Em era de retenção covidiana. Com
gratidão a JNP e até a muitos dos seus comentadores e de Salazar, com os critérios
necessários da honesta isenção.
O ditador que se recusa a morrer: Salazar visto de
fora / premiumTom Gallagher pega no homem e na obra com a serenidade,
o equilíbrio e a distância de que talvez só um estrangeiro seja capaz.
JAIME NOGUEIRA
PINTO
OBSERVADOR, 28 mai 2021
Chama-se
Salazar – O Ditador que se recusa a morrer, é de Tom
Gallagher, historiador
inglês e professor na Universidade de Bradford, e vem juntar-se às muitas
dezenas de livros que foram sendo publicados no meio século decorrido desde a
morte do “ditador que se recusa a morrer”, em 27 de Julho de 1970.
Longe
das diatribes rancorosas ou ditirambos nativos, Gallagher pega no homem e na obra com a
serenidade, o equilíbrio e a distância de que talvez só um estrangeiro seja
capaz e escreve uma biografia que, para nós, ainda contemporâneos da história,
não trará muitas novidades, mas que ganha actualidade e relevância pelo momento
da Europa e do mundo em que é escrita.
Não
se trata de saudosismo deslocado, de um “Mandai chamar Salazar” para realizar o
sonho dos nossos também já ultrapassados taxistas, mas da importância de
revisitar um protagonista moldado por circunstâncias históricas diferentes mas
próximas de escolhas e recusas relevantes para os tempos que agora vivemos.
Salazar e os “populistas”
Conversei
com Gallagher, quando por cá andou em trabalho de investigação. E o que achei
interessante no seu projecto foi, precisamente, o facto de partir da
actualidade – das novas e velhas direitas políticas, das radicais às
conservadoras. E de ver nas marcas populistas, de massas identitárias, das
actuais “direitas radicais” paralelos com os movimentos fascistas do tempo de
Salazar. E também diferenças.
É
que, ao contrário dos autoritarismos conservadores e do fascismo, as “novas
direitas” populares não apresentam uma alternativa à democracia e à soberania
popular, mas trazem implicitamente, pela adesão das pessoas comuns, uma
radicalidade que vai assustando, com razão ou sem ela, a classe política e
intelectual do “sistema”. Um sistema que inclui a “direita sistémica” – os
conservadores, os liberais, os democratas cristãos –, que se terá deixado
confinar nalgum elitismo.
O que Tom Gallagher vê no regime de
Salazar é uma solução encontrada nos anos 30 e prolongada e adaptada até ao
final dos anos 60. E a solução salazarista para a crise situa-se algures entre
o que então eram os movimentos fascistas e os seus partidos revolucionários,
inspirados numa ideologia totalitária e estatocrática, e as direitas clássicas,
oligárquicas, que estavam a ficar fora da História.
Hoje,
a generalidade dos partidos ditos populistas é firmemente partidária de eleições, da
soberania e do voto popular. Bem pelo
contrário, é das elites ditas progressistas, globalizantes e globalizadas,
que surgem reservas à vontade popular e soam gritos de alarme sobre os perigos
da “democracia iliberal” que, eleita pelo povo, governa em Budapeste e
Varsóvia. E logo na introdução, Gallagher tem o cuidado de assinalar esta
contradição:
“Salazar opunha-se a partidos de
qualquer espécie, argumentando que eram falsos arautos do progresso. Preferia,
em vez disso, investir as suas esperanças em elites que garantiriam um governo
impessoal dedicado à causa nacional. Paradoxalmente, a desconfiança de Salazar
nas suas elites, a sua crença no governo dos especialistas e a sua disposição a
patrocinar a censura a fim de controlar o livre fluxo das ideias gozam agora de
maior favor entre os globalistas da esquerda que entre os nacionalistas da
direita.”
Um Português pessimista
Tudo
acaba também por depender do tempo circunstanciado: o
liberalismo entrou em Portugal com a brutalidade das tropas napoleónicas; mas
foi retomado como reacção nacionalista e protagonizado à esquerda pelos
magistrados do Sinédrio portuense que reagiam contra a governação de Dom João
VI a partir do Brasil e a sujeição aos ingleses de Beresford.
