segunda-feira, 24 de maio de 2021

Os cordelinhos


Que fazem mover os humanos. Ou a brasa que cada um puxa, para que a sua sardinha fique mais assadinha e apetitosa.

A Notícia ( < Internet) para o assunto tratado por Teresa de Sousa:

O que discutiu no Parlamento e os motivos da polémica

«Em cima da mesa no debate de esta terça-feira estiveram as propostas de lei do Governo que alteram a Lei de Defesa Nacional e a Lei Orgânica das Forças Armadas e que, à partida, terão apoio maioritário graças aos votos favoráveis do PS, partido no poder, e do PSD, que tem também demonstrado estar de acordo com a reforma que concentra mais poder no Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas….»

ANÁLISE: É assim tão difícil a alguns militares entender o que é uma democracia liberal?

Quem define a doutrina, os conceitos e a estrutura das Forças Armadas é o poder político.

PÚBLICO, 23 de Maio de 2021

1.Não é propriamente um mistério a razão pela qual Governo e PSD estão de acordo sobre a reforma das Forças Armadas que o ministro João Gomes Cravinho apresentou à Assembleia da República na semana passada e que tanta polémica tem suscitado, sobretudo entre as altas patentes militares presentes e passadas. Como não é mistério a razão pela qual o PCP ou o BE são contra. PS e PSD têm exactamente a mesma concepção do que deve ser uma democracia liberal, o que até pode ser comum a outros partidos. Mas, para além disso, ambos estão na base da opção estratégica fundamental que o país fez, restabelecida a democracia, pela sua inserção na União Europeia e na NATO. Ao longo de décadas, este consenso manteve-se inalterado. Com ou sem geringonça, Governo e PSD continuam a consultar-se mutuamente em todas as matérias que têm a ver com a política externa e de defesa, o que é fundamental nomeadamente para a nossa política europeia. Desde o início das conversações para o apoio parlamentar do PCP e do BE a um governo do PS que a política externa e a política de defesa ficaram de fora de qualquer acordo e assim continua a ser.

O que está na base das actuais reformas, que são apenas a conclusão daquelas que tiveram início em 2009, é a necessidade de adaptar a doutrina e as estruturas militares não apenas às condições do pós-Guerra Fria e ao novo ambiente estratégico mundial, com a proliferação de actores e de ameaças “assimétricas” da mais variada natureza, mas também ao modo de operar das alianças de que o país faz parte. Que o Partido Comunista critique veementemente estas reformas, é natural. Fê-lo no Parlamento com absoluta clareza: o Governo quer subordinar as Forças Armadas (FA) portuguesas à União Europeia e à NATO, o que quer dizer “aos interesses estratégicos das grandes potências”. Sendo o PCP contra as duas instituições e tendo do país uma visão soberanista, as suas posições são coerentes. O BE disse mais ou menos o mesmo, defendendo a “dissolução dos blocos político-militares como a NATO, uma organização militarista de guerra e não de paz.” Neste domínio, PCP e Bloco estão a anos-luz de distância do PS, fundamentalmente porque não se revêem no que designamos por mundo ocidental, com os valores que essa designação contém e que, aliás, a definem.

2.O que é mais extraordinário, embora não seja novo, é a oposição, por vezes a passar os limites do que é aceitável numa democracia, das altas esferas militares, directamente ou através das que já passaram à reserva ou à reforma, dando por vezes a impressão de que não aprenderam nada desde que o Parlamento aprovou, em 1982, a primeira revisão constitucional e a primeira Lei de Defesa Nacional, pondo termo ao longo período de transição em que o Conselho da Revolução e as FA mantinham uma espécie de “droit de regard” sobre a democracia. A incompreensão maior advém do facto de muitos deles terem passado pela NATO e pelas estruturas de defesa europeias, sabendo por experiência directa como é que as coisas funcionam nas democracias nossas aliadas.

