sexta-feira, 7 de maio de 2021

Êxtase


Diz-se que Narciso, ao contemplar-se no rio, se apaixonou por si próprio, tão belo se achou. Némesis, que não era para doçuras, transformou-o na flor do seu nome, que, à beira do rio, neste se espelha. Há quem acuse Pacheco Pereira de narcisista, a história que José M. Fernandes dele conta  prova que é, sobretudo, uma espécie de vira-casacas bastante sofisticado. Ou antes, sub-reptício. Outros comentadores apontam-lhe outros defeitos, mas alguns o amam, depende, afinal, da cor política de cada um. Um herói dos novos tempos, de resto, embora com mais pose e saber virar-se, substituindo a contemplação pela acção, sobretudo oratória ou de escrita, como instrumentos da sua beleza narcísica ora contemplativa ora tonitruante.  Mas pareceu-me um bom retrato, o traçado por José Manuel Fernandes, de um homem que se vê, a si próprio como impoluto, certamente. E não deixa de o ser um pouco, no nosso espaço de poluição…                                                                                                                                                      

 

Um problema que Pacheco Pereira tem com ele mesmo /premium

Sete anos de silêncio é muito tempo e por isso abro hoje uma excepção. O que basta, basta. Há limites para tanto delírio, tanta teoria da conspiração, tanto umbiguismo. Até porque há muito mais mundo.

JOSÉ MANUEL FERNANDES

OBSERVADOR, 06 mai 2021,

Tenho uma certa dificuldade em discutir com quem vive dentro de teorias da conspiração. Tenho uma quase insuperável dificuldade em debater com pessoas inteligentes que se alimentam de visões conspiratórias do mundo. Por isso há vários anos que decidi ignorar as insistentes, obsessivas, provocações de José Pacheco Pereira. Mas acho que ele já escreveu e disse suficientes barbaridades sobre o Observador (e não só) para eu continuar a fingir que nunca vejo nem ouço.

Deixem-me dizer que conheço Pacheco Pereira há muitos, muitos anos. Comecei a ouvir falar dele ainda era adolescente, antes do 25 de Abril, e ele era praticamente o militante mais conhecido do meu minúsculo grupo maoista, o CMLP, no Porto. Naquela cidade a maioria dos maoistas juntara-se na OCMLP, mas ele não. Reencontrei-o anos mais tarde, no início da década de 1980, numa associação de vida efémera chamada Clube da Esquerda Liberal. Daí ele seguiria para deputado independente pelo PSD, de que depois se tornaria militante e dirigente. A primeira vez que fui à sua famosa casa da Marmeleira foi há já 25 anos, era ele presidente da distrital de Lisboa, uma experiência política que terminaria mal: quando tentou a reeleição, ficou em terceiro lugar, atrás de um miúdo chamado Passos Coelho e de Duarte Lima, que venceu essa eleição graças a uma gigantesca “chapelada” na secção de Algés, se a memória não me falha.

Tive muito trabalho, ao longo de vários, para o convencer a ser colunista do Público (ele estava no Diário de Notícias) e defendi-o muitas vezes contra a fúria dos jornalistas, porque sempre estive do lado da liberdade de expressão e do direito à crítica. Mas também sempre soube que tinha as suas obsessões, só que num tempo em que eram raros os intelectuais que escreviam no espaço do centro-direita, ele era ainda uma referência.

Essa realidade começou a mudar muito depressa com o advento da blogosfera, um mundo que Pacheco começou por saudar entusiasticamente e que praticou com determinação e afinco. Só que esse mundo abriria as janelas da notoriedade a muitos novos autores, alguns até inspirados pelo exemplo do político-biógrafo de Cunhal. Acontece é que ele nunca quis companhia – na verdade, eu acho que nunca quis sombra. Onde surgiam aliados na luta de ideias, ele via rivais na batalha do protagonismo mediático.

“Não é um jogador de equipa, nunca vestirá a camisola do PSD”, disse-me há muitos anos um dirigente do partido quando lhe perguntei porque não tiravam mais partido de Pacheco Pereira, na altura ainda com cargos de direcção. É um retrato certeiro, um retrato que explica tanto porque é que ele estava no grupo maoista que quase não existia no Porto (se estivesse na mais influente OCMLP seriam outros a mandar), que bate certo com alguns desabafos que ouvi a outros membros do Clube da Esquerda Liberal e que encaixa na perfeição na forma como ele se relacionou nos últimos anos com o seu partido.

