… D’une jeune fille rangée… Era daqueles livros que atravessaram a minha década dos trinta, e que de resto me acompanharam na vida, como outros livros da Simone de Beauvoir. Estilo enxuto e decidido, próprio de uma rebeldia conceituosa e um sentimento de justiça - pelo menos aparente - naquela geração letrada, que nos chegava de França, deslumbradora, na nossa pátria sempre marcada por uma pequenez sem horizontes.
Também hoje se fala de memórias:
memórias recentes, memórias dos trambolhões a que vamos sujeitando este país cada
vez mais pequeno, cada vez mais sem horizontes, onde apenas os temas políticos
e económicos servem de referência, jornalística, é certo - e muita sorte temos
por haver quem conteste, na desqualificação geral em que estamos mergulhados.
Leiamos, pois, Alexandre Homem
Cristo e o seu magnífico raciocínio argumentativo, leiamos os seus comentadores
conhecedores dos meandros. A nossa alma não mais estará embevecida - a menos
que releia esses mestres do engenho criativo – a nossa alma está,
definitivamente parva. Não de admiração. Apenas sem esperança.
Memória e prestação de contas /premium
Dois meses depois do anúncio da
Champions em Lisboa, eis o balanço: foi vendido um milagre que não existia,
anunciada uma vitória que nunca aconteceu e prometidos benefícios que nunca
chegaram.
ALEXANDRE HOMEM CRISTO
OBSERVADOR, 20 ago 2020
Lembra-se
do que Primeiro-Ministro e Presidente da República lhe disseram há apenas dois
meses, no fim de tarde de 17 de Junho? Eu recordo-lhe.
Disseram que a realização da fase final da Champions League em Lisboa era “uma
vitória antecipada de todos os portugueses”. Que os
portugueses “demonstraram uma capacidade extraordinária de resistir e
ultrapassar esta pandemia”, permitindo “diferenciar Portugal” e “controlar a
pandemia”. Que a organização do evento havia reforçado o estatuto de Portugal
no mundo, servindo de sinal de que, por cá, o combate à Covid-19 havia sido bem
liderado. Que, “num
momento em que todos os países disputam o regresso do turismo internacional”,
ter sido “a marca Portugal aquela que vence e aquela que se vai afirmar em
Agosto não tem preço”. Que “Portugal tem autoridade moral pela forma
como conduzimos o combate à pandemia” e que, por isso, os portugueses
merecem “o que vão ter em Agosto”.
Ora,
Agosto chegou e a Champions já se joga em Lisboa. Mas a realidade encarregou-se de refutar todas as
premissas e promessas que fizeram da realização do evento em Lisboa um
acontecimento com “uma importância sem limites” – como, no anúncio de há dois
meses, acrescentou o presidente da Câmara de Lisboa. O alegado
milagre português no combate à Covid-19, que as autoridades públicas
publicitaram amplamente, nunca passou de um logro, rapidamente desmentido pelos
indicadores de contágio. A suposta autoridade moral dos portugueses no combate
à pandemia soa hoje a anedota. A valorização internacional de Portugal
simplesmente não aconteceu – e, de resto, para os milhões que seguem os jogos
em estádios vazios pela televisão, só pode ser indiferente se as equipas estão
em Lisboa ou em Moscovo. Por fim, a
“marca Portugal” no
turismo não ficou favorecida com o evento, até porque o país mostrou-se
incapaz, no plano diplomático, de escapar às listas vermelhas, tendo, assim,
ficado de fora dos destinos marcados como seguros para os visitantes.
É
certo que o mais memorável do anúncio da realização da fase final da Champions
League foi a equiparação do evento a um prémio para os
profissionais de saúde – o que, sob qualquer ponto de vista, só poderia ser
recebido como um insulto para quem trabalha muito e recebe pouco. Mas, dois meses depois, o balanço mostra como
os profissionais de saúde não foram os únicos a ser gozados. Todos os portugueses o foram – porque lhes foi vendido um milagre que
não existia, anunciada uma vitória que nunca aconteceu e prometidos benefícios
que nunca chegaram. Como já
então era previsível, e agora é indesmentível, o falhanço da estratégia foi
total – com a eventual excepção de maior prestígio para a Federação
Portuguesa de Futebol nos bastidores da UEFA.