Liberalismo
que triunfou na Guerra Civil,
também pela incapacidade estratégica dos comandos militares miguelistas que,
estando embora em superioridade numérica, se mostraram incapazes de tomar o
Porto. E o liberalismo vitorioso governou no século XIX, deixando uma
crítica amarga no exílio interior de Herculano, no pessimismo de Oliveira
Martins (contado no Portugal Contemporâneo),
na novela camiliana e na sátira de Eça de Queirós. Só com o bipartidarismo ordeiro da
Regeneração – uma construção política de Fontes Pereira de Melo, que, como observou Borges de Macedo, era mais que um
tecnocrata – conseguiu-se equilibrar o liberalismo português com algum
progresso e fomento industriais e de obras públicas.
Mas
este rotativismo liberal não durou muito. Acabou com o agudizar da
conflitualidade e com a crise do Ultimato, que os republicanos usaram para uma
campanha nacionalista contra a Dinastia, que, segundo eles, não defendia as
colónias ou o Império. Fragmentação partidária, violência, solução kaiseriana
com João Franco, regicídio, República, a tal “balbúrdia sanguinolenta”, em que
os Democráticos, primeiro com Afonso Costa e depois com António Maria da Silva,
governaram em quase ditadura, manipulando as urnas e a rua.
Não
resisto a citar as palavras com que Maria de Fátima Bonifácio terminou a sua comunicação de abertura no colóquio do
MEL, na terça-feira passada:
“A República não foi propriamente um
regime, foi um estado de coisas engenhado para manter o poder do Sr. Afonso
Costa. Depois de um século liberal desgraçado; depois de uma República em
permanente revolução ou turbulência, Fernando Pessoa explica por que motivo o
País estava a pedir um Salazar: ‘Depois dos Afonsos Costas, dos Cunhas Leais,
de toda a eloquência parlamentar sem ontem nem amanhã na inteligência nem na
vontade, a sua [de Salazar] simplicidade
dura e fria pareceu qualquer coisa de bronze e de fundamental’.”
Pessoa
apanhou a essência da crise nacional e da solução encontrada para a crise. O
esgotamento das oligarquias, ou das falsas elites, manipuladoras do regime
liberal democrático e o vazio programático das espadas dos capitães e tenentes
de Maio traziam para o poder o tecnocrata das Finanças, que
assim se tornava redentor da pátria e até salvador da República.
Não
tão inocentemente como contariam depois as lendas oficiais: Salazar vira que o
poder estava nas baixas patentes militares e era para elas que pregava, mesmo
que discretamente, em artigos de jornal e conferências.
Fascismo, Ideologia e Regime
Entre
outros enigmas e discussões, Salazar e o Estado Novo desencadeiam
inevitavelmente o mais clássico: Qual a natureza do seu Regime –
Fascista? Não-fascista? Autoritário-conservador? Nacionalista-autoritário e
conservador? É uma
discussão que tem quase cem anos, até porque, quando o Estado Novo chegou, o
fascismo já existia desde 1919 e estava no poder desde 1922.
Com o fascismo-ideologia ou com o
fascismo-movimento, o regime
de Salazar não tinha quase nada em comum, tirando, pela positiva, o
nacionalismo e, pela negativa, o antiparlamentarismo e anticomunismo. De
resto, o fascismo era um movimento nietzschiano, revolucionário,
partidocrático, que queria até construir “um homem novo”, o “homem fascista”,
índole e programa que estavam nos antípodas de Salazar e do salazarismo. Mas Manuel de Lucena abriu aqui uma alínea subtil: certamente que o
salazarismo não teria quase nada que ver com o fascismo como ideologia, como
movimento; mas não se aproximaria Salazar do fascismo-regime? E lembrava que Mussolini, ao pactuar e negociar com as direitas
conservadoras, com a monarquia, com o Exército, com a Indústria, com o
Vaticano, acabara por implantar um regime que se afastava do programa fascista
inicial – nacionalista revolucionário, socialista, anticlerical, pró-Reforma Agrária
(tudo parte projecto dos Fasci de Combattimento). E é pelas cedências de Mussolini,
pela aproximação pragmática do Duce aos conservadores, aos católicos, aos
militares que, Salazar, o conservador, o católico, o chefe de um regime que resultara de um pacto com o
exército da Ditadura Militar, se aproximava do regime fascista. Do regime e
não do movimento.
