Julgo que toda a gente já leu ou viu “A Terra do Nunca”, ao menos pela televisão – o meu caso.
A Internet facilita a leitura, fico grata por isso, num mundo de cerração,
hoje, onde máscaras infames nos reduzem a figuras tão inverosímeis – pelo menos
mais ridículas e trágicas, por serem verdadeiras – como as que povoam a Terra do Nunca, que são de fantasia. E neste mundo
real, sucedem os casos reais que os estudiosos das políticas e do jornalismo
contam, como esse de Boris Johnson, qual Peter Pan na sua “Terra do
Sempre”, por ele actualmente manipulada, história esclarecedora, contada pela
economista Inês Domingos.
Fantasiemos, primeiro, com gratidão pela fuga:
«Terra do Nunca»
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Ilustração
de Peter Pan
com a Neverland ao fundo, por F. D. Bedford, para a obra Peter and Wendy publicada
em 1911.) – Imagem não transposta.
A
Terra do Nunca (País de
Nunca Jamais na versão/tradução mais antigas) é uma ilha fictícia do livro Peter Pan, do escritor
escocês J. M. Barrie. É a morada de Peter Pan,
Sininho, e os Garotos
Perdidos entre outros. Seu
mais conhecido residente recusou-se a crescer, sendo a Terra do Nunca muitas vezes usada como
uma metáfora para o comportamento eternamente infantil, a imortalidade e o escapismo. Foi introduzido pela primeira vez como
o "Never Never Land" em peça de
teatro Peter Pan, or
The Boy Who Wouldn't Grow Up, encenada pela primeira vez em 1904.
Na romantização de 1911 Peter and Wendy,
Barrie refere-se a "Neverland", e as suas muitas variações "The
Neverlands".
1História
2Personagens 3Lugares
4Referências
História
Nos
primeiros rascunhos de Barrie, a ilha foi chamada “A
Ilha do Nunca, Nunca, Nunca de Peter Pan”, por causa de um distrito da Austrália. Quando o filme foi feito, a ilha foi descrita como “Terra do
Nunca, Nunca”. Na publicação,
entretanto, foi abreviada para “Terra do Nunca”, apenas. Michael
Jackson inspirou-se nisso para denominar seu rancho de Terra do
Nunca, o Neverland.
Peter
Pan guiou
Wendy e seus irmãos
para a Terra do
Nunca ao voar “a segunda estrela à direita e então directo, até
amanhecer”. O romance
deixa explícito que ele criou essas direcções na hora, por uma viagem
intuitiva.
Personagens: Alguns personagens da Terra do Nunca são: Peter Pan,
os Meninos
Perdidos, sininho, uma tribo de índios,
sereias,
Capitão Gancho e sua tripulação de piratas
e o crocodilo que comeu a mão do capitão. Peter Pan é o
personagem mais importante da Terra
do Nunca, e a
actividade do reino
depende da sua presença ou ausência.
Lugares: Árvore do Nunca: A casa de Peter Pan e os meninos Perdidos, com sete árvores ocas.
Lagoa das Sereias: O lugar onde lindas sereias passam o tempo se
bronzeando ao sol, penteando seus cabelos longos e nadando.
Ilha da Caveira: Uma ilha em formato de caveira no meio do mar que é uma
caverna de pedras, onde a maré sobe muito depressa.
Aldeia Piccanniny: É um acampamento onde mora Piccanniny,
uma tribo de índios pele-vermelhas.
Navio do Capitão Gancho: Um navio ancorado perto da Terra da Nunca e
controlado por Capitão
Gancho que teve uma
de suas mãos comida e seus piratas.
Referências
Barrie, James
Matthew (1911). Peter and Wendy. [S.l.]: Hodder & Stoughton
Entremos no real agora. Com convicção. Mas com máscara, para esconder a ralação:
Boris Johnson na Terra do Nunca /premium
O Reino Unido está disponível para
chegar ao fim do ano sem qualquer acordo comercial com a UE, nem sequer o mais
básico, que seria a eliminação das tarifas. Se for o caso, é um gigantesco tiro
no pé.
