Comentário de Salles da Fonseca, via email, sobre um protesto de Rui Rio num telejornal de ontem:
«O QUE ELES DIZEM…
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DISSE O TELEJORNAL DAS 20,00 H. DA TVI DE 2019-08-22
QUE
O Dr. Rui Rio terá dito que não se compreende que tamanha carga fiscal não
corresponda a melhores serviços públicos nem a vencimentos mais elevados na
Função Pública.
E DIGO EU QUE
Se as declarações do Dr. Rui Rio não tiverem sido distorcidas ou truncadas,
não concordo com ele pois o objectivo do Governo Costa é o mesmo que o do
Governo Coelho, a anulação do défice público tanto pelo acréscimo da receita
(carga fiscal) como pela redução da despesa (as famosas cativações), obtenção
de superavits e sequente redução do stock da dívida antes que os juros retomem
a subida.»
Quanto a mim… não digo nada, que nada
sei de economias, mas também não sei se andamos a ser enganados, nesta
roda-viva de notícias que ora indicam que estamos com as economias a subir,
mais do que na Europa, mesmo sem indústrias que se vejam, ora que afinal estamos
mais negativos, num barrete constantemente enfiado de trafulhice pegada…
Mas Salles
da Fonseca mostra ter confiança em A. Costa que, de resto, vai de
vento em “popa”nas sondagens que o “emproam”…
E mais uma vez, lembremos António Nobre,
e o seu poema «A VIDA», que os poetas sabem explicar como ninguém, embora nós
prefiramos a versão actual de “O que faz
falta é animar a malta, o que faz falta…”
…. Olha em redor, poisa os teus olhos! O que vês?
O mar a uivar! A espuma verde das marés!
Escarros! A traição, o ódio, a agonia, a inveja!
Toda uma catedral de lutas, uma igreja
A arder entre clarões de cóleras! O orgulho
Insuportável tal o meu, e o sol de Julho!
Jesus! Jesus! Quantos doentinhos sem botica!
Quantos lares sem lume e quanta gente rica!
Quantos reis em palácio e quanta alma sem férias!
Quantas torturas! Quantas Londres de misérias!
Quanta injustiça! quanta dor! quantas desgraças!
Quantos suores sem proveito! quantas taças
A trasbordar veneno em espumantes bocas!
Quantos martírios, ai! quantas cabeças loucas,
Neste manicómio do Planeta! E as orfandades!
E os vapores no mar, doidos, às tempestades!
E os defuntos, meu Deus! que o vento traz à praia!
E aquela que não sai por ter usada a saia!
E os que soçobram entre a vaidade e o dever!
E os que têm, amanhã, uma letra a vencer!
Olha essa procissão que passa: um torturado
De Infinito! Um rapaz que ama sem ser amado,
E para ser feliz fez todos os esforços...
Olha as insónias duma noite de remorsos,
Como dez anos de prisão maior-celular!
Olha esse tísico a tossir, á beira-mar...
Olha o bébé que teve Torre de coral
De lindas ilusões, mas que uma águia, afinal,
Devorou, pois, ao vê-la ao longe, avermelhada,
Cuidou, ingénua! que era carne ensanguentada!
Quantos são, hoje? Horror! A lembrança das datas...
Olha essas rugas que têm certos diplomatas!
Olha esse olhar que têm os homens da política!
Olha um artista a ler, soluçando, uma critica...
Olha esse que não tem talento e o julga ter
E aquele outro que o tem... mas não sabe escrever!
Olha, acolá, a Estupidez! Olha a Vaidade!
Olha os Aflitos! A Mentira na Verdade!
Olha um filho a espancar o pai que tem cem anos!
Olha um moço a chorar seus cruéis desenganos!
Olha o nome de Deus, cuspido num jornal!
Olha aquele que habita uma Torre de sal,
Muros e andaimes feitos, não de ondas coalhadas,
Mas de outras que chorou, de lagrymas salgadas!
