Afinal, o que todos quiseram, desde o início, não foi o volante da governação que lhes fez préstimo? Depois, com o rodar da viatura – tirante o “motorista” mais cauteloso, que tentou reverter a marcha, em altura de despenhadeiro, logo coarctado pelo guarda-mor dos interesses que sobretudo o e nos comandam – encontramo-nos novamente, não com o Álvaro de Campos do “Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra”, da insatisfação perene, de sonho e fantasia, mas da frota automóvel do Estado “a renovar" ”com a aquisição de mais 200 veículos eléctricos para a administração pública”, para efeitos objectivos bem prestáveis de anti-poluição ambiental “à la page”.
Mas… Despoluamo-nos, um pouco, com o tal Chevrolet da estrada de Sintra, para curtirmos – parcamente, embora - de toda esta pandemia:
Ao
volante do Chevrolet pela
estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro
mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir
ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar
mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em
Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter
ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem
consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na
estrada da vida...
Ainda existe o PS que Mário Soares quis? /premium
Casado com a esquerda à sua esquerda,
o PS mudou. Não se vislumbrando que o “social democrata” que manda no Largo do
Rato se aflija com tamanha metamorfose e os seus nefastos (irreversíveis?)
efeitos.
MARIA JOÃO AVILLEZ
OBSERVADOR, 16 set
2020
1.-É
raro participar em abaixo-assinados, poucas vezes me aconteceu. Desta vez não.
Juntei — com gosto e convicção — o meu nome a outros nomes, há meses que trazia
na cabeça aquele gesto inquisitorial vindo de um sector vital do Estado como é
a Educação: recorrendo a imerecido chumbo enxotaram-se dois (óptimos) alunos
dos respectivos anos lectivos, fazendo-os recuar de ano por os pais se
recusarem a que frequentassem uma disciplina —Cidadania — na escola pública que
frequentam.
Como
em todos os abaixo-assinados deste mundo que já conheceu dias mais limpos, e de
um país que já teve maior decência, não julguei prioritário que a minha
assinatura acolhesse cada alínea do articulado. Muito mais que ser especiosa
quanto ao texto, moveu-me o sacrossanto princípio de um pai ou de uma mãe
poderem dispor do seu insubstituível critério na escolha da educação de um
filho — e nem preciso de recorrer à Constituição; e moveu-me obviamente a
arbitrariedade da “punição” aos alunos e a espantosa naturalidade com que
castigo tão inédito ocorreu aos responsáveis educativos.
Uma
estreia “assoluta”, como na ópera, mas não estamos na ópera. Estamos a lidar
com gente perigosa que não hesita no uso dos meios. Horas depois de conhecido o
abaixo-assinado recorreu-se ao tique habitual: adulterou-se ou subverteu-se,
atribuindo aos signatários intenções que não tinham, ideias que não eram as
suas, propósitos que nunca defenderam. Como quem arreda uma pedra do caminho, desviou-se
a verdade para a manipulação e o fundo do problema — e a sua argumentação —
foram expeditamente trocados por gratuitas acusações e intencionais confusões.
Mas
o que aqui interessa é que se está perante um ousadíssimo upgrading na colonização
da opinião pública e publicada, das formas mentais, do espaço mediático, do ar
do tempo. Tão ousado que me interrogo: quem tanto nos detesta dar-se-á
porém conta da cada vez maior ausência de racionalidade política naquilo de que
nos acusa? E da pouca ou nenhuma relação com a realidade como ela é, naquilo
que diariamente os colonizadores vociferam contra os colonizados? Não sendo a
realidade algo de facultativo, talvez um dia alguém dê por isso.