INÊS DOMINGOS, Colunista
do Observador, economista
OBSERVADOR, 12 set
2020
Depois
de meses longe dos holofotes por causa dos efeitos e da resposta ao
coronavírus, o Brexit está de volta. E pelas piores razões. Na quarta-feira o ministro
Brandon Lewis, Secretário de Estado para a Irlanda do Norte, admitiu finalmente no Parlamento, após dias de
especulação e uma demissão no gabinete do primeiro-ministro, que o Reino
Unido poderá vir a incumprir alguns aspectos “específicos” e “limitados” do
acordo de saída que foi assinado com a União Europeia. Mas talvez mais
surpreendente é que no mesmo dia, com Michel Barnier em Londres para tentar negociar os últimos pontos que
faltam para chegar a um acordo comercial, nomeadamente os subsídios do Estado, o
Reino Unido declarou que seguirá a partir de janeiro de 2021 as regras da OMC,
muito mais permissivas do que as regras da UE, relativamente a auxílios de
Estado.
A primeira decisão é, apesar de
arriscada, compreensível até certo ponto. O
Governo britânico pretende eliminar a burocracia recém-criada para o comércio
entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido e decidir unilateralmente
sobre os bens do Reino Unido que seriam sujeitos a tarifas da UE na Irlanda do
Norte, ao arrepio do Tratado que assinou no final do ano passado. A
situação especial da Irlanda do Norte sempre foi um ponto de contenda. Por um lado, uma mudança significativa na liberdade de
movimento de bens e de pessoas na fronteira com a Irlanda arrisca a comprometer
o acordo de Sexta-feira Santa que pôs fim a décadas de violência. Por outro, o
Reino Unido sempre argumentou que não permitiria intromissões na sua
integridade territorial e com esta medida visa afirmar na prática esse
princípio ainda que arrisque um maior descontentamento social e até, no limite,
violência na Irlanda do Norte.
Já o anúncio sobre os auxílios de Estado é mais difícil de compreender. Com esta decisão, o Governo parece estar a renegar
a tradição de liberalismo económico dos últimos quarenta anos. Mas
sobretudo é questionável que as limitações às ajudas de Estado sejam
importantes para o Governo britânico quando os dados da Comissão Europeia
mostram que, entre 2000 e 2018, no Reino Unido foram apenas de 0,2% do PIB, a
segunda taxa mais baixa da UE, representando um terço da taxa em França e menos
de um quarto da taxa na Alemanha.
O
recuo do Governo britânico num tratado internacional e a pressa aparente em
torpedear as actuais negociações podem indiciar uma táctica negocial, devido ao
sucesso na negociação do acordo comercial entre o Reino Unido
e o Japão, anunciado na sexta-feira.
Mas é também um sinal de que está de
facto disponível (e talvez até desejoso) de chegar ao final do ano sem qualquer
acordo comercial com a UE, nem sequer o mais básico, que seria a eliminação
das tarifas. Se for o caso, é um gigantesco tiro no pé. Desde logo porque o recuo num tratado
internacional sobre as Irlandas pode comprometer futuros acordos comerciais,
sobretudo em regiões onde a comunidade de ascendência irlandesa é influente.
Veja-se o caso paradigmático dos Estados Unidos, onde a Presidente da Câmara dos Representantes,
Nancy Pelosi, veio apressadamente anunciar que os Estados Unidos não assinarão
um acordo se a questão irlandesa não ficar resolvida. De qualquer forma, um
acordo entre os Estados Unidos e o Reino Unido estará sempre condicionado pelo
crescente afastamento dos EUA dos assuntos internacionais, tendência que se
manteria até com uma Presidência Biden.
