terça-feira, 4 de maio de 2021

Coisas graves

 

Que por aqui se passam, sem darmos por isso, paulatinamente enredados e tudo aceitando sem ver o que está por trás. Helena Matos adverte, comentadores a apoiam, aprenda-se a lição, que parece grave…

A grande requisição e a pouca competência /premium

Em 2020 garantiram-nos existirem em Odemira 500 lugares para quarentena. Nenhum dele era no Zmar. Porquê requisitar agora em 2021 o Zmar? Porque o ministro Cabrita aposta no estardalhaço quando falha.

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR,  02 mai 2021

A requisição dos bungalows do ZmarO inefável ministro Cabrita, com aquele autoritarismo abrutalhado que o caracteriza, resolveu requisitar o Zmar para ali serem colocados trabalhadores rurais de Odemira, em isolamento profiláctico ou sem condições de habitabilidade. Ora recordo que em 2020 foram anunciados pela autarquia de Odemira, 500 lugares para quarentena  em “equipamentos públicos com dimensão e condições para alojamento e banhos, como pavilhões desportivos e multiusos”? Como é que em 2021, ninguém mais fala desses 500 lugares e se avança para uma requisição? O ministro Cabrita achou mais interessante dar um sinal do seu poder requisitando o Zmar? Podia o ministro ter negociado com os proprietários do Zmar, podia ter recorrido às pousadas da juventude (apenas a do Almograve foi visada: é ali que vão ser  instalados os infectados). Podia também ter sido ponderado o recurso a instalações militares, pavilhões municipais… mas nada disso aconteceu. O ministro olhou para o Zmar e concluiu que o mesmo tinha as condições ideais. E requisitou-o. Não foi sequer tido em atenção  que há quem faça daqueles bungalows a sua primeira habitação e que em várias daquelas unidades se encontram bens pessoais dos seus proprietários… nada. Avançou-se com a requisição e  avisou-se que o Ministério das Finanças fará o acerto de contas no final. Pelo caminho o primeiro-ministro declarou que “alguma população vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível, com hipersobrelotação das habitações”, relatando mesmo situações de “risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos”. Será a requisição uma violação muda?

No fim a factura segue para o grupo do costume: os contribuintes. Os tais que vão ter de pagar o alojamento dos imigrantes no Zmar, as indemnizações aos proprietários do dito Zmar e, cúmulo dos cúmulos, o ordenado ao ministro Cabrita.  Como é apanágio das decisões do ministro Cabrita já se anunciam algumas clarificações sobre o conteúdo do despacho, nomeadamente que ele não afectará as unidades que estão a funcionar como primeira habitação. Mas o despacho é claríssimo É decretada a requisição temporária, por motivos de urgência e de interesse público e nacional, da totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes que compõem o empreendimento «ZMar Eco Experience», sito na Herdade A-de-Mateus, em Longueira-Almograve, Odemira.

O que quer dizer “requisição temporária (…) da totalidade dos imóveis” senão isso mesmo:  “requisição temporária (…) da totalidade dos imóveis”. Entendendo-se por totalidade o “conjunto de todas as partes que formam um todo”?

Senhor ministro, não somos nós que vemos mal ou o despacho que precisa de ser clarificado. É sim o senhor que não decide nada que não se transforme numa sucessão de erros e mais erros. E a única clarificação a ser feita é esta: como é possível o ministro Eduardo Cabrita ainda estar em funções e não ter sido mandado veranear, por exemplo para o Zmar, após o caso de Tancos?

A requisição da inteligência. Não duvido que muitos dos locais onde se alojam os trabalhadores  rurais violam vários direitos mas também tenho a certeza que em todo este caso se está a violar a inteligência dos portugueses. Em primeiro lugar, decidindo como se não existissem alternativas à requisição e em segundo iludindo a pergunta: o que andaram as autoridades a fazer nos últimos meses? As condições de risco agravado para a propagação do vírus no concelho de Odemira eram conhecidas há mais de um ano. Foram aliás visíveis logo que começou a pandemia. Porque não se trabalhou de forma a prevenir? Agora é que se andam a inspeccionar os alojamentos destes trabalhadores? Mais uma vez o Governo disfarça a sua incapacidade de prevenir, fiscalizar e antecipar através de um exercício de autoritarismo.