O mundo de Pacheco Pereira roda à volta de Pacheco Pereira, ponto final, parágrafo.

Na política, Pacheco Pereira comporta-se por regra com a típica superioridade suicida dos intelectuais. Com a rigidez dos que se julgam ungidos pela razão e, por isso, não fazem concessões. Por regra esses perdem combates e eleições. Às vezes ele lembra-me mesmo a rigidez dogmática de Varoufakis, que teria inevitavelmente atirado com a Grécia para fora do euro. Pacheco Pereira ter-lhe-ia dado o braço e ambos teriam marchado a par para o abismo, insultando pelo caminho Aléxis Tsipras.

Sei do que falo pois tive várias conversas com ele em que me explicou o racional de decisões políticas que me pareciam irracionais – como algumas da direcção de Manuela Ferreira Leite, de que ele era o oráculo – e não exagero. Os intelectuais, sobretudo quando convencidos da sua superioridade, são extremamente perigosos em política.

Mas são ainda mais perigosos quando centrados na sua própria figura, porventura no seu próprio umbigo. Por isso é que Pacheco abdicou da sua coerência intelectual quando chegou a hora das suas guerras pessoais. Em 2005, por exemplo, ele defendia que o PSD devia ter um posicionamento mais liberal, escrevendo que “precisamos de mais liberalismo, de mais liberdade económica, de mais espírito empresarial”. Mas não só, ia mais longe, pois considerava que era preciso “crise” e insegurança para mudarmos (até citava Schumpeter), pois sem uma sacudidela “afundamo-nos, pouco a pouco, na manutenção, geracionalmente egoísta, de um modelo social insustentável a prazo e que nos condena a definhar”.

É extraordinário recordar estas palavras à luz do que Pacheco Pereira depois escreveria, diria, gritaria, quando a verdadeira crise chegou mas não era ele, nem nenhum dos dele, que estava à frente do PSD, mas sim um dos seus “ódios de estimação”. A partir daí o egoísmo geracional mudou de polaridade, o liberalismo passou a ser designado por “neoliberalismo” – a gíria de todos os anti-liberais – e naturalmente a crise, a verdadeira e não a fictícia, deixou de ser uma coisa relevante.

É também mirabolante a cambalhota que deu para passar a considerar o PCP e o Bloco como “partidos democráticos”, algo que acontece apesar de, como escreve, ambos partilharem “uma teleologia da história e por isso há quem esteja na vanguarda e quem esteja na retaguarda, ou seja, não é a qualidade universal da cidadania que transporta a igualdade, mas sim a ‘classe’”. Pacheco sabe onde é que essa teleologia (ou essa “miséria do historicismo”, como lhe chamou Popper) levou e leva, mas passa uma esponja por cima, não lhe importando que esses partidos não olhem todos os cidadãos como iguais, algo que logo a seguir já não tolera ao Chega. Porquê estes saltos lógicos, estas incoerências? Porquê esta necessidade de estar de bem com os partidos da geringonça (citei um exemplo, há mais) e de mal com todos os demais?

De novo encontro na evolução de Pacheco Pereira mais preocupação consigo e com a sua obra do que com o rigor intelectual. Indo directo ao assunto: como notei a seu tempo, conforme a biografia de Cunhal foi avançando, e mais um volume saía, mais esterilizada e inócua esta nos surgia. O autor parece ter desejado o acesso a arquivos que o PCP (e os seus dirigentes) têm fechados, e por isso a obra foi-se tornando quase asséptica. Escrevi isso em 2016, estava longe de imaginar onde nos levaria o desenrolar desta lógica de normalização dos radicalismos de esquerda.

Ao longo dos anos houve contudo um ponto em que nós os dois nunca estivemos de acordo: a visão conspirativa que José Pacheco Pereira tem dos jornalistas e da forma como funcionam as redacções. Muitas das críticas que faz – ou que fazia – ao jornalismo português eram pertinentes, mas nunca percebeu que uma redacção não funciona como um partido e que não existem nela os mecanismos de comando e controlo típicos de organizações burocráticas e centralizadas.

Também por isso a forma como desde a primeira hora olhou para o Observador pode, na melhor das hipóteses, ser comparada com as elucubrações conspiratórias de um Steve Bannon. Eu sei que Pacheco não é dos que leva a sério o que se escreve, pois acha que há sempre agendas escondidas, mas de facto bastar-lhe-ia ter lido o que se escreveu na primeira hora do primeiro dia deste projecto para verificar que, sete anos passados, não enganámos ninguém sobre o que nos motivava como jornalistas e como fundadores do Observador.

