quarta-feira, 14 de agosto de 2019

O ímpeto, a passividade



Uma crónica de Ricardo Pinheiro Alves sobre as refregas em Hong Kong, de uma juventude educada num regime naturalmente menos aperreado do que o chinês, e que se rebela aguerridamente e corajosamente contra as leis chinesas, de longa data ostracizantes, para quem não se submeta ao autoritarismo segundo modelo rígido de milhares de anos. Alguns comentadores condenam os jovens, admitindo forças manipuladoras de esquerda por trás da rebeldia, que já tantos estragos causou no mundo, há quem admire a coragem dos jovens rebeldes, que em Tiananmen tinham dado exemplo igualmente, e condene a mansidão de Macau, como a do Ocidente, aliás, oportunista e interesseiro. Os comentadores explicam.
Enquanto estamos em férias, em Hong Kong luta-se pela liberdade
OBSERVADOR, 12/8/2019
Enquanto o Ocidente está em férias, em Hong Kong luta-se pela liberdade. E de Macau ouve-se apenas um silêncio ensurdecedor.
A instabilidade em Hong Kong não dá sinais de abrandamento e a sua duração já alcançou a do “movimento dos guarda-chuvas” de 2014. Mas desta vez a situação é diferente. Os jovens lutam desesperadamente para prevenir a opressão de um regime comunista tirânico que já começou a roubar-lhes a liberdade. As suas mensagens são claras quanto aos objectivos: “Os Céus irão destruir o Partido Comunista” e “Libertem Hong Kong”.
 Porque é que os jovens receiam o Partido Comunista? O Observador publicou recentemente uma excelente peça sobre a situação em Hong Kong. Mas um artigo no “Journal of Democracy do passado mês de Julho explica mais detalhadamente porquê.
A razão é o “dedo digital do Big Brother” que está instalado na China. A tirania chinesa controla o ciberespaço e manda prender quem nele lançar rumores “inapropriados”, perscruta minuciosamente todo os acessos e elimina ligações VPN que não autorizou. Mas pior ainda, o opressor chinês vigia a vida privada e pública de todos os chineses usando para isso tecnologias de vídeo vigilância, de reconhecimento facial e de voz, e de recolha e tratamento de ADN que o Ocidente lhe disponibilizou. Com base nesta informação faz um “ranking” de bom comportamento dos chineses (e dos estrangeiros que visitam a China). É isto que os jovens de Hong Kong receiam e que os de Macau parecem aceitar ou ignorar.
Não sabemos qual será o desfecho destes protestos mas a acreditar nas experiências do passado a dúvida é saber quando é que a China vai substituir o “dedo digital do Big Brother” pelo “punho-de-ferro” e esmagar os protestantes, impondo o mesmo controlo sobre a população de Hong Kong que hoje coloca sobre os chineses.
O desinteresse do Mundo ocidental é quase generalizado. Uns porque não querem colocar em risco potenciais investimentos, outros porque sendo a China um regime totalitário de esquerda não há que fazer ondas e o que se deve é criticar as políticas tarifárias de Trump.
Apesar disso, o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas recebeu recentemente uma carta de 22 países a apelar ao fim da prisão e da lavagem cerebral em centros de reeducação que o regime chinês faz ao povo Uighur no Oeste do país. A maioria dos países desenvolvidos votou favoravelmente esta condenação. Portugal assinou? E porque é que isso passa totalmente despercebido?
A esquerda totalitária afirma-se cada vez mais como o grande perigo para a liberdade e para a democracia. Da China à Rússia, onde Putin procura a todo o custo restabelecer a estabilidade controlada do Comunismo, passando por Venezuela, por Cuba e por outras regiões do Mundo, os regimes ditatoriais de esquerda continuam a ser admirados no Mundo ocidental.
Em Portugal essa admiração é evidente e traduz-se pela presença no parlamento de três partidos anti-democráticos que lutam diariamente por limitar a liberdade dos portugueses. Com 15% dos deputados, estes partidos estão na expectativa de crescer em breve.