A requisição da salada de frutos vermelhos. Neste 1º de Maio, enquanto em Lisboa desfilava o cortejo de recriação histórica a que se chama Dia do Trabalhador (cortejo esse que tem a particularidade de ser integrado por pessoas que na sua maioria pouco ou nada trabalharam), no Alentejo, onde os imigrantes substituíram as ceifeiras, tornava-se evidente que os frutos vermelhos não caem do céu. Ou que os vegetais não são cultivados por famílias com trajes regionais mas sim por nepaleses, paquistaneses e vietnamitas. Patetices como a exclusão da carne de vaca das ementas da universidade de Coimbra em nome do ambiente fazem parte desta visão infantilizada do que é ser amigo ou inimigo do planeta. A salada de frutos vermelhos não é mais amiga do ambiente nem tem menor pegada ecológica que um bife.

PS. Aos que andam numa ânsia de reproduzir em Portugal algo semelhante ao Me Too recordo que em Portugal a indignação só é possível quando não belisca quem está do lado certo. Caso contrário o único incontestavelmente culpado é o motoristaJoão Perna, o motorista que além de conduzir o carro de José Sócrates também conduzia o dinheiro que Carlos Santos Silva lhe enviava, e Bibi, o motorista da Casa Pia que levava as crianças até aos locais onde os esperavam os seus abusadores, estão aí para o provar. Em Portugal se não há motorista não há culpado. Só alegados. Assim no que ao assédio diz respeito ou se arranjam dois ou três nomes que correspondem ao estereótipo da pessoa de quem se pode e deve dizer mal (católico, conservador…) ou então não há indignação possível. Ou, mais provável ainda, acabamos no motorista do costumeQuanto à questão: o assédio existe? Claro que sim. E não é apenas praticado por homens heterossexuais.

MINISTÉRIO ADMINISTRAÇÃO INTERNA   POLÍTICA   PANDEMIA   SAÚDE

COMENTÁRIOS:

