segunda-feira, 2 de setembro de 2019

“Não havia necessidade”



A probidade intelectual de Salles da Fonseca leva-o a pesquisar dados económicos em fontes escritas onde a nossa preguiça mental dificilmente nos levaria a procurar, mas a sua exposição sintética dos dados pôs-nos de lápis em punho a fazer somas dos dados fornecidos, para mais facilmente entendermos as deduções do foro económico, de SF, referentes ao nosso consumismo de calibre superior e à nossa apetência, de calibre inferior, para um trabalho rentável, originador de exportações, como as que vemos em programas estrangeiros, na televisão, de gente que trabalha e produz com a eficiência e o empenho exigíveis a todo o humano saudável que se preze de o ser.
Mas escusa Salles da Fonseca de preocupar-se. A. Costa vai conquistar a maioria absoluta que faz questão em arrebanhar e o seu poder irá de vento em popa, com os seus laivos de pressão sobre os recalcitrantes, como se vai vendo em outros países e cidades quase estado, tais Hong-Kong e países da Ásia, Américas e mesmo da África. E admire-se, mesmo sem estranharmos. A. Costa já anda a ensaiar, com a sua voz tonitruante, até já foi à Madeira, e mostrou as suas aspirações, que se ficarão por este segundo mandato de PM, talvez até 2023 ou 2024, já não me lembro bem do que ele disse. Lá PR é que ele não quer ser, embora também aprecie selfies. Julgo que é para não fazer concorrência ao nosso Tino de Rans, o que demonstra uma virtude de humildade de tanto impacto por cá. Não, não havia necessidade, z, z…

Henrique Salles da Fonseca
  A BEM DA NAÇÃO1.08.19
Pese embora a tradição, hoje começo por identificar as fontes de que me servi para o texto que se seguirá.
BIBLIOGRAFIA:
Economia ao Minu; Expresso; Jornal de Negócios; Jornal Económico * * *
Dados relativos a 2019 medidos sobre os períodos homólogos do ano anterior:
Δ do PIB no 2º Trim => 1,8%
Δ preços Agosto => - 0,1%
Δ FBCF 1º Trim => 11,8%
Δ FBCF 2º Trim => 6,9%
Δ Consumo bens duradouros 1º Trim => 3,1%
Δ Consumo bens duradouros 2º Trim => 0,2%
Δ Cons. bens não duradouros 1º Trim => 2,3%
Δ Cons. bens não duradouros 2º Trim => 2,2%
Δ Consumo privado 1º Trim => 2,3%
Δ Consumo privado 2º Trim => 1,9%
Δ Importações 1º Trim => 8,1%
Δ Importações 2º Trim => 3,1%
Δ Exportações 1º Trim => 3,7%
Δ Exportações 2º Trim => 2,0%
Δ Exportações de serviços (c/ Turismo) 1º Trim => 4,6%
Δ Exportações de serviços (c/ Turismo) 2º Trim => o,8%
Δ Exportações de bens 1º Trim => 3,4%
Δ Exportações de bens 2º Trim => 2,4%
* * *
A primeira observação que me ocorre é o crescimento das importações ser sempre superior ao das exportações em que estas, virtuosas, devem ser confrontadas com aquelas que, muito frequentemente, correspondem ao esbanjamento de meios de pagamento sobre o exterior na compra de quinquilharia, o que ligo ao pujante consumo de bens não duradouros. Adivinho o quase certo aumento galopante do endividamento dos bancos portugueses sobre os homólogos estrangeiros.
A segunda observação tem a ver com o Investimento (FBCF) que, segundo a Católica Lisbon Forescasting (in Jornal Económico), se degradou pela redução da aquisição de máquinas e equipamentos - ou seja, pela redução da renovação tecnológica ou pela redução do aumento da capacidade produtiva. Não disponho, contudo, de elementos que me permitam perceber qual a importância que os equipamentos necessários ao enchimento de nova bolha no mercado de novas habitações assumem nesta redução do investimento.
A terceira observação está relacionada com a elasticidade do consumo de bens duradouros e a rigidez do consumo da quinquilharia chinesa e quejanda. De qualquer modo, apesar desta constatação, vemos por aí pulularem empresas que se dedicam à concessão de crédito ao consumo e, obviamente, de bens duradouros, não de bugigangas. Seria interessante dispormos de um barómetro do endividamento das famílias mas há muito tempo que não ouço o Banco dePortugal prestar essa importante informação. Não quero crer que esse silêncio tenha algo a ver com a aproximação do 6 de Outubro, com algum apavoramento dos eleitores e, quiçá, com desvio de votos. Pois, não quero crer mas adivinho que as famílias estão novamente super endividadas e que nova borrasca se aproxima.
Quase no fim, registo a informação do INE relativa à deflação de 0,1% em Agosto devido a uma quebra nos preços dos combustíveis. A ser mesmo essa a causa, pois então que continue a deflação por muitos e bons anos.
Finalmente, uma questão semântica: se a uma economia estagnada (ou mesmo em recessão) mas com os preços a subir se diz estar em estagflação, como se diz duma economia em crescimento (Δ do PIB no 2º Trim => 1,8%) e em deflação? Será apenas uma história mal contada?
Agosto de 2019
Henrique Salles da Fonseca

COMENTÁRIOS:
Anónimo 01.09.2019 :  Henrique, agradeço teres aceitado o meu desafio, expresso, em 30 de Agosto, em comentário ao teu artigo anterior intitulado " Apirexia", para actualizares as tuas considerações, tendo em conta os dados do 2º trimestre divulgados pelo INE, nesse mesmo dia. Rápido como o relâmpago, aqui está obra tua, datada ainda desse mês, com profusão de dados e conclusões sintéticas. O leitor tire também as suas conclusões. Os meios de comunicação social referiram-se muito (e bem) à feliz manutenção do crescimento em 1,8%, mas muito pouco aos sinais de alerta, salvo a entidade que mencionas. A alteração profunda das varáveis macroeconómicas que contribuíram para idêntico crescimento do PIB deve ter passado despercebida ao leitor/telespectador. Para terminar, menciono que a manchete do Expresso on-line de hoje (1/9) é a seguinte "Já há sinais de crise na economia portuguesa". E prossegue: "A economia portuguesa continua a crescer, mas as exportações, a preocupação dos consumidores com o futuro e o crédito bancário dão sinais de alerta". Não sei responder às tuas perguntas finais. Abraço. Carlos Traguelho

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