Poderá
então concluir-se que, por negociar o poder cedendo na pureza ideológica e
na integridade do projecto, o regime fascista de Mussolini nunca terá sido
fascista? E que nunca terão sido comunistas o comunismo soviético de Estaline ou de Kruschev?
Talvez. Mao tentaria não ceder na pureza ideológica, causando
grandes desastres, mas os seus sucessores acabariam por fazer o capitalismo de
direcção central para tirar a China da menoridade das potências e o povo da
miséria.
O Estado Novo foi,
ideologicamente, um regime nacional-autoritário, inspirado pelo conservadorismo
nacionalista e pelo catolicismo social. Salazar não era um compendiador de
teorias nem um receptáculo de influências doutrinárias: era um realista
pragmático, que governava muito em função de evitar o que, na experiência de um
século de liberalismo partidário, achava serem os vícios do sistema e das
instituições. Daí a importância dos antis – anti-partidarismo,
anti-comunismo, desconfiança das grandes ideologias humanitárias e
internacionalistas.
E
depois, uma construção pela solução de problemas: finanças em primeiro lugar, obras
públicas, combate ao analfabetismo, arranque industrial nos anos 50 e
persistência de um ruralismo encorajado e valorizado, não pelo
“provincianismo” de que o acusam os provincianos, mas por ver no campo a
reserva estratégica dos sentimentos conservadores e patrióticos do povo.
Gallagher
estudou Salazar sem apologias nostálgicas, valorizando o seu percurso e as suas
escolhas mas sem ver nele, como muitos conservadores europeus, o
convencional “Sábio do Ocidente”. E percorre os anos do regime, relatando
com serenidade e objectividade as grandes etapas: a restauração
das Finanças, a condução da diplomacia na década dos conflitos – guerra de
Espanha e Segunda Guerra Mundial –, a adaptação ao mundo da Guerra Fria, o
arranque desenvolvimentista, a defesa do Império no mundo pós-imperial dos
impérios invisíveis.
É uma biografia séria, escrupulosa,
bem escrita, sem apologias mas também sem rancores, feita com uma objectividade
de entomologista que se aproxima de uma cultura, de um povo e de uma figura
estranhos e singulares. E hoje mais singular ainda, pelo contraste dos seus
valores, princípios e estilo com os dos que vieram a suceder-lhe.
A tradução, impecável como sempre, é do Miguel Freitas da Costa.
«Salazar
- O Ditador que se Recusa a Morrer», Tom Gallagher Publicações Dom Quixote Data de edição: Maio de 2021
A SEXTA
COLUNA CRÓNICA OBSERVADOR SALAZAR PAÍS HISTÓRIA CULTURA LIVROS LITERATURA ESTADO NOVO POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
Paulo Alves É recorrente
que quando se pretende ter uma percepção mais isenta da nossa História recente,
particularmente do séc. XX, temos de nos socorrer de historiadores
estrangeiros. Os
historiadores portugueses mais idóneos estão infelizmente desacreditados pelos
reaccionários "antifas", esses sim, que não se cansam de trazer
consigo o esqueleto do ditador há mais de 47 anos, numa anti devoção que só
evidencia a estreiteza de vistas e de uma obsessão doentia pelo passado.
Neste grupo estão também os consumidores passivos da propaganda revolucionária,
contentados com lugares-comuns e incapazes de uma análise crítica que já se faz
tarde que se faça, volvidos mais de 40 anos de um período da historia que já
prescreveu.