Mas não. Ainda hoje tem dificuldade em sequer consultar a ficha técnica – ele que é tudo menos um infoexcluído – pois nesse minuto deixaria de poder escrever, por exemplo, que somos “um braço armado de um lóbi empresarial”. Não é uma questão de ser verdade ou mentira — é já tão delirante que entremos no domínio da ofensa à inteligência.

No entanto, o que seria de José Pacheco Pereira sem obsessões, sem ódios de estimação e sem teorias da conspiração? Hoje em dia a Marmeleira e suspeito que pouco mais.

E é esse verdadeiramente o problema que ele foi criando com ele próprio. Ele sabe que eu sei que ele costumava dizer que a “prova do algodão” do comentário político era comparar o que se tinha escrito com o que na realidade se tinha passado uns meses ou uns anos depois. É certo que quem escreve nos jornais inevitavelmente se engana aqui ou além, mas ele costumava usar essa “prova do algodão” para desvalorizar como um todo as análises de Marcelo Rebelo de Sousa, que na sua perspectiva quase nunca resistiam à passagem do tempo.

Ora ele sabe que eu sei que ele sabe que as dele também não resistiram. Pelo contrário: azedaram.

POLÍTICA   PACHECO PEREIRA   PAÍS   OBSERVADOR   PSD   JORNALISMO   MEDIA   SOCIEDADE

COMENTÁRIOS:

Joaquim Moreira: Confesso que sempre tive e tenho um conflito com os intelectuais, que se julgam mais importantes que os demais. Até porque como diz e bem, vivem à volta dum mundo que é o seu, onde não cabe qualquer plebeu. Até porque têm sempre razão, porque pensar e falar sem nunca ter que tomar qualquer decisão, facilita muito qualquer opinião. Sobretudo quando esse intelectual é tido como muito bom. Na verdade, quem faz andar o país, não tem nada a ver com a intelectualidade. Até porque, a maioria das vezes nem sequer foi à universidade. Aliás, não me canso de dizer, um dos grandes problemas de Portugal é ter muito intelectual. E muito pouca gente para trabalhar e fazer alguma coisa real. Por isso, e para terminar, não posso deixar de concordar, duma maneira geral, com esta leitura de José Manuel Fernandes sobre este velho intelectual. E que o líder da oposição chamou para ser conselheiro do CNE para dar opinião. E que, não deixa de ir à convenção, mesmo que este intelectual não perceba qual a razão. Para ir à convenção do MEL, por não perceber qual é o seu papel. Já que até acusa o MEL, não de ser perigoso, mas de ser “pegajoso”!      MANUEL OLIVEIRA: EXCELENTE artg de opinião. Depois de o ler atentamente instalou-se na minha cabeça uma tremenda dúvida. O que faz esse sr PP dentro do PSD? Eu nunca percebi ou aceitei a sua ligação a um partido que considero como referência sempre que há eleições e tenho oportunidade para escolher. Referência para mim, claro. E por isso ainda fico mais confuso porque o PP tinha de facto um ódio de estimação pelo PPC e seus seguidores e apoiantes, como eu. Graças ao artg do JMF fiquei agora a conhecer melhor o JPP.         Mario Guimaraes: JMF é um bom jornalista Pacheco Pereira um bom intelectual. Peguem-se, arranhem-se mas continuem... porque é um gosto ler e ouvir o que escrevem e dizem.            Vaitu Éstu: PP só fingiu ser PSD enquanto lhe foi conveniente assegurar o lugar de deputado para garantir a subvenção vitalícia. Após conseguido esse seu objectivo, revelou a sua verdadeira face de Infiltrado, fazendo descaradamente o jogo da esquerda. Não compreendo a razão por que o PSD ainda não expulsou este traste.          Sueste 67: Acho bem que PP não perca 1 minuto do seu tempo com estas do baboseiras do JMF. Quem conhece o trabalho e obra de PP sabe do que falo, o resto é conversa para entreter.....       Bernardo Durão: JMF disse tudo o que eu também penso sobre essa personagem e mais uns trocos - porque o conheceu pessoalmente (eu graças a Deus, não!). O ódio que esse ser destilava ao Pedro Passos Coelho era doentio e nauseabundo, só equiparável (quase) ao zé maria avençado comentarista de comentários do observador... Enfim, é uma personagem que cheguei a ouvir e a vê-lo falar, mas também que deixei de o ver e ouvir há muito tempo. Esteve sempre ao serviço dos "Fortes", usando a capa de carneiro em nome dos "Fracos", e só isso explica por que os "Donos disto Tudo" sempre o toleraram e lhe deram o tempo de antena, que nunca mereceu.  A melhor resposta para o zé pacheco é deixá-lo falar sozinho (ou no quadrado, ou circulo ou na figura geométrica que o ature...).        Meio Vazio: "O mundo de Pacheco Pereira roda à volta de Pacheco Pereira, ponto final, parágrafo." Excelente, JMF. Mas, decida-se: um ponto, ou é final, ou é parágrafo, nunca ambas as coisas simultaneamente.          Carlos Monteiro: Pacheco Pereira  define-se assim : É do contra., seja contra quem for.           Luis Barrosa: Tiro-lhe o chapéu em escrever algo sobre alguém que mostra ideias desertas. Quem tem pachorra de ouvir Pacheco Pereira? Já há muitos anos que dei para esse “peditório”.          FDS: Guerra de umbigos com o alfarrabista barbudo da Marmeleira? Combinem um duelo, não com pistola, mas com o jogo do empurrão nos penhascos do Cabo da Roca. O que cair primeiro perde a disputa. Se caírem os dois, assunto encerrado!        ZMAR - NÃO Votes PS: O umbiguismo de Pacheco Pereira ! Algo parecido com a propalada "superioridade moral" com que a esquerda se apresenta. Excelente e verdadeiro retrato de alguém que já se conseguiu infiltrar e sentar na bancada parlamentar do PSD           Julio Carreira: Goste-se ou não de Pacheco Pereira, o seu trabalho de salvaguarda e recuperação do património impresso do século XX muitas vezes salvo in extremis, e a suas custas, vale muito mais e perdurará mais tempo que os ódios de estimação de JMF           bento guerra: JPP é um velho decadente, um intelectual vira-casacas, de cuja honestidade de pensamento sempre duvidei. Mas foi adulado pela comunicação. Sirvam-se!      pedro dragone: Quem é Pacheco Pereira??     