2Declaração
impopular: não gostaria que os meus netos — agora já todos a viver em Portugal
— frequentassem a tão acarinhada disciplina da “Cidadania”. Não pelo
desconforme tratamento das questões de género mas pela pateteira geral. A
questão do género é apenas uma parte de um desconjuntado universo de temas
pseudo-científicos, espalhados por uma desgraçada escolha de conteúdos. E como
teria sido inteligentemente desafiador eleger outros, tornando assimilável uma
disciplina que agora é só risível. É preciso dizer isto setenta vezes sete vezes:
o que incomoda, embaraça e constrange é a vacuidade da própria disciplina.
Ensiná-la com este zelo faz mal à saúde do país.
3O
actual estado de coisas no PS — o seu radicalismo, um visceral abuso
de poder, a arrogância e a impunidade com que se habituou a agir, o seu
critério imperial — não
começou hoje, não é só daqui, não é novo, nem existe só uma causa. Mas uma há,
fortíssima e que de tão eloquente, radiografa bem a nova paisagem política
nacional: o fim da fulcral diferenciação entre o PS que sempre conhecemos —
o PS como Mário Soares o fez e o quis — e as esquerdas à sua esquerda. Arrasaram-se
as fronteiras — convictas, sólidas, estáveis —, um novo PS foi desmembrando o
antigo, o partido metamorfoseou-se. Vitoriosamente, de resto: o novo socialismo
vê-se e revê-se nos universos à sua esquerda, deu-se um reencontro de famílias,
primos e irmãos juntaram-se uns aos outros. Passou a haver cumplicidade,
objectivos comuns, entendimento, alegrias partilhadas.
A
geringonça não saiu aliás assim tão cara: sem remorso, a esquerda do Bloco
engoliu o euro, as contas ou a NATO para ganhar com gáudio o resto: os
costumes, as questões fracturantes, a relativização de tudo, toda essa actual
parafernália de temas, exigências e reivindicações com que activamente se entretêm
a dissolver a civilização ocidental. O fim das fronteiras que durante décadas
separaram estes dois mundos — que entre si nunca porém dispensaram o combate
político, o aceso confronto partidário ou a tensão da luta — foi também o fim
de um certo entendimento que existia tacitamente na política portuguesa. E que
naturalmente se reflectia na sociedade e na relação entre os portugueses.
Encostado à esquerda da sua esquerda
— ou já mesmo casado com ela — o
PS mudou de pele. Julgo que terá sido de vez, seguindo aliás os seus pares
extramuros. Não se vislumbrando que quem mande ou decida no Largo do Rato, apesar
de se definir como “socialdemocrata”, se aflija com tamanha metamorfose e
os seus nefastos efeitos. E os outros socialistas aparentemente também não.
Uns foram colonizados, outros deixaram-se capturar. E quem resiste é triturado
como ainda agora sucedeu — furiosamente, raivosamente, odiosamente — com Sérgio
Sousa Pinto por ter exprimido uma opinião dissonante da “casa”, ao partilhar
com gente séria a sua indignação face ao ocorrido com os alunos punidos pela
não comparência à disciplina de Cidadania.
E
ora aí está: a alta voltagem do ódio no ataque a Sousa Pinto seria difícil de
atingir há dez, vinte anos Não me lembro que se recorresse diariamente ao
insulto soez, que fosse costume praticar a difamação como norma, utilizando
mentira com o automatismo de quem abre ou fecha uma torneira. (Lembre-se a propósito que raros são os que do PSD
para a sua direita têm direito de cidade: é-lhes automaticamente retirado de
cada vez que abrem a boca e destoam. Sucede o mesmo nas moradas da esquerda
europeia? Acontece também com os democratas norte-americanos? Sim, mas é fraco
o consolo.)
A
verdade é que passámos a testemunhar atitudes e factos tão acintosos que todas
as dúvidas são permitidas sobre a moral, a decência, a integridade, a cidadania
— a verdadeira — de quem usa tanta voltagem na apropriação do poder.
