Um singelo e bonito poema a lembrar momentos por nós vividos de uma natureza amena que desejaríamos voltasse a surgir e que o Dr. Salles tem a sorte de contemplar. E extrapolar, com a costumeira energia, sobre a questão humana, nem sempre serena, como a chilreada livre da passarada ou o gato meigo em busca de afecto…
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO 07.05.21
Hoje, desci à
parada
para ouvir
o acordar da
passarada
e do meio de
tanta algazarra
saltou uma
ordem de não sei quê
a que se
seguiu um instante de silêncio.
«Rapaziada»
bem mandada,
pensei eu.
Mas logo de
seguida
volta a
gritaria da alegria de viver.
São eles
melros, pardais e outros que tais…
E o Sol
nasceu, a passarada, acordada, voou
até que o
último «piu»
se confundiu
com o «mio»
do gato local
que por ali passou.
Deste, não
lhe ouvi as pegadas a bater na calçada
nem sequer o
restolhar nos canteiros das flores
mas vi-o e
senti-o quando
me veio
cumprimentar
a roçar-se
nas minhas pernas
e a agradecer
a cama nova
que lhe pus
na casota ali ao canto do jardim.
E foi assim,
nesta paz
serena de limites definidos,
que me
lembrei de que nem sempre
os pássaros
cantam livres,
os gatos se
roçam nas nossas pernas
e o homem
cofia os bigodes tranquilamente
sem pensar
que possa estar
na mira da
espingarda de alguém.
E o gato lá
foi às sopas da vizinha…
E eu, bigodes
cofiados,
dei meia
volta,
subi a
escadaria
e fiz-me ao
dia.
BOM DIA!
Tags:: "histórias
para os meus netos"
COMENTÁRIOS:
Miguel
Magalhaes 07.05.2021 Gostei.
Adriano Miranda Lima 07.05.2021: Aplaudo a beleza literária e o sentido filosófico
deste tecto.
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