Da “terra “, que é “Portugal a entristecer”, jamais liberto do seu “nevoeiro”. Específico,
esse, o nosso sol dourando apenas as nossas superfícies.
Uma direita rica em princípios e pobre nos fins /premium
Não quero saber se um partido se diz
ou não se diz de “direita”. Quero um partido que se oponha à esquerda na
matéria que mais conta e que a esquerda mais ameaça: a liberdade. Esse partido
não existe.
ALBERTO GONÇALVES,
Colunista do Observador OBSERVADOR, 29 mai 2021
Em Portugal, há dois espaços políticos, o marxista, que vai do PS
para a esquerda, e o restante, que pode ou não enfiar a carapuça de se afirmar
“direita”. A designação não me interessa, os actos
sim. Não quero saber se um partido se diz ou não se diz de
“direita”. Quero um partido que se oponha à esquerda na matéria que mais conta
e que a esquerda mais ameaça: a liberdade. O
último ano mostrou que esse partido não existe. Existe, de facto, um
conjunto de partidos que não são, ou não deveriam ser, marxistas. Infelizmente,
nas questões decisivas não se distinguem particularmente do governo e
respectivos aliados formais.
Para
não ser exaustivo, dois exemplos chegam. E sobram. O primeiro é o “combate”
à Covid, leia-se a histeria que apressou a descida do país à
falência, causou um número indeterminado de mortos por incúria e, talvez
principalmente, tornou a opressão dos cidadãos numa rotina. Gostaria de ter visto um partido, um deputadozinho
que fosse, protestar a sério contra tamanha vergonha. Salvo uns
gemidos pouco convictos do Chega, da IL e, curiosamente, do PCP, não vi.
Gemidos incluídos, todos os parlamentares legitimaram e continuam a legitimar
medidas criminosas e humilhantes, inconsequentes no que toca ao vírus e
arrasadoras de tudo em seu redor. A liberdade não preocupa o espaço não
marxista.
O segundo exemplo consistiu na aprovação, explícita ou por abstenção, da
lendária “Carta Portuguesa de
Direitos Humanos na Era Digital”, que entra vigor em breve e sem
hesitações estabelece um regime de censura para as notícias desagradáveis aos
senhores que mandam. Proposto
pelo PS, o dito regime nem se esforça por disfarçar a inspiração das regras em
vigor durante o salazarismo. À direita do PS, ou lá onde é que querem estar,
nem um partido se esforçou por contrariar este assalto a uma noção elementar de
um estado de direito. A “desinformação”, jargão moderno para “revelação de
factos discordantes da propaganda oficial”, é considerada por todos um alvo a
erradicar. A liberdade não
preocupa o espaço não marxista.
O que preocupa então o espaço não marxista? Imensos assuntos, que levam os partidos em causa a
cismar imenso e a debater imensas vezes para tirar imensas conclusões acerca da
imensa “identidade” de cada um.
Ainda há dias decorreu uma oportunidade de o fazerem em conjunto,
organizada pelo Movimento Europa e Liberdade (MEL). Dizer que o encontro esclareceu as massas é um
eufemismo. Quem desconhecia, aprendeu que o PSD do dr. Rio não é
de “direita”, que a Iniciativa Liberal não aprecia o Chega, que o CDS não morreu
e que o Chega, além de tirar privilégios aos ciganos e vigor sexual aos
pedófilos, sonha tirar eleitores à direita envergonhada. Sobre o estado policial criado a expensas da Covid,
nem um palpite. Sobre a lei da censura, nem meio palpite. Coerência não falta aos partidos à direita do PS. O que falta?
Pertinência. Ou razão de ser.
As
forças políticas não se definem especialmente por “princípios”, “valores” e
“linhas”, vermelhas ou amarelas: definem-se por – escapa-se-me a palavra,
esperem aí que está quase – oposição. Por muito que os partidos à direita do PS remoam
aquilo que são, esquecem-se daquilo que devem ser: oposição,
oposição ao PS e às forças totalitárias cujo pacto com o PS deslocou o centro
ideológico indígena para a esquerda da esquerda que sempre foi. O país não precisa de partidos que receiam
situar-se à “direita”, seja lá a direita o que for. E não precisa de partidos
que se afirmam de “direita” para preencher quotas de eleitorado. Do que
Portugal carece é de resistência activa e inequívoca à noite escura em que o
socialismo, com o seu cortejo de corrupção, prepotência e miséria, nos enfiou.
E isso Portugal não tem. Tem, fraca compensação, uma colecção de pechisbeques
que, aqui e ali, reclamam da superfície e deixam as profundezas intactas. Os
partidos presentes no MEL limitam-se a compor o ramalhete “democrático”, e
nessa medida ajudam ao simulacro em que vivemos.