4E
depois há a outra metade do país, a que não consta. Uns por desistência, outros
por comodismo, outros pelo silêncio, outros por medo, não constam. Deixaram-se desactivar. São por isso hoje largas e
amplas as margens do consentimento face à colonização em curso. Devíamos
logo ter desconfiado quando os vimos – aos do PSD e do CDS – ter fastio ou mesmo
vergonha em assumir a herança da sua própria governação, chefiada por Passos
Coelho, entre 2011 e 2015. Fazendo dela um pecado em vez de um trunfo político
— Portugal começou a crescer em 2013, não houve segundo resgaste, o país saiu
de todas as linhas vermelhas que herdara, Passos ganhou de novo as eleições. E, quem havia de dizer, a geringonça levou até de
brinde uma confortabilíssima almofada financeira, que de muito lhe serviu.
O
erro cometido ontem pela não reivindicação desta herança explica aliás — bem
melhor do que se pensa — a despida, desolada paisagem (ou deveria dizer a
humilhante paisagem?) onde vegeta agora a tal metade. Para ficarmos hoje por
aqui em matéria de erros e consentimentos.
5Pergunta
ociosa: ninguém quer acabar com isto?
COMENTÁRIOS:
Margarita Vicente: Mais um magnífico texto que só
peca ligeiramente no pressuposto assumido de que Costa teria qualquer
consideração que fosse pela história e património do PS. Para o Costa, Portugal
conta zero e o partido muito pouco mais e exclusivamente no sentido em que lhe
permite manter-se agarrado ao poder pessoal. Ter convertido um partido que com
propriedade se poderia reclamar partido da liberdade e da democracia, no qual,
aliás, cheguei a votar, em mais um pardieiro da extrema-esquerda totalitária,
pesa-lhe zero na consciência. E desengane-se quem pensa que isto se trata de
fase passageira. O partido está minado por entristas extremistas e pelos dependentes
até ao seu mais profundo âmago. O que agora vemos, só piorará antonyo antonyo: Muito bom ! Inexplicável o post - Passos . Inexplicável a anestesia da gente séria e
democrática ao assistir a estes dislates. Mas não consigo não me revoltar com o
caso da deputada do PS que falsificou documentos para obter vantagem económica
e é punida com 1.000€ de multa ! E vai
continuar representante do povo ? E do PS ?
Carlos Almeida: Concordo plenamente com esta magnífica análise da admirável jornalista
Maria João que muito admiro pelo seu desassombro. Obrigado. Fernando Magalhães: Subscrevo as suas opiniões e
sentimentos em relação ao que escreveu Anarquista Inconformado: Que falta de conhecimento sobre
a vontade politica de Mário Soares, é incompreensível que a senhora jornalista
julgasse que Mário Soares não tenha percebido nunca, como foi utilizado pela
oligarquia corrupta e cleptocrata de que a senhora é funcionária.
Ele e todos como ele com conhecimentos da política
contemporânea, como Eanes por exemplo acordaram para a realidade, foi pena não
terem a coragem de desmascarar a seu tempo esse gang. Percebeu, D. Maria João Avilez?
Paulo Ferreira > Anarquista Inconformado: Mas conhece uma oligarquia mais corrupta e cleptocrata que a que está
actualmente no poder? Maria Augusta > Anarquista Inconformado: Tu és o exemplo acabado do serventuário da oligarquia
corrupta e cleptocrata, basta seres comuna. Aguenta! Anarquista
Inconformado > Paulo Ferreira: Conheço, assim como todos aqueles que a serviram e a
ajudaram a saquear o meu país. Pois basta ver o desespero de todos aqueles que
serviram e apoiaram semelhantes criminosos que aqui revelam diariamente o seu ressabiamento
e derrota
antonyo antonyo > Anarquista Inconformado: A “ oligarquia corrupta e cleptocrata “ foi aquela que
tirou o país do caos socialista ? Manuel: Os apoiantes do PREC tomaram conta do P$.