Só há, portanto, uma explicação ou, talvez, duas. A primeira, que se manifestou em 2009 e em 2014, quando governos do PS e do PSD-CDS tentaram reformar as estruturas militares no mesmo sentido, é a defesa corporativa das “quintas” de cada ramo, com os respectivos poderes e privilégios, que incluem uma maior capacidade de “reivindicar” o reforço dos respectivos armamentos: submarinos para a Marinha, F-16 para a Força Aérea, carros de combate para o Exército, argumentando numa lógica particular e não de conjunto e ignorando os desenvolvimentos estratégicos e tecnológicos que hoje tornam essas fronteiras cada vez mais difusas. É tão simples quanto isto, por mais que gostem de pintá-los com as tintas da eficácia ou do respeito que as suas funções devem merecer do poder civil. A segunda razão prende-se com o peso de um passado do qual continua a parecer difícil libertarem-se. Não apenas o passado dos anos do PREC, mas da cultura própria dos anos da ditadura, com a elevação da nação ao estatuto de transcendência como forma de justificar a oposição ao regime democrático e a defesa do colonialismo tardio. Ouvir hoje ex-chefes militares experientes a falar das especificidades de Portugal enquanto nação, que justificam uma cultura própria das Forças Armadas, quando confrontados com a comparação com os nossos parceiros da NATO, ou é o desespero de quem não tem mais argumentos, ou uma teimosa percepção do papel dos militares que não tem grande cabimento numa democracia liberal. Aliás, agora como antes, há quase sempre nas suas intervenções públicas aquele leve tom de ameaça velada – quem é que detém as armas, etc.–, absolutamente inadmissível numa democracia. Apenas dois exemplos. O GREI (Grupo de Reflexão Estratégica Independente), constituído por antigos militares, num documento enviado ao Presidente e aos partidos, argumenta que esta reforma seria feita “ao arrepio dos princípios e dos valores, da doutrina e dos conceitos e da cultura da Instituição Militar” que “nem em tempo de guerra tem lugar”. Para concluir que “seria de tal modo destrutiva das FA, que jamais seria aceite” por elas. “Jamais seria aceite”. Quem define a doutrina, os conceitos e a estrutura das FA é o poder político. A pressa e a falta de reflexão são argumentos quase ridículos, se levarmos em conta que este debate começou em 2009, suscitando de resto as mesmíssimas reacções da parte dos militares. (Para ter uma ideia completa do que está em causa, basta ler a opinião de Nuno Severiano Teixeira, publicada nestas páginas a 21 de Abril).

3. Outra instituição, a AOFA (Associação dos Oficiais das Forças Armadas) vai ainda mais longe, dizendo que o “juramento dos militares é feito perante toda a comunidade, o povo, e não qualquer partido, qualquer governo, qualquer composição circunstancial da Assembleia da República, ou sequer perante qualquer Presidente da República”. Se isto não é uma perigosa manifestação de desrespeito pela democracia, então os subscritores ignoram em absoluto o que é uma democracia. Espera-se que tenham sido colocados no seu lugar, nomeadamente pelo Presidente da República.

Esta contestação ao poder político só não será mais grave nas suas consequências graças ao sólido consenso amplamente maioritário entre PS e PSD, mas também graças à já longa experiência das Forças Armadas nas missões internacionais que são hoje a sua principal razão de ser. Portugal participa desde 1995 em todas as missões de pacificação e de paz levadas a cabo no âmbito da NATO e da União Europeia, com ou sem o chapéu das Nações Unidas. Está hoje ainda no Kosovo, na República Centro-Africana, no Afeganistão ou nos Bálticos, demonstrando uma assinalável eficiência. Os militares fizeram o seu caminho, evoluíram na sua cultura institucional, continuarão a cumprir as suas missões a partir de estruturas de comando mais eficazes e mais adequadas ao que lhes é exigido.

