Por ignorância, com certeza. Mas
fere-nos os brios. De Vila Real de
Santo António, sempre li que tem um traçado esquadriado ordenado
pelo Marquês de Pombal, tal como a Baixa de Lisboa, mas na Internet colhi
outros dados:
«A
"cidade do Marquês" é um marco incontornável dos caminhos do
Absolutismo, do Iluminismo, do Urbanismo e da Arte do Portugal pombalino.
Utopia de cidade ideal, à escala portuguesa, ela é o mais coerente programa
urbanístico do Estado Absolutista (à excepção da reconstrução forçada de
Lisboa) e uma das suas mais esclarecedoras manifestações de poder. A construção
da vila está intimamente relacionada com aspectos económicos e com uma
ideologia que visava tornar o antigo Reino do Algarve numa das mais prósperas
regiões de Portugal. Como provou H.
Correia, Vila Real
"não é um caso fortuito, mas uma peça imprescindível para a concretização
de uma reforma económica que procura o aumento da produção nacional" e
a progressiva menor dependência do estrangeiro (CORREIA, 1997, p.224) e,
em particular, das actividades pesqueiras de Espanha. É à luz destes
dados que, em 1773, o Marquês de Pombal ordenou que a quase destruída aldeia de
pescadores de Santo
António de Arenilha se
tornasse na cidade mais moderna do país e no pólo económico mais florescente» do Algarve.
E o Dr. Salles assim
nos vai dando curiosas lições inesperadas…
TOPÓNIMOS E GENTÍLICOS: AREIAS DO
GUADIANA
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA A BEM DA NAÇÃO, 12.09.20
Espanha
nunca aceitou de bom grado a conquista portuguesa do Algarve com base numa
herança de um avoengo qualquer
Mas
a «uti possidetis» vingou por antecipação à inclusão dessa figura (posse
efectiva de uma região) no Direito Internacional e o Algarve é português e
ponto final na discussão.
Contudo,
durante o Consulado Pombalino, correram rumores de que os espanhóis se
preparavam para tomar conta de toda a foz do Guadiana. E o Marquês mandou
construir à pressa uma cidade sobre as areias da nossa margem do Guadiana.
Chamou-lhe Vila Real de Santo António e mandou os habitantes de Monte Gordo
transferirem-se para a nova cidade. As hesitações foram dirimidas com
espingardas apontadas às costas.
Antes
desta tomada de posse pela força, aquelas areias na margem direita do Guadiana
eram esparsamente ocupadas por choupanas de pescadores que tanto podiam ser
portugueses como não. Eram transfronteiriços e viviam onde melhor lhes
aprouvesse. As areias eram conhecidas por «arenillas» (areiazinhas), nome que,
uma vez aportuguesado, se transformou em «arenilhas». Mas o povo logo se
encarregou de deitar a baixo o «e» e o nome do local passou a ser Arnilhas.
Nome
bem mais apropriado que Vila Real de Santo António que ali foi pespegado por Decreto, não por
sentimento. E o sentimento é tal que os vila-realenses ainda hoje se auto
denominam arnilhas.
Bem
seria que as placas toponímicas nas entradas da cidade ostentassem essa
designação entre parênteses por baixo do nome oficial.
Setembro de 2020 Henrique Salles da Fonseca
FONTE – José Pedro Queiroga,
Tavira
Tags: história
COMENTÁRIOS
Anónimo12.09.2020:
Muito bem, Henrique. Obrigado pelo
ensinamento. Desconhecia a razão da construção de Vila Real de Santo António.
Fazendo jus à Lei de Lavoisier, aquele concelho foi criado e o de Cacela
(Velha) foi extinto. É assim a vida. Abraço. Carlos Traguelho
Francisco G. de
Amorim 12.09.2020: Ideia boa,
essa da placa
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