Da Economia, tal qual
está hoje, por cá. Superiormente explicada por Helena Garrido, com o aval dos comentadores. O governo de Passos Coelho tinha previsto, diabolizando o governo
que, fraudulentamente, lhe seguiu. Parece que acertou, informam os vários
escritos que seguem. O diabo chegou
mesmo, e não foi só a Covid-19 a
responsável, segundo o que segue:
O risco de uma economia zombie/premium
Boa parte das economias da UE ainda
estavam ligadas à máquina do BCE. Com a nova crise, nova máquina de respiração
artificial vem dos governos. Não será fácil colocar as economias a respirarem
por si.
OBSERVADOR, 28 set 2020
Portugal, embora não seja o único, já
tem uma tendência estrutural de manter empresas zombies. Vários factores contribuem para isso, nomeadamente um regime
de insolvência lento e complicado, que acaba por proteger a empresa devedora, e
um sistema bancário que usou e abusou de esquemas de prolongamento de
empréstimos a empresas manifestamente inviáveis, para evitar contabilizar
perdas nas suas contas. Está por
estudar a dimensão total da “economia zombie” em Portugal, embora um trabalho de economistas da
OCDE tenha uma estimativa de 12,5% para empresas do sector da
construção e serviços, numa investigação que vai até 2015.
O
crescimento de empresas “mortas-vivas”
voltou à actualidade na sequência dos apoios que praticamente todos os
governos estão a prolongar às suas empresas.
Na
Alemanha, além dos apoios que também temos em Portugal e que são mais
generosos, o Governo congelou a legislação sobre insolvências que
deveria regressar este mês, mas resolveu prolongar essa
interrupção. Uma
iniciativa que não foi consensual dentro do governo, por se recear estar a
alimentar empresas que nunca vão recuperar, impedindo assim que a economia se
reestruture, gerando novos negócios mais produtivos – ver aqui no FT, para assinantes.
Uma
empresa zombie, na classificação dos economistas, é aquela que não gera lucros
para pagar o seu serviço de dívida durante três anos consecutivos. Os estudos
sobre o tema têm revelado um aumento significativo dessas empresas
“mortas-vivas”. Um trabalho
do Banco Internacional de Pagamentos (BIS) mostra que o peso das
empresas zombie aumentou de 4% em finais da década de 80 para 15% em 2017
(o trabalho usa dados de empresas não financeiras cotadas em 14 economias). Concluem ainda, em linha com outros trabalhos,
que as empresas zombie são menos produtivas, mais
endividadas e investem menos em capital físico e intangível.
Em
termos gerais, uma economia de morto-vivos tende a ser menos
produtiva e inovadora, condicionando obviamente o potencial de crescimento da
economia. E, no quadro actual, corremos um sério risco de aumentar ainda mais o
número de empresas zombies.
A
crise que a pandemia está a provocar apanhou as economias europeias ainda
ligadas à máquina, neste caso, o BCE. O elevado endividamento de países como
a Itália, Espanha, Grécia e Portugal a par, ou na sequência disso, de taxas de
crescimento económico relativamente baixas, manteve os juros praticamente em
zero ou negativos.
A
pandemia obriga a ligar a economia à outra máquina disponível, o Estado. Um pouco por toda a Europa e tal como em Portugal,
criaram-se mecanismos especiais de apoio ao lay off, adiaram-se pagamentos de
impostos e de empréstimos e concedeu-se novo crédito bonificado. Algumas
dessas medidas estão a ser prorrogadas também em Portugal, como foi o caso da
decisão do Governo de permitir que se interrompa o pagamento de
empréstimos e juros até Setembro do próximo ano.
A
gravidade da crise económica gerada pela pandemia é tal que o Estado tem
obviamente que suportar o funcionamento de algumas empresas. O cenário alternativo seria uma destruição brutal da
capacidade produtiva, num processo quase equivalente ao de uma guerra, o que
levaria a uma recuperação muitíssimo mais lenta do que a já muito lenta retoma
que se perspectiva, com efeitos sociais inimagináveis.
O
Governo tem tido, em alguns aspectos, cuidado para não manter indefinidamente
as empresas ligadas à máquina, tentando criar incentivos para o regresso à
actividade. As medidas associadas ao lay off são um exemplo. Designado como “apoio à retoma progressiva”, já é um
apoio à redução do horário de trabalho. Os outros apoios deveriam seguir a
mesma lógica, de suporte à recuperação e não à sobrevivência. É o caso das
moratórias de crédito e mesmo dos novos empréstimos. Devem e têm de ser
concedidos numa lógica de recuperação e reduzidos ao mínimo, olhando igualmente
para a viabilidade da empresa.
