É só isso que me apetece hoje dizer,
após estas leves e simpáticas crónicas que tantos momentos nos fizeram reviver.
O afecto – para além do “sorriso” narrativo – transbordou delas, fazendo
lembrar tantas “cantigas de amor” de João
Maria Tudela - “Moçambique”, “Lourenço
Marques – minha flor,
meu derriço… sei que tens feitiço”, e também “the garden city by the sea”. Mas reponho apenas, “Kanimambo”, canção de tanto êxito outrora. Kanimambo.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 07.08.19
De
carro alugado e conhecendo bem a cidade, fomos a toda a parte sem tempos
mortos. Em 2006, Maputo era uma cidade absolutamente tranquila e aprazível
como fora Lourenço Marques. Andámos por onde quisemos.
De
manhã, demos uma volta pela baixa da cidade e fomos ver o forte onde eu
nunca tinha entrado porque, segundo se dizia no nosso tempo, não tinha nada de
especial para ver. Mas agora, com a parte central muito bem ajardinada, guardava
a estátua equestre do Mouzinho que dantes estava no centro da rotunda
fronteira ao edifício da Câmara Municipal, ou seja, no topo da Avenida D. Luís.
Nas galerias interiores do forte, uma colecção de estatuária de menores
dimensões representando portugueses que se distinguiram na História de
Moçambique e muitas fotos, gravuras e estantes com documentos considerados
importantes que agora já não sou capaz de identificar. Ao contrário do
que me recusei a ver em São Tomé cujo forte homólogo a este se empenhava a
dizer mal de Portugal e dos portugueses, este, em Maputo, considera que o
período colonial faz parte da História do país e trata-nos com a dignidade que
me pareceu correcta. Saindo do forte, passámos frente à Casa Amarela – uma das mais antigas e
icónicas edificações da cidade antiga - onde estava uma exposição de numismática
que tivemos o cuidado de deixar para outros verem. Dali, seguimos pela outrora Rua
do Major Araújo onde proliferam os mesmos ou outros cabarets do antigamente e fomos ver outro ex libris da cidade, o mercado municipal. A
funcionar em pleno, as bancas a serem repostas para os clientes tardios, vimos
o que não esperávamos: uma vendedeira branca, dona da sua banca cheia de
verduras e outras mercadorias que a esta distância no tempo já não recordo.
Como
já disse na crónica anterior, fomos almoçar ao Grego da Costa do Sol comer caranguejos. Foi ali que
encontrei um amigo que, entretanto, tinha mais 32 anos do que quando o conheci
no Centro Hípico. Branco cuja família era oriunda de Castelo
Branco, optara pela nacionalidade moçambicana e ficara na sua terra de
naturalidade. Retomámos o contacto internético até que o ciclone que devastou
Pemba (para onde, entretanto, se mudou) interrompeu as comunicações. Creio que
a normalidade tenha sido restabelecida mas ele não voltou ao contacto. Espero
que esteja tudo bem com ele e que a falta de respostas às minhas mensagens seja
apenas devida a alguma zanga pessoal por motivo que não descortino.
Mas
lembrei-me de um acontecimento naquela mesma esplanada do grego no meu tempo
antigo por aquelas paragens. A Teresa, o Nixa Lacasta, a Guida e eu tínhamos
ido até ali lanchar numa tarde de Domingo e eu fiquei a guardar uma mesa
enquanto as Senhoras e o Cavalheiro foram «lavar as mãos». Considerando as
cabeceiras da dita mesa, haveria lugar para seis pessoas. Estava eu sozinho de
guarda e eis que sem mais nem menos mas com uma expressão afável, um preto se
senta num dos lugares ainda disponíveis e faz sinal a mais alguém informando à
distância de que encontrara lugares. Logo o informei da situação em que me
encontrava de guarda à mesa reservada para os meus amigos que tinham ido lavar
as mãos. Ao ter que fazer a explicação em inglês, logo percebi que se tratava
de um sul africano e presumi que andasse em turismo. O bom homem de imediato se
levantou e pediu desculpa pelo engano. Não houve qualquer espécie de incidente
e reparei que, passado pouco momentos, ele conseguiu os lugares que procurava.
