João Marques Almeida parece defender com perfeita justeza o que há muito sabemos do povo judeu, no seu corajoso texto que se atreve – juntamente com alguns comentadores avisados, entre os duzentos que responderam ao seu texto - a defender a causa judaica, de um povo mártir, tantas vezes errante, desde os seus começos, criador duma “Bíblia” que é um monumento de engenho e riqueza a tantos níveis como nenhum outro livro, e que por isso se chamou BÍBLIA, cujo étimo significa precisamente o “Livro”. Um prazer de leitura do excelente texto e dos comentários escolhidos (sem a leitura de todos, contudo).
Em defesa de Israel/premium
De um lado há um governo que protege
os seus cidadãos como fazem as democracias. Do outro, um movimento que usa a
população para fins políticos, como os regimes totalitários, transformando-a em
mártir
JOÃO MARQUES DE ALMEIDA, Colunista do Observador
OBSERVADOR, 19 mai 2021
Já voltaram os ataques habituais
contra Israel e a defesa do Hamas. Mas foi o
Hamas que começou por atacar Israel com mísseis. Como faria qualquer governo para defender os seus
cidadãos, Israel respondeu com força e poder militar. Como qualquer outro país numa situação de
guerra, os israelitas cometem erros e abusos. Mas há uma grande diferença entre
os dois lados: os respectivos valores políticos. Israel é uma democracia, o
Hamas é um movimento terrorista e totalitário.
Para
quem considera que os valores políticos são fundamentais, e os defensores das
democracias seguramente que concordam com este ponto, essa diferença é crucial
para avaliar o conflito. Há uma ligação profunda entre os valores
políticos e o modo como se usa a força militar e se protege os cidadãos. Israel
investe bastante na defesa dos seus cidadãos, uma prioridade absoluta. Por
isso, construiu um sistema de defesa anti-mísseis altamente eficaz. Além disso,
existem bunkers de protecção em quase todas as casas e prédios, de habitação e
de trabalho.
O que faz o Hamas para proteger os seus cidadãos dos ataques de
Israel? Pouco ou nada. Estiveram
anos a investir, com a ajuda do Irão, nos seus mísseis, mas nada fizeram para
desenvolver um sistema de defesa. Pelo contrário, em vez de proteger os
cidadãos da Faixa de Gaza, colocam-nos junto a armas e a edifícios militares,
expondo-os assim aos ataques de Israel. De um lado, há um governo que protege
os seus cidadãos como fazem as democracias. Do outro, um movimento que usa a
sua população para fins políticos, como outros regimes totalitários o fizeram,
transformando-os em mártires.
Os
valores políticos também estão ligados ao modo como se usa a força militar. As
forças israelitas avisam quando atacam alvos onde possam estar civis, o que
acontece frequentemente devido à política do Hamas de misturar civis com armas.
O Hamas ataca sobretudo alvos civis nas cidades israelitas. Se não fosse o
sistema de defesa israelita, morreriam centenas de cidadãos de Israel. Mais uma vez, a diferença é clara: Israel procura limitar o máximo as
mortes de civis; o Hamas procura matar o maior número de civis. A manipulação
das imagens das televisões dá uma imagem falsa sobre o modo como os dois lados
usam a força militar.
O apoio das esquerdas radicais e
comunistas europeias ao Hamas expõe o modo como verdadeiramente pensam. Como sempre, entre um país democrático e um regime
totalitário, escolhem os seus pares. Nos países europeus,
muitos não entendem as extremas esquerdas, argumentando que em Israel existem
direitos políticos e sociais, respeita-se a igualdade entre homens e mulheres,
a liberdade de imprensa, enquanto na Faixa de Gaza nada disso é respeitado. É, no entanto, fácil de entender. Para as
extremas esquerdas europeias, os valores são instrumentais. Quando assistem ao que se passa no Médio Oriente,
olham para um movimento revolucionário a combater um país liberal, democrático
e capitalista. Para combater as democracias liberais e o capitalismo, qualquer
aliado serve.
Foi assim com Lenine, com Trotsky e com Estaline. E será sempre
assim. Cada vez que virem o Bloco e o PCP defenderem as autoridades da Faixa de
Gaza, e atacar o governo de Israel, fiquem a saber que os seus aliados são um
movimento terrorista, o Hamas, um regime totalitário como o Irão, e o regime
autoritário de Erdogan que transformou a Turquia no país europeu com mais
jornalistas presos sem qualquer condenação.