4. Falta ainda a “Carta dos 28” que, para além de incluir ex-chefes de Estado-Maior, tinha as assinaturas de dois antigos presidentes da República. Convém relembrar algumas coisas. O general Ramalho Eanes, na sua qualidade de Presidente da República, foi um forte opositor da revisão constitucional de 1982, que lhe retirou poderes, nomeadamente na supervisão das FA. Teve pela frente a determinação de Mário Soares e Sá Carneiro de “limpar” a democracia portuguesa de quaisquer resquícios de “terceiro-mundismo” herdados da revolução, que a afastassem de uma normal democracia liberal. Quanto a Cavaco Silva, a explicação também não é difícil. Basta lembrar que, em Outubro de 1995, se o PS não tivesse chegado ao poder, Portugal não teria participado na operação militar da NATO que garantiu a paz na Bósnia – a primeira vez que as FA portuguesas actuavam, no quadro da Aliança Atlântica, em território europeu desde a I Guerra. Bem podia o seu chefe da Diplomacia, Durão Barroso, insistir em que “a segurança do país se defendia na Bósnia”, que a sua posição era inamovível. Teria sido, se tivesse prevalecido, um sério contratempo à plena integração de Portugal nas suas alianças, assumindo plenamente as responsabilidades inerentes e não apenas as vantagens.

Afinal, tudo se resume ao que o ministro da Defesa disse numa frase, durante o debate parlamentar. “As Forças Armadas não existem por si próprias, e os ramos não existem para si próprios. Estão ao serviço da defesa eficaz do interesse nacional num mundo cada vez mais conflituoso, mais competitivo e em mudança acelerada.”

