrespeitosos” sobre a idade da primeira-dama francesa, Brigitte
— é 24 anos mais velha que Macron. “As mulheres brasileiras têm sem dúvida
um pouco de vergonha [de Bolsonaro]”, disse Macron.
Mas
nada disso incomodou o Presidente brasileiro, cuja hostilidade em relação a
Macron tem sido em crescendo, desde que a União Europeia assinou o acordo
comercial com os países do Mercosul, que implica o cumprimento de determinadas
regras ambientais na produção agrícola e pecuária para poder exportar para a UE. “Não podemos aceitar que um Presidente, Macron, dispare
ataques descabidos e gratuitos à Amazónia, nem que disfarce suas intenções
atrás da ideia de uma ‘aliança’ dos países do G7 para ‘salvar’ a Amazónia, como
se fossemos uma colónia ou uma terra de ninguém”.
Desde
que os incêndios florestais na Amazónia, os piores dos últimos cinco anos,
chegaram às manchetes de jornais internacionais e Macron apelou às sete
economias mais industrializadas que debatessem a "crise internacional"na cimeira
do G7 que Bolsonaro endureceu o discurso da soberania brasileira sobre a maior
floresta do mundo. Chegou mesmo a dizer que os incêndios e as polémicas não são
mais que tentativas para “enfraquecer o Brasil”, para lhe roubarem os recursos
da floresta.
Macron esforçou-se por assumir a
dianteira nas críticas ao Presidente brasileiro, numa estratégia de aproximação
à esquerda francesa e de conquista do eleitorado preocupado com as alterações
climáticas, e não lhe correu como esperava, vendo-se isolado. Reunidos este fim-de-semana em Biarritz, em
França, os líderes do G7 recusaram uma abordagem de confronto preferindo o
diálogo e a conciliação com Bolsonaro – a chanceler alemã, Angela Merkel,
deixou bem claro que não ia pôr em causa o acordo Mercosul-União Europeia.
E estenderam-lhe um primeiro ramo de oliveira: ajuda financeira internacional
no valor de "pelo menos 20 milhões de euros” para
operações aéreas de combate aos incêndios.
"Alguém
ajuda alguém?”
“Há
uma verdadeira convergência para dizer: ‘Estamos todos de acordo em ajudar o
mais rápido possível os países afectados por esses fogos”, disse Macron
no domingo, sublinhando que se deve ter um objectivo de reflorestação
“respeitando a soberania brasileira”. Mas, esta segunda-feira, voltou a deixar
avisos, atiçando os ânimos: “Se um Estado soberano toma, de forma clara,
concreta, medidas que estão em evidente oposição aos interesses de todo o
planeta, há todo um trabalho jurídico e político a ser feito”.
Os
líderes do G7 (EUA, Reino Unido, Japão, Canadá, França, Alemanha e Itália, e a
União Europeia como convidada) mandataram o chefe de Estado francês para
orientar os trabalhos de cooperação com os países afectados pelos
incêndios na Amazónia – Brasil,
Venezuela, Colômbia e Bolívia – e a
troca de insultos não augura bons resultados. “Estamos a trabalhar num
mecanismo de mobilização internacional para poder ajudar de maneira o mais
eficaz possível estes países”, disse no domingo Macron.
“Macron
promete ajuda de países ricos à Amazónia. Será que alguém ajuda alguém, a não
ser uma pessoa pobre, sem retorno? Quem é que está de olho na Amazónia? O que
eles querem lá?”, questionou Bolsonaro pouco depois de saber da oferta do
G7.
A estratégia de ajuda internacional
está dividida em duas fases, explicou
o Presidente francês. A primeira é imediata e sustenta-se no envio de ajuda
financeira e a segunda é a médio prazo com a apresentação na próxima
Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Setembro, de um plano para reflorestar
a Amazónia – o Presidente
da Colômbia, Ivan Duque, já
disse para conservar a maior floresta tropical do
mundo. Na
primeira, Bolsonaro terá de aceitar a oferta e, na segunda, de trabalhar lado a
lado com organizações não-governamentais que acusou recentemente de serem responsáveis pelos
incêndios e
populações locais, exigem os líderes mundiais.
Poucas
horas depois de uma nova vaga de insultos entre os dois chefes de Estado e de o
Presidente da Bolívia, Evo Morales, ter voltado atrás e aceitou ajuda
internacional, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, reagiu à oferta
de 20 milhões de euros dizendo ser “uma excelente medida”, “muito bem-vinda”, e
que Brasília vai decidir como serão usados, num claro desafio soberanista ao
G7. Segundo a proposta inicial, as verbas seriam usadas para financiar uma
frota de aviões de combate aos incêndios Canadair e o Governo brasileiro sempre
deixou bem assente não estar disposto a aceitar ajuda que imponha condicionantes.
Desafio
que contrasta com a política de braços abertos à ajuda oferecida por Israel. O
primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disponibilizou um avião e
técnicos especializados em operações de combate a incêndios e Bolsonaro aceitou
de imediato, à semelhança da oferta feita após o colapso da barragem em
Brumadinho, no estado de Minas gerais, no início deste ano. Brasília
e Telavive aproximaram-se bastante desde que o antigo capitão se sentou no
Palácio do Planalto.
