É
um princípio, apenas, de bom senso. Mas certamente que útil, também, para o
desenvolvimento da zona do Montijo nessa
questão do aeroporto. Os comentadores válidos comentarão a valer.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 11.09.19
Perguntado
sobre se o “A bem da Nação” se pronuncia sobre o novo aeroporto no Montijo,
segue o que me é dado parecer.
DA
UTILIDADE MILITAR
A
Base Aérea do Montijo teve a sua razão de ser no âmbito da vigilância da
actividade dos submarinos estrangeiros na zona central da nossa costa ocidental
mas o tipo de aviões então utilizado já corresponde actualmente a peças de
museu. A utilidade militar daquela localização passou a factor irrelevante.
CONCLUSÃO:
A Base Aérea do Montijo é um equipamento militar dispensável.
DA
SEGURANÇA AÉREA
A
pista do aeroporto do Montijo é praticamente paralela à pista da Portela, pelo
que a gestão do tráfego se fará por rotas não conflituantes – sobretudo se, nas
descolagens, rodarem em sentidos divergentes.
CONCLUSÃO:
Perspectiva-se a gestão integrada (Portela-Montijo) do tráfego aéreo em
condições de segurança
DO
IMPACTO SONORO
O
acréscimo do impacto sobre a condição humana será menor do que se se tratasse
de obra nova, mas trata-se da adaptação de uma base aérea militar que já tem,
por si própria, um impacto objectivo. De notar que os aviões militares a jacto
são muito mais ruidosos do que os civis e que os aviões turbo-hélice militares
têm um impacto sonoro equiparável ao dos civis a jacto.
Admitamos
que actualmente há dois movimentos (descolagem e aterragem) militares a
jacto por dia (de 12 horas) e cinco a turbo-hélice.
Admitamos
que futuramente haverá dez movimentos horários civis a jacto e que o dia
também tenha 12 horas. O impacto futuro não será mais gravoso do que o que
actualmente acontece em Lisboa nas zonas de aproximação e descolagem da
Portela.
CONCLUSÃO:
Anulação do impacto sonoro militar e criação de novo impacto (civil) não
superior ao que ocorre actualmente em Lisboa
DO
IMPACTO SOBRE A FAUNA
Tenho
o impacto sobre a fauna (aves) como matéria risível e espero mesmo que a
Administração do novo aeroporto no Montijo se muna de falcões que afugentem as
demais aves de modo a que não ocorram acidentes e as aves afugentadas emigrem
para zonas sem actividade aeronáutica (e sem falcões).
CONCLUSÃO:
Impacto desprezível na fauna
DO
IMPACTO ORÇAMENTAL
Parto
do pressuposto de que a deslocalização do equipamento militar se fará a custos
irrelevantes para outra(s) base(s) aérea(s); a transferência do Pessoal será a
custo nulo para o Estado.
As
obras do novo aeroporto correrão por conta da concessionária da gestão dos
aeroportos portugueses pelo que o Estado Português não terá qualquer despesa
específica.
O
Estado Português assumirá, sim, o custo de obras nas acessibilidades
rodoviários ou mesmo ferroviárias cuja execução e exploração não estejam ou não
venham a estar concessionadas a terceiros.
CONCLUSÃO:
Relativamente reduzido impacto orçamental
DA
VIABILIDADE DO INVESTIMENTO
A
nível do investimento público, a questão é quase despicienda tudo dependendo de
o Estado ter que fazer algum investimento caso se «esqueça» de adjudicar a
construção-exploração de algumas infraestruturas que sejam imprescindíveis ao
bom funcionamento do novo aeroporto, nomeadamente as acessibilidades.
A
nível do investimento privado, parto do princípio de que as entidades já
envolvidas e as que venham a envolver-se futuramente, sabem fazer contas e a
última necessidade que por certo sentem é que eu as ensine a fazer as ditas
contas.
DA
REPARTIÇÃO DE TRÁFEGO
Voos
«low cost» no Montijo
Voos
de companhias de bandeira na Portela
CONCLUSÃO
FINAL: Sou favorável à adaptação da
Base Aérea do Montijo a Aeroporto de modo integrado com o da Portela,
nomeadamente em todo o processo de gestão de tráfego aéreo.
Setembro de 2019
Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS
Anónimo, 11.09.2019: As
populações já foram ouvidas? É que se agora tem um voozito ou outro, não me parece
que passar a ter vários voos por hora seja indiferente para os habitantes
racionais e irracionais que por ali pululam!! Põe-te no lugar deles, passar a
ter a poluição sonora e química em cima das cabeças, e as aves, que não votam,
a ter que ir pastar para outro lado ou, ficar e fazer perigar as aterragens, se
me perguntarem digo-lhes logo (se tiver que voar) que ali nem morto me apanham.