tp.ocilbup@asuos.ed.aseret

TÓPICOS OPINIÃO  FORÇAS ARMADAS  DEFESA  GOVERNO  JOÃO GOMES CRAVINHO  MILITARES  MINISTÉRIO DA DEFESA

COMENTÁRIOS

Mathias Mecking Weigl EXPERIENTE: Não se revêem no mundo ocidental ou na sua hipocrisia? mariaestela.rodriguesmartins EXPERIENTE: Tendo em conta que a NATO continua completamente subordinada aos EUA e aos seus interesses estratégicos, que não são, no meu entender, os verdadeiros interesses europeus, não sei por que razão ainda não saímos da NATO.                Jonas Almeida EXPERIENTE: Eu acho que há aqui mais sintomas do que causas. Aqui vai um exemplo - dar um salto às obrigações que os nossos "representantes" nos agrilhoaram por décadas descritas nesta reportagem do Público há um mês sob o título "O tratado, assinado em Lisboa, que incentiva o aquecimento global". Depois pensar se não deixou comprometidas coisas com que as pessoas que os militares protegem como missão nunca concordariam. Os militares podem ser muitas coisas, mas tropas cipaias ao serviço da opressão de quem juraram defender esperemos que não. As instituições da República, parece-me, entraram numa fase que lembra Vichy.          Roberto34 MODERADOR: Tenha paciência Jonas. Portugal é uma Democracia e os Portugueses elegem democraticamente a sua Assembleia. Se não gosta de quem elegemos e se não gosta que os Portugueses elejam partidos que defendem a UE e a NATO, então você não é democrata. E essa comparação com Vichy não lembra sequer ao diabo. A UE não é o regime Nazi. Tenha respeito pelos cidadãos Europeus.         AARR EXPERIENTE: @Roberto34 Cuidado! O Salazar também gostava muito da NATO e a NATO de Salazar ... Outra coisa - as opiniões do Jonas podem ser disparatadas e não concordar com elas ... mas afirmar por isso que é ou não democrata, julgo que se excedeu.          Joao MODERADOR: Tal e qual caro Jonas. Falta mudar o juramento de bandeira que ainda fala em liberdade e independência, em defender a Pátria, claramente desfasado da realidade do europeísmo fanático e cego dos dias de hoje. É inacreditável como os Condes de Andeiro hoje abundam e propagandeiam a submissão e subserviência sem pudor algum.          Roberto34 MODERADOR: Serviu-lhe a carapuça João?           FPS MODERADOR: Portugal foi feito à espadeirada e à fragatada... é sabido, e nisso os militares podem ter muita honra e muito orgulho que sem eles não existiria. Também já lá vai o tempo das golpadas, quase sempre oportunas e justificadas... outras possivelmente bem humoradas que basta ler "O Conde d'Abranhos" para nos rirmos com gosto do nosso querido Eça. Imaginar hoje inimigos soltos e de pesca à linha, é um luxo que nem a totalidade do nosso PIB pagaria as solas dos sapatos (das botas, melhor dizendo). Os tempos vão sendo outros... e lendo estas palavras em tom de voz mais elevado de Teresa de Sousa, fica-se a perceber muito bem por que suas excelências desta vez não têm razão!                AARR EXPERIENTE: Cito: "Mas, para além disso, ambos (PS e PSD) estão na base da opção estratégica fundamental que o país fez, restabelecida a democracia, pela sua inserção na União Europeia e na NATO". Não, Teresa de Sousa. Está a tentar enganar os leitores? A passar por cima de algo que deve ser muito incómodo para si, como ardente defensora da NATO e das democracias ditas liberais? Sim, o país optou pela sua inserção na União Europeia. Não, o país, restabelecida a democracia, não optou pela inserção na NATO. Pela simples razão de que o país sempre foi membro da NATO. Sim, a ditadura do Salazar foi membro da NATO! Infelizmente a NATO (e as ditas cujas democracias "liberais") aceitaram como membro uma ditadura. Acha que como portugueses devemos estar orgulhosos disso ou agradecer à NATO? Eu não.               Joao MODERADOR: Tem razão, Salazar aceitou o convite para ser um dos sócios fundadores da Nato e disse a Carmona para assinar a coisa. Hoje as palavras laudatórias dos Conde Andeiros de agora não diferem na hipocrisia de então em 1949 “Portugal deseja declarar que vê no pacto atlântico norte… um precioso instrumento de paz” … estando claro em todas as guerras actuais até aos confins do mundo a bombardear, a matar e a mudar regimes.           Jonas Almeida EXPERIENTE: Sejamos então coerentes AARR, nem a NATO nem a UE+Maastricht+tratado de Lisboa foram referendados. Referende-se tudo o que é supra-partidário.              