A probidade intelectual de Salles da
Fonseca leva-o a pesquisar dados económicos em fontes escritas onde a nossa
preguiça mental dificilmente nos levaria a procurar, mas a sua exposição
sintética dos dados pôs-nos de lápis em punho a fazer somas dos dados
fornecidos, para mais facilmente entendermos as deduções do foro económico, de SF, referentes ao nosso consumismo de calibre superior e
à nossa apetência, de calibre inferior, para um trabalho rentável, originador
de exportações, como as que vemos em programas estrangeiros, na televisão, de
gente que trabalha e produz com a eficiência e o empenho exigíveis a todo o
humano saudável que se preze de o ser.
Mas escusa Salles da Fonseca de
preocupar-se. A. Costa vai conquistar a maioria absoluta que faz questão em
arrebanhar e o seu poder irá de vento em popa, com os seus laivos de pressão
sobre os recalcitrantes, como se vai vendo em outros países e cidades quase estado,
tais Hong-Kong e países da Ásia, Américas e mesmo da África. E admire-se, mesmo
sem estranharmos. A. Costa já anda a
ensaiar, com a sua voz tonitruante, até já foi à Madeira, e mostrou as suas
aspirações, que se ficarão por este segundo mandato de PM, talvez até 2023 ou 2024,
já não me lembro bem do que ele disse. Lá PR é que ele não quer ser, embora também aprecie selfies.
Julgo que é para não fazer concorrência ao nosso Tino de Rans, o que demonstra uma virtude de humildade de tanto
impacto por cá. Não, não havia necessidade, z, z…
Henrique
Salles da Fonseca
A BEM
DA NAÇÃO1.08.19
Pese embora a tradição, hoje
começo por identificar as fontes de que me servi para o texto que se seguirá.
BIBLIOGRAFIA:
Economia ao
Minu; Expresso; Jornal de Negócios; Jornal Económico * * *
Dados relativos a 2019 medidos
sobre os períodos homólogos do ano anterior:
Δ do PIB no 2º Trim => 1,8%
Δ preços Agosto => - 0,1%
Δ FBCF 1º Trim => 11,8%
Δ FBCF 2º Trim => 6,9%
Δ Consumo bens duradouros 1º
Trim => 3,1%
Δ Consumo bens duradouros 2º
Trim => 0,2%
Δ Cons. bens não duradouros 1º
Trim => 2,3%
Δ Cons. bens não duradouros 2º
Trim => 2,2%
Δ Consumo privado 1º Trim =>
2,3%
Δ Consumo privado 2º Trim =>
1,9%
Δ Importações 1º Trim =>
8,1%
Δ Importações 2º Trim =>
3,1%
Δ Exportações 1º Trim =>
3,7%
Δ Exportações 2º Trim =>
2,0%
Δ Exportações de serviços (c/
Turismo) 1º Trim => 4,6%
Δ Exportações de serviços (c/
Turismo) 2º Trim => o,8%
Δ Exportações de bens 1º Trim
=> 3,4%
Δ Exportações de bens 2º Trim
=> 2,4%
* * *
A
primeira observação que me ocorre é o crescimento das importações ser sempre
superior ao das exportações em que estas, virtuosas, devem ser confrontadas com
aquelas que, muito frequentemente, correspondem ao esbanjamento de meios de
pagamento sobre o exterior na compra de quinquilharia, o que ligo ao pujante
consumo de bens não duradouros. Adivinho o quase certo aumento galopante do
endividamento dos bancos portugueses sobre os homólogos estrangeiros.
A
segunda observação tem a ver com o Investimento (FBCF) que, segundo a Católica Lisbon Forescasting (in Jornal
Económico), se degradou pela redução da aquisição de máquinas e
equipamentos - ou seja, pela redução da renovação tecnológica ou pela redução
do aumento da capacidade produtiva. Não disponho, contudo, de elementos que me
permitam perceber qual a importância que os equipamentos necessários ao
enchimento de nova bolha no mercado de novas habitações assumem nesta redução
do investimento.
A
terceira observação está relacionada com a elasticidade do consumo de bens
duradouros e a rigidez do consumo da quinquilharia chinesa e quejanda. De
qualquer modo, apesar desta constatação, vemos por aí pulularem empresas que se
dedicam à concessão de crédito ao consumo e, obviamente, de bens duradouros,
não de bugigangas. Seria interessante dispormos de um barómetro do
endividamento das famílias mas há muito tempo que não ouço o Banco dePortugal prestar essa importante
informação. Não quero crer que esse silêncio tenha algo a ver com a aproximação
do 6 de Outubro, com algum apavoramento dos eleitores e, quiçá, com desvio de
votos. Pois, não quero crer mas adivinho que as famílias estão novamente super
endividadas e que nova borrasca se aproxima.
Quase
no fim, registo a informação do INE relativa à deflação de 0,1% em Agosto
devido a uma quebra nos preços dos combustíveis. A ser mesmo essa a causa, pois
então que continue a deflação por muitos e bons anos.
Finalmente,
uma questão semântica: se a uma economia estagnada (ou mesmo em recessão) mas
com os preços a subir se diz estar em estagflação, como se diz duma economia em
crescimento (Δ do PIB no 2º Trim => 1,8%) e em deflação? Será apenas uma
história mal contada?
Agosto de 2019
Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS:
Anónimo 01.09.2019 : Henrique,
agradeço teres aceitado o meu desafio, expresso, em 30 de Agosto, em comentário
ao teu artigo anterior intitulado " Apirexia", para actualizares as
tuas considerações, tendo em conta os dados do 2º trimestre divulgados pelo
INE, nesse mesmo dia. Rápido como o relâmpago, aqui está obra tua, datada ainda
desse mês, com profusão de dados e conclusões sintéticas. O leitor tire também
as suas conclusões. Os meios de comunicação social referiram-se muito (e bem) à
feliz manutenção do crescimento em 1,8%, mas muito pouco aos sinais de alerta,
salvo a entidade que mencionas. A alteração profunda das varáveis
macroeconómicas que contribuíram para idêntico crescimento do PIB deve ter
passado despercebida ao leitor/telespectador. Para terminar, menciono que
a manchete do Expresso on-line de hoje (1/9) é a seguinte "Já há sinais de
crise na economia portuguesa". E prossegue: "A economia portuguesa
continua a crescer, mas as exportações, a preocupação dos consumidores com o
futuro e o crédito bancário dão sinais de alerta". Não sei responder às
tuas perguntas finais. Abraço. Carlos
Traguelho
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