segunda-feira, 10 de maio de 2021

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O resto é silêncio. Mas o discursozito  sintético, ressabido e ressabiado, de António Costa, a finalizar a cimeira, ali ficou, bem escarrado, expressão de toda a nossa pobreza - nas ideias  como na desvergonha: Um peditório generalizado, despudorado, matreiro, falsamente generoso abarcando todos os povos da União (como se todos estivessem em idêntica situação esmoler), para ficarmos lá nós, bem incluídos, que era aí que A.C. queria chegar. E não haver ninguém,  cuspindo sobre tão extraordinária vileza!  Pobre nação portuguesa! Pobre rectangulozinho assim reduzido, assim despojado de qualquer réstia de pudor!...

O socialismo é isto: todos iguais, todos pobres, todos a mendigar uma tarifa /premium

Já tínhamos tarifas sociais para a internet, água, luz, gás... Agora chegou a tarifa para ajudar os patrões a pagarem o salário mínimo. O sonho possível no Portugal socialista é conseguir uma tarifa.

HELENA MATOS, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 09 mai 2021

Diz o fado que não é desgraça ser pobre. Garante a História que desgraça é acreditar que não se pode viver doutro modo. E o modo de vida em Portugal é o socialismo mendicante, aquele em que se desistiu de viver melhor pois apenas se procura pagar menos impostos e ter direito a uma tarifa social.

Já temos tarifa social de acesso à internet, mais tarifa social de gás, tarifa social de água e tarifa social de energia (pronuncie-se “social” com aquela inflexão-esgar de Ferro Rodrigues e percebe-se melhor o aviltante de tudo isto!) Renda social, segura e assistida. Isenções de pagamento de taxas moderadoras no SNS, das custas na justiça…  Chegou agora o anúncio de que o Governo vai pagar às empresas para elas conseguirem pagar o salário mínimo aos seus trabalhadores.

O sonho de  ganhar mais deu lugar à aspiração de conseguir uma tarifa social. Se esta acumular com uma isenção ainda melhor. Casos há, como o da Justiça, em que o Estado encareceu de tal forma as taxas e custas que cobra, que não ter direito à respectiva isenção se traduz na maioria dos casos em não ter acesso à justiça. Quando o bastonário da Ordem dos Advogados afirma “A justiça só está acessível aos muito ricos e aos muito pobres” está a falar de uma realidade, o acesso à justiça, e a desenhar um retrato do país lobotomizado por décadas de socialismo. Um país em que os ricos (leia-se aqueles que têm capacidade de influência no estado) vivem cada vez mais isolados na sua redoma e os muito pobres ficam aprisionados no seu ghetto de apoios.

O nosso grau de habituação ao absurdo é tal que só ao vermo-nos de fora damos conta da anormalidade que nos rodeia e do esbulho de que somos alvo: “Assim funcionam as portagens na Europa: dos 99% de vias gratuitas em França aos 1.000 milhões que cobra Portugal” titulava ontem o ABC numa Espanha que discute se deve ou não pagar portagens. Algo lhe soa estranho nesta frase? Serão os 99% de estradas sem portagens em França?

Portugal é hoje um país mendicante dos fundos europeus habitado por um povo que trocou a aspiração de viver melhor pelas contas de diminuir nos seus rendimentos: “Um terço das pessoas pobres em Portugal tem emprego” – avisava já este ano o INE. Não por acaso cada vez se fala menos de trabalho e de trabalhadores. O que temos agora são comunidades, apoiados, sinalizados, referenciados… gente que anda com papelinhos a provar que tem direito a mais uma isenção  e a duas tarifas sociais. Ou ao contrário que vai dar ao mesmo.

Esta cultura da dependência face ao Estado leva a que se aceite todo e qualquer abuso de poder (a ocupação do Zmar não aconteceu por acaso!) e que se desvalorize a produção de riqueza. Por exemplo,  o fecho do comércio  durante a pandemia era inevitável? Em 2021, em Madrid, Ayuso não fechou os restaurantes, nem os cabeleireiros, nem as livrarias, nem os mais diversos comércios. Pelo contrário o horário destes estabelecimentos foi alargado de modo a permitir-lhes funcionar sem concentrações de clientela. Por cá vigorou o modelo leninista de fechar tudo e anunciar apoios, tarifas sociais, programas de assistência.