Noutra
perspectiva, a pequenez de vistas impede a percepção do
"Todo" que foi o regime do Estado Novo, que não se limitava apenas ao
chafurdar na lama da ruralidade dos conformados que nunca saíram do país,
ignorando que nessa época histórica nas então colónias portuguesas,
particularmente Angola e Moçambique, estava a ser operado um investimento
massivo em infra-estruturas económicas e sociais de fazer inveja à anémica
metrópole dos acomodados e invejosos. Não seria de espantar que os
líderes independentistas, com instrução dada por professores lusos, aspirasse -
e bem- à autodeterminação desses territórios que Portugal tão bem desenvolveu,
para depois serem destruídos por guerras civis e incompetência dos seus
queridos líderes marxistas.
Resumindo:
por cá continuamos a diabolizar um regime fantasma que já não existe, um pouco
à semelhança das celebrações religiosas dos católicos, todos os anos, ignorando
que o caminho do progresso se faz para a frente, e não a remoer
doentiamente memórias de um passado cada vez mais distante.
Alberto Pires: É preciso
ser intelectualmente muito desonesto para negar o desenvolvimento enorme que
António de Oliveira Salazar produziu no País. Basta lembrar os Planos de Fomento, quinquenais, onde,
desde as Casas do Povo, as Escolas, as estradas (de 1ª, 2ª e 3ª classe - de que
muitas ainda guardam os marcos quilométricos e hectométricos), os hospitais (os
grandes hospitais de Santa Maria e S. João foram obra do Estado Novo), os
aeroportos, o apetrechamento dos portos, num tempo em que as ligações com o
Império eram maioritariamente de barco, a TAP, que chegou a viajar 5 vezes por
dia para Angola e tinha 4 aviões 747 os melhores do seu tempo, as barragens (em
10 anos fizeram-se as 3 primeiras barragens no Douro, Picote, Miranda e
Bemposta), a regularização do sistema Homem-Cávado-Rabagão, as barragens de
rega no Alentejo, o LNEC - uma das melhores estruturas de Engenharia do Mundo,
as Oficinas Gerais de Material Aeronáutico ( que depois serviram para base de
uma fábrica de aviões), as companhias de navegação, com várias dezenas de
navios que faziam a escala das ilhas e iam até à Índia, Macau e Timor, os
quartéis que o Estado construiu, equipando e modernizando a tropa, o
enormíssimo desenvolvimento do Ultramar, que nos anos 20 tinha pouco mais de
30.000 habitantes oriundos de Portugal e em 1974 passavam de 1.250.000, e mais
e mais e muito mais.....
E os portugueses, que os há,
raivosos e mordentes, sempre a denegrir, a deitar abaixo, o que qualquer
indivíduo perceberia ter-se tratado de um salto incrível para a frente. A 1ª
República nada mais fez do que acabar de desgraçar o País, metendo-o na guerra
(com cerca de 10.000 baixas em 2 anos - para quê?), nos anos antecedentes
tinha-o começado a desgraçar, impedindo, com a politiquice, os governos de
governarem. O reinado de D. Luís com o "fontismo" tinha lançado as
bases do desenvolvimento moderno, com o comboio, o telefone, o telégrafo, a
construção de escolas e hospitais. Endividaram o país é o que dizem os
esquerdáfilos, para esconderem o bloqueio que os republicanos fizeram à
governação. Salazar herdou um país
de gatas sem dinheiro, sem estruturas, cheio de dívidas e sempre a conspirar.