A memória é importante. Sim,
todos os dias somos inundados de informação e enquadrá-la devidamente no seu
contexto é um exercício exigente. Mas a memória não serve somente para se ser o
chato de serviço. Ela é condição imprescindível para a prestação de
contas – para comparar as promessas com os
resultados, para detectar anúncios repetidamente inconsequentes e para evitar
que o esquecimento branqueie a incompetência. E, neste caso da Champions
League, é politicamente relevante recordar
como, num contexto excepcional e de emergência sanitária, as autoridades
portuguesas aplicaram esforços num evento desportivo e glorificaram a escolha
de Lisboa de uma forma insustentável perante os factos, com base em argumentos
artificiais e benefícios improváveis – que obviamente não se verificaram.
Poderia ser só um episódio de
inabilidade política? Poderia. Mas,
quando se observam as actuais prioridades políticas, quando se constata o
abandono dos lares, quando se verifica a falta de recursos para apoiar
empresas, quando se olha para o afunilamento dos cuidados médicos, este
episódio torna-se representativo de uma forma de fazer política. Aquela
que explica o porquê de Portugal estar a ser sucessivamente ultrapassado pelos
seus parceiros europeus: não se governa para o essencial na vida das pessoas,
mas sim para as aparências. E enquanto a memória for escassa e a prestação de
contas for frágil, assim continuará a ser.
LIGA DOS
CAMPEÕES FUTEBOL DESPORTO POLÍTICA PANDEMIA SAÚDE GOVERNO
COMENTÁRIOS:
JS: Tristes os
protagonistas, tristeza pelos teatros de ilusão que nos proporcionam. Tristes
dos que apoiam estes Teatros , tristes os espectadores. Maria Santos: O que mais me entristece é ter
de ouvir as mentiras constantes desse grupo ditador, que nos desgoverna, e ler
depois nos jornais, que 40% dos portugueses, mesmo assim, estão tão grudados que
vão continuar a votar neles? Será possível ? Isto é sadismo do mais radical!
Embora saibamos que estas percentagens só podem ser falsas ! J S: Foi em Portugal porque outros não aceitaram, ou alguém
acredita que se a França ou Alemanha quisessem não seria lá a final?
fritz maier: Com um ministro dos Negócios
Estrangeiros boçal como o nosso, o que é que estávamos à espera?
Mas o que interessa ao PS é que toda a propaganda com que nos bombardeia
diariamente atinja um eleitorado cada vez mais infantilizado. E para isso conta
com o Marcelo e a grande maioria da CS que lá vai subsidiando.
J. Costa: O socialismo pela sua natureza vive da propaganda de valorizar o pormenor e
esquecer o essencial. Toda a politica da esquerda é baseada na propaganda do
que vão fazer (e não fazem) e de criticarem nos outros tudo o que fazem mesmo
que bem feito. O socialismo controla a comunicação social e as instituições de
forma a doutrinarem as "ovelhas". A verdade é que estão a conseguir
transformar Portugal num pais sem futuro economicamente falando, que é o que
pretendem de forma a que continuarmos pobres e dependentes dos subsídios que
rendem votos. Com a geringonça brevemente temos garantido o último lugar da
europa.
António Reis: É de uma tristeza lancinante continuar a verificar nos nossos media a
incapacidade de integrarem verdadeiros jornalistas que têm a sua missão
profissional de questionarem sempre que há razões para isso e não se acomodarem
com narrativas já feias e ao sabor de vontades politicas. A grande maioria da
classe jornalista não cumpre com o seu desígnio profissional. Que tristeza!!
António
Sennfelt: Responsabilização
e prestação de contas é terminologia que não consta no léxico do PS!
Verdade Mentira:
O beneficio é
menor do que o esperado? sim pode ser mas ao menos foi feito alguma coisa no
sentido de o pais sair beneficiado. Diga-me o Sr. Alexandre Homem Cristo o que
fez em benefício de Portugal?