PS: Há umas mentes iluminadas que defendem a paz no Médio
Oriente, mas atacam os Acordos de paz entre Israel os Emirados Árabes Unidos, o
Bahrein, Marrocos e o Sudão. Fazem lembrar o que Stuart Mill disse do seu
pai James Mill, “adorava a humanidade em geral, mas detestava cada pessoa em
particular.” Estes iluminados também defendem a “paz” em geral, mas atacam
os tratados de paz, sobretudo se forem assinados por Israel.
COMENTÁRIOS:
Paulo Guerra: Entretanto a França já apresentou um projecto no
Conselho de Segurança para pressionar as Nações Unidas a assumir o dossier e
acabar com o bloqueio dos EUA. Maria Pedro: Bom, muito bom.
Exactamente
no ponto!
Paulo Guerra: ……. Israel cria mesmo estes
conflitos volta e meia para destruir o fabrico caseiro todo do Hamas. Sempre
impossível de calcular. E desta vez a surpresa é mesmo a quantidade e um par
deles que conseguiu chegar a Telavive. Com toda a certeza foguetes M-75, de
origem iraniana, que também são possíveis de fabricar numa cave qualquer. Com
componentes que aproveitam inclusive dos muitos foguetes israelitas. Já o
transporte de foguetes inteiros pelos túneis hoje não passa da mais pura
aldrabice. Com décadas, diga-se de passagem mas que continua a permitir às
forças armadas israelitas descarregar o que quer sobre Gaza. E qualquer raid
aéreo descarrega muito mais carga explosiva que os foguetes do hamas todos
juntos. Não controlasse a Mossad e o próprio Egipto todas as entradas dos
túneis há anos. Quanto muito podem também transportar por lá alguns
componentes.
El Carayo: Israel tem tanto direito a se defender como a Palestina tem direito de
tentar reaver os seus territórios criminosamente ocupados. Ou não?
Paulo Silva: Caro JMA, defendo o direito de Israel a existir, e admiro a resiliência do
povo judeu, mas não uso a forma de governo para conceder o direito de um povo a
ter um Estado. Esse argumento pode ser usado para aqueles que assim pensam, ou
dão a entender que assim pensam, (muitas vezes hipocritamente, como é o caso
dos esquerdistas radicais), mas não estaria a ser honesto comigo próprio se o
usasse como argumento principal. Toda a maneira também dou importância ao modo
como as coisas são feitas. Israel defende os seus cidadãos, o Hamas usa os seus
como escudos humanos e mártires para a propaganda. A esquerda revolucionária hoje
dita radical, apresenta-se como a maior defensora da Democracia. Quer dar-nos
lições disso. Mas quem estiver atento vê que não passa de um logro. Na verdade
o inimigo é o mesmo de sempre, o velho capitalismo, hoje mais conhecido por
neo-liberalismo. E para o combater não olham a meios, (como sempre fizeram),
mesmo que o discurso esteja pejado de palavras bonitas… mas bem mentirosas.
Pasme-se ver os paladinos do politicamente correcto que vociferam ao espantalho
do fascismo, do lado de coisas nada melhores...
Mario Guimaraes: Confundir o Hamas com o povo palestiniano é como confundir Netanyahu com o
povo israelita. Logo, o artigo começa mal. O equilíbrio de forças é monstruosamente
a favor de Israel. Que o usa com ódio e de forma quase assassina. Se calhar no
Hamas isso não era de estranhar.
Luís Martins: O Hamas lança milhares de rockets para atingir civis, o que configura
crimes de guerra à luz do direito internacional, mas o que é isso comparado com
a resposta de Israel? Aliás, Israel limita-se a defender-se, mas a simples
defesa é um problema, porque será sempre tida como uma agressão aos pobrezinhos
que só querem a paz! Para os socialistas europeus, Israel deveria ser
erradicado do mapa e a sua população exterminada, como advoga o Irão e os
grupelhos terroristas que financia e treina. No fundo, Israel representa a civilização,
os valores da democracia e dos direitos humanos, rodeado por 300 milhões de
infelizes que apanham o primeiro barco que os ponha em Lesbos de modo a fugirem
da tirania e do fascismo islâmico.
