Um título sei bem que despropositado
para este texto de MVC, que associei ao livro de João de Melo que tanto me agradou, quando o li há muitos anos já,
pelo que continha de uma realidade vária, fora do âmbito fechado do nosso
romance neo-realista e escrito num estilo amplo e vivo, “se bem me lembro”... Também o texto de MVC me deixou feliz mas, alertada por um comentário, fui
ler a biografia do autor e descobri que fora dos participantes na saga das
transformações políticas que se deram cá no país, daí as minhas lágrimas,
embora eu aceite naturalmente as evoluções do pensamento, mesmo que sejam de
reviravolta, como outros a fizeram, tal Pacheco Pereira, seu amigo, que como ele, escreve e bem, mas que
muitas vezes estende o rabo de fora, como o tal gato escondido, para a gente
saber que o gato está lá, talvez a afiar as unhas para outros eventos. Assim
MVC. Fiquei na dúvida de que esteja a ser em absoluto sincero, ou apenas
desejoso de provocar a bulha entre os comentadores, que logo se fez sentir,
retomando os temas da governação socialista, uns pró e outros contra, os a
favor geralmente contra os do contra, num dispêndio de facúndia tosca que fui
varrendo. E a correcta síntese do autor poderá, pois, ser mero disfarce
trocista, em que caímos todos os que o apreciaram. De resto, o título - “PS em pânico” – dada a sua inverdade,
prova a má fé do articulista, Deus que me perdoe se eu peco…
O PS está em pânico… e com razão! /premium
OBSERVADOR, 5/8/2019
Ao contrário do que clama a «esquerda
indignada», o país não precisa do sector privado para haver «corrupção». Pelo
contrário: ela medra no actual sistema de clientelismo de Estado incarnado pelo
PS.
Quando
vi a comunicação social coberta de declarações alarmistas do primeiro-ministro
acerca de um «sentimento de revolta» que por aí correria contra a greve dos
camionistas de matérias perigosas, percebeu-se que o PS está em pânico. Não
tanto com essa greve, que acontecerá ou não daqui a duas semanas, mas sim com a
rede de tropelias em que o partido foi apanhado desde que recomeçaram os
incêndios florestais e se revelou a completa incompetência do governo para
lidar não só com o flagelo mas também com as vítimas dos fogos e com os seus
representantes locais.
Por
sua vez, o episódio das «golas» — que seriam caricatas se não fossem
inflamáveis! – destapou em catadupa a série de negócios de toda a ordem
realizados com o Estado central e as autarquias por familiares próximos dos
membros do presente governo e das câmaras do PS: logo quatro de uma só vez a
acrescentar aos casos anteriores! Perante
isso, a reacção de um primeiro-ministro cada vez mais prepotente foi
refugiar-se imediatamente junto da procuradora-geral nomeada há pouco tempo por
ele próprio e pelo Presidente da República, o qual parece entretanto ter
desaparecido em férias… O significado destas fugas a dois meses das eleições
não é difícil de adivinhar!
Bem
queria o primeiro-ministro alterar a legislação que ele próprio aprovara no
século passado e que ainda regula as relações de ética económica entre membros
do governo e familiares próximos mas não teve tempo. A cobertura da PGR
destina-se a salvar, se possível, a pele dos governantes do PS apanhados em
falta mas, sobretudo, a adiar para depois das legislativas do início de Outubro
uma solução qualquer para todos os desastres que já estão a caminho.
Outro
sinistro processo acerca do qual nenhum dos responsáveis passados e actuais diz
uma palavra é o caso de Tancos, no qual já há vinte e cinco arguidos mas
ainda não se sabe quais são as óbvias responsabilidades dos governantes. É
difícil os eleitores não perguntarem a si próprios: o antigo ministro da Defesa
não disse nada ao primeiro-ministro nem este ao PR?
Afinal,
essas eleições que pareciam favas contadas e muitos julgavam dar ao PS a
«maioria absoluta» que o autorizaria a fazer o que lhe desse apetecesse,
arriscam-se a correr pior do que o líder e o partido esperavam. É isso que
deverá ocorrer perante um descontrolo tão grande da situação política. Neste
momento, boa parte do eleitorado irá abster-se e não se sabe quantos eleitores
se defrontam com a ausência de oposição relevante a este regime implantado à
custa de uma «geringonça» em desrespeito das normas de coexistência
democrática.