Corre-se o risco de matar as empresas
não pela doença provocada pela pandemia, mas pela cura excessivamente
baseada no endividamento. Além disso, não se consegue perceber se os apoios
estão mesmo a chegar às empresas. Há
demasiadas queixas de atrasos nos pagamentos ou de uma burocracia
excessiva que, a corresponderem à realidade, acabarão por
destruir as boas e as más empresas. E
aí o risco de zombificação diminui, mas destroem-se igualmente empresas viáveis. (No hipotético caso de se estar a apoiar quem tem
mais contactos, o que não é uma hipótese descabida conhecendo nós o país, as empresas
que sobreviverem não serão as melhores mas as que têm a melhor rede de
influência.)
Há vários riscos nestas medidas de apoio. Um é
manter artificialmente vivas empresas inviáveis, com os consequentes efeitos na
redução da produtividade. Um
segundo risco é
aumentar ainda mais o número de empresas inviáveis por se ter baseado os apoios
excessivamente no aumento das suas dívidas, o que provocará igualmente uma
retoma mais lenta. Finalmente, pode
estar a agravar-se ainda mais o risco para a banca que mais cedo ou mais tarde
terá de registar perdas no seu balanço – há empresas que obviamente
não vão sobreviver.
A The
Economist, por exemplo, defende que o apoio às empresas do
sector do turismo, que nunca vão recuperar a facturação que
perderam, deveria assumir a forma de subsídios se os governos acreditam mesmo
que o turismo vai recuperar. Em Portugal seria impensável, já que o
Estado não tem capacidade financeira para isso.
Uma outra medida, já mais controversa, diz respeito aos apoios à actividade,
que a revista considera que deveriam ir para as pessoas e não para os empregos.
E é controverso já que o apoio ao emprego mantém a
pessoa em actividade, reduzindo os efeitos sociais negativos do desemprego e
minimizando também as perdas de qualificações. Ainda que, e em contrapartida, impeça as pessoas de
procurarem outras alternativas que, de qualquer forma, neste momento não
existem.
Neste momento temos as economias
em respiração artificial e com transfusões de sangue. A crise financeira ligou as economias ao BCE, a
pandemia ao Estado. Como vimos,
ainda antes da pandemia, estava a ser muito difícil desligar a máquina do BCE,
sem afundar a economia. Imagine-se como vai ser difícil agora
retirar da economia não só o BCE como o Estado. As
medidas têm de ser desenhadas para uma aterragem suave, sem impedir que as
empresas inviáveis morram para dar lugar a outras. Um desafio
enorme para um país como Portugal tão dependente do turismo e a querer virar-se
para a indústria. Corremos um sério risco de ter um crescimento ainda mais
medíocre se não existir a coragem de ir tirando os apoios e substituí-los por
medidas de recuperação.
COMENTÁRIOS:
Gens Ramos: Tal como uma grande parte das empresas, assim também o Estado está ligado à
máquina da UE/BCE. O país dificilmente respira, tal é o peso da sua dívida.
Esta é a realidade. Como se sai disto? Não sou economista para me pronunciar de
forma apoiada no conhecimento, contudo, consigo dizer que o caminho que estamos
a percorrer não me parece bem. Temos uma Educação deficiente, prestes a
integrar uma espécie de “ensino especial”; assim, com a “espinha dorsal” a
passar por um período incerto e s/ rumo definido, será muito difícil prever uma
melhoria a curto prazo e, convenhamos, para um espaço/tempo mais longo com
muitas dúvidas/incertezas. Desculpem, mas não conseguimos garantir nada para
a(s) próxima(s) geração(ões).