Aguia INICIANTE:  “juramento dos militares (...) ou sequer perante qualquer Presidente da República”. Se isto não é uma perigosa manifestação de desrespeito pela democracia, então os subscritores ignoram em absoluto o que é uma democracia." 1. Que tem o juramento dos militares (o acto em si) a ver com democracia? Ou será que só depois do 25 de Abril é que os militares prestam juramento? Claro que o juramento é perante o Povo. 2. Elucidativo que TS cite Severiano Teixeira: é director do IPRI, "think tank" ligado à FLAD, que representa civilmente, os interesses dos EUA em Portugal. 3. Elucidativo que os militares não queiram ficar sob a tutela directa da NATO: eles bem sabem que a missão no Kosovo serve para "branquear" a ilegal intervenção da NATO/USA, que agiu contra a posição da ONU na ex-Jugoslávia.   Tristão Bretão EXPERIENTE: Perante o Povo, em democracia, significa perante os seus representantes legitimamente eleitos, em particular os que constituem as mais altas instâncias do poder democrático, a que os militares estão sujeitos (quer gostem, quer não gostem). E fingir que não se percebe isto é prestar um péssimo serviço ao espírito democrático. A tropa não existe no ar, está enquadrada por outras instituições e responde perante essas instituições.          Jonas Almeida EXPERIENTE: Eu acho a representativa de um regime que não consulta o povo directamente para nada, muito menos para transferências de soberania, muito questionável. Partidos e eleições até a Coreia do Norte tem, e tinha o salazarismo. A legitimidade e a representatividade de partidocracias em que menos de 1/3 da população portuguesa confia (inquérito Pordata) deixa as instituições da república cada vez mais perdidas.            Joao MODERADOR: Meu caro, torna-se difícil que os militares que emanam da população ajam contra esta ou se sujeitem a participar em canalhices a mando de outros. Daí o recurso a estrangeiros ou estrangeirados ou doutrinados no estrangeiro, senão mesmo mercenários, que se disponibilizam facilmente para os trabalhos sujos.          Tristão Bretão EXPERIENTE: Jonas, a comparação parece-me perfeita: quer o salazarismo, quer a Coreia do Norte funcionam ou funcionavam praticamente da mesma forma que as democracias liberais europeias. Daí que ambas as entidades - as salazaristas e as coreanas - sejam célebres por nutrir infinita admiração pelo espírito liberal. De tal modo que vou enviar cópia desta coluna de comentários directamente para Pyongyang, onde a prática de acusar as autoridades de não representar a população está largamente instituída e é todos os dias exercida na imprensa livre. Eles ficarão felizes de saber que, no nosso cantinho, lhes seguimos o exemplo!            Roberto34 MODERADOR: Sim Jonas, já todos sabemos que as Democracias da Europa são como a Coreia do Norte. Quando é que você deixa de escrever disparates?             José Luís Sousa EXPERIENTE: A coisa é simples de se perceber. Homens que todos juntos têm centenas de anos de experiência profissional, dizem: esta é uma má reforma. Se estivéssemos a falar de médicos ou juízes que contestassem uma reforma institucional, tenho a certeza que a sociedade como um todo iria ouvir com uma maior atenção. Agora como são militares existe um preconceito qualquer que não entendo. Num país que ao contrário da Dinamarca e outros têm uma história de envolvimento militar na política desde o séc XIX, a ideia de concentrar o poder militar e permitir uma maior politização do mesmo através da escolha de promoções contratos e afins devia ser evitada. Quem crê que as mesmas escolhas lá por serem feitas pelo o arco do poder são garante de democracia esquece que o hoje não é o amanhã.          AARR EXPERIENTE: Sobre a reforma - pode ter mérito. Sobre a reacção de algumas agremiações, as citadas GREI e AOFA, são feitas num tom que não é admissível. Sobre as reacções de ex-presidentes - têm o direito de as ter e expressar e não parece que tenham sido feitas de forma desrespeitosa - e deveriam ser ponderadas, embora possam acabar por não ser acolhidas na lei. Afinal vivemos em democracia ou não? Ou nas democracias "liberais" como TdS gosta sempre de sublinhar, devemos calar e aceitar os modelos da NATO sem mais? Sobre a NATO muito mais haveria a dizer. TdS é uma "atlantista" inveterada, e não perde oportunidade de lhe tecer loas. Acontece que a NATO não é as Nações Unidas, nem têm superioridade moral relativamente ao resto do mundo. Noutro comentário referirei a curiosa (!) relação Portugal-NATO             Aguia INICIANTE: AARR, concordo que efectivamente TS é uma atlantista inveterada. No entanto, em