Apreciemos o poema de Mário de Sá Carneiro, em termos
de equiparação com o nosso comedimento existencial, que este “Editorial” bem
retrata. Embora algures esteja escrito que passámos a Taprobana, o que é, naturalmente, consolador, mesmo em tempo de máscara.
EDITORIAL: Ser
o oásis turístico da Europa é um perigo
Não podemos negar na realidade actual que, com esta
abertura escancarada de fronteiras, o nível de risco da pandemia no país
aumentou.
MANUEL CARVALHO PÚBLICO, 17 de Maio de 2021
No
dia em que milhares de turistas britânicos aterravam no aeroporto de Faro, o
director da Região de Turismo do Algarve deixava no ar uma constatação que
tanto serve de regozijo, como assusta. “Toda a Europa está a falar na vantagem
de Portugal”, dizia João
Fernandes. Depois de longos meses de isolamento que levaram o sector
do turismo ao limite e causaram danos irreparáveis na economia, verificar que a
Europa olha para o controlo da pandemia como uma “vantagem” para as suas férias
é animador. Depois de nove meses de estados de
emergência e de situações de calamidade até que o esforço dos
cidadãos foi capaz de vergar o número de infecções para uma dimensão invejável
à escala europeia, o assalto de estrangeiros a praias, hotéis ou restaurantes é
uma preocupação.
É
caso para se recordar que não podemos ter o sol na eira e a chuva no nabal,
como é caso para dizer que Portugal está a beneficiar do seu sucesso e pode
tornar-se vítima dele. Ser o primeiro país da Europa do Sul com a pandemia
controlada torna o país um oásis; estar nessa condição torna-o um
refúgio.
Não
se trata de ser pessimista ou de recusar a oportunidade de recuperar a um
sector crucial da economia. Trata-se apenas de perguntar se o
desconfinamento não está a ser rápido de mais. Se o Governo não está a
confundir a calmaria, que existe, com o fim da tempestade, que não aconteceu;
se depois da desobediência patrocinada pelo laxismo
dos poderes públicos na festa do Sporting não haverá uma
tendência geral para o facilitismo; se a abertura de portas a turistas da forma
descontrolada (deixando de
fora na Europa apenas dois países importantes, a Holanda e a Suécia)
não será um daqueles casos em que a ânsia se sobrepõe à prudência e a
necessidade económica à protecção dos cidadãos.
Ter
a situação controlada exigiu um preço elevadíssimo. É esse preço que justifica
a discussão sobre se abrir as fronteiras sem outras exigências senão um teste a
turistas vindos de países ainda em sobressalto, onde as taxas de vacinação
continuam baixas e nos quais a disseminação
de variantes como a indiana gera ainda aflição foi ou não uma boa
escolha. Estamos, obviamente, a insistir numa discussão especulativa por
incapacidade de prever o que vai acontecer. Há bons argumentos para defender a
escolha feita. O que não podemos negar na realidade actual é que, com esta
abertura escancarada de fronteiras, o nível de risco da pandemia no país
aumentou. Oxalá em Julho, no auge da temporada turística, haja razões para
dizer que a “vantagem” de hoje foi bem aproveitada.
COMENTÁRIOS:
OldVic1 MODERADOR: Faz bem em alertar, até porque o historial português em
termos de planeamento não é famoso. Aprender com os erros não está no nosso
ADN. Veja-se o que se tem passado com a dívida pública... Feio, torto e ignorante INICIANTE: O melhor é
ficarmos todos na cama. Para sempre. Miguel INICIANTE: Tudo é um perigo
para quem é cobarde. Para esses, o melhor é ficarem em casa (para sempre, por
favor), e deixarem os outros viver. Mas o pior, o pior, é gente que se faz
passar por jornalista mas nem consegue agarrar-se aos factos para espalhar a
sua mensagem de pieguice covideira. Será que ainda ninguém reparou que Maio de
2021 não é Maio de 2020, e que as vacinas são altamente eficazes contra o Covid
e as suas infindáveis variantes? Será que ainda ninguém reparou que o vírus
está a sumir-se da Europa, apesar dos desconfinamentos em série? É para
ficarmos reféns disto até quando? 2024? 2054? 2100? Digam-nos, sff! E um pedido
de desculpas por todas as previsões falhadas, não ia já? Neste momento, a
credibilidade dos covideiros é zero. Repito: zero. C A.886536 INICIANTE: "O assalto
de estrangeiros a praias, hotéis ou restaurantes é uma preocupação". Será
que um director de um jornal não percebe a xenofobia que incentiva com estas
palavras? A xenofobia não existe apenas para com refugiados. Não é preciso mais
nada para percebermos quão longe estamos já de uma democracia. Mas não é uma
vontade anti-democrática que nos afasta do respeito pelas pessoas que nos
rodeiam, é antes a ignorância, a vários níveis, mas sobretudo uma cegueira que
nos impede de observar as acções que praticamos e que só nos envergonharão. wuzzu EXPERIENTE: O M Carvalho,
apesar de já ter levado uma dose, continua a ser mais um a alinhar com a política
do medo. Ó homem, sê corajoso e olha para os dados. As mortes são irrisórias
quando todos os que tiverem mais de 65 anos estiverem vacinados. E entretanto
vacina-se o resto. Bem sei que já não és novo, mas preocupa-te mais com os
cancros e as doenças neurodegenerativas, essas sim matam mais e todos os dias.