Entretanto,
a Amazónia arde com incêndios descontrolados e até esta segunda-feira já se tinham registado
80.626 focos de incêndio em todo o Brasil, segundo o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais. O Governo brasileiro recusa-se a revelar a área ardida até
ao momento, sendo criticado por isso, mas sabe-se, por exemplo, que na Bolívia,
perto da fronteira com o Paraguai e o Brasil, já arderam pelo menos um milhão
de hectares.
Os
incêndios começaram há quase três semanas e, perante críticas
internas e internacionais de inacção, o Governo foi obrigado a activar os três ramos das forças armadas
para combater os incêndios cujas suspeitas recaem sobretudo em mão humana.
Anunciou ter disponível uma força de 44 mil militares no Norte do país, sem no
entanto avançar números nem quando estariam nos sete dos nove estados
amazónicos que pediram ajuda federal. E a verdade é que são poucos os relatos
de militares avistados nas linhas de combate aos fogos.
Por agora, só dois aviões Hércules
C-130 da Força Aérea parecem estar a actuar no estado de Rondónia e vídeos das
suas descargas de água com químicos foram divulgadas por Bolsonaro, numa
tentativa de dirimir as críticas quando as ruas brasileiras eram inundadas por
manifestações em defesa da Amazónia. “Amazónia fica, Bolsonaro sai”, gritou-se,
com muitos a exigirem a demissão do ministro do Meio Ambiente.
COMENTÁRIOS:
Joao: Não
tenho dado para este peditório mas isto começa a ser seboso. Os chefes de
estado são figuras que representam a sua nação, merecem respeito e devem dar-se
a todo o respeito. Não interessa que gostemos ou não, sendo chefes de estado
devem ser tratados segundo os protocolos existentes, no mínimo cordialmente.
Não gosto do Bolsonaro ou do Macron mas não quero que o Costa lhes seja
inconveniente ou indelicado, se cá vierem devem ser recebidos cordialmente
segundo os protocolos. Etc Etc. São pessoas que melhor ou pior representam
milhões de pessoas. Não se pode ceder a merdinhas mesquinhas, devem ser
respeitados.
E
claro devem-se dar ao respeito. Não sei como reagiria o Macron se o Bolsonaro
tivesse oferecido vinte euros para reconstruir a Notre Dame ou tivesse proposto
que o Mercosul tomasse conta da Notre Dame para a salvar já que o Macron não a
conseguiu proteger. Vamos ver, é um disparate do Macron (que é um sabido
sedutor e manipulador) só para aparecer na ribalta e ficar com os holofotes.
Depois vem o Bolsonaro que é um bronco e descamba. Enfim, tudo o que não se
deve fazer.
rafael.guerra.www: Foi o G7 que concordou em gastar 20 milhões de euros
como ajuda de emergência, o que não significa que pare por aí.
País
governado por canalhas que ilustram bem o que uma boa parte do Brasil realmente
é. Após os ataques pessoais contra Emmanuel Macron, Jair Bolsonaro atacou
Brigitte Macron, ridicularizando a primeira dama francesa ao endossar um
comentário ofensivo no Facebook. No mesmo dia, o presidente francês foi alvo do
ministro da Educação brasileiro, que o chamou de "cretino oportunista.
Bob Figueiredo: Estão a buscar promoção pessoal; Já é hora de dar fim
na briga de rua e respeitarem-se mutuamente.
rafael.guerra.www: Confundir a diplomacia francesa com a vagabundagem do
seu governo ..
João Pereira 35: Macron começou, agora aguenta, acha que ele tá certo?,
quero ver quando ele sugerir a internacionalização das ilhas dos açores.
TM: As
ilhas dos Açores não estão em risco de catástrofe natural.
João Pereira 35: E quem disse que a amazônia está? ela é 4 vezes o
tamanho da França, acha mesmo que não existe incêndios num território desse
tamanho? controlável e a natureza se recupera, para queimar uma floresta desta
demora 380 anos, não 2 semanas que o Macron diz, ignorância tem limites, todos
nós iremos morrer e a amazónia continuará linda e intacta, não precisa de
ninguém para isso.
TM: Bem-vindos
ao tempo das redes sociais!
DNG: Como
foi possível o brasileiro comum eleger um indivíduo de um nível tão baixo como
Bolsonaro, um arruaceiro ignorante cuja responsabilidade moral sobre o que se
passa na amazónia é flagrante?
Lars Arens: Porque
aquele brasileiro que votou nele é de nível baixo, ignorante (“ignorante” na
verdade é linguagem politicamente correcta, mais certo é dizer “parvo”) pelo
que se identifica com um presidente igual a ele. Nos EUA com o Trump é a mesma
história...
MARIA LUIZA M SILVA: Bolsonaro tira aposentadoria dos pobres, alegando não
ter dinheiro, mas esnoba a ajuda da Europa para combater as queimadas na
Amazônia, manda Merkel enfiar dinheiro nas florestas alemãs, faz comentários
cafajestes sobre a esposa de Macron. É um incompetente, grosseiro e bajulador
dos EUA de quem nada exige em troca. Brasil merece mais que isso.
claudio nero: O
Macron queria o seu Amigo Lula ele nem sabe resolver os problemas da quinta
dele
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