Vai tu!!!!!!!!!!!! abraço V v. Z
Anónimo, 12.09.2019, Muitos anos
k venho dizendo o mesmo: tão logo a nossa actividade militar cessou, quando se
fez a ponte Vasco da Gama, pensei e disse: é agora k vão aliviar a Portela. Cá
em família toda a gente me " gozou", o meu País anda sempre a passo
de caracol ou então havia uns " simpáticos" k ao projectarem aqueles
espaços verdes e as bonitas avenidas paralelas as pistas da Portela tavam já a
sonhar com um deslumbrante condomínio e a pensar " k bem que fica um
aeroporto na Ota nuns terrenos de um amigo meu. Não liguem eu sou acusada de
gostar de divagar coisas da idade isabel pedroso
Anónimo, 12.09.2019: O impacto
sobre a fauna é importantíssimo e criminoso sob o ponto de vista ambiental. O
perigo de embate em aves é enorme e não há falcões que possam chegar. O
aeroporto terá sempre limitações de ordem técnica e apenas servirá aviões
single-aisle. É uma solução coxa e tal como o futuro terminal marítimo do
Barreiro que vai necessitar de dragagens regulares, nunca deveria ter avançado.
Anónimo, 12.09.2019: 100 % de
acordo. A evolução de um pais terá sempre uma equação difícil de resolver.
Terá sempre de crescer prejudicando sempre, mas o meio ambiente mitigando ao máximo
o seu impacto. O que se passa em Portugal é-me insuportável já que qualquer
hipótese de avançarmos tem sempre uns tantos a defender o bem-estar da populações
e o meio ambiente Veja-se o Lítio mais o Aeroporto mais não sei o quê Temos
que ser razoáveis e aproveitar oportunidades de investimento e não querermos o pais
mais limpo da Europa mas simultaneamente o mais avisado Carlos Costa
Henrique Salles da
Fonseca 12.09.2019 Meu
Caro Amigo Estou 100% de acordo consigo
e muito lhe agradeço as excelentes informações que tanto contribuem para o meu
nível de conhecimentos, com um abraço do José Carlos Gonçalves
Viana
Henrique Salles da
Fonseca, 12.09.2019: Não posso estar
mais de acordo contigo! O aeroporto já devia ter sido posto a funcionar para
os voos “charter” e “low cost” há muito tempo, mesmo sem grandes instalações de
apoio, e mesmo sem os laboriosos estudos que vão pretender que os animaizinhos
voadores tenham privacidade e não sejam desviados – aliás tal como aconteceu no
primeiro estudo de impacte, aquando da realização do projecto da Ponte Vasco da
Gama.
É fantástico como é que a maior parte das pessoas que se pronunciam – que está muitíssimo longe de ser a maioria – não se dão conta do irrisório das questões: 1. O impacto sobre residentes na área, além de ser, como dizes, irrisório, é o normal, tendo em vista o desenvolvimento das cidades – nesse caso a CML não poderia deixar construir o “Alto de Lisboa”, grandioso projecto no qual até foi parte interessada… 2. As Aves terão que se adaptar – e adaptam-se melhor que muitos homens… – e, prova disso veja-se a continuação da existência da população dos graciosos flamingos que, “afinal”, continua a viver normalmente nos arredores da Ponte Vasco da Gama! Um abraço Jorge Nogueira-Vaz
É fantástico como é que a maior parte das pessoas que se pronunciam – que está muitíssimo longe de ser a maioria – não se dão conta do irrisório das questões: 1. O impacto sobre residentes na área, além de ser, como dizes, irrisório, é o normal, tendo em vista o desenvolvimento das cidades – nesse caso a CML não poderia deixar construir o “Alto de Lisboa”, grandioso projecto no qual até foi parte interessada… 2. As Aves terão que se adaptar – e adaptam-se melhor que muitos homens… – e, prova disso veja-se a continuação da existência da população dos graciosos flamingos que, “afinal”, continua a viver normalmente nos arredores da Ponte Vasco da Gama! Um abraço Jorge Nogueira-Vaz
Henrique Salles da
Fonseca, 12.09.2019 : Henrique,
Não sou especialista, mas sou e sempre fui pelo progresso. Acho q vc aborda bem
o tema, mas, mais uma vez, vamos ter um problema lá mais a frente. Esta
situação Portela/Montijo, já se percebeu, é de recurso e para durar pouco tempo.