Mas uma coisa é o país precisar de
partidos capazes de perceber o perigo que vem da esquerda. Outra coisa é os
portugueses sentirem igual necessidade. Salvo
excepções minoritárias, a vasta maioria das pessoas parece estar bem como está,
e estará bem como vier a estar em breve. Mesmo que em breve estejam arruinadas
e subjugadas e dependentes a um nível que nos afasta em definitivo das
democracias comuns. Se calhar, no que respeita ao desprezo pela
liberdade, os partidos à direita do PS não imitam só o PS e os aliados do PS:
imitam os portugueses. O
problema é que o PS os imita melhor. A nossa “direita” é rica em princípios e
pobre nos fins. Donde o seu fim ser triste.
POLÍTICA PARTIDOS E
MOVIMENTOS SOCIEDADE PSD CDS-PP INICIATIVA
LIBERAL PARTIDO CHEGA
COMENTÁRIOS:
jorge espinha: É triste mas é verdade
Frederico Antão: Hoc quoque
verum est... António
Lamas: Também eu. Que se danem os "princípios" de esquerda ou
de direita. Eu quero é competentes, honestos e que mudem isto. Vai ser difícil
com um povo mais interessado em discutir uma marquise na casa de um jogador da
bola, do que o seu futuro Américo Silva: Disse AG aqui um dia, muito bem, que colocou de lado
livros e ideias que lhe queriam impingir no curso, e procurou outros
horizontes. Ainda bem, o mérito é seu, mas pode continuar a alargar esses
horizontes. Não existe uma direita, Biden é de direita? E Putin? E Zuckerberg?
E Soros? E Macron, o funcionário Rothschild? A direita dos benefícios é
absolutamente incompatível com a direita dos produtores. A liberdade de
expressão começou por ser violentamente combatida pela igreja. A igreja é de
esquerda ou de direita? Por acaso reparou que os filmes dos anos cinquenta e
sessenta estão contaminados por propaganda? E a rádio? E a televisão? E os
jornais? Desde quando? Há mais de cem anos. A liberdade de pensamento e
expressão está cerceada, progressivamente cerceada, mais ainda na era digital, e
muito por iniciativa e com aplauso de jornalistas. Restam alguns livros
impressos quase clandestinos, e na internet é preciso procurar muito e fazer
comparações. Dá trabalho. Mesmo nas bibliotecas há beneméritos a oferecer
livros com novas versões revistas da história de Portugal e do mundo. JB Dias: E tem Alberto Gonçalves mais do que razão ao afirmar
que "o que Portugal precisa é de resistência activa e inequívoca" ao
caminho que a coisa leva. E efectivamente continua sem ter! JB Dias: Tem Gaspar Fiuza toda a razão no que afirma na resposta
ao André Ondine ... Não se tema encontrar abordagens de um tema que não
coincidam com a percepção criada pela narrativa oficial. Procure-se, estude-se,
analise-se a realidade dos factos e tirem-se as necessárias conclusões. E
não se deixe que os medos - muitos totalmente primários e irracionais - toldem
o espírito e levem aos mesmíssimos comportamentos das populações dos séculos
passados perante ameaças que não percebiam e dos "especialistas" da
altura que lhos "explicavam" e "ensinavam" a combater com
base em crenças e dogmas. Pode até concluir-se que o que se leu/ouviu/viu
não tinha qualquer base, mas no processo ganhou-se sempre informação e
conhecimento! André
Ondine: Costumava aguardar com expectativa as
crónicas de Alberto Gonçalves, normalmente lidas nas manhãs de Sábado. Agora
temo-as. Não por ter medo das crónicas, mas porque julgo que é constrangedor (e
peço desculpa pelo termo, pois pode ser entendido como sobranceiro, não sendo
essa a intenção) a ideia que o autor tem sobre as medidas adoptadas por
Portugal (e por todos os países que, mesmo que de uma forma lenta e errática,
vão, aos poucos, vencendo a pandemia) na tentativa de controlo da pandemia.