Só assim se pode explicar que ao mesmo tempo que em Hong Kong se protesta contra um acordo de extradição para a China, Macau, que já tinha assinado em Fevereiro passado um acordo com a China para a extradição de condenados (como escrevi aqui isso não é um problema em Macau), assinou também com Portugal um acordo para a entrega de infractores em fuga.
A Ordem dos Advogados levantou legítimas dúvidas sobre a legalidade e as consequências deste acordo assinado por Portugal, designadamente se estão garantidos os direitos dos condenados caso sejam transferidos para Macau. Mas continuamos sem saber se o perigo de enviar “desgraçados” para as garras de um regime autoritário existe ou não. Estamos em férias.
O texto reflecte apenas a opinião do autor
Economista
COMENTÁRIOS:
Antonio Sousa Branco: O Big Brother do Triunfo dos Porcos de George Orwell, é uma verdadeira criancinha, comparada com o BIG BROTHER em que a China se tornou. O pesadelo de Tiananmen está sempre presente no consciente da Nomenklatura do PCC, que acredita, que a sua sobrevivência depende do total e brutal controle do corpo e da mente, dos seus quase mil e quatrocentos milhões de habitantes. A História o dirá. 
d f :  Deve-se admirar a coragem de quem luta contra a ditadura, pela liberdade e a democracia. 
Earl Woode: E porque não se fala do que se passa em França? Porque não se ouve (ou lê) uma palavra sobre os continuados protestos dos coletes amarelos? Quem controla a imprensa?
Alberto Rei: VAI-SE A VER, ÉS UM DOS QUE ADVOGA A INDEPENDÊNCIA DE HONG KONG
Sioux Boumerang: Em hong kong não se luta,  em hong kong age-se a coberto da perfídia, já apareceu numa fotografia uma emissária dos terroristas para manobrar as massas e ensinar a aplicar métodos para provocar o caos e o terror , são os mesmos que democratizaram a Líbia , são os representantes dos endividados e falidos deste mundo, como você, se quer que os chineses abdiquem do que têm no seu país para gozarem do que você tem no seu país. Ou é maluco ou irracional, quanto ao que os chineses valem em comparação com os outros chamados de democratas, basta ver o que os chineses deram pela edp e o que os democratas ofereceram, percebeu? Vá distribuir democracia para os aborígenes na austrália e para os nativos na américa!
Alberto Rei: vergonhoso é o teu silêncio ensurdecedor para o que se passa em Portugal. Deixas o Observador ficar mal… podias ler e aprender com a grande HELENA MATOS.
Diego Maradona: Não há comunismo nenhum na China! A China mantém a sua tradição de uma Administração Central e autoritária desde há milhares de anos, adaptada aos tempos modernos, agora chamada de comunismo. Mas não é comunismo nenhum.
Luis Teixeira-Pinto: O mais relevante naquilo que diz é o alheamento enorme do Ocidente em relação a este problema. A China sabe que pode trabalhar à vontade, o Ocidente fecha os olhos, guarda respeitoso silêncio e cala-se a qualquer brutalidade que possa acontecer. Maus são os Trumps e os Bolsonaros que têm a coragem de remar contra a maré...É pena que sejam de facto desajeitados, porque poderiam ser em concreto o alicerce de um movimento de renascimento do Ocidente e dos seus valores.
Manuel Tiago: Por cá também se luta, caro Ricardo, mas acontece que pouco, porque liberdade é coisa que a maioria dos portugueses não gosta. Hong-Kong é outra loiça...
victor guerra: Hong Kong é China. Quanto mais tempo reagirem, em vez de contaminar os outros pela positiva, mas pesado vai ser o castigo
José Paulo C Castro: O português vende a liberdade barato. Não aceita é que lhe baixem o preço da venda.
Alberto Rei: podias era dizer qual a liberdade que está em perigo em HK.
Luís Faria: Hong Kong era Inglaterra. Macau de Portugal. É preciso fazer um desenho?
Paulo F.: Macau tem ainda ADN português, são pacatos e conformados.
Luís FariaPaulo F.: Mansos, quer você dizer
Tomás Mancelos: Mais um excelente artigo do Professor Doutor Pinheiro Alves. Alerta para a tirania do comunismo ainda hoje existente mundo e que tantos toleram neste nosso país...


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