Carlos Oliveira > Verdade Mentira: Beneficiado em quê? O país não
é já suficientemente conhecido pelas melhores e pelas piores razões?
Ainda um dia
iremos saber quanto o evento nos custou e qual o saldo entre custos e
benefícios? Manuel
Magalhães: Portugal é um
país de pacóvios governado por pacóvios e malandros!!! Antonio Mello: Costa, um vendedor de banha da cobra, que ainda
convence/engana 1/3 dos portugueses que o acham o homem certo para gerir os
novos fundos europeus para enfrentar os tempos Covídeos que temos pele frente,
por trás e por todos os lados. Miséria.
Maradona Messi 2020: Portugal é um magnífico carrossel do faz de conta. Temos um governo que
jamais assume culpa em qualquer tipo de catástrofe; um governador do BdP que
diz que é sério, mas que vai certamente branquear algumas decisões que tomou
enquanto ministro; clubes de futebol falidos, que têm milhões para gastar em
reforços e há quem se sirva dos mesmos para escapar à justiça; e cancelam-se os
grandes festivais, mas há espaço para o Avante. Melhor é impossível. Manuel
Ferreira > MaradonaMessi
2020: Já não se pode dizer branquear; é racismo, se bem como é branquear e não
negrar pode ser que passe!
Luís Martins: Exercitar a memória, fazendo o balanço entre as promessas e a realidade, é
simplesmente anedótico. O combate é outro, e passa pela responsabilização
conjunta das tv´s e imprensa ao logro costista. Sem esse pequeno facto, não há
memória que sobressalte uma única alminha!
Carlos Santos > Luís Martins: Não
nos podemos esquecer que as 3 televisões tiveram até recentemente como
directores de informação o irmão do primeiro-ministro, a prima do
primeiro-ministro e um grande amigo do primeiro-ministro. As ajudas do estado à
comunicação social teve como contrapartidas conhecidas o afastamento da Ana
Leal e o André Ventura. Estas TVs estão vendidíssimas....
Luís Martins > Carlos Santos:
O que
descreveu é o retrato da realidade; Portugal é uma ditadura informal em regime
de monopólio.
Ana Ferreira: As contas
fazem-se no fim mas já agora: 1º- Portugal, via TV, ganhou uma visibilidade
global ímpar de país ordeiro, organizado e seguro; 2º- todas as comitivas
estrangeiras, pessoas da mais alta relevância mediática, não pouparam em
elogios à forma como foram tratados, passando assim uma imagem altamente
positiva do país; e finalmente, não menos importante, desmascararam-se todos os
ignorantes, os úteis e os outros, que anunciavam um desastre epidémico! Carlos Santos > Ana Ferreira: Sim,
foi por não haver Champions em Reguengos que aconteceu o holocausto que
aconteceu. Se os jogos tivessem sido lá, o governo tinha resolvido logo tudo porque era a marca Portugal
que estava e causa. Mas de qualquer maneira não se preocupe, se houver algum
problema epidémico basta aos membros do governo não lerem os relatórios.
bento guerra
> Ana Ferreira: No
Estado Novo, um legionário militante não diria melhor.
Jorge Simoes > Ana Ferreira:
Tem sido lido... ao estilo do triunfo dos porcos, somos
todos iguais mas uns mais do que os outros. A
pavonearem-se nos estádios a tirar fotos....
Sr Leão: E quando finalmente Portugal acordar e mandar essa gente para casa, será
que os que virão a seguir vão conseguir governar? É bom não esquecer que uma
das preocupações do Costa tem sido colocar os seus "boys" na
liderança de toda a administração pública, de norte a sul do país -
armadilhando desde logo o caminho da governação seguinte. Veja-se o exemplo do que tem
acontecido no Brasil!