Clarisse Seca > pedro dragone: Quem é não sei, mas há muita incoerência nas suas afirmações, parece. Infelizmente a JMF falta a erudição e superior inteligência de Pacheco Pereira... Partilham, todavia, os usuais e comuns problemas psicológicos entre os filhos de Mao            Luís Soares Ribeiro: Do Pacheco Pereira não acompanhei nada porque é fulano que não me interessa. Só me recordo que, enquanto deputado pelo PSD, era o Cavaquista mais fedorento que lá estava.          Liberales Semper Erexitque > Luís Soares Ribeiro: "José Pacheco Pereira - mandarete do prof. Cavaco Silva" Foi assim que o vi descrito numa caricatura         Portugal, que Futuro: JMF, Mentiria se dissesse que são as suas querelas pessoais com o Pacheco Pereira que me fazem ler o Observador. Mas olhe que naquela do "braço armado de um lóbi empresarial” o Pacheco Pereira até é capaz de ter razão. Não foi e é EXACTAMENTE para isso que personalidades como António Carrapatoso, Luis Amaral, António Champalimaud, Alexandre Relvas, Filipe de Botton, António Pinto Leite, Viana Baptista ou Carlos Moreira da Silva, andam a meter o seu dinheiro na holding que controla o jornal desde 2014 sem um cêntimo de retorno financeiro (dividendos)? Ou terá sido/estará a ser pelos lindos olhos do JMF?         José Ribeiro > Portugal, que Futuro: Mais um adepto da hipocrisia.         Vaitu Éstu > Portugal, que Futuro: Qual é o retorno que os portugueses têm ao meter desde sempre (embora obrigados), dinheiro na RTP, na Lusa, Fundação Mário Soares, etc? Qual é o retorno financeiro que a família Azevedo tira do dinheiro que enterra no jornal Público, onde PP levou anos a debitar alarvidades        César Neves: O roto a dizer mal do nu....           Manuel Magalhães: Pacheco Pereira, já por ele tive admiração, só que isso já foi hà imenso tempo, hoje vejo-o como um ser distorcido e por causa dele deixei de ouvir a “ quadratura do círculo” e o seu sucedâneo tal é a incongruência entre as suas atitudes no passado e as actuais, Pacheco para mim é zero!!!           Quinta Sinfonia > Manuel Magalhães: Pacheco e Manuela Ferreira Leite, entre outros, para mim deixaram de contar, nada melhor que tempos de crise para melhor conhecer a natureza humana, no tempo da troika só olharam às suas vinganças pessoais e foram dos mais activos contra o governo patriota do PPC, jamais esquecerei, na minha casa não entram...          Manuel Magalhães > Quinta Sinfonia: Toda a razão, MFL é outra que tal...        Francisco Barbosa: Lembro-me do PP dos tempos do "Terça-feira à noite" na SIC. Cabeça intelectualmente superior que defendia com inteligência e argúcia a iniciativa privada, a liberdade e a cidadania em oposição a um Estado tentacular, clientelista e opressor. Depois sucumbiu ao ódio, raiva, inveja e deixou poluir a sua lucidez pelas emoções negativas. Basta vê-lo falar para ver q condiciona o seu livre pensamento a uma narrativa que se obriga a seguir. É torpe e intelectualmente desonesto. Uma pena. VICTORIA ARRENEGA: Quando comecei a ler a presente crónica, a primeira conclusão a que cheguei foi de carácter pessoal. Se JMF está em paz com o seu passado maoista, eu também posso deixar de me culpar por há muitos anos, nas primeiras eleições livres, ter votado UDP. Não é usual  fulanizar tanto uma crónica. Em relação a José Pacheco Pereira nunca me despertou grande interesse, a ponto de me envolver em monólogos com o écran.   JMF pode ter achado o motivo para esta falta de interesse: José Pacheco Pereira adora o seu umbigo e todos os intelectuais que se convencem da sua superioridade, da excelência do seu umbigo, são perigosos. Com esta apreciação JoséPacheco Pereira é encostado aos intelectuais do Bloco e em particular a Francisco Louçã que eu também não consigo escutar.  Ainda no universo dos umbigos, Duarte Pacheco Pereira convive mal com a crítica. Já o vi irritar-se com o seu interlocutor quando lhe apresentam alternativas que não partilha. Estando a CS  controlada pelo status quo, Duarte Pacheco Pereira sabe que  o seu umbigo não será atacado se ele próprio não antagonizar a geringonça. E aqui se explica o desafecto pelo Observador. Apesar de algum descontentamento com o jornal, é aqui que se encontram muitos jornalistas críticos do sistema para já não falar do «esgoto a céu aberto». Ou seja, motivos suficientes para irritar um bom umbigo.      R. Lima > VICTORIA ARRENEGA: Eu não perdia um no início lembro na TSF o José Magalhães, José Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente. Era vivo é inteligente, sim eram outros tempos que saudades.       João Gabriel Sacôto >  Martins Fernandes: Acontece que o "VIRUS MAOISTA" é quase impossível de debelar totalmente.       António Louro: Excelente.        Zé Albano: Pacheco Pereira é um utópico revoltado, que se move consoante a posição dos seus ódios de estimação.  Um ego excessivo que não se entende.        