A descrita na crónica de Tiago Dores, com o suficiente sentido de humor
oportuno, embora sem consequências de maior.
Não contem com Francisco Louçã para o alterne /premium
A direita voltar ao Governo, um dia?
Isso é que era bom. É que nem pensar. Com Francisco Louçã não há cá alternância
democrática para ninguém. Não, não. Com Louçã não se alterna coisa nenhuma.
TIAGO DORES
OBSERVAOR, 26 mai
2021
Meus
amigos, para quem ainda tinha dúvidas sobre a postura inatacável do conselheiro
de Estado, Francisco Louçã, a última Convenção do Bloco de Esquerda
esclareceu-as integral e definitivamente. Isto porque, no dito certame,
garantiu Louçã:
“Com esta força do Bloco, Portugal
tem agora a certeza de que não voltaremos a ter a maioria absoluta que protege
a desigualdade social, nem a direita voltará ao Governo.”
Ora,
aí está. A direita voltar ao Governo, um dia? Isso é que era bom. É que nem
pensar. Com Francisco Louçã não há cá alternância democrática para ninguém.
Não, não. Com Louçã não se alterna coisa nenhuma, pá. Não contem com este
menino para o alterne.
A
propósito, uma adivinha. Porque é que Francisco Louça só anda de transportes
públicos? A quem respondeu “Porque considera que o automóvel é o símbolo
máximo da lógica depredadora do capitalismo e o principal entrave à justiça
climática e equidade ambiental”, duas questões. Primeira: hã? Segunda: vejo que
nunca leu uma crónica minha. Bem-vindo, caro leitor. E foi, desde já, um gosto.
Pois suspeito que, findo este parágrafo, não voltarei, nunca mais, a vê-lo.
Bom, mas retornando à adivinha “Porque é que Francisco Louça só anda de
transportes públicos?”. A resposta é óbvia. Porque tem nojo de ser proprietário
de coisas, claro, para mais de coisas como um veículo automóvel, que possui uma
peça a que se chama “alternador”. E, como já sabíamos, Louçã abomina tudo o que
tenha a ver, mesmo que remotamente, com alternâncias.
E
com esta adivinha, para grande desgosto de todos vós, estou certo, esgotei o
portfólio de adivinhas que metem Francisco Louçã. Ou, pelo menos, o portfólio
de adivinhas para as quais sei a resposta. Resta-me um enigma para o qual,
confesso, não tenho solução. Que é o seguinte. Como pode um indivíduo
que deseja profundamente a não existência de alternância democrática, ser
conselheiro de Estado de um país que se diz (quer dizer, acho que ainda se diz.
Ainda se diz?), lá está, democrático. Dá ideia de não fazer muito sentido.
Mas não sei. Vai-se a ver e nas reuniões do Conselho de Estado, sempre que é
chamado a opinar, diz Francisco Louçã: “Bom, o meu conselho é que haja ainda um
bocadinho menos de democracia. Estamos a caminhar no bom sentido, mas creio que
conseguimos fazer ainda muito pior. Melhor, queria eu dizer. Melhor.”
Já
que falamos de democracia, é obrigatório referir a sua palavra geminada,
Bielorrúsia. Parece que houve para lá qualquer coisa na Bielorrúsia. Acho
que não foi nada de mais. Foi só um avião de um país da União Europeia, que
fazia um voo entre duas cidades da União Europeia, a ser desviado por um estado
terrorista para o seu território, para efeitos de captura de um jornalista que,
porventura, será condenado à morte, ou similar. Até aqui, tudo normal. O que
espantou foi a reacção do actual Presidente do Conselho da União Europeia,
António Costa. Então não é que o nosso Primeiro-Ministro condenou o terrorismo
de Estado da Bielorrússia. Quem diria que António Costa gostava de condenar
terrorismos. É que, ainda há dias, Costa teve oportunidade de condenar o
terrorismo levado a cabo por um efectivo grupo terrorista, o Hamas, e optou,
antes, por condenar o Estado democrático vítima desse mesmo terrorismo, Israel.
Desta não estava à espera, confesso.