Com
efeito, o PSD e o CDS bateram no fundo e a razão é simples: nenhum dos seus
líderes teve capacidade política para assumir a herança do governo Passos
Coelho, graças ao qual o país conseguiu sobreviver à crise e já havia começado
a recuperar antes das eleições de 2015 as perdas legadas pelo Sr. Sócrates. Em
contrapartida, este último é mantido fora do tribunal graças ao sistema de
dilação ad aeternum dos processos de
justiça mais delicados para os prevaricadores bem conhecidos que levaram
Portugal ao ponto a que chegámos…
Ao
contrário do que clama a «esquerda indignada», o país não precisa do sector
privado para haver «corrupção». Pelo contrário: é o
actual sistema de clientelismo de Estado incarnado pelo PS que tem garantido o
controle partidário sobre um aparelho de Estado omnipresente, bem como a
multiplicação de empregos estatais, é isso que alimenta a corrupção
generalizada, como se comprovou logo que rebentou a crise.
No
dia em que conhecermos o grau de corrupção que reina entre o universo da
política profissional e o aparelho de Estado (funcionalismo público e
fornecedores), mancomunados como estão com um sector privado de bens não transaccionáveis
monopolista e desregulado, verificar-se-á que os políticos profissionais são
os grandes responsáveis pela corrupção. Por seu turno, esta constitui,
lamentavelmente, o caldo em que mergulham muitos dos que escolhem a política
como profissão, mesmo se de início julgam tê-la escolhido por vocação.
Após
seis anos de governo Sócrates mais quatro da «geringonça», dez ao todo!, as
próximas eleições não serão apenas uma questão de políticas, desde a saúde e a
educação até ao investimento público, para não falar das reformas
constitucionais, mas sobretudo de ética. Com a interrupção da «austeridade»
imposta pela dívida, o país não tem vivido outra coisa senão comprar votos,
oferecer empregos e distribuir os «ganhos da corrupção». Se o PS conseguir
manter o poder, como é capaz de acontecer graças à abstenção, a governação do
país deixará de ser uma questão aberta de medidas políticas para se tornar uma
questão fechada de moral pública: SIM ou NÃO!
COMENTÁRIOS
António Sennfelt O
PS em pânico? Quem dera, mas não me parece... Tanto mais que neste pobre país o
principal défice é o da falta de vergonha!
Paulo Albuquerque: Análise perfeita do MVC. Muito pior que a
incompetência técnica é a completa falência moral deste regime
socialista-maçónico, encarnado no presente executivo e no inquilino de Belém.
Fazendo dos actuais PM e PR os seres mais desprezíveis de que há memória
na vida pública nacional.
Maria Narciso: Quem terá que estar em Pânico São os Portugueses com a
Perspectiva de terem este PS no Governo por mais 4 anos. As Dívidas a
fornecedores empurram-se com a Barriga A Manutenção de Equipamentos e Serviços
não Existe, A Divida Publica a aumentar para valores que nem No Tempo do
Engenheiro Sócrates. E o Dinheiro a ser Distribuído pelos
"EstadoDependentes".
Mas
não me Parece que seja Assim. Anda tudo Feliz e Contente com a astúcia Politica
do Mestre de Obras Costa. Caro Manuel Cabral, engana-se quando diz que o PS está
em Pânico, As declarações do Costa mais não são do que uma fuga para a frente
(mais uma).
chints CHINTS: O PS em pânico? Com as sondagens a darem maioria
absoluta? Com os novos partidos de direita sem espaço na comunicação social?
Com o Sócrates em banhos eternos? Com o despudor galopante do governo? Não me
parecem nada em pânico, estão senhores dos portugueses.
Afonso Napoleão: Senhor Villaverde Cabral, se assim é por que razão as
sondagens dão o PS muito perto da maioria absoluta? Algo não bate certo, as
sondagens ou a sua maneira de ver.
Luís FariaAfonso napoleão: um povo vendido serve?
maria perry Artigo
brilhante. No entanto 1) está a ser muito ingénuo se acredita que a ética vai
influenciar o resultados das eleições. É precisamente o contrário, os
funcionários públicos são como mercenários, o que interessa é o dinheiro e as
poucas horas de trabalho. Num universo de 5 milhões de eleitores, 700 mil são
funcionários públicos, ou seja, 14%. Isso é suficiente para a balança pender
sempre para o lado do PS e este ganhar as eleições. 2) Os eleitores de direita
já não querem saber de nada, para quê recuperar o país e depois a esquerda ir
destruir outra vez? A esquerda que resolva os problemas.
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