André Ondine: Pacheco Pereira anda, há anos, fascinado com a reverência com que é tratado pela esquerda da moda. O seu monstruoso ego não resiste a este estatuto de ídolo intelectual. Desde que foi a estrela principal de um daqueles eventos conspirativos de Soares na Aula Magna e foi aplaudido de pé pela esquerda trendy, Pacheco julga-se o ideólogo impoluto deste novo Portugal inquisidor. Mas não é. Tal como o ainda mais insuportável Marques Lopes, o que move Pacheco e fascina a esquerda inCapaz é o desejo de vingança a Passos Coelho. E a todos os que o defendem. Reparem que a posição de Pacheco sobre o Observador é semelhante à do guarda de Pinto da Costa. Pacheco Pereira está fascinado com ele próprio. Obcecado com a sua própria genialidade. E isso deixa-lhe pouco tempo para olhar o mundo real. É tudo sobre ele e o que o rodeia e os que o idolatram. Basta lê-lo e ouvi-lo para o percebermos. Anastácio Rocha Pacheco Pereira é um auto convencido e com mania de que é único e original … um outsider sem grande conteúdo, mas muita conversa e desconversa.         Martelo de Belem .... Pensava que era o único a achar esse Pacheco Pereira uma aberración Ibérica. Obrigado, já não me sinto tão só.      Fernando MCA Costa: Pergunto-me o que leva o JMF a este ataque ad hominem, sem um único argumento de substância. Não ganha nada com este artigo que roça o insulto, a não ser libertar o fel que aí trazia. Fraca consolação. O PP tem mesmo qualidade intelectual substantiva, goste-se ou não dele.  A única maneira de o atacar eficazmente é refutando as ideias, posições e derivas políticas dele. O JMF teria feito melhor em tentá-lo, em vez do ataque pessoal com que nada ganha.          ricardo gomes > Fernando MCA Costa:  Enganou-se no comentário, o que escreveu assenta que nem uma luva no que Pacheco Pereira escreveu e motivou esta resposta até bastante suave. Talvez devesse ter lido.          Pedro Belo > Fernando MCA Costa: É o que dá comentar sem saber do que se fala no artigo. Estudasse           Fernando MCA Costa > ricardo gomes Ricardo, li o artigo. Já o tinha lido há dias e fui lê-lo outra vez antes de escrever o que escrevi. Nada me move aliás pessoalmente contra o JMF cujo trabalho estimo. Penso que ele podia e devia ter criticado o PP numa perspectiva menos pessoal e mais substantiva     José Ribeiro > josé maria: Já cá faltava o bibliotecário, ou arquivista, melhor, o paquete ou faxina, com as suas notícias velhas de última hora! Junto na Marmeleira com PP fariam um parzinho amoroso!        Hipátia Alexandrina: José Pacheco Pereira, um homem inteligente que em tempos apreciei, deixou-se apanhar pelo maelstrom do seu próprio umbigo. É a vertigem imparável e em velocidade exponencialmente acelerada. A hubris é uma companheira implacável e nunca faz prisioneiros. SPARTA        luis doria: Deixei de ver a Quadratura do Circulo quando vi que PP se atirava a PPC com uma agressividade que só podia ser fruto de ódio de estimação, de despeito. Não conheci PP na sua fase maoista, mas sim na sua fase social-democrata. Passou-me despercebida a sua fase liberal, a qual deve ter durado pouco, pois depressa passou a invectivar os liberais com o ferrete de neoliberais. Lembro-me da ocasião em que PP atacava o BE, dizendo que não passava de um partido comunista disfarçado. Onde é que isso já vai. Na hora actual, PP só não assina pelo PS por vergonha. Mas sempre achei (mesmo quando o ouvia), que existe um traço comum nestas metamorfoses: PP escreve pessimamente.        Alberto Pires > luis doria Caro Luís, o seu comentário acaba por dizer tudo. Um indivíduo que passa por fases maoístas, liberais, social democratas e depois volta para o reviralho, das duas uma: - ou é um indeciso sem qualquer coerência intelectual, ou anda a bater a todas as portas a ver se lhe dão asilo. Parece-me ser este o caso, como o poetastro que fazia versos a metro ao gosto de quem lhe pagasse mais... é uma forma de prostituição intelectual, se olharmos bem para o caso.           José Pinto de Sá: Ao contrário da maioria dos comentadores, tenho um grande respeito pela envergadura intelectual de JPP e sigo-o há ainda mais tempo que o JMF. Mas a decadência em que se tem vindo a afundar é trágica. Além de ser óbvio que nunca conseguirá escrever um V volume de jeito, porque o PCP nunca lhe facultará o acesso aos arquivos da sua acção nas Forças Armadas na década de 70, e sem isso nada de interessante há a historiar, a forma como eleva a construção de um arquivo histórico o síndrome de Diógenes de que padece e em que se dedica a coleccionar todo o tipo de papeis efémeros, é um espectáculo de dissolução mental lamentável.          