Por muito que eu julgue que haja poucos azares maiores
do que ser governado pelo bando do Habilidoso, que é não só de uma
incompetência estratosférica, mas também o responsável por uma propaganda
ilusória e enganadora que está a corroer a nossa democracia, nos seus valores e
nos seus princípios, continuo sem perceber qual a alternativa que Alberto
Gonçalves propunha ou propõe para controlar a pandemia. Já sei que critica fortemente as políticas de
confinamento (mesmo que estas tenham demonstrado, quando bem aplicadas, serem
importantes e fundamentais para conter a propagação do vírus e promover um
alívio da pressão no SNS - não só aqui, no mundo inteiro) e que as julga (o
que, objectivamente, é falso) "inconsequentes". Mas o que propunha? É
que aqui, julgo eu, não há esquerda nem direita. Há ciência e racionalidade. E
podemos ser fortemente críticos deste desgoverno, sem perder essa racionalidade
e procurar evitar teorias da conspiração que defendem que as medidas de
confinamento foram uma tentativa de os governos limitarem a nossa liberdade de
forma leviana. Não é apenas eu não gostar deste governo. É que este governo me
ofende. Todos os dias. Pela arrogância, pelo cinismo, pela incompetência e
pelas Cabritagens permanentes. Mas é possível manter esta indignação de julgar
que somos melhor do que isto e merecemos melhor do que isto e, simultaneamente,
procurar compreender, sem radicalismo, que foram tomadas medidas que tinham que
ser tomadas. Aliás, quando não o foram, incompetentemente, o resultado foi o
caos de Janeiro, que nunca deveremos esquecer. De resto, estou de acordo. Pouco me importa se Rui Rio
julga que é de direita, de centro ou de esquerda. Mas importa-me muito que
Rio não tenha capacidade de ser uma oposição ao Habilidoso que o torne credível
aos olhos dos portugueses. A perpetuação do poder Habilidoso é terrível para o
futuro do nosso país. E para a nossa sanidade.
Gaspar Fiúza > André Ondine: Lamento,
mas não houve qualquer demonstração de que as políticas de confinamento tenham
sido "fundamentais" - ou sequer úteis - na contenção da propagação do
vírus. Nem empírica, e muito menos científica. Isso é pura invenção.
Portanto, a opinião do AG de que são
inconsequentes também não é "objectivamente" falsa, até porque há
estudos que parecem dar-lhe razão... Assessing mandatory stay‐at‐home and
business closure effects on the spread of COVID‐19. Eran Bendavid, Cristopher
Oh, Jay Bhattacharya, John P.A. Ioannidis European Journal of Clinical
Investigation - 05.01.2021 there is no evidence that more restrictive
nonpharmaceutical interventions (“lockdowns”) contributed substantially to
bending the curve of new cases in England, France, Germany, Iran, Italy, the
Netherlands, Spain, or the United States in early 2020 ---- E também não é verdade que todos os
estados tenham adoptado políticas de confinamento, e viu-se que nesses, a
situação não foi muito diferente da dos outros. Inferring UK COVID-19 fatal infection trajectories
from daily mortality data Simon N. Wood - Universidade de Edinburgo -
26.05.2021 the decline in infections in England […] began before full lockdown
[…] [S]uch a scenario would be consistent with […] Sweden, which began its
decline in fatal infections shortly after the UK, but did so on the basis of
measures well short of full lockdown André Ondine > Gaspar Fiúza: Desculpe,
não concordo. Não houve demonstração?? As medidas de confinamento diminuíram,
objectivamente, o número de casos e de mortes e aliviaram o SNS. Perdoar-me-á,
mas negar essa evidência não me parece razoável. Há estudos para defender
todas e quaisquer teorias. O estudo que traz para aqui será tão válido como
muitos que defendem o contrário. Mas há um facto. O confinamento originou
uma descida de casos e de mortes. Basta olhar para os últimos meses. Eu não
gosto mais do confinamento do que o senhor ou do que AG. Sofri, factualmente,
as suas consequências na minha actividade. Mas consigo criar a distância
necessária para me afastar de teorias de conspiração e perceber que a
diminuição do número de contactos originou uma diminuição de contágios.
Parece-me evidente. Isso aconteceu aqui e em muitos outros países.
Quanto aos seus comentários em relação às políticas
adoptadas pelos diferentes Estados, veja, por exemplo, o que se passou no
Brasil, na Nova Zelândia...diferentes posturas originaram resultados
diferentes. O negacionismo é perigoso e extremista. Não concordo e escrevo-o
sem problemas em discordar frontalmente com o comentador que considero mais
perspicaz e inteligente nas denúncias dos malefícios do governo habilidoso.
Gaspar Fiúza > André Ondine Parecer-lhe
haver uma relação causa e efeito entre dois fenómenos não faz disso uma
evidência ou um facto; é apenas uma impressão com que ficou. Mas é com base nessa impressão pessoal que
desvaloriza logo de caras estudos científicos enquanto chama negacionista a
quem não concorda com a sua percepção. É que mesmo olhando superficialmente
para as curvas epidemiológicas de vários países não se vê em nenhum qualquer
correlação entre medidas aplicadas e a evolução da pandemia a nível local.