Manuel Oliveira: Com socialismo é sempre a
cavar... A Hortense e demais já se
demitiram? Nem após mortes de Pedrógão alguém se demitiu! A maminha é boa
demais! Maria
Augusta > Manuel
Oliveira: 100% Razão! Uma verdadeira corja. Manuel Magalhães: O pior é que temos um governo ainda mais zombie, isto é, completamente
incompetente, vejamos só, um governo formado por 70 pessoas, penso que não há
memória de tal coisa, e ainda por cima vão buscar mais uma pessoa de fora para
os ajudar (ensinar) a pensar, isto se não fosse trágico era de gargalhada... Luís
Martins: Em Portugal não é só a economia que é zombie. O país
como um todo, é zombie! O aumento da economia zombie é
directamente proporcional ao aumento da influência neo-marxista no mundo
ocidental. A ironia da história é a de que
os países que se libertaram do marxismo, são hoje economias vibrantes, e os
países "capitalistas" com democracias liberais do ocidente, estão
profundamente caracterizadas pelo marxismo, primeiro nos regimes políticos,
depois nas universidades, na cultura e média, e finalmente na sociedade. Maria Maravilhas > Luís Martins:
Toda a razão! Ataíde
Fontes: A maioria dos Jornais e TV's em Portugal também são zombies, por isso é que se disponibilizaram a serem
"comprados" pelo desgoverno do Costa. bento guerra: Governos zombies, alimentados pela impressora da
barbie do BCE. Um teatro de sombras ,com guião chinês Antes
pelo contrário: O País é que é
"zombie". A Dívida Pública já ultrapassou
os 260 mil milhões e não pára de crescer, o endividamento geral do País ronda
os 744 mil milhões, dos quais metade, pelo menos, é financiada pela UE e pelos
bancos nacionais e estrangeiros - sendo que os nacionais, vivem dos ganhos
facilitados pelas injecções do BCE, que também financia o Governo - as dívidas
das PME são o dobro das das grandes empresas, a Balança Comercial continua com
um défice crónico, apenas contrabalançado de forma pontual pela exportação de
serviços, desde 2013, mas com valores baixíssimos e instáveis, continuamos a
ter (e em cada vez maior número) largos sectores e empresas dependentes do
Estado, e um número cada vez maior de pessoas que em nada contribuem para a
sociedade, isentas de taxas e impostos, e com direito a cada vez maiores
gratuitidades. Num País com 10,5 milhões de
habitantes... onde só 2,8 milhões pagam IRS?... (e onde este apenas rende ao
Estado 20 mil milhões, um pouco mais que os 18 mil milhões do IVA, quando só as
despesas correntes são de 54 mil milhões (fora as despesas extraordinárias e o
serviço da dívida), e as despesas totais do Orçamento 2020 são de 174 mil
milhões??? Qualquer dia não somos
"zombie", mas simplesmente cadáver. João Pimentel Ferreira > Antes pelo contrário: O IRS não rende 20 mil milhões, mas 11. De resto, bom texto. psssttt psssttt > Antes pelo contrário: já somos cadáver há muito.
apenas ainda não foi decretado o óbito. está a ver aquelas famílias que
conservavam o cadáver do familiar defunto para continuar a receber a reforma?
portugal está assim. Só não vê quem não quer. E a agravar tudo ainda temos aí
a transição robótica. vai-se a um ikea, decathlon, hipermercado, e já não se vêem
operadores de caixa.....vai ser bonito de se ver...cada palmo de terra irá ser
disputado para conseguir cultivar umas couves galegas.
Antes pelo contrário > João Pimentel Ferreira: Segundo a PORDATA, a receita do
IRS foram exactamente 13.171,2 milhões em 2019, e o OE2020 prevê este ano
20.529 milhões de receitas dos impostos directos, dos quais 13.585 de IRS. De facto não me lembrei que os 20 mil e tal milhões
eram as receitas totais dos impostos directos, mas isso só vem dar ainda mais
peso ao que eu disse.
João Pimentel Ferreira: Congratulo vivamente o governo
por atribuir mais de 1000 milhões dos fundos europeus, para providenciar
habitação condigna a famílias carenciadas, tal é um cancro social que importa
sanear. Convém todavia que à entrada que cada um desses novos bairros esteja
uma bandeira da UE, para que depois os moradores não alimentem eleitoralmente
partidos de esquerda eurofóbicos. De resto, o plano é mais do mesmo, mais
milhões para alimentar a máquina estado, desta feita dos contribuintes
europeus. Não falta muito e seremos ultrapassados pela Bulgária, o último da
lista.
Adelino Lopes: Vamos colocar o tema “zombie” em termos populares. Para os economistas, uma empresa torna-se “zombie” quando as receitas não
são suficientes para pagar as despesas, i.e. não existem lucros. Pergunto eu: quando a nossa geringonça declara o “ódio final” aos
lucros, as empresas podem ter lucros? Só mesmo quem não conseguir ter prejuízos. Vejam a hipocrisia: ter lucros de 20% é pornográfico. Mas ter taxas de impostos (IRS, IRC e IVA – qualquer
um) superiores a 20% é de louvar. Mais: para os prejuízos das empresas muito contribuem as
políticas dos estados não é? Por exemplo: existe alguma
razão para que países não democráticos estejam na mesma organização mundial de
comércio dos países democráticos? Por acaso até existe; os interesses dos
grandes produtores da globalização. E qual é o interesse das pessoas que vivem
em países democratas? Pois, os Trumps desta vida são muito maus, mas há (não é a+a; é mesmo existe) falta de melhor, (e portanto) temos de votar neles.
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