relação a TS, coloco reservas: é muito mais "atlantista" com Biden do que com Trump - porquê?; não se conhecem posições de TS contra as intervenções da NATO/USA noutras localizações (Balcãs, Norte de África). Será que estas localizações são "Atlântico Norte"? Por que razão a NATO/USA passou de aliança defensiva na Guerra Fria para uma política expansionista bélica? Será que isso interessa aos povos Europeus? Eu não quero que os meus impostos sejam gastos a matar líbios e jugoslavos (sérvios)! Ainda para mais sabendo que os problemas das migrações na Europa têm raízes nas intervenções no Norte de África ("Primaveras Árabes"...). Basta consultar as edições do Público de há 10 anos para perceber muita coisa...             Joao MODERADOR: Meus caros, se o Banco de Portugal é uma dependência do Banco Central Europeu e já não obedecendo a Lisboa, se as Leis de Bruxelas nem já são traduzidas nem lidas quando aprovadas pelo Parlamento em Lisboa, etc agora o Chefe do Estado Maior receberá directamente as missões de Bruxelas.            Jonas Almeida EXPERIENTE: Chego à mesma conclusão que o João: pôr a tropa ao serviço da mesma Bruxelas a que obedecem cegamente Gaspares e Centenos (basta ver o NB ...) serve quem?              Roberto34 MODERADOR: Essa é fácil Jonas, serve os interesses da larga maioria dos Portugueses. Aqueles que dão maioria Parlamentar a partidos que defendem a integração Europeia. Se não gosta da Democracia, problema seu.          Félix Carlos EXPERIENTE: “Zitti e buoni” é o título da canção vencedora. Mal traduzido poderia ser o nosso “comer e calar”. As várias intervenções públicas, até de alguns militares, na reserva, pouco importa, sobre este assunto foram sempre construtivas, no sentido de acautelar. Fica bem destinar missões algures num contexto mundial, mas torna-se problemático se acabam em nenhures. É importante que se reforme, se discuta e se aprove no lugar certo, isto é, no parlamento. Sendo um processo evolutivo, perfectível, não se pode deixar para trás o factor humano e pensar que é suficiente a logística e a tecnologia para levar a cabo as missões. Os bons modelos ajustam-se à realidade. Têm razão os que preferiram não ficar calados quando o que está em jogo é a diferença entre ser ou não capaz e ter a vontade de bem fazer.             Ceratioidei MODERADOR: Absolutamente de acordo, tudo se resume ao que o Ministro da Defesa disse: “As Forças Armadas não existem por si próprias, e os ramos não existem para si próprios. Estão ao serviço da defesa eficaz do interesse nacional num mundo cada vez mais conflituoso, mais competitivo e em mudança acelerada.” Claro que existem ideias diferentes sobre a reforma das FA. Da discussão nasce a luz, mas neste caso só há luz para a discussão ad aeternum, serve para justificar as quintas que faziam sentido no século passado. Na era digital há novos desafios, tem de haver novas soluções.           SE EXPERIENTE: Esta sobranceria recorda-me a que nos fez aderir ao euro ou ao acordo ortográfico: quem contesta, ou tem motivos pouco virtuosos, ou é "atrasadinho". Aliás, nem é preciso contestar, basta manifestar preocupação.     Jose MODERADORCaro SE: É o velho argumento de Salazar: "Quem não está por mim está contra a nação, é comunista!" A democracia está, cada vez, em piores mãos.         Tristão Bretão EXPERIENTE: Basta manifestar preocupação?! Os militares ameaçam com desobediência ao poder político democraticamente eleito: «Outra instituição, a AOFA (Associação dos Oficiais das Forças Armadas) vai ainda mais longe, dizendo que o “juramento dos militares é feito perante toda a comunidade, o povo, e não qualquer partido, qualquer governo, qualquer composição circunstancial da Assembleia da República, ou sequer perante qualquer Presidente da República”. Se isto não é uma perigosa manifestação de desrespeito pela democracia, então os subscritores ignoram em absoluto o que é uma democracia.» Mas isto não preocupa SE nem Jose - e por aí se vê até onde vai o sentimento democrático que os anima. Já para não falar no sentido da verdade - que em ambos os casos é nulo.           SE EXPERIENTECaro Tristão, o seu comentário difamador é um bom exemplo, ainda que em forma tosca, daquilo que afirmo.          Tristão Bretão EXPERIENTE: Tosca é Vossa SElência, na forma como nem sequer respondeu ao argumento que defendi apoiando-me no texto comentado. Não quer ler o que os oficiais escreveram, passe-lhe uma tira de alcatrão por cima. Mas não venha depois dizer que quem difama são os que lêem. O que está escrito está escrito.        