Que outros estudos "defendem o contrário"?
Não estou a par de nenhum, apenas de modelos epidemiológicos (Imperial College,
etc.) que mais tarde provaram estar errados nas suas previsões, mesmo para
cenários de confinamento. Se olhar para
os últimos meses? Vejo, por exemplo, que as temperaturas começaram a subir e o
número de testes feitos caiu para menos de metade ao longo do mês de
Fevereiro... Onde é que estas variáveis entram? A Nova Zelândia? Onde alegadamente erradicaram o
SARS-CoV-2, mas a cada 4 ou 5 meses voltam a brotar novos infectados vindos
ninguém sabe de onde (as fronteiras continuam fechadas) e onde em Março (Verão
austral) houve isto: Emergency
departments in New Zealand’s hospitals are in crisis as reports roll in of
overwhelming workloads, bed shortages, and exhausted staff choosing to resign.
A code black was declared at Dunedin Hospital earlier this week as it reached
full capacity, however similar issues are being experienced right around the
country. […] emergency departments are in a perilous state. They’re warning
patients may wind up stuck in ambulances through the busy winter period (fonte:
1 News, 25.03.2021) Traz à
memória o nosso caos de Janeiro... Porque não olhar antes para os resultados de
estados norte-americanos como o Texas ou a Flórida? "Desconfinados"
há meses (um ano, no caso da última) com estádios cheios sem distanciamento ou
máscara, e no entanto não há descalabro nenhum, o número de novos casos
continua a descer ou mantém-se estável em valores muito baixos. Situação
semelhante na Rússia, por exemplo.
Nada
disto é negacionismo, são apenas aspectos e circunstâncias reais que contrariam
a narrativa oficial e que a CS não mostra ou comenta... MCMCA
> Gaspar Fiúza: O
confinamento foi necessário porque os ocidentais são indisciplinados. O
Vietname não confinou mas TODOS os cidadãos incluindo criancinhas
traziam/trazem SEMPRE máscara. Quanto à trajectória do vírus,
cientificamente sabia-se e sabe-se que ia e vai ser assim até que novas
estirpes menos virulentas se estabeleçam como dominantes e os seres humanos
adquiram resistência (natural ou artificialmente via vacinas) ou apareçam
medicamentos. Mas, até lá o caminho vai ainda ser penoso. Este exemplo foi mal
escolhido por AG quando à mão teria vários outros que poderia usar para
sobretudo evidenciar a lavagem ao cérebro que os criados de servir, que recebem
migalhas do estado com medo de as perderem enfileirarem pelo discurso dos
detentores do poder. Neste início de sec torna-se evidente que a
democracia no mundo é uma miragem porque somente contempla a narrativa dos que
efectivamente detêm o poder. Somente alguns são permitidos como ficou bem
patente na criação à pressa pelo poder do PSD e CDS para contemplar o arremedo
de democracia Paulo
Colla > André Ondine: Ia
escrever algo, mas já não escrevo nada. Não diria melhor. Seguindo a
lógica do AG, até a Merkel (que implementa medidas parecidas com as nossas e
com as de 95% dos países geridos por governos de todas as cores e feitios) deve ser
marxista. E aposto que recebe instruções directas das manas Mortágua... Eduardo L > André Ondine: Os
confinamentos não funcionam, não são necessários e são altamente destrutivos:
está provado cientificamente e, na prática, por países e estados que não
optaram por essa via (sim a Suécia, mas também a Florida, Texas, Dakota do Sul
e muitos países africanos). O problema é que se tornaram um dogma e são
tratados como se fossem a única solução. Leia a Great Barrington Declaration:
proteger os idosos e mais vulneráveis e deixar os outros fazer a vida normal.
No fundo o que se está a fazer agora com a vacina, mas só para os idosos e
aqueles com morbilidades. Porquê: porque a taxa de fatalidade da doença (IFR)
abaixo dos 70 anos é de 0.05%. E ainda falta libertarem e aprovarem os
tratamentos altamente eficazes e baratos (ivermectina, budesonide etc).
Conclusão: é uma ilusão completa achar que os confinamentos/máscaras contribuíram
para 'controlar a pandemia'. Foi sim uma lavagem ao cérebro da população para
a domesticar e para que ela pense que os políticos estão a fazer algo para os
proteger. O maior embuste das nossas vidas. Mas é preciso obter alguma
informação fora dos telejornais. Dá algum trabalho, mas não muito. Vale a pena!
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