arminda Damiao: Excelente texto.          josé maria: Contra esta indignidade, não se insurgem os liberais: PJ está a investigar denúncias de imigração ilegal, tráfico e escravatura em Odemira Observador, 3/5/2021   Mariano Velez: Brilhante análise, objectiva, clara e colocando os nomes aos ditos. E a oposição continua mansa, como se nada de mais tivesse ocorrido. Da esquerda radical, que trai os seus apaniguados quando a narrativa não lhe interessa, era expectável, agora o silêncio da direita chega a ser doloroso. RR hibernou, só abre a boca para dizer banalidades, sem capacidade de mostrar o desastre que este governo representa, ...As sondagens estão aí para mostrar o trabalho que a oposição credível, supostamente, tem feito...         Martelo de Belem: O Costa e Catarina, que sabem que o problema existe há anos, encontraram finalmente a excelente oportunidade para resolver um problema dito humanitário. De uma só cajadada resolverem dois problemas: 1) expropriação de bens aos privados, dois fizeram o contribuinte pagar pela incapacidade deles.        Rui Jacinto: Cabrita é um cromo, daqueles que se arrastam nos desfiles carnavalescos, que oscilam entre a figura do palerma e da autoridade pidesca. E também seria uma paródia se não fossem as consequências, e essas prejudicam a imagem de um governo já de si todo roto. Cabrita governa, impõe, crias regras absurdas, diz disparates, mas tudo como o biscateiro que chamamos à pressa quando rebenta a válvula do autoclismo. Ele não sabe o que é planeamento ou prevenção, até nalguns casos destrói o ainda funcional apenas para criar lugares para os seus "homens de mão". Cabrita não se limita a ser o cromo, ele é o cromo incompetente.          JB Dias: Caro Marcelo Teixeira, as actividades sazonais como as da agricultura são daquelas poucas que permitem a realização de contratos de trabalho a termo certo por períodos inferiores a 6 meses ...         Alves Reis: Qual a admiração?? Não votaram nos socialistas apoiados por comunistas??  Isto é comunismo puro......não existe respeito pela propriedade privada nem pelos proprietários......proprietários estes que fizeram o seu esforço financeiro para adquirir esta propriedade, como primeira habitação ou como segunda ou terceira........proprietários estes  que pagam os seus impostos O dr Costa e o dr Cabrita deviam era de os levar para casa deles....... Isto é comunismo meus senhores.......propriedade privada ao serviço dos que mandam no Estado Indemnizações???quando houver dinheiro e boa vontade dos comunistas que nos governam......até lá sonhem com o comunismo          josé maria: Pedro Pidwell, que representa os mais de 400 credores do empreendimento, que aprovaram na terça-feira um plano de reestruturação do Zmar, indicou ainda que, após reunião com a GNR, foi identificado “um núcleo de casas” no complexo, “separado das casas dos proprietários e mais ou menos isolado”, que será usado para começar a receber quem aí tiver de ficar, caso seja necessário. Observador, 2/5/2021 Mais um rombo no panfleto da HM...          André Ondine : josé maria: Deixe-se disto. "Honestize-se"! A requisição civil foi para todo e empreendimento. Vou citar a sua citação: "...para começar a receber...."  se conhecesse o empreendimento e sabendo que se tratam de centenas de explorados, é óbvio que a ideia não é ficar por aí. Daí a necessidade de requisitar TODO o empreendimento. Fanático propagandista e panfletário. A defender o indefensável. Mas eu percebo, a sua honestidade intelectual corresponde à honestidade intelectual daqueles que idolatra       Alves Reis >  André Ondine: não vale a pena dar conversa ao zé maria.....ele não passa de uma criatura assalariada do BE que por aqui anda há anos a fazer estas figurinhas.......           Sonia Neves > josé maria: A sério que está a justificar uma requisição civil neste contexto? Não há alternativas? Nem que aquilo estivesse tudo vazio. Os proprietários disseram não, é não.          josé maria > Sonia Neves: É assim que se comportam os seus amigos liberais: PJ está a investigar denúncias de imigração ilegal, tráfico e escravatura em Odemira Observador, 3/5/2021         josé maria: À RTP, o administrador de insolvência do empreendimento, Pedro Pidwell, adiantou que lhe foi comunicado que, neste momento, será usada "uma parte afecta e da propriedade do próprio Zmar", afastada das habitações particulares          JN,30/4/2021: Interessa, HM, ou vem estragar o seu número panfletário ?         André Ondine > josé maria: Para o maluquinho das citações: O advogado contesta esta ideia: “Há 260 casas, 160 de particulares, e esta requisição civil é para todo o empreendimento, por isso, espero que esta decisão venha a ser alterada pelo Governo”, sublinhou Nuno Silva Vieira. Observador, 30/04/2021 ; 17:21 A requisição civil é para todo o empreendimento, independentemente de, neste momento, só se pretender, ou não, usurpar apenas uma parte. Para os proprietários, a perspectiva é preocupante, percebe? A requisição permite ao governo usurpar o que quiser. Você não está preocupado pois é do gangue. Mas os cidadãos normais aborrecem-se com a ideia de que as suas coisas podem deixar de o ser, mediante a vontade de um Ministro Cabrita. Acaba por ser chato. E só um fanático não vê isso.       