Alexandre Pinto-Fernandes INFLUENTE: Há muito que tinha perdido a paciência para ler TdS e os seus comentários onde cita abundantemente o Financial Times e o The Economist. Ex que sou alertado para esta excelente prosa onde coloca os pontos no iiii sobre um tema deveras irritante. O dos militares que ainda não entenderam que passados quase 50 anos do 25 de Abril quem manda é o poder civil. Até se compreendem algumas das suas lamúrias e queixinhas de meninos birrentos. A perda de poder e sinecuras. Mas que raio, um país de opereta com dezenas de generais e almirantes e quase nenhuns cabos e sargentos. É hora de esses respeitáveis senhores se remeterem ao silêncio das suas reformas douradas e deixarem Portugal seguir o caminho de uma democracia liberal moderna e sofisticada. E deixarem-se de ameaças que só os envergonham a eles e a nós.        Tristão Bretão EXPERIENTE:Subscrevo o elogio ao artigo de Teresa de Sousa - e os termos do elogio.        Roberto34 MODERADOR : Subscrevo também.           Jose  MODERADOR: As Forças Armadas têm uma cultura e uma identidade institucional. Não são indiferenciados en stock à espera de ordens do topo da NATO ou dos falcões dos EUA que é a mesma coisa. A soberania nacional foi entregue a essa NATO dos falcões da guerra do Ocidente contra o Oriente em nome do projecto de poder hegemónico e totalitário dos EUA sobre todo o mundo. A soberania aduaneira, monetária, financeira, cambial, bancária, de negócios estrangeiros, fiscal e da Justiça foi entregue à UE do poder fático dos tecnocratas de Bruxelas e do BCE submetidos aos lobbys do sistema financeiro internacional. A adequação das Forças Armadas a esse modelo de submissão suscitou justa indignação dos patriotas que não respiram submissão como ar puro.        Roberto34 MODERADOR: Sempre a mesma propaganda mentirosa que você escreve. A nossa soberania não foi entregue a ninguém. É partilhada e com o consentimento Democrático e voluntário dos cidadãos Portugueses.           Tristão Bretão EXPERIENTE: Ninguém como um militante do PCP para defender a mais conservadora de todas as instituições portuguesas, que é a das FA. E tudo para manter intacta a retórica construída (e nunca desfeita) no tempo da gloriosa URSS... Desde 1989 que o PCP vive esta autêntica esquizofrenia histórica, incapaz como é (salvo no plano pragmático da caça eleitoral) de repensar a sua visão do mundo e o seu sistema de juízos. Sem leitura inteligível do cenário mundial, vê-se depois no aperto de defender aberrações tão obviamente anti-marxistas como a dinastia sinistra que governa a Coreia do Norte. Não há nada mais engessadamente ideológico do que o vazio de ideias históricas que o PCP recobre de retórica pseudopatriota.         Francisco Pinto dos Santos INICIANTE: Não vale copiar os textos do Avante! Este artigo, tal como todos os escritos por TdS só tem uma classificação, sublime. Para os mais distraídos recordo que esta reforma tendo o apoio do PS, PSD e CDS tem o apoio de mais de 3/4 da população portuguesa, e dos seus representantes. Os que não concordam são os que “embrulham” há 47 anos e vão continuar a “embrulhar”. Ponham Nívia, alivia…              Francisco José Assis Miranda INICIANTE: Tinha deixado de ler a Teresa de Sousa por entender que, por qualquer razão não conhecida, se tinha auto-limitado intelectualmente ao estatuto menor de uma analista sectária e acrítica. Alguém me alertou para este texto. Aborda o tema em questão com absoluta precisão. Isto só demonstra quão necessário é que a inteligência permaneça sempre livre.        Manuel Pessoa EXPERIENTE: Num País, infelizmente de quintas como TS bem sabe, não admira que os militares (debaixo de cujas saias o País se tem escondido sempre que pode ou precisa) desconfiem das propostas dos políticos. Partilho essa desconfiança, até porque duma coisa podemos ter certeza - os militares sabem mais do que vai lá por casa do que os teóricos que episódica e transitoriamente são chamados a dirigir FAs, sob a figura da Defesa. O mesmo relativamente aos investimentos, e a falta deles, a fazer nas FAs. Se os políticos forem capazes de, ao menos, definir o que esperam delas (com prioridades e grau), talvez não se repitam investimentos de que todos desconfiamos e que, é bom lembrar, tiveram patrocínio politico. Vemos que esta quinta causa muitos engulhos. Porquê? para dar exemplo às outras quintas?

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