O P$ não passa de um gang de crime organizado. Maria Clotilde Osório: Muito bom. Obrigada
pedro dragone: "Ainda existe o PS que Mário Soares
quis?" Que pergunta mais tonta! Mas não foi o próprio Mário Soares que em fim de
vida, no célebre encontro das esquerdas na sala da "Aula Magna" da
UL, pediu às esquerdas que se unissem contra as ameaças do "neo-liberalismo"?
Então o seu
"Peiésse" fez-lhe a vontade!
Paulo Ferreira > pedro dragone: Esse Mário Soares estava completamente senil, ja
o que escrevia nos jormais era anedótico.
Carlos Chaves: Caríssima Maria João, magnifica análise e excelente
pergunta no epílogo! Rui De Azevedo Teixeira: Parabéns, Mª João Avillez!...e
recordo apenas o que Vasco Pulido Valente escreveu em Setembro de 2015: "Desde a I
República que não aparecia um cacique da envergadura do dr. Costa, pronto a
meter o país no fundo por vaidade pessoal ou conveniências partidárias".
Maria Augusta > Rui De Azevedo Teixeira: Excelente comentário.
Maria do Rosário Moreira: Maravilha de
exposição. Obrigada Dr.a Maria João! Manuel
Magalhães: Muito bem Maria João, só que há uma coisa que nunca é demais repisar e que
embora seja aflorada no texto, que é a falta de vontade de combate do PSD e do
CDS (ridículos complexos de esquerda ou erradíssimos tacticismos) que nos
levaram a esta decadência, depois admiram-se que surjam novos partidos
devidamente aguerridos, pois é disso que a nossa política precisa como do pão
pra boca... Filipe F: Costa corrompeu o partido e,
por arrasto, o governo em benefício político próprio e de curto prazo. Por isso
vai ficar na história com o cognome de "habilidoso". Deixar crescer
os galambas e nunos santos vai ter resultados dramáticos. Se calhar pensava que
os controlava e se livrava deles quando quisesse. Como tem sido a sua prática
política desde sempre. Mas desta vez o feitiço vai-se virar contra o o
feiticeiro. Qualquer dia é apeado e deixa-nos entregues a esta gente, a caminho
do subdesenvolvimento.
Madalena Magalhães Colaço:
No ano de 1936, Carneiro
Pacheco era nomeado, pelo Estado Novo, ministro do então chamado Ministério de
Instrução Pública. Na sua reforma educativa, conhecida como a Reforma Carneiro
Pacheco, o ministério da Instrução passou a Ministério da Educação Nacional.
Cabia ao Estado a função não só de instruir mas também a de educar demitindo os
pais dessa função. Na sua reforma destaca-se que os professores precisavam da
autorização do Estado para se poderem casar. Como a Maria João aqui expôs neste
texto, não estamos muito longe deste tipo de modelo onde o Estado decide sobre
tudo. Raquel Varela foi a única que ouvi dizer que
a escola é para ensinar ciência, não concordando com a disciplina de cidadania.
O Estado, desde 1936, que se arroga no direito de educar demitindo os pais
dessa função. Muitos comentadores vieram dizer que preferem o Estado aos pais
no que respeita ao ensino na questão da cidadania. O perigo não tem a ver com o
conteúdo da cadeira, mas a arrogância com que se julga os pais como uns
incompetentes para educarem os seus filhos.