Maldita maçonaria. Passou pela guerra civil espanhola e pela 2ª guerra mundial,
quase de seguida. Em 1961 teve de enfrentar a sedição em África, provocada por
aqueles que ambicionavam por "as patas" em cima daqueles territórios,
e mesmo assim o País foi em frente. E há gente capaz de dizer que este era um
país de miséria? Sim, havia miseráveis, miseráveis de espírito, daqueles que
não tendo onde cair mortos bradavam aos céus que não tinham nada. E não tinham
porque não prestavam, precisavam de quem trabalhasse por eles, porque não
prestavam, que lhes garantissem a sobrevivência, porque, uma vez mais, não
prestavam. E há os que falam sem saber, usam o ressabiamento alheio como
testemunho, abusam da mais elementar ignorância porque acham que tudo o que
havia e ainda há de sólido e bem feito tinha caído do céu. É
que Salazar fez tudo isso com dinheiro nosso, sem pedir ajudas, sem ficar em
dívida, e foram os Portugueses com sangue, suor e lágrimas que levantaram o
País, foi tudo feito com o nosso esforço. Não vieram dinheiros de fora, nem da
CEE, nem da Europa, nem de parte nenhuma. Fizemos porque sabemos fazer, sempre
a rosnar, sempre a conjurar, mas a vergar a mola quando teve de ser. E Salazar
fez-nos vergar a mola, é verdade....a prova de tudo isso está em toda a parte,
nas Avenidas Novas, no Parque Eduardo VII, no Marquês, no Jamor, na Avenida dos
Aliados, na Boavista, nos Hospitais de Coimbra, nas Arcadas em Braga, na
Avenida Carvalho e Araújo em Vila Real, para ficar só por aqui. E em
África, para não esquecer. Raivosa, mas
teimosamente fizemos, Salazar não o fez sozinho, muito menos andou a
impedir-nos de trabalhar. Não há é capacidade nas mentes embrutecidas de o
reconhecer, mas não é preciso, a realidade fala por si, os estrangeiros
reconhecem-no, não é preciso que os brutos falem....
Joaquim Rodrigues: Visto de fora
Salazar era um "anjo". O
problema era cá dentro. Salazar
se tivesse cumprido 3 ou 4 mandatos hoje seria um herói nacional.
O problema é que se eternizou no poder e
após o fim da II Guerra Mundial a sua mentalidade de seminarista, de rural,
provinciano e tacanho acabou por atrasar irremediavelmente o Pais com consequências que ainda
hoje sentimos. Após a II guerra Mundial e depois dos totalitarismos Fascistas e Comunistas
do pós I Guerra Mundial, os países da Europa Ocidental deram um salto
civilizacional enorme, instituindo as actuais democracias liberais com a
desestatização das economias, institucionalização das regras de mercado e de
funcionamento da concorrência, com a descentralização do poder, instituindo e
consagrando as Regiões, para combater as assimetrias do desenvolvimento no interior dos Países e aumentar a participação
democrática dos cidadãos no exercício do poder.
Salazar,
tendo passado ao lado da II Guerra, manteve todos os tiques dos totalitarismos
das décadas de 20/30/40, que depois, designadamente o "Estatismo e o
Centralismo", foram preservados, branqueados e certificados pelo Cunhal no
PREC e se mantiveram até aos dias de hoje.
O
"Estatismo e o Centralismo" são as heranças do Salazar e Cunhal
responsáveis pelo nosso atraso.
Sem
os Orçamentos de Estado opacos do "Estatismo e do Centralismo" os
casos Sócrates/BES/NB, designadamente, não teriam sido possíveis.
Fernando Pité
> Joaquim Rodrigues
Salazar,
pela sua experiência como estadista lúcido, mas de certo modo retrógrado,
sobretudo para o fim da vida, sem dúvida que defendeu o "Estatismo e o
Centralismo". Mas temos de ver a situação política à luz da época,
Fascismo e avanços do Comunismo de um lado, e a dita "Social-Democracia"
e Neoliberalismo por outro, regimes estes que querendo agradar ao eleitorado,
não foram capazes de enfrentar os perigos que se vislumbravam no horizonte
imediato. Salazar, com a sua ideologia conservadora mas sagaz,
jogou politicamente como lhe foi possível, livrando-nos da 2ª G.G., procurando
defender as Colonias, e com a ajuda da Policia Politica, que seus antecessores
no regime monárquico tinham prosseguido, e procurando com a sua ideologia
desenvolver o País, resguardando-se fisicamente como lhe foi possível. Cometeu erros, sem dúvida, mas de acordo com os padrões
da época, fez o melhor que pôde, no seu entendimento... Não se envolveu quando
Timor foi ocupado pela Austrália e Japão, mas mandou tropas para os Açores,
Angola, Moçambique e Estado da India Portuguesa... Penso que Salazar foi um
Ditador providencial, que arriscou até ao fim a sua vida, e que no seu mandato,
dificilmente haveria alguém que ousasse sacrificar-se e tivesse a lucidez e
prudência que revelou.