Olha um velhinho a carregar com a farinha
E o filho no arraial, jogando a vermelhinha!
Olha a sair a barra a galera Gentil
E a Ana a chorar p'lo João que parte p'ro Brasil!
Olha, acolá, no cais uma outra como chora:
É o marido, um ladrão, que vai «p'la barra fora!»
Olha esta noiva amortalhada, num caixão...
Jesus! Jesus! Jesus! o que aí vai de aflição!
Ó meu amor! é para ver tantos abrolhos,
Ó flor sem eles! que tu tens tão lindos olhos!
Ah! foi para isto que te deu leite a tua ama,
Foi para ver, coitada! essa bola de lama
Que pelo espaço vai, leve como a andorinha,
A Terra!
Ó meu amor! antes fosses ceguinha...
O mar a uivar! A espuma verde das marés!
Escarros! A traição, o ódio, a agonia, a inveja!
Toda uma catedral de lutas, uma igreja
A arder entre clarões de cóleras! O orgulho
Insuportável tal o meu, e o sol de Julho!
Jesus! Jesus! Quantos doentinhos sem botica!
Quantos lares sem lume e quanta gente rica!
Quantos reis em palácio e quanta alma sem férias!
Quantas torturas! Quantas Londres de misérias!
Quanta injustiça! quanta dor! quantas desgraças!
Quantos suores sem proveito! quantas taças
A trasbordar veneno em espumantes bocas!
Quantos martírios, ai! quantas cabeças loucas,
Neste manicómio do Planeta! E as orfandades!
E os vapores no mar, doidos, às tempestades!
E os defuntos, meu Deus! que o vento traz à praia!
E aquela que não sai por ter usada a saia!
E os que soçobram entre a vaidade e o dever!
E os que têm, amanhã, uma letra a vencer!
Olha essa procissão que passa: um torturado
De Infinito! Um rapaz que ama sem ser amado,
E para ser feliz fez todos os esforços...
Olha as insónias duma noite de remorsos,
Como dez anos de prisão maior-celular!
Olha esse tísico a tossir, á beira-mar...
Olha o bébé que teve Torre de coral
De lindas ilusões, mas que uma águia, afinal,
Devorou, pois, ao vê-la ao longe, avermelhada,
Cuidou, ingénua! que era carne ensanguentada!
Quantos são, hoje? Horror! A lembrança das datas...
Olha essas rugas que têm certos diplomatas!
Olha esse olhar que têm os homens da política!
Olha um artista a ler, soluçando, uma critica...
Olha esse que não tem talento e o julga ter
E aquele outro que o tem... mas não sabe escrever!
Olha, acolá, a Estupidez! Olha a Vaidade!
Olha os Aflitos! A Mentira na Verdade!
Olha um filho a espancar o pai que tem cem anos!
Olha um moço a chorar seus cruéis desenganos!
Olha o nome de Deus, cuspido num jornal!
Olha aquele que habita uma Torre de sal,
Muros e andaimes feitos, não de ondas coalhadas,
Mas de outras que chorou, de lagrymas salgadas!
Olha um velhinho a carregar com a farinha
E o filho no arraial, jogando a vermelhinha!
Olha a sair a barra a galera Gentil
E a Ana a chorar p'lo João que parte p'ro Brasil!
Olha, acolá, no cais uma outra como chora:
É o marido, um ladrão, que vai «p'la barra fora!»
Olha esta noiva amortalhada, num caixão...
Jesus! Jesus! Jesus! o que aí vai de aflição!
Ó meu amor! é para ver tantos abrolhos,
Ó flor sem eles! que tu tens tão lindos olhos!
Ah! foi para isto que te deu leite a tua ama,
Foi para ver, coitada! essa bola de lama
Que pelo espaço vai, leve como a andorinha,
A Terra!
Ó meu amor! antes fosses ceguinha...
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