Quem
também reagiu de forma assertiva a este caso foi Ursula von der
Leyen, muito peremptória na condenação dos
actos perpetrados pelo governo de Alexander Lukashenko. Fontes próximas da
Presidente da Comissão Europeia garantem que a diplomata ficou tão furiosa com
o desvio do avião da Ryanair, que chegou a confessar um plano para, na
próxima cimeira UE/Bielorrússia, partir uma cadeira na cabeça de Lukashenko.
Caso lhe cedessem uma cadeira, claro.
BLOCO DE
ESQUERDA POLÍTICA FRANCISCO
LOUÇÃ PAÍS
COMENTÁRIOS:
berto Vaz: A força do bloco de Louçã está a ser destruída há muito tempo pela Catarina
e outras gatinhas do " não me toques " RUI TRINDADE: Louçã gostava era de instalar uma
ditadura Estalinista, trotskista, marxista leninista! Um autêntico alucinado! advoga diabo: Escritos amargurados, sempre
fracos de tão rebuscado quanto malcriado "humor", que vão do básico
insulto ao mau gosto. Louçã é um brilhante economista com currículo invejável
em qualquer lado, e notável membro de um dos principais órgãos consultivos da
democracia que desde jovem ajudou a construir. Quem é este Dores?! S Belo > advoga diabo: E, já agora, quem é o(a) senhor(a)??? Elvis Wayne > advoga diabo: O pá vai enganar outro advoga. O Louças em toda a sua
"profícua" carreira só publicou 9 artigos, bem abaixo da média
nacional entre economistas (segundo um estudo da Universidade do Minho). Para
além de membro de um bando de fanáticos trotskistas (Bé) o Louçã nada fez de
notável na sua extensa e pouco produtiva carreira. Pode ser até muito esperto
(para os padrões da esquerda) mas isso não o ia impedindo de ficar com a fronha
toda amarrotada em Badajoz. João Pimentel Ferreira > advoga diabo: Louçã é uma nulidade intelectual. Paulo Loureiro: Se o país não fosse miserável
nem dirigido por bananas, um conselheiro de estado que dissesse o que ele disse
ia de imediato para a rua por incompatibilidade total com o sistema democrático. Clarisse Seca: Parece que Cunhal também dizia
que não haveria nunca democracia em Portugal ou coisa parecida. Francisco Tavares de Almeida
> Clarisse Seca: Pois,... e parece que afinal tinha alguma razão. Nuno Borges > Clarisse Seca: Conquistaram o poder em 1974 e nunca ninguém conseguiu
tirar-lho. Nem sequer o Passos Coelho que não salvou o banco do PCP, ganhou as
eleições mas puseram-no na rua. Luís Martins: Tiago Dores ainda não era
nascido ou era ainda criança, quando o muro de Berlim dividia a Europa em duas
partes; a ocidental, com democracias liberais, e a oriental. totalitária
comunista. Nesse período os comunistas portugueses diziam todos o mesmo mantra: os
regimes comunistas eram a encarnação da verdadeira democracia. Teve o articulista sorte em ter
nascido no tempo em que o muro caía, porque muitos dos que eram nessa época
jovens adultos, ainda hoje cantam o mesmo mantra, quer seja no PCP, quer seja
no BE! Maria Nunes:
Excelente. É
inacreditável como FL é Conselheiro de Estado. E depois o Chega é que é
perigoso. Luís
Martins > Maria Nunes: É óbvio que é perigoso; não alinha com o discurso de
Louçã e denuncia-o! RUI TRINDADE: Louçã gostava era de instalar
uma ditadura Estalinista, troitikista, marxista leninista! Um autêntico
alucinado! Nuno Borges: A esquerda só larga o poder com um golpe militar. Não
saem com eleições. Paulo Loureiro: Se
o país não fosse miserável nem dirigido por bananas, um conselheiro de estado que
dissesse o que ele disse ia de imediato para a rua por incompatibilidade total
com o sistema democrático. Marco Raposo: Brilhante, Tiago. Há temas que
têm de ser encarados com humor e distanciamento emocional. A política em
Portugal tem de ser forçosamente um deles.
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