Tiago
S
ÂNGULO DIREITO: Para quem já
tenha lido a diversificada obra de Jaime Nogueira Pinto que vai da teoria
política à história da África de expressão Portuguesa, e/ou do novo pensamento
político do anterior regime à história contemporânea de Portugal sabe que, e
independentemente dos néscios de extrema-esquerda que aqui aparecem todas as
sextas-feiras a exibir o basismo da sua escolaridade obrigatória para o
denegrir, que estamos perante um dos mais importantes pensadores de
história política Portuguesa, porque
precisamente observador e ator privilegiado, outsider e insider do debate do
estado novo tardio e do combate ao comunismo-maoismo dos anos quentes de 74-75.
Para os leitores do Observador, Jaime
Nogueira Pinto é um desperdício à sexta-feira. Entalado entre o mais mediático
e não menos legível Rui Ramos, e o resto das notícias de lançamento do
fim-de-semana, os seus comentários não gozam do destaque e da solenidade que
uma front page sempre confere. Como senador à direita,
Jaime Nogueira Pinto é leitura de domingo, dia que independentemente da crença
é um dia de uma reflexão política mais profunda e menos ao sabor da semana como
os seus textos nos levam a pensar.
Elvis Wayne: Óptimo artigo
e excelente livro, parabéns ao articulista e autor (e tradutor), respectivamente.
Salazar houve um e já não voltará a repetir-se (provavelmente). É parte da história e teve o seu papel no contexto em
que governou Portugal. Os
desafios agora são diferentes, é necessário outro líder(s) para este País. Por
um Portugal Melhor, Força!
mário Unas: Talvez um dia algum autor alheio ao redil abrileiro
veja nisso alguma importância, a de dissertar sobre a vida e obra de Mário
Soares ou de Álvaro Cunhal ou outra figura qualquer de Abril.
De um modo inexplicável e indefinível,
mas certo, a aura de António de Oliveira Salazar permanece etérea e perene na
memória colectiva dos portugueses. E isso percebe-se para quem vê de fora para
dentro. Portugal não voltará a ter Salazar,
alguns dirão ainda bem outros ainda mal, mas tomara ao menos que as gerações
vindouras saibam recuperar da pesada herança dos seus egrégios avós de abril,
que é uma dívida impagável fruto de um desamor mesquinho e traiçoeiro pela
nação que lhes formou o ser.
Carlos Quartel: Tenho opinião
formada sobre Salazar há muito tempo e JNP só se diminui , tentado salvar o
personagem, Salazar era um tacanho conservador, avesso ao progresso, excelente
feitor de uma quinta, que , por sua vontade, se manteria sem alterações, por
séculos e séculos ... Sem
visão de futuro, sem ideias para África. arrastou o país numa guerra que não
podíamos ganhar. O seu sonho:
Um quintal, umas couves e umas galinhas para cada português. Quando apareceu petróleo em Cabinda consta que
desabafou : Só me faltava mais essa..... isso define a dimensão do artista... Camolas 31 > Carlos Quartel: Na mouche. mário Unas > Carlos Quartel: Quando apareceu petróleo em Cabinda consta que
desabafou : Só me faltava mais essa..... isso define a dimensão do artista...
Pois sabia que os EUA não tardariam a
tentar mandar os portugueses dali para fora, como veio a acontecer:
Pouco tempo depois dessa descoberta,
António de Oliveira Salazar terá sido intimado por John F. Kennedy para
abandonar aquele território do Ultramar.