Certo que há famílias disfuncionais, mas a maioria dos portugueses
procura educar os seus filhos o melhor que sabe e sabe-o certamente melhor que
o estado essa entidade abstracta. Deveria voltar-se ao Ministério da Instrução.. Brent Hinds > Manuel Magalhães: Não gosto deste governo, não
sou socialista... apenas sou Moderado. Analisando, a sociedade está muito diferente, os pais têm menos tempo para
os filhos, e a educação a maioria das vezes é esquecida. Concordo com a nova
disciplina, mas também concordo que tenha de ser leccionada com o máximo
respeito e sem alimentar ideologias partidárias Maria
Nunes: Excelente. Devagarinho estamos cada vez mais perto de uma ditadura. Filipe
Paes de Vasconcellos: Pensamento crítico! Pensamento crítico! Pensamento crítico! Como não me canso de dizer e de escrever nos
comentários que faço , o nosso regime político transformou-se numa ditadura dos
tempos modernos, suportada por um PR que aproveitou a sua popularidade para
fazer de mestre cerimónia do regime social comunista e porta-voz do governo
socialista com o apoio da extrema esquerda. Educação das nossas crianças: uma adolescente perguntou-me
porque não se ensina e promove o pensamento crítico. Isto sim seria uma
excelente opção. Ora o que esta gente nunca quererá é que os nossos jovens e
futuros líderes deste País tenham pensamento crítico. O que esta gente quer é
introduzir filosofias marxistas impostas há 100 anos, os tais aparelhos
ideológicos do estado que geraram mortes, fome e miséria. Temos uma comunicação
social que suporta este regime ( lá estão os aparelhos ideológicos do estado). Quando a comunicação social é financiada aberta e às
claras pelo regime. Quando temos jornalistas e comentadores políticos cada vez
mais submissos à nomenclatura reinante, destruindo imediata e despoticamente
qualquer mensagem que venha do espaço político que não seja o da tríade social
comunista. Quando um partido político, o
PS, gera 3 bancarrotas, 2 décadas sem crescimento económico, 1 presidente do
partido e 2secretários gerais e 2 primeiros-ministros manhosos, nada mais há a
dizer, a não ser uma coisa: nunca se retrataram nem pediram desculpa, nem
mostraram qualquer arrependimento!
Quanto ao meu PSD
é que não digo mesmo, mesmo nada!
E, fico-me por
aqui!
Ana Ferreira: Felizmente não! Tal qual aliás,
o PPD de Sá Carneiro ou o PC de Cunhal. Chama-se evolução, e tem a ver com as
novas circunstâncias.
Antes pelo contrário: Que Mário Soares quis - quando? Só se foi antes das eleições de 1976!!! Porque logo a seguir a essas eleições, o PS
já se tinha transformado naquilo que é
actualmente!!! Na altura começaram logo a
chamar ao PS "a maior agência de emprego de Portugal", e muitos dos
meus colegas de faculdade foram a correr inscrever-se no Largo do Rato, e
passado pouco tempo tinham arranjado emprego, numa altura em que isso era
dificílimo e não havia emprego quase para ninguém. E como antes disso o PCP tinha ocupado todos os lugares daqueles que tinha
saneado, nos Ministérios, faculdades, câmaras e empresas e tinha lá posto os
seus peões e "comissários" durante o Gonçalvismo, isso permitiu ao PS
"despachar" essa gente para arranjar lugar para os boys e girls
"socialistas", que passaram a mandar nisto tudo. O mais grave, é que pelo facto de terem sido os comunistas que - sem
eleições - tomaram o poder em 1975, e logo a seguir os Socialistas, depois das
eleições em 1976, os primeiros a pôr a sua gente nas Câmaras e nos Ministérios,
não apenas nos lugares de nomeação política (que mudam com as eleições), mas em
toda a hierarquia, desde a direcção até em certos casos as mulheres da limpeza
e os motoristas, o resultado foi o Portugal que temos actualmente...!!! É isso que explica como é que o PCP, nos primeiros anos do regime (e ainda
hoje) conseguiu sabotar os governos do PS, e como é que o PS, depois de ter ocupado ele próprio o Poder, não
apenas visível, mas sobretudo o poder invisível dentro das Empresas
Públicas e dos Ministérios, Universidades, etc., tem
conseguido sabotar os governos do PSD e CDS, actuando muitas vezes na
sombra, de dentro da própria administração!!! Se olharem com atenção, alguns Ministérios têm de facto gente do PSD, mas o
PS domina inteiramente a Justiça, a Administração Interna, a Cultura, as
Finanças, a Educação, a Saúde e a Seg. Social, deixando umas migalhas para o
PSD noutros ministérios ou em algumas secretarias de Estado menos
importantes... E explica também a Comunicação
Social que temos, onde aconteceu exactamente o mesmo, e onde em cada órgão -
jornal, canal, etc. - existem ainda hoje "dinossauros" do PCP e do
PS, com uma diferença: É que contrariamente aos Ministérios, é na Comunicação Social que tem
havido mais infiltrados do Bloco de Esquerda,
que por terem chegado demasiado tarde e serem "anti-sistema",
preferem dedicar-se à deturpação de factos e à propaganda, da forma mais vil e
abjecta possível!!! Este é o PS - e o País – que Mário Soares não apenas quis, mas fabricou!!! Uma rede de tráfico de influências, muitas vezes por via familiar, ao
estilo da Máfia italiana, infiltrada em todo o lado!!! Isto não é uma "figura de estilo" - é a realidade.