Antes pelo contrário: O Ministro Cabrita... "O Governo alargou a situação de permanência regular no país dos imigrantes com processos pendentes no SEF e determinou que os descendentes destes cidadãos passam a poder aceder ao abono de família." Isto foi ontem!!! Reparem bem e façam as contas:  "Este alargamento vai ao encontro de outras duas medidas idênticas tomadas em março de 2020, no primeiro período de estado de emergência vivido em Portugal em consequência da pandemia de Covid-19 abrangendo 246 mil pessoas, e em novembro de 2020, abrangendo 166.700 pessoas." Logo aqui, vão 412.700 imigrantes que estavam ilegais e foram legalizados, a somar aos 590.348 que segundo o SEF se encontravam regularizados em 2019, o que dá mais de um milhão, ou sejam 1.003.048 pessoas, sem contar este "alargamento", e sem contar os respectivos descendentes!!! Este governo pretende fazer a limpeza étnica dos portugueses para nos substituir por gentes vindas de África, do Brasil e do Oriente, de forma a destruir-nos e destruir o nosso povo e a nossa cultura!!! E desta vez, nem dizem quantos imigrantes mais foram legalizados!!! Os africanos expulsaram-nos das colónias há 50 anos quando proporcionalmente nós éramos muitíssimo menos a viver nas terras deles. Isto é inaceitável e é um acto de TRAIÇÃO!!! Antes pelo contrário Antes pelo contrário: Quanto a esta gente de Odemira: Se são ilegais, a questão é da responsabilidade directa do próprio Ministro da Administração Interna. Pois é preciso saber desde quando estão ilegais, como entraram, quem os trouxe, de que vivem, quem não paga os impostos e os descontos que devia, e quando é que podem ser deportados para os países de origem!!! Mas também é preciso saber porque é que o Ministério da Administração Interna e o SEF não apenas permitem, como pactuam com a ilegalidade e a exploração destes trabalhadores precários e ilegais!!! Nenhum Estado de Direito admite nem pode admitir a imigração ilegal. Pois quem entra ilegalmente não apenas está a desrespeitar a lei, mas está a pôr-se numa situação de dependência, como este caso exemplifica, acabando por sobrecarregar os cidadãos e os contribuintes do Estado que não os acolheu porque quis, mas porque eles forçaram a entrada da casa dos outros!!! Quando quem deve aplicar a lei que é este Cabrita, é o primeiro a desrespeitá-la em nome de uma agenda política oculta e contrária à lei, devia ser chamado a responder por TRAIÇÃO. Aliás, ainda ninguém explicou porque é que o Ihor ficou retido no Aeroporto e ia ser deportado - e foi espancado até à morte - sendo que todavia se trata de duas questões a meu ver distintas, excepto que a segunda decorre da primeira, e por conseguinte volto a perguntar porque é que lhe vedaram a entrada e se preparavam para o deportar cumprindo a Lei - e porque é que a MESMA Lei não foi cumprida no caso de mais de 1 MILHÃO de outros imigrantes ilegais, que foram legalizados por este Ministro???? Será por os outros serem mais "escurinhos"?! Não será isto um caso de flagrante racismo, sob a capa de uma discriminação dita "positiva" que na realidade se traduz na exploração de trabalho praticamente escravo???        Ou será que a discriminação e o racismo são pelo contrário contra os portugueses e o "homem branco"???         Elvis Wayne > Antes pelo contrário: Desfazem o SEF, abrem as portas a Marrocos e depois admiram-se quando surgem bandos de monhés amontoados aos 20 por casa. Tem muita peninha dos migrantes, mas quando é só para a foto.            Manuel Ferreira21: Excelente artigo. A desgovernação continua, mas ninguém se indigna. Indignação só com as arbitragens.            José Maria Pacheco: Esta requisição constitui um dos mais graves atentados ao Estado de Direito que vemos neste país desde 1975. Não se trata apenas das casas que são utilizadas como 1ª habitação. A maioria das casas foram adquiridas por particulares para serem utilizadas em fins de semana e férias, decoradas com os seus objectos pessoais, roupas, etc. , e agora, só porque as autoridades incompetentes, Governo e Câmara, não souberam actuar sobre uma situação que era conhecida há meses, vão ser impedidos de disfrutar das suas casas, adiar férias ou pagar para as ir gozar para outro lado, na esperança de que um dia, sabe-se lá quando e depois de que complicadíssimo processo burocrático, o Ministério das Finanças aceite ressarci-los, provavelmente apenas por uma parte da despesa (imagino a prova que terá que ser feita sobre os objectos desaparecidos, danificados ou simplesmente consumidos). Em qualquer parte do mundo esta situação levantaria um enorme clamor mas neste cantinho do mundo, nada. A malta não tem bungalows em Odemira e é como dizia Brecht, "Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso, eu não era negro...". Não sei se o Ministro Cabrita tem casa de férias ou quartos vagos em casa mas, se tiver, fico na expectativa de que dê o exemplo e os ceda às centenas de emigrantes "armazenados" em pensões e albergues na zona do Intendente.           Elvis Wayne > José Maria Pacheco: E isto é só o começo do inicio, meus amigos...           António Coelho: Com esta requisição (socialista?), o Sr. Ministro Cabrita terá certamente melhorado a sua imagem junto dos "gurus" das Esquerdas.         TIM DO Ó: Voltámos à expropriações socialistas tal como a seguir ao 25 de Abril; a propriedade é do Estado não é dos particulares. Abaixo a propriedade, viva o socialismo! Viva a Venezuela, Cuba, o PS e a Coreia do Norte!              Jose Infante: Cara helena Matos, sempre certa e com toda a razão.            