César Neves
> Luís Martins: Quem nega a existência de um Estado Palestinianos é
Israel, e para isso faz um Holocausto aos palestinianos á boa maneira nazi.
Mario Caldeira: Portanto a culpa é do Hamas que
também devia ter construído um sistema anti-míssil e bunkers. Mas não têm. Nem
tanques, nem aviões, nem mísseis ( só rockets), nem exército. É tão ignóbil
defender o terrorismo do Hamas como a desproporcional resposta de Israel.
Terrorismo radical ou Terrorismo de Estado é Terrorismo
José Paulo C Castro > Mario Caldeira: Desproporcional é o Hamas, com
cada rocket, forçar Israel a accionar um sistema de defesa que custa 50 mil
dólares por cada intercepção. Se eu tivesse um custo destes para me defender,
tentava rebentar com todos os sítios de onde eles lançam rockets ANTES que o
façam. E o custo de ambos os lados ficaria então proporcional...
César Neves > José Paulo C Castro: Era o que o Hitler dizia: os judeus é que são os culpados pelos custos dos
fornos de gaz.
Manuel Magalhães: Excelente artigo em que a realidade do conflito Israelo-Árabe fica bem
demonstrada e a hipocrisia dos partidos de estrema esquerda, que são na
realidade o grande perigo para as democracias, fica bem demonstrada... claro
que o inefável e inútil sr. Guterres põe-se do lado do Hamas que entretanto
prefere sacrificar propositadamente a sua população, para assim tentar obter
vantagens junto das apodrecidas “Comunicações Sociais” e de alguns Guterres que
por aí pululam... Dado que sou da opinião que a existência de Israel é garantida pela
protecção dos EUA e que estamos a transitar para um mundo multipolar onde a
China e a Rússia estão a aumentar a sua capacidade e influência, considero
essencial que Israel comece a preparar-se para um compromisso a longo prazo
onde terá que haver algumas cedências em troca de segurança e garantias
adicionais.
César Neves > Fernando SILVA: …..E já agora: não
troque as coisas: quem não quer um estado palestiniano é Israel: por isso vai
fazendo u m Holocausto á maneira na Palestina. Percebeu?
Fernando SILVA > César Neves: 1. O Hitler nunca disse a mesma coisa. De
qualquer modo : a Golda Meir foi o oposto do que foi o Hitler ; Israel, uma
democracia liberal de tipo ocidental, não é a Alemanha Nazi ; os terroristas
palestinianos, como o Hamas, não são inofensivos como eram os milhões de
judeus, ciganos, polacos e outros que foram vitimas dos Nazis (os judeus nunca
fizeram atentados bombistas nem procuraram exterminar os alemães). 2. Israel não quer um estado palestiniano terrorista
ao seu lado. Ninguém quereria nas mesmas circunstâncias. Como dizia Golda Meir
e como sempre disseram os dirigentes israelitas, a possibilidade de um estado
palestiniano só pode ser encarada quando for claro que não representará uma
ameaça permanente para a própria existência e sobrevivência de uma nação
judaica. 3. Não há nenhum Holocausto na Palestina. Os terroristas palestinianos é
que fariam um novo Holocausto em Israel se os israelitas não se defendessem e
se o mundo civilizado não se opusesse. Os Nazis mataram deliberadamente e
sistematicamente pelo menos 6 milhões de judeus. O Hamas mete bombas e díspara
misseis para matar um máximo de civis israelitas. Israel nunca procurou matar
civis palestinianos. Antes pelo contrário, apesar do Hamas utilizar
deliberadamente a própria população palestiniana como escudo humano contra os
ataques defensivos de Israel, o exército israelita procura evitar vitimas civis
palestinianas, nomeadamente visando apenas objectivos militares e prevenindo
muitas vezes a tempo dos locais poderem ser evacuados. Israel tem a capacidade
militar suficiente para arrasar Gaza e, deste modo, matar muitíssimos mais
civis. Cerca de 20% dos israelitas são palestinianos. Em Gaza não há um único
judeu (nenhum sobreviveria mais de poucos minutos se fosse descoberto). Felizmente,
Israel não é o Hamas.
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