Por outro lado, já vai sendo tempo do público olhar para os dados e verificar
que o que se passou em portugal (e no resto do mundo) com o aumento galopante
do número de mortes em poucas semanas, chama-se impreparação dos serviços de saúde,
principalmente a nível da sua organização. Foi tão simples como terem encaminhado
tudo para Santa Maria e alarmismo para o qual o PúBlico contribuiu. ricardo111 INFLUENTE: Entre o ser algo
selectivo com os países aos quais damos acesso, a exigência de um teste PCR e os
níveis de vacinação cá, provavelmente safamo-nos sem outra vaga mas isso
depende muito de qual a certeza que temos que os certificados de teste PCR que
os turistas estão a mostrar são todos (ou pelo menos na sua maioria esmagadora)
genuínos - é que não havendo standard internacional regulado e vigiado e não
receando os prevaricadores serem apanhados ou sofrerem consequências, há de
haver muitos tentados a poupar os cento e tal euros ou libras por pessoa do
custo do teste PCR e simplesmente imprimir em casa uns papelecos com ar de algo
que veio de um laboratório. "Público jornal" X5- ASSINANTE UTILIZADOR DO
FÓRUM. AKA MANTA ROTA. AKA CONDE DO CRUZEIRO AKA JOJORATAZANA INICIANTE:
Oh
Manuel, devíamos proibir o turismo em Portugal, para evitar a reanimação da
economia? Nuno_P EXPERIENTE: Parabéns. São as
palavras mais lúcidas que li hoje sobre este tema. Por mais que precisemos do
dinheiro do turismo, será que compensa o risco? E depois das imagens dos
turistas a chegar a Portugal, como é que vão explicar aos portugueses que
afinal não vão poder frequentar as praias no Verão? pac1052552 INICIANTE: Claro que
compensa o risco, sem dinheiro não se vive neste sistema capitalista corrupto
de castas! Opinativo EXPERIENTE: Vamos lá falar do
que interessa: Não é possível erradicar o coronavírus. O objectivo sempre foi
evitar mortes e entupir o SNS. A vacinação do maior grupo de risco já foi
praticamente concluída o que fez reduzir o número de mortes para números sem
significado. Quase 2/3 dos internamentos antes do início da vacinação eram
referentes a pessoas maiores de 70anos, 1/3 entre 40 e 69 anos e 4% menores de
40 anos. O risco de colapso do SNS é praticamente inexistente. Não é ainda
altura para voltarmos ao estado pré-pandemia mas qual seria o propósito de
estarmos fechados a 7 chaves? E sabendo que os turistas chegam com um teste
negativo PCR. E sabendo que os turistas vêm apenas de países com baixos índices
de transmissão. E sabendo que muita gente está a sofrer sem trabalho. Não se
pode pensar só no umbigo. Nuno_P EXPERIENTE: "O risco de
colapso do SNS é praticamente inexistente." Consegue garantir isso? No
Reino Unido, quase 70% da população tem pelo menos uma dose de vacina e teme-se
isso mesmo. Dependendo do grau de transmissibilidade já há quem avise que o
número de internamentos pode ultrapassar o pico da segunda onda. Armindo Castelo Bento EXPERIENTE: Para Sally
Buzbee, a estratégia no Post não será, na verdade, muito diferente da que tinha
na agência: “O desafio do jornalismo é igual em todo o lado e é o de tentar ir
ao encontro das audiências, onde quer que elas estejam, e tentar produzir uma
informação o mais acessível, rigorosa e transparente que for possível”. Rogu EXPERIENTE: Mais uma Nova
vaga de Turistificação para arrasar de novo o País.... esta vai doer mais que
todas as outras....