Todo este socialismo assistencialista,  vem sempre embrulhado num palavreado de momentos históricos, combates mundiais, avanços civilizacionais, enfim um festival de luz e propaganda que ofusca uma realidade cada vez mais bruta. Um dos momentos símbolo desta fobia da realidade que caracteriza o socialismo aconteceu durante o “momento histórico” da Cimeira Social do Porto (aquela cimeira de que não se encontra rasto na imprensa dos outros países da UE)Enquanto aquele friso de líderes saudava o vazio e se desdobrava em declarações sobre o momento histórico, o género, a inclusão, os pilares da Europa…, saía um estudo que fazia as contas àquilo que há muito se sabe em Portugal e se esconde naquele lado do palco que os holofotes do momento histórico não iluminam: «só com aumentos de impostos na ordem dos 22 por cento se consegue manter o actual modelo de pensões. A alternativa a esta subida de impostos  é uma perda de 19% nos benefícios de reforma.»

Vamos falar sobre isto? Nem pensar. O socialismo conduziu os portugueses a uma ratoeira: entretidos a discutir a adesão das comunidades LGBTB às ciclovias, o racismo de dona Urraca, o machismo de dom Dinis e o assédio sexual no governo de Sidónio, prosseguem na sua marcha para a pobreza.

Diz o fado que não é desgraça ser pobre. Ou pelo menos não tem de ser. Contra a pobreza luta-se. Desgraça é de facto acreditar que não se pode viver doutro modo. E para cúmulo chamar-lhe progresso.

PS1. 4 de Maio de 2021. 18h10. Mérignac, arredores de Bordéus. Uma mulher foge do homem que a persegue. Ele dispara-lhe para as pernas. Ferida, ela cai. Ele despeja-lhe gasolina em cima, depois pega-lhe fogo. Sim, esta semana uma mulher de 30 anos foi queimada viva em França. Mas sobre este crime não encontramos quase o rasto nas notícias portuguesas. E contudo ele corresponde a tudo aquilo que agora mobiliza as indignações: Chahinez foi assassinada pelo marido; Chahinez tinha apresentado várias queixas a denunciar as violências a que ele a submetia; Chahinez era imigrante argelina e o marido francês. Contudo a morte de Chahinez foi ignorada. Porquê? Porque os imigrantes só interessam quando se desdobram em declarações de ódio à cultura e à história dos países para os quais escolheram vir viver. Ora Chahinez  “queria viver como uma francesa”. E não menos importante neste silenciamento da sua morte, o seu marido, Mounir, é também argelino e o único machismo que interessa denunciar é o da Europa cristã.

PS2. É certo que a França fica em Marte e que lá se fala um idioma remoto apenas dominado por meia dúzia de especialistas mas mesmo assim uma mulher a ser queimada viva é algo que se esperava tivesse suscitado um bocadinho de interesse nas redacções.

PS3. Proponho uma recolha de fundos para que se compre um cadeirão portátil para oferecer a Charles Michel, o presidente do Conselho Europeu que se sentou ao lado de Erdogan e deixou Ursula von der Leyen a olhar para o lado. Charles Michel anda agora entusiasmadíssimo com a possibilidade de se levantarem as patentes às vacinas. Caso tal aconteça o cadeirão portátil vai ser utilíssimo ao sr. Michel quando surgir outra epidemia e ele tiver de ficar sentadinho à espera das vacinas criadas nos laboratórios estatais ou quiçá provenientes da Venezuela ou da Coreia do Norte.

GOVERNO   POLÍTICA 

COMENTÁRIO

Vasco Barbedo Costa: Querem compreender o socialismo português? Façam uma ronda pelas tascas que rodeiam as Câmaras Municipais e outras instituições públicas do género. Meio mundo não faz a ponta dum corno e o outro meio está atolado em burocracias e trabalhos completamente improdutivos. Não fosse a indigna dependência da Alemanha (e, mais recentemente, da China) e o regime socialista há muito tinha caído de podre, sem dinheiro para pagar funcionários públicos e pensões. Com a juventude a emigrar e as portas abertas à miséria terceiro-mundista da imigração africana e asiática, o socialismo português (onde, não tenhamos ilusões, também comem sociais-democratas e centristas) vai legar às gerações futuras o maior desastre de nove séculos de História. Com o tratado de Maastricht perdemos a independência, com o governo de Sócrates perdemos a vergonha, com o governo de Costa perdemos a identidade. Portugal já não existe, somos um mero território,  um protectorado da Alemanha.

Os nossos antepassados devem estar orgulhosos do socialismo português.

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