Ainda sobre os incêndios da Amazónia:
Diz quem conhece dados, mesmo por interpostas pessoas, socorrendo-se das
opiniões dos seus amigos, que parecem certeiras - qu’en sais-je? – Dizem-no Salles
da Fonseca, Francisco Gomes de Amorim, Carlos Traquelho.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 27.08.19
A BEM DA NAÇÃO, 27.08.19
Perguntado sobre se o “A bem da Nação” se
pronuncia sobre os fogos na Amazónia, respondo que a desinformação me parece
muito grande, o que obsta a que consigamos fazer raciocínios minimamente
fundamentados em informação credível. De tudo o que me chega, extraio a
sensação de que, das duas, uma: ou é verdade ou é mentira.
Portanto, louvo-me na opinião do meu amigo Francisco
Gomes de Amorim que vive no Brasil há mais de 40 anos, tem uma visão
holística do assunto, conhece os brasileiros nas suas virtudes e nos seus
podres e conhece os que se lhes opõem nas suas virtudes e nos seus podres. Da conversa telefónica que tivemos extraio que:
-
Sempre houve queimadas na Amazónia que, descontroladas, se transformaram em
acidentes;
-
A pressão para a extensão das áreas agrícolas e pecuárias incide
na região amazónica na razão directa da corruptibilidade governativa;
-
A cooperação internacional vem sendo feita a pretexto do combate
aos fogos mas tendo como objectivo real a prospecção das riquezas naturais, em
especial as do subsolo;
-
O Brasil dispõe dos meios necessários ao combate aos fogos mas
seria importante que estes deixassem de ser ateados por quem quer manter as
equipas prospectoras das riquezas naturais na Amazónia;
-
De momento, são conhecidos os interesses de França, da Alemanha e
da Noruega;
-
Adivinha-se a decisão internacional de imposição de sanções ao
Brasil com vista a impedir acordos comerciais que facilitem a entrada de
produtos agrícolas (e pecuários) e agrícolas transformados nos mercados
europeus. Uma das riquezas do subsolo amazónico parece ser essa tal dos
metais raros.
(Seguem-se dois gráficos que me
foram enviados por outro contacto meu no Brasil.)
Agosto de 2019
Henrique
Salles da Fonseca
COMENTÁRIO
Anónimo 27.08.2019: O teu amigo Gomes
de Amorim leva de vida no Brasil quase 20 vezes mais do que o tempo que lá
estive, pelo que não me atrevo a contestar as conclusões plasmadas. Todavia,
sobre este assunto importa, talvez, acrescentar algumas coisas. É certo que sempre
houve queimadas e fogos, em todos os Governos Brasileiros, também é certo que
eu não alinho primariamente contra o Bolsonaro, responsabilizando-o
pelos fogos. Todavia, ele foi capaz de ter dado sinais errados em
relação à preservação da Amazónia e das populações indígenas durante a campanha
eleitoral e já como governante, para além de ter tentado desvalorizar, num
primeiro momento, o incremento de 80% dos fogos/queimadas em relação a igual
período do ano anterior e só tardiamente tomou a decisão de enviar militares a
combatê-los, e fê-lo já sob pressão internacional. Acresce que, segundo
se lê, as verbas do Ministério da Economia para esse fim foram, em parte,
cativadas, na linha, aliás, das portuguesas cativações. E como se isto
já não bastasse, em cima desta calamidade assistimos, numa primeira fase, a um
deplorável “bate-boca” entre o Governo Brasileiro e o Macron, passando pela
mulher deste, pela Notre-Dame e pelo Acordo Mercosul/EU, o qual demorou 20 anos
(!) a negociar, para, na segunda fase, assistirmos à recusa sobranceira
brasileira do apoio oferecido pelo G7, na presunção de que haveria interesses
ocultos na “esmola”.
Tudo
é triste e lamentável. Não tenho dúvidas que há mão criminosa nestes incêndios
(e não só nestes), como acaba de admitir a Procuradora-Geral brasileira, quer
nesse País quer noutros limítrofes, e aposto que as mãozinhas serão,
designadamente, dos ilegais mineiros, rancheiros e madeireiros. Espero que o Brasil bem como os outros Países da
região, também abrangidos pela Amazónia, consigam rapidamente debelar os
incêndios e iniciar, posteriormente, a reflorestação. Confio que a ONU tenha um
papel positivo nesse projecto a ser aceite pelo Estados afectados. Quando
lá vivia apercebi-me que havia uma corrente (e seguro que Bolsonaro a integra)
que olhava com muita desconfiança para o interesse internacional, aparentemente
ecológico, em relação à Amazónia, sentindo que estariam terceiros indevidamente
a laborar considerações ou a tomar acções sobre aquela parte do território
nacional. Recordo-me de alguém ter dito algo como isto: “Dizem que
Amazónia é o pulmão da terra, logo tem de estar sob escrutínio. E então os
campos petrolíferos também não têm de estar?”.Henrique, que pena o teu amigo
não ter lançado alguma luz sobre o papel das ONG´s que por lá poluam… Para
terminar este extenso comentário, apenas uma nota para referir que, segundo
notícia de há escassas horas, Angola e a República Democrática do Congo são os
atuais campeões nos fogos florestais. Forte abraço. Carlos Traguelho
Francisco G. de
Amorim 27.08.2019: Gostei do comentário. Mas falar em ONGs que são os
braços dos diversos países interessados na Amazónia, seria um pouco chover no
molhado. É evidente que o bate-boca
Bolsonaro-Macron foi sujo. De parte a parte, e o ex enfant gâté dos franceses
já se apressou a oferecer ajuda para combater os fogos. O Bolsonaro tem uma virtude/defeito para um PR: diz o
que pensa. E isso é pouco político. E
também é verdade que levou tempo a tomar uma decisão quanto aos fogos. Impor a reflorestação é que parece tecnicamente inviável. Mas teve uma vantagem para o Brasil: mostrou, como
fez o Marquês de Pombal quando disse aos ingleses "que vale tanto um homem
em sua casa que mesmo depois de morta são preciso quatro para o tirarem de
lá". Foi um recado para todos.
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