Mas fiquei a pensar em como é possível haver usos e costumes tão diferentes a
tão poucos quilómetros de distância. Assim, muito dificilmente, um português se
senta numa mesa já ocupada parcialmente por outras pessoas enquanto os «bifes»
o fazem com relativa facilidade bastando para isso um aceno de cumprimento e de
pedido de autorização apenas protocolar. Era, pois, perfeitamente natural que aquele
homem, anglicizado, procedesse do modo descrito. Mas houve mais uma perspectiva
que me deixou a pensar que aquela foi uma oportunidade que eu perdi para dar um
estaladão no apartheid. De facto, o turista em apreço, preto, sabia que nós não
aprovávamos a segregação racial e que, pelo contrário, fazíamos gala na
integração social e na criação de sociedades pluri-raciais. Portanto, à
confiança, avançou para a mesa do branco com toda a confiança e com a certeza
de ter conseguido os lugares de que precisava. Fiquei com pena da desilusão que
lhe devo ter provocado mas espero que ele tenha reparado que eu não lhe menti
sobre os outros brancos que entretanto chegaram de mãos lavadas. Mas o Piet
Botha, se ali estivesse, ter-se-ia ficado a rir. E disso eu não gostaria. Mas
isto passara-se no antigamente.
Depois
da lambuzisse que é comer caranguejos no Grego
da Costa do Sol, fomos ver o «meu»Centro Hípico onde, claro está, não fui
reconhecido. Pareceu-me tudo igual ao antigamente mas talvez fosse da hora, não
vi qualquer actividade equestre. Vi, isso sim, alguns cavalos soltos a pastar
capim, prática boa para a mente do cavalo mas inútil para a prática desportiva.
Ou muito me enganei ou os cavalos que vi não eram da qualidade dos de
antigamente, quase todos puro-sangue-inglês. Agora, pareceram-me bastante
mais modestos. Talvez fosse interessante reatar relações com o passado. Aqui
fica a sugestão caso algum sócio do Centro Hípico de Maputo eia estas linhas.
Lentamente,
demos um «salto» a Marracuene (a que também chamávamos «Vila Luísa»)
para concluir que aquela vila histórica já vira melhores dias. Pois… mas
representava a derrota de Gungunhana e os actuais «donos da verdade» não
devem gostar do episódio do quadrado.
Dia
bem preenchido, regressámos ao hotel e jantámos na varanda sobre a baía. No dia
seguinte, pela manhã, viagem até ao Kruger.
Agosto
de 2019
Henrique
Salles da Fonseca
Kanimambo
INSTRUMENTAL
Kanimambo, só contigo
Eu consigo entender o amor.
Kanimambo, preso aos laços
Dos teus braços, a vida é melhor.
É por isso, quando tu sorris
Que o feitiço me faz tão feliz.
E me obriga, a que eu diga
Kanimambo, como o negro diz.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, Tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta,
Many Thanks, tudo é Kanimambo. (BIS)
INSTRUMENTAL
Kanimambo, se mais linda
Fosse ainda, a expressão landim.
Kanimambo, não diria
Como eu queria, o que és para mim.
Não sei bem, a razão porquê
Sei que vem, de ti não sei quê.
E que ao ver-te, sou credor
De dizer-te, Kanimambo amor.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta
Many Thanks, tudo é Kanimambo. (BIS)
Tudo é Kanimambo.
Tudo é Kanimambo.
Kanimambo!!!
Kanimambo, só contigo
Eu consigo entender o amor.
Kanimambo, preso aos laços
Dos teus braços, a vida é melhor.
É por isso, quando tu sorris
Que o feitiço me faz tão feliz.
E me obriga, a que eu diga
Kanimambo, como o negro diz.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, Tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta,
Many Thanks, tudo é Kanimambo. (BIS)
INSTRUMENTAL
Kanimambo, se mais linda
Fosse ainda, a expressão landim.
Kanimambo, não diria
Como eu queria, o que és para mim.
Não sei bem, a razão porquê
Sei que vem, de ti não sei quê.
E que ao ver-te, sou credor
De dizer-te, Kanimambo amor.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta
Many Thanks, tudo é Kanimambo. (BIS)
Tudo é Kanimambo.
Tudo é Kanimambo.
Kanimambo!!!
Compositor: Vasco De M. Sequeira, Artur Fonseca E Reinaldo Ferreira
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