AA...Para a mentira ser segura ... tem que ter
qualquer coisa de verdade INICIANTE: Se correr bem o governo cantará vitória
e a estratégia foi toda deles. Se correr mal, têm sempre o tio Marcelo para
assumir as culpas. Ele até gosta de se pôr a jeito. João Cunha INICIANTE: Igual ou parecido
com o sucedido em 2020. Abrimos cedo demais. Tínhamos agora 1 mês para
consolidar e vacinar antes de abrir para o verão, mas fomos como as moscas ao
Mel. Quanto a festa do scp, com mensagens "perdidas" na cml, e
conversa de gaiatos, e ninguém foi responsabilizado. Opinativo EXPERIENTE: Vamos lá falar do
que interessa: Não é possível erradicar o coronavírus. O objectivo sempre foi
evitar mortes e entupir o SNS. A vacinação do maior grupo de risco já foi
praticamente concluída o que fez reduzir o número de mortes para números sem
significado. Quase 2/3 dos internamentos antes do início da vacinação eram
referentes a pessoas maiores de 70anos, 1/3 entre 40 e 69 anos e 4% menores de
40 anos. O risco de colapso do SNS é praticamente inexistente. Não é ainda
altura para voltarmos ao estado pré-pandemia mas qual seria o propósito de
estarmos fechados a 7 chaves? E sabendo que os turistas chegam com um teste
negativo PCR. E sabendo que os turistas vêm apenas de países com baixos índices
de transmissão. E sabendo que muita gente está a sofrer sem trabalho. Não se
pode pensar só no umbigo. Nuno_P EXPERIENTE: "O risco de
colapso do SNS é praticamente inexistente." Consegue garantir isso? No
Reino Unido, quase 70% da população tem pelo menos uma dose de vacina e teme-se
isso mesmo. Dependendo do grau de transmissibilidade já há quem avise que o número
de internamentos pode ultrapassar o pico da segunda onda. Armindo Castelo Bento EXPERIENTE: Para Sally Buzbee,
a estratégia no Post não será, na verdade, muito diferente da que tinha na
agência: “O desafio do jornalismo é igual em todo o lado e é o de tentar ir ao
encontro das audiências, onde quer que elas estejam, e tentar produzir uma
informação o mais acessível, rigorosa e transparente que for possível”. Rogu EXPERIENTE: Mais uma Nova
vaga de Turistificação para arrasar de novo o País.... esta vai doer mais que
todas as outras.... AA...Para a mentira ser segura ... tem que ter
qualquer coisa de verdade INICIANTE: Se correr bem o governo cantará vitória
e a estratégia foi toda deles. Se correr mal, têm sempre o tio Marcelo para
assumir as culpas. Ele até gosta de se pôr a jeito. João Cunha INICIANTE: Igual ou parecido
com o sucedido em 2020. Abrimos cedo demais. Tínhamos agora 1 mês para
consolidar e vacinar antes de abrir para o verão, mas fomos como as moscas ao
Mel. Quanto a festa do scp, com mensagens "perdidas" na cml, e
conversa de gaiatos, e ninguém foi responsabilizado. Animação e descanso INICIANTE: Qual risco!?
Fonix não tiram as palas! Quando ficarem desempregados talvez o façam.
Zé Goes EXPERIENTE: Também temo que
estejamos a jogar seguindo a táctica do José Estebes: "tudo ao
molho". Não sofreremos certamente um desastre como o do Natal passado mas
é difícil que não venhamos a dar passos atrás. Luis Rocha
EXPERIENTE: É
frustrante ver que não se aprendeu com o ano passado. A estratégia portuguesa
continua a ser a fé em Deus. Até Boris Johnson, com um país muito mais
vacinado, está mais preocupado com a variante indiana. Não é futurologia, é só
ver como essas variantes estão a crescer no Reino Unido. É óbvio que vão afectar
Portugal com esta entrada de turistas, e muito possivelmente depois estragar o
turismo em Julho. A não ser que se chegue a um nível de vacinação bem mais
elevado (tipo EUA), estas variantes vão se sentir.
“Caranguejola”
—Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada…
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!
Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado…
Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira —
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.
Não, não estou para mais — não quero mesmo brinquedos.
Pra quê? Até se mos dessem não saberia brincar…
Que querem fazer de mim com este enleios e medos?
Não fui feito pra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar…
Noite sempre plo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho — que amor…
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor —
Plo menos era o sossego completo… História! Era a melhor das vidas…
Se me doem os pés e não sei andar direito,
Pra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?
– Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde
Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito…
De que me vale sair, se me constipo logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?
Deixa-te de ilusões, Mário! Bom édredon, bom fogo —
E não penses no resto. É já bastante, com franqueza…
Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará.
Pra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. Co’a breca! Levem-me prà enfermaria! —
Isto é, pra um quarto particular que o meu Pai pagará.
Apreciemos
Justo. Um
quarto de hospital — higiénico, todo branco, moderno e tranquilo;
Em Paris, é preferível — por causa da legenda…
Daqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda —
E depois estar maluquinho em Paris fica bem, tem certo estilo…
Quanto a ti,
meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora, no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras:
Nada a fazer, minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.
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