Para além do mais, parece estapafúrdio negociar acordos com regiões distantes,
o que representa custos comerciais necessariamente mais elevados, deixando
para trás um dos maiores mercados mundiais onde o Reino Unido já tem uma quota
de mercado considerável.
Mas a posição do Reino Unido é também
curiosa porque contraria uma longa tradição de maior liberdade na política de
comércio internacional do Reino Unido, especialmente do Partido Conservador.
A própria história da construção europeia foi
marcada de forma determinante pela intervenção de Margaret
Thatcher, quando em 1988 no Colégio da Europa, em Bruges, defendeu uma
melhor aplicação das regras do Tratado de Roma que permitissem concluir o
mercado único até 1992.
Nas
últimas eleições, com o slogan “Get Brexit Done”, o actual
primeiro-ministro britânico interpretou bem o desejo da maioria de avançar
finalmente para uma normalização das relações com a UE após anos de negociações
infrutíferas. Mas
os sacrifícios na reputação internacional, o custo de uma eventual saída sem
acordo, e a aparente machadada na tradição conservadora poderão resultar numa
factura demasiado pesada para Boris Johnson e para o Partido Conservador nos
próximos anos.
BREXIT REINO UNIDO EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS
Fernando Regio: Realmente quem
fica a perder é o Reino Unido, parece-me que deveria fazer melhor as contas,
quem ganha com a separação em quase todos os sentidos é mesmo o Reino Unido.
Portugal pode ter perdido um momento chave em termos de política internacional
para se posicionar, até atendendo à inequívoca dependência do investimento
Britânico por cá.
Basilio Magno: Os políticos
do Reino Unido duma cor ou de outra estão a fazer uma negociata para a qual não
foram mandatados. Se foi o Brexit que foi votado, por que razão querem um
acordo com boas condições para eles? Quem se apresentou para sair á mesa das
negociações? Quem tomou decisões unilaterais e irreversíveis? É claro que não
faz sentido a UE arcar com quaisquer consequências de decisões exclusivas de
cada estado membro. O Brexit só pode prejudicar o Reino Unido. O resto é a típica
manhosice britânica.
António Sennfelt: O sr. Boris Johnson, à semelhança do seu amigo Trump,
não parece ter grande pejo em violar um acordo internacional! A questão que se
coloca é saber quem confiará doravante no Reino Unido.
miguel cardoso:
Exma. Senhora:
Tendo
um especial interesse na política do Reino Unido que, ao longo da sua História,
tem mostrado sempre uma defesa intransigente dos seus interesses com uma
flexibilidade e capacidade de jogo (ou bluff se quiserem) notável, não consigo
compreender a falta de independência da quase totalidade dos comentadores e a
ignorância deliberada do que o regime político-jurídico do RU comporta.
Parte-se
sempre do princípio que a separação é má, independentemente de se admitir que
ela resulta de uma deriva federalista da "Europa" que não foi
sancionada por ninguém que não fossem as "vanguardas bruxelenses"
Um
País, por si, opor-se a esta filosofia passa a ser tabu.
Analisando
o regime político do RU, com todas as contradições e tradicionalismos que que
lhe possam imputar com verdade ou má-fé, a realidade é que ele representa no
seu Parlamento a mais genuína representação das suas variadas circunscrições no
Mundo.
O
seu regime jurídico, por natureza completamente diferente do
"continental" e, na minha opinião pessoal e pelo que observo, menos
sujeito à crítica pública no RU sendo as suas decisões aceites sem o alarido de
outras Nações, não poderá aceitar nunca, com a consequência da sua destruição,
a jurisdição de tribunais superiores aos do "Kingdom".
Para
mais não sei se o RU, apesar de um constante esforço dos media em geral de
ridicularização dos seus dirigentes, não estará a ver mais longe, de forma mais
pragmática e global (mundial), do que a política europeia, dividida e de rumos
indefinidos.
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