Alberto Barbosa > Carlos Quartel: Não há nada mais tacanho do que ter "opinião
formada" sobre temas destes. Nos últimos 8 anos que passei dedicado ao
estudo de história, frequentemente vi a minha opinião sobre eventos e
personagens viradas do avesso ao descobrir nova informação em obras deste
género. Curiosamente, foi no último ano que mais vezes mudei radicalmente de
opinião sobre temas históricos. A verdade é que os eventos do séc. XX estão
ainda demasiado próximos para a "pessoa comum" conseguir ter uma
visão não enviesada (pelo sistema de ensino e pelos Media) dos mesmos. Elvis Wayne > Carlos Quartel: Carlos, não se perca a insultar
Salazar como tacanho ou provinciano, só comprova o que o autor refere num dos últimos parágrafos. O homem morreu, paz à sua alma e à de todos que
morreram por sua causa. Tanto rancor azedo só lhe faz mal ao fígado. Redam Creator > Carlos Quartel: Querem ver que o Salazar percebia mais de exploração de
petróleo do que tu?
Carlos Quartel > Elvis Wayne: Engana-se,
não há rancor. só desilusão. Teve na mão a possibilidade de influenciar e
alterar uma parte significativa do destino do Sul de África. Desdenhou de
Norton de Matos, receou a independência de Angola, proclamada por brancos,
travou a ida de milhares para Angola e Moçambique (que foram cair na Venezuela
e na França), nunca acreditou num novo mundo, com nova população resultando de
várias raças. nunca sonhou. Nunca
saiu do seu quintal e das suas couves. Desculpe-se, pelo menos gostava de um
bom vinho .... VICTORIA ARRENEGA > Carlos
Quartel: Não tenho
qualquer simpatia por Salazar. passou-me ao lado. morreu quando eu tinha 18
anos e já com o Marcelo Caetano estavamos em plena primavera marcelista. Mas
pelo menos o Botas acertou no petróleo de Cabinda e também deve ter dito uma coisa
semelhante sobre os diamantes de Lunda. Nunca mais americanos e soviéticos ( na
altura) largaram o osso com os resultados que são conhecidos. Alberto Pires > Camolas 31: Não
fale do que não sabe, Não houve um primeiro-ministro francês que tenha visitado
as colónias, como não houve nenhum alemão. E só não incluo o inglês porque
houve visitas à África do Sul num tempo em que ainda se poderia considerar como
colónia. Mas não visitou a Nigéria, os Camarões ou o Quénia. Os presidentes, Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás
foram a África.
Carlos Quartel > VICTORIA ARRENEGA: Há que ser realista. Com petróleo ou sem petróleo, com diamantes
ou sem diamantes, as colónias mão tinham futuro, com o estatuto anterior, Nem
uma resistiu. Excepto se se
tivesse tentado uma colonização maciça, que tornasse inviável a expulsão de
milhões. E tivemos condições para tentar a epopeia Desde o século XIX que se
sabia que a nossa sobrevivência como nação com algum estatuto estava em África,
foi criada a Sociedade de Geografia para coordenar esforços. Muitos milhares de madeirenses e açorianos. muita gente
das Beiras, do Minho ou de Trás os Montes estariam disponíveis. Salazar mandou travar a fundo e perdeu a janela de
oportunidade que se abriu de 1930 a 1945. Houve 15 anos para tentar a sorte.
Somos hoje um pequeno país, de gente sem espinha, esperando umas gorjetas,
postas por turistas, na bandeja estendida. Lindo futuro, só nos faltam as galinhas e as couves
....
Fernando PitéCarlos Quartel: Salazar devia perceber as riquezas que as Colonias
tinham, e devia talvez desejar que elas permanecessem a salvo da "cobiça
alheia". A descoberta
de petróleo em Cabinda, se bem que de baixa qualidade, de tal modo que a
principio, a refinaria que existia tinha dificuldade em tratá-lo de
"grosso" que era...pode ter sido uma noticia quiçá desagradável.
Os imperialismos existentes, fizeram com que tivesse de
envolver-se em simultâneo, em vários teatros de guerra, com a limitação de
meios bélicos, financeiros e humanos, o que levou a aquisições apressadas de
material militar que seria imprescindível. E foi sobretudo a pressão exercida
na Guiné, com misseis com os quais não se podia competir, já no tempo de
Marcelo Caetano que veio a despoletar a situação. Em Angola a guerra estava
quase ganha, e em Moçambique era na Província de Cabo Delgado (ou "Estado
de Minas Gerais") que a situação era mais aguda...