Aqui, Estou como o Jerónimo de Sousa. Alcochete é a solução, mas o fantasma
Sócrates continua a pairar e criou-se este embuste. Também, mais dia menos dia,
virá à baila oTGV. Aliás, com receio, ainda por causa do fantasma, já vão
falando do comboio de alta velocidade de mercadorias. Lá se chegará. Nós q felizmente,
conhecemos mundo, estas evidências entram- nos pelo olho dentro e aos políticos
tb, mas os fantasmas são uma porra e o país é q paga. Mas gostei do seu
trabalho. Abraço António Barros
Henrique Salles da Fonseca, 12.09.2019: Caro
Henrique Obrigado pelas excelentes informações Grande abraço Manuel
Veloso
Henrique Salles da
Fonseca, 12.09.2019: O PRESENTE
COMENTÁRIO TEVE QUE SER DIVIDIDO EM VÁRIAS PARTES PARA SER ACEITE PELO SERVIDOR
1) M/ Caro Dr. Salles da Fonseca,
Peço vénia para discordar. A ver se consigo ser convincente q.b. sem me alongar em detalhes maçadores. A decisão NAL/Montijo é razoável se se quiser uma infra-estrutura aeronáutica para servir, apenas, aqueles que cá vivem e gostam de viajar, mais aqueles outros que desejarem vir até cá de tanto em tanto. Ou seja, para servir o mercado da região que tem Lisboa como pólo de atracção. Era isso que os estudos pagos pelo Governo "Jamais" tinha em mente, ou porque a sabedoria não lhe dava para mais, ou porque lhe incomodava a ideia de dar por perdidos os investimentos feitos nos terrenos ao redor da Ota. Mas convém não perder de vista o que se passa na indústria do transporte aéreo mundial e as oportunidades que aí ainda existem. Ao nível das companhias aéreas, a reorganização incidiu, tempos atrás, na distinção entre "carriers" (as que asseguram as rotas trans-continentais, ou de longo curso) e "feeders" (as que asseguram as rotas regionais e locais, de caminho alimentando as "carriers"). Para melhor estruturar este modelo, sobretudo na faixa do globo compreendida entre o meridiano do Dubai e o meridiano de S. Francisco, as companhias aéreas reuniram-se em Grupos de Transporte Aéreo (GTA): Star Alliance (onde está a TAP, liderada pela Lufthansa), One World (British Airways, Ibéria, LAN Chile, etc.) e Sky Team (Air France, KLM, etc.) - e estou a omitir as companhias aéreas norte-americanas. As companhias "low cost" vieram baralhar um bocado este modelo nas rotas regionais ("feeders"), mas algumas aprenderam rapidamente a cooperar com os "carriers" - daí a acentuada quebra de receitas nas companhias aéreas (fossem ou não "de bandeira") que apenas operavam em rotas locais e regionais.
Peço vénia para discordar. A ver se consigo ser convincente q.b. sem me alongar em detalhes maçadores. A decisão NAL/Montijo é razoável se se quiser uma infra-estrutura aeronáutica para servir, apenas, aqueles que cá vivem e gostam de viajar, mais aqueles outros que desejarem vir até cá de tanto em tanto. Ou seja, para servir o mercado da região que tem Lisboa como pólo de atracção. Era isso que os estudos pagos pelo Governo "Jamais" tinha em mente, ou porque a sabedoria não lhe dava para mais, ou porque lhe incomodava a ideia de dar por perdidos os investimentos feitos nos terrenos ao redor da Ota. Mas convém não perder de vista o que se passa na indústria do transporte aéreo mundial e as oportunidades que aí ainda existem. Ao nível das companhias aéreas, a reorganização incidiu, tempos atrás, na distinção entre "carriers" (as que asseguram as rotas trans-continentais, ou de longo curso) e "feeders" (as que asseguram as rotas regionais e locais, de caminho alimentando as "carriers"). Para melhor estruturar este modelo, sobretudo na faixa do globo compreendida entre o meridiano do Dubai e o meridiano de S. Francisco, as companhias aéreas reuniram-se em Grupos de Transporte Aéreo (GTA): Star Alliance (onde está a TAP, liderada pela Lufthansa), One World (British Airways, Ibéria, LAN Chile, etc.) e Sky Team (Air France, KLM, etc.) - e estou a omitir as companhias aéreas norte-americanas. As companhias "low cost" vieram baralhar um bocado este modelo nas rotas regionais ("feeders"), mas algumas aprenderam rapidamente a cooperar com os "carriers" - daí a acentuada quebra de receitas nas companhias aéreas (fossem ou não "de bandeira") que apenas operavam em rotas locais e regionais.