Carlitos Sousa: Como é que alguém vota num Partido Socialista, que tem um excelso ministro Cabrita, que com o máximo de arrogância e prepotência, manda desalojar privados das suas casas no complexo ZMAR, para alojar emigrantes infectados ?? Democracia ? Onde ? Temos Ditadura pura e dura. E a oposição parlamentar, está calada com este atentado ?           Graciete Madeira: Excelente artigo.          Pedro Ferro: Qual será o QI de um tipo como o Cabrita?! Baixo certamente. Será que consegue atingir que está, literalmente, a espoliar os proprietários? Eu desconfio que não consiga, e que na noção de Ética que ele possui normaliza este assalto. Isto é um autêntico PREC em 2021. Sendo o ministro e a sua esposa/companheira grandes proprietários, não se percebe como não disponibilizou um dos seus imóveis para alojar os trabalhadores rurais. Sugeria a quinta em Almoster "O ministro tem três imóveis no Barreiro que o viu nascer e com o qual mantém uma ligação. A ministra tem dois apartamentos em Lisboa e uma quinta em Almoster, perto de Santarém             TIM DO Ó > Pedro Ferro: O Cabrita é socialista, é do PS, por isso a sua cabeça funciona como a dos governantes dos países socialistas como a Venezuela, Cuba, a Coreia do Norte ou a ex-URSS.         Martelo de Belem ....: Infelizmente HM é das muito poucas que eleva a voz. Para mim o óbvio, Portugal com um governo destes não vale a pena, muito arriscado por dinheiro. Como a TAP= take another plane.         Maria Campos: No ponto!         CarlosMSantos: Como sempre, uma análise brilhante deste fenómeno que é a actual governação; gostei particularmente do "autoritarismo abrutalhado", encaixa na perfeição.        Antonio Monge: Para quem tem dúvidas que somos governados por uma extrema esquerda bolchevique sanguessuga e parasita, aqui está mais um exemplo a somar.    Antonio Monge: Helena Matos, uma das razões pelas quais assinei o Observador. Numa outra notícia o governo prepara-se para nos roubar 6 milhões de euros (mas também se fala em 90) para receber o Papa. Que pena o Marcelo não ter discursado sobre isto no 25 de Abril e ter nos esclarecido que foi a Roma convidar o Papa com o patrocínio de quem trabalha, sejam ateus, muçulmanos ou hindus. Um roubo.             Américo Silva: Confesso que sinto bastante admiração pela Helena Matos. Acho que é bastante desassombrada. O assédio são assédios: desde o director de serviço que não resiste a promover qualquer jovem alto e atlético seu subordinado, à candidata à promoção que coloca a mão no ombro do chefe toda a rir-se, enquanto esfrega os seios no peito dele, até ao ambicioso que convida  o superior para lhe oferecer os serviços culinários da sua esposa. Neste fluxo contínuo de bens e serviços trocados, com o controle digital cada vez maior, é perfeitamente exequível um estudo quantitativo dos seus valores. E como a união europeia tudo aproveita para mostrar crescimento económico, da prostituição ao tráfico de droga, pode igualmente aproveitar estes benefícios. Podemos dividir as doutrinas sobre o papel do estado em dois grandes grupos. o estado como conveniência das pessoas para realizar tarefas que individualmente seriam impossíveis, como um grande hospital, um sistema público de ensino, uma rede de estradas, e outros, e que corresponde aproximadamente à crença da classe média e em geral da maioria dos contribuintes produtores líquidos. Uma outra doutrina coloca o indivíduo ao serviço do estado, e esta é partilhada por dois extremos opostos: os pequenos parasitas beneficiários, sejam marginais, ilegais, minorias parasitárias e outros, e no outro extremo, os donos do estado, os grandes interesses capitalistas ou comunistas internacionais, desde banqueiros a déspotas socialistas. Os últimos, parasitas, banqueiros e outros artistas, têm vindo a ganhar terreno em todo o mundo, seja em Angola, seja nos USA, seja na união europeia. Resulta daqui que podemos interpretar, por exemplo a imigração ilegal, como um benefício partilhado pelo capitalista que assim baixa o preço do trabalho, e o imigrante ilegal que recebe benefícios complementares do estado, indirectamente pagos pela classe média e demais trabalhadores indígenas. O caso de Odemira é apenas um exemplo comprovativo.         Marcelo Teixeira: Essa esquerda hipócrita, que tanto clama pelas leis de trabalho para proteger seus apaniguados, mas que fecha os olhos ao regime de trabalho temporário na agricultura.  Afinal, eles gostam de comer morangos baratos...          Manuel RB > Marcelo Teixeira: É exactamente isso que diz. Pensariam 2 vezes nas suas dietas ecológicas se os frutos vermelhos detox lhes chegassem pelo preço que custariam com trabalhadores bem remunerados, bem instalados e com todos os direitos que defendem. O mesmo para as bolachinhas de aveia a granel, sem todos aqueles plásticos que abominam. Talvez uma senhora que os coloque num bonito saquinho de pano, ao mesmo preço e com a mesma cadência de uma máquina de plastificar.         VICTORIA ARRENEGA > Marcelo Teixeira: Fecham os olhos ao regime de trabalho temporário na agricultura porque depois é muito conveniente para clamar contra a exploração, os capitalistas nojentos, a imigração desprotegida (mas que eles próprios fomentam e lhes dá muito jeito nas causas fracturantes). Estamos  a 100% na esfera dos benefits. Aliás este termo creio que começou a ser utilizado como metáfora em situações de friends with benefits (nada contra). Na política torna-se bastante promíscuo e resulta num verdadeiro tráfego de influências.

 

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