VICTORIA ARRENEGACarlos Quartel: Não posso estar mais de acordo
com a sua opinião. É um facto que o governo de Salazar nunca deu grande atenção
para não dizer nenhuma atenção aos territórios em África. Se Angola e
Moçambique não motivavam o interesse de Salazar , então a Guiné , Cabo
Verde e Timor nem é bom falar. S. Tomé tem uma história diferente por causa do
cacau, mas aí também os ingleses nos boicotaram. O meu companheiro embarcou
para Angola em 1952, ainda criança e voltou a seguir ao 25 de Abril. Os
pais tinham um armazém no meio do mato, literalmente selva e ali sobreviviam longe
de tudo na base de trocas com os locais e outros portugueses por lá dispersos.
O interesse aumentou quando os movimentos pela independência começaram no
início dos anos 60. Mas aí já a causa estava perdida e sempre estaria
porque países bem mais influentes
do que Portugal também já de lá tinham saído ou estavam de malas aviadas. Os
ingleses ainda se aguentaram uns anos na Rodésia na base da economia. África
foi sempre um caso perdido. Moçambique ainda tentou alguma coisa com o
engenheiro Jardim ( penso que era engenheiro) mas não deu em nada. Moçambique
sempre esteve mais próximo da África do Sul do que Angola. Mesmo a janela de
oportunidade de 30 a 45 (apanha a Guerra Mundial II) também não teria
funcionado. aquilo era um atraso completo. E Salazar queria controle total. O
que me espanta no Botas é ter governado o país sem nunca ter saído daqui. Acho
que o mais longe que saiu foi às grutas de Aracena ali na Andaluzia. Nem a
Sevilha foi. Fernando
Pité > Carlos Quartel: A solução não estava tanto na colonização maciça,
porque da forma como foi feita, iria agravar a fuga dos ditos
"retornados" (e estivemos em risco de um genocídio branco). A solução
poderia estar nas propostas de António de Spínola, que de forma "politicamente
correcta", se revelou inviável, mas seria talvez a melhor solução...
Américo
Silva Salazar foi único e irrepetível. Seja como for julgado pela história,
deve ser tomado em atenção, mas não pode ser actualizado. Logo porque o topo da
hierarquia política está fora de Portugal, e nem sequer está na união europeia.
Salazar governou um império. Depois porque as sociedades ocidentais deixaram de
ser coesas e não existe um interesse nacional. Nos USA,
onde é necessário manter uma certa coesão por causa do poder militar, Biden
acaba de aprovar uma ajuda só para agricultores negros. A justificação é de que
as ajudas anteriores foram captadas pelas grandes empresas, e Biden opõe
grandes empresas, não a pequenas empresas como seria lógico, mas a agricultores
negros o que será difícil de aceitar para um pequeno agricultor branco. A
sociedade está completamente minada por interesses parciais. No desporto, a
inclusão de transgénero tem consequências aberrantes para o desporto feminino.
Na convenção europeia dos direitos do homem 22 por 100 juízes estão ligados a
ONGs em relação às quais eles próprios tomam decisões enquanto magistrados,
numa rede onde pontifica a Open Society de George Soros com 12 colaboradores,
juízes em Strasbourg, e a financiar seis outras ONGs envolvidas no
esquema. Não há coesão social que resista. isto
é ditadura! Hoje, temos um
Costa que pede meças ao outro.
Martelo de Belem ....: Excelente
livro, que faz corar qualquer Costa deste mundo, para não falar do Homem que
hoje tanto falta a este pais a deriva; não tem de ser ditador, apenas honesto e
inteligente. Fernando
PitéMartelo de Belem ....: Quanto a ser-se ditador nestes novos tempos, não é
impossível, mas obriga a mexer "bem os cordelinhos", Quanto a ser
honesto e inteligente, de acordo, não sei é se alguém estaria disposto a
sacrificar-se a "Bem da Nação"...e que fosse resiliente...
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