Marco Silva > Sr Leão: A mudança num país tão corrupto como Portugal, não
será feita com apenas uma legislatura. Serão precisas várias, de preferência sem
interrupções das políticas de mudança. E uma das razões para isto é
precisamente o que apontou. A infecção e corrupção da administração pública e
as influências trocadas em 46 anos, são o garante do regime e para o derrubar é
preciso tempo. Tal como um exterminador de insectos, é necessário percorrer
todos os cantos para erradicar a praga. Não é fácil, mas é aí que se vê a inteligência,
os valores e princípios de um povo. Se ao mínimo de inconveniência, voltam a
escolher a praga, então não têm salvação e são a verdadeira causa da
prosperidade da praga. Honestamente, não acredito que o povo português seja capaz de o fazer. São
demasiado corruptos, desonestos, incompetentes e medrosos para ambicionar algo
melhor. No geral não têm espinha dorsal, não têm valores, nem princípios....a
história recente e especificamente os últimos 25 anos são a prova disso. Em
parte alguma do mundo, excepto em países subdesenvolvidos, o partido
responsável pelo empobrecimento de todo o país bem como uma bancarrota há
apenas 9 anos, seria eleito para governar novamente...
Amandio Teixeira-Pinto > Marco Silva: Apoiado.
É inacreditável como a memória das gentes é curta. Os súcias sabem disso, e não
me admiraria nada, perante as dificuldades que se avizinham, que provocassem
eleições num prazo curto de tempo. Se ganharem, metendo se for preciso o BE no
pacote, poderão governar como quiserem pois terão maioria (embora não gostem
muito de o fazer debaixo de dificuldades), mas se perderem (e perante o estado
imbecilizado das gentes, seria por pouco) quem se lixa é quem viria a ganhar,
que teria de recuperar o país e aguentar a esquerdalha na oposição (que é onde
eles gostam de estar quando não há dinheiro). Oxalá me engane e que o PS continue agarrado ao poder,
ainda que de forma minoritária, pois vão ter de passar por elas e isso talvez
(talvez, apenas) signifique o começo do fim dos socialistas, como já aconteceu
em toda a Europa para lá dos Pirenéus.
VICTORIA ARRENEGA: Não esqueça o
TGV. Também está na calha para gastar as massas da União Europeia. Não vai
servir para nada, podemos passar fome mas temos de pôr o TGV a andar. Viva a
pelintrice! Isto para dizer que concordo completamente com a sua análise.
Chamem-me sonhadora e tonta mas acho que as próximas eleições vão trazer
surpresas a nível da abstenção. Vai ser bastante menor, estamos todos fartos de
tanto disparate. Demonstra uma falta de cultura,
de informação, de finanças e economia como poucos outros povos têm.... Mas como se costuma dizer, a esperança
é sempre a última a morrer. E mesmo que todas as ovelhas votem nos mesmos que
nos arruínam e garantem a bancarrota de X em X anos, eu não tenho de seguir o
rebanho e tenho de seguir os meus valores e princípios.
Isabel Amorim > Marco Silva: Nem mais! É isto mesmo infelizmente...
bento guerra: Houve uns
colegas seus que escreveram com o habitual provincianismo e seguidismo -bom
para a "marca " Portugal imagens que vão correr o mundo, etc-Costa
mandou colocar de prevenção umas dezenas de hotéis ( se calhar até
pagou).Parece que os tugas vão poder ver a final na TVI-Eleven. Será que o
salta-pocinhas vai entregar a taça?
Marco Silva: Chama-se
propaganda que é o que a esquerda (na qual Marcelo se inclui) faz. Não é que
outros não façam propaganda, mas a esquerda SÓ faz propaganda e no país dos 3
Fs, onde o F do Futebol é o mais importante, fazer propaganda à Champions
garante a atenção de uma porção significativa da população. A mesma que nem
conhece os programas dos partidos políticos, mas coloca a cruz nesses, na
mesma. A mesma que se queixa dos impostos altíssimos e sempre a aumentar,
criados / aumentados precisamente por aqueles em que votam sempre. Menos
dinheiro no bolso, piores condições de vida, mais pobreza...mas hey...há
Champions! Se tal propaganda tivesse sido feita antes das eleições de 2019, o
PS tinha tido maioria absoluta esmagadora, tal não é a ignorância do povo
português. H
Almeida: Lapidar!
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