antonyo antonyo > Antes pelo contrário: O Pcp muito antes do 25 de
Abril introduzia militantes em várias organizações, especialmente médicos,
magistrados do MP , professores , etc. Em
todas as profissões com relevo no contacto com as populações . J S: Ainda existe o PS que Mário Soares quis?
NÃO! Há um PS que
muitos lutaram para não ser este PS. Um PS acomodado ao poder, um PS que se
verga à esquerda para se manter. Um PS que criou quadros me mais quadros na
administração pública para perpetuar o poder. Mário Soares foi um homem que
apesar de tudo colocou interesses da nação acima dos do partido, este PS não é
isto.
Antes pelo
contrário > J S: Não é "acomodado". O PS "é " o poder.
Carlos Quartel: Tempo de acordar, cara cronista. Anos a permitir e a acarinhar essa invasão nas
redacções, essas fracturações tão progressistas e modernaças, só agora começam
a ver o ovo da serpente. Esta é gente perigosa, a sua melhor frase. Claro que são perigosos, não a
prendem, nem ao Sérgio, nem a todos os que não estão com eles, porque estamos
na Europa, estamos na UE e é preciso cuidado para não secar a teta que os
sustenta. Mas não têm pejo em exercer represálias sobre crianças, impedindo-as de
progredir na escola. E fizeram-no perante a indiferença de Rio, do Ventura ou
do Chicão, que deviam ter mobilizado as populações perante tal escândalo, tal
violência sobre menores. Em resposta à sua pergunta, acabar com isto implica incómodo, luta,
mobilização e organização. Para que serve a oposição???
VICTORIA ARRENEGA > Carlos Quartel: Concordo com a sua opinião.
Para que serve a oposição? E neste momento onde está? PSD e CDS desapareceram
de cena. As figuras que melhor pensam nestes partidos não querem dar a cara. Ataca-se
furiosamente Pedro Passos Coelho e despreza-se o que foi feito pelos portugueses
durante esses anos difíceis. Quando pergunto aos meus conhecidos o valor do
défice quando Sócrates saiu e o valor do mesmo quando Pedro Passos Coelho foi
embora, não me sabem responder. Não há movimentos de cidadania. O Ventura é
visto como um fenómeno passageiro. Portanto estamos feitos e a caminho
alegremente de uma nova bancarrota mas desta vez não estou a ver quem vai dar o
peito às balas.
Rui Lima: Mário Siares era antes de mais
um amante da liberdade. Sérgio S. Pinto herdou esse valor escreveram o livro
Diálogo de Gerações Mário Soares (Autor) Sérgio Sousa Pinto (Autor).
bento guerra: Finalmente, chegou-se ao
"socialismo" que Soares quis. Quase o PRI mexicano, donos disto tudo.
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