David Antunes: JMF, não havia necessidade. Há muito que se percebeu que Pacheco Pereira é um narcisista de primeira, ultimamente perigosamente próximo de conseguir tecer qualquer comentário coerente, racional, factual. Uma pena mas é a vida, a velhice atinge - nos a todos e a Pacheco Pereira atingiu com força a lucidez e a clareza de espírito. pereira b: O mais espantoso é como Pacheco Pereira ganhou estatuto de 'intelectual'. Não é especialista em nenhum ramo das artes e humanidades. Não se distingue como conhecedor da teoria política, da história, que ignora olimpicamente, nem sequer da filosofia que terá estudado entre activismos. Não se lhe conhece um pensamento original, um que seja. Por fim, que não por último, Pacheco escreve mal, mal e porcamente. Dá erros de sintaxe, erros lexicais e semânticos, tem um vocabulário paupérrimo. Como ganhou fama de intelectual? Enquanto amontoador de propaganda partidária na Marmeleira?         Anarquista Coroado >  pereira b: Basta-lhe passar muito tempo na televisão.         Alberto Pires > pereira b: Até que enfim encontro alguém que diz o que eu penso.  Tinha alguns escrúpulos em dizê-lo, mas agora que vejo não estar sozinho, não posso deixar de reforçar o que o meu Caro amigo tão certeiramente afirma. Nunca percebi o estatuto que se se deu a esta avantesma, que sempre me pareceu ser mau escrevinhador. Para além do mais, embora tenha sido docente do secundário em Boticas, uma terra de excelentes vinhos "enterrados", nunca lhe vi nada no currículo que justificasse os elogios (certamente de quem não o percebe, face aos seus discursos redondos e mal intencionados) com que o brindam. Na Sábado onde escreve (ou escrevia, deixei de saber), intitulava-se "professor", com um descaramento notável, já que não consta que se tivesse conseguido doutorar. Que isso, ainda, não é para todos. Lá chegará certamente o tempo, que o assalto que se faz ao "canudo" com plágios descarados pelo meio, vai sendo cada vez mais facilitado, com as escolas a perder por completo o decoro e o respeito por si próprias. São os "filósofos" que temos, incapazes de parir seja o que for de coerente e conciso....é a verborreia fácil dos estalinistas, repetida cem mil vezes pela rapaziada de serviço do PC (falam todos da mesma maneira, com o mesmo sotaque e dizem todos as mesmas coisas). O pacheco em referência pode dar mostras de ser mais ilustrado, mas essencialmente ele lê da direita para a esquerda e como não é para perceber passa por ser um tipo esperto. Que não é, será talvez (ou foi) um espertalhaço, mas já lhe vai passando, pouco mais vai além de gaguejos e de tropeços na língua.         Paulo Guerra "Tenho uma certa dificuldade em discutir com quem vive dentro de teorias da conspiração." Numa palavra, estarrecido. Eu que cheguei a pensar em muitas ocasiões que "teoria da conspiração" fossem os dois nomes do meio do Zé Manel da escutas. Mesmo que concorde como é óbvio com as cambalhotas do intelectual da Marmeleira. E onde é que ele terá ido buscar a ideia que o Obs é o braço armado de uma certa ideologia? Realmente...        Maria Augusta: Excelente artigo de JMF em que de forma calma, intimista e inteligente desmonta o maoista entranhado no Pacheco. Gostei de ler.   P M: JMF elegante e suave numa análise de algo que se podia sintetizar como «algumas notas sobre a desonestidade (intelectual) de jpp». A questão é que muito se pode especular sobre as patologias que estão na origem daquilo, mas o que há muito denota de forma quase pornográfica é simplesmente desonestidade (intelectual), agravada pelo progressivo afundamento no pântano da mediocridade argumentativa, a principal evolução de pacheco ao longo dos anos, pois quando se apresentava como «liberal» a desonestidade oportunista ainda se me afigurava mais evidente no vestir de uma farda contrária às pulsões do pobre e triste empenhado          Maria da Assunção Gaivão: Parabéns pelo artigo!        Domingas Coutinho: Pacheco Pereira é de facto um egocêntrico com tantos ódios de estimação por demais evidentes. É um estudioso e uma pessoa culta sem dúvida, mas perde toda a razão pela maneira sobranceira como apresenta as suas ideias. Uma pena.      Antonio Bentes: Excelente artigo.  Não faço ideia o que o Pacheco anda a escrever ou a dizer porque recuso-me a ouvi-lo ou a ler qualquer coisa escrita por este destrambelhado.  Mas o que retive neste artigo, é que finalmente percebi o ódio que esta triste figura tem ao Pedro Passos Coelho.  Despeito, despeito e mais despeito por ter perdido uma eleição para PPC. Tudo tem uma explicação.  Volta PPC. Fazes falta. Só tu para fazeres em Portugal o que está a acontecer em Espanha.         Nuno Borges:  Pacheco Pereira é um marxista. Para ele a vida é uma guerra. Naturalmente a ideologia que propugna varia com as necessidades do combate.

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