O
projecto NAL/Montijo tem sido defendido recorrendo-se a 4 inverdades: (i)
tempo de prontidão; (ii) custo de adaptação da BA 6 (Montijo); (iii) custo de uma aeroporto de raiz em
Alcochete; (iv) a resolução do problema da Portela. Não é verdade que a
BA 6 disponha já de uma pista operável comercialmente (não falo dos apoios de
aerogare). A pista terá de ser toda refeita porque, tal como está, não
aguentará uma operação comercial intensiva de aviões muito mais pesados do que
aviões militares (e demolir para fazer de novo é tão demorado, se não mais,
que fazer de raíz - a única diferença estará nas terraplanagens que, feitas por
gente competente, acrescentariam mais de 6 meses, se tanto, no cômputo total do
tempo de construção). Quem esperou 20 anos, não pode esperar mais 6 meses para
ter uma boa solução em vez de um remedeio e não deitar dinheiro à rua?
Não é verdade que o custo da adaptação da BA 6 seja comparavelmente muito menor - tudo o que haveria que fazer em Alcochete há que fazer na BA 6, a que acrescerão os custos do redesenho, adaptação, demolições e reconstruções num tecido urbano hoje estável e razoavelmente valorizado. Onde estão as estimativas destes custos? Não é verdade que um "hub" de raíz custe mundos e fundos. Se não se quiser repetir os erros de Atenas, construir um "hub" totalmente operacional rondará € 1.0 mil Milhões (isto é, mais € 400 milhões que o custo estimado para NAL/Montijo), com a vantagem de os GTAs interessados poderem participar no financiamento, como contrapartida do acesso a um "hub" que lhes poupará custos operacionais e lhes facilitará a gestão da frota. Por fim, não é verdade que Lisboa fique com o problema resolvido durante uma geração: pelo menos, alguns aviões das rotas trans-continentais terão de continuar a usar a Portela. Não me surpreende que o Governo persista no erro e nos enganos - é genético a todos os Governos que nos calhem em sorte. O que me surpreende é que a ANA não veja a oportunidade que se lhe oferece de passar para a 1ª Liga das gestoras de aeroportos - e que a TAP não perceba que está a pôr em risco a sua viabilidade futura. Ou sou eu que estou a ver mal? Escrevi uma série de artigos de opinião sobre isto no extinto "O Independente", quando o debate sobre o NAL estava bem aceso. Agora, repito-me, que melhor não sei fazer.
Desculpe a extensão, mas, ao contrário da pista da BA 6 que vai ser difícil esticar para as dimensões recomendáveis, eu não consegui encolher este escrito para a dimensão que desejava. Abraço António Palhinha Machado
Não é verdade que o custo da adaptação da BA 6 seja comparavelmente muito menor - tudo o que haveria que fazer em Alcochete há que fazer na BA 6, a que acrescerão os custos do redesenho, adaptação, demolições e reconstruções num tecido urbano hoje estável e razoavelmente valorizado. Onde estão as estimativas destes custos? Não é verdade que um "hub" de raíz custe mundos e fundos. Se não se quiser repetir os erros de Atenas, construir um "hub" totalmente operacional rondará € 1.0 mil Milhões (isto é, mais € 400 milhões que o custo estimado para NAL/Montijo), com a vantagem de os GTAs interessados poderem participar no financiamento, como contrapartida do acesso a um "hub" que lhes poupará custos operacionais e lhes facilitará a gestão da frota. Por fim, não é verdade que Lisboa fique com o problema resolvido durante uma geração: pelo menos, alguns aviões das rotas trans-continentais terão de continuar a usar a Portela. Não me surpreende que o Governo persista no erro e nos enganos - é genético a todos os Governos que nos calhem em sorte. O que me surpreende é que a ANA não veja a oportunidade que se lhe oferece de passar para a 1ª Liga das gestoras de aeroportos - e que a TAP não perceba que está a pôr em risco a sua viabilidade futura. Ou sou eu que estou a ver mal? Escrevi uma série de artigos de opinião sobre isto no extinto "O Independente", quando o debate sobre o NAL estava bem aceso. Agora, repito-me, que melhor não sei fazer.
Desculpe a extensão, mas, ao contrário da pista da BA 6 que vai ser difícil esticar para as dimensões recomendáveis, eu não consegui encolher este escrito para a dimensão que desejava. Abraço António Palhinha Machado
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