quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Tópicos de uma História que fomos vivendo


Por Teresa de Sousa, sempre atenta e eficiente, na percepção de mais um buraco negro a precipitar os povos da Terra para o extermínio, se, entretanto...
IRÃO:    Relações EUA-Irão desde o golpe de 1953 até aos ataques com mísseis de 2020
Quase sete décadas de relações entre norte-americanos e iranianos marcadas por vários momentos de tensão.
Reuters
TERESA DE SOUSA    PÚBLICO, 8 de Janeiro de 2020
O Irão prometeu uma dura vingança depois do ataque aéreo norte-americano de sexta-feira em Bagdad que matou Qassem Soleimani, comandante da Força Quds, força de elite iraniana, e arquitecto da sua crescente influência militar no Médio Oriente. Os Estados Unidos afirmaram que a operação visava evitar um “ataque iminente” que poria em perigo americanos no Médio Oriente.
A seguir fazemos a cronologia dos principais acontecimentos na relação entre os EUA e o Irão:
1953– A CIA ajuda a orquestrar o derrube do popular primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, restaurando o poder do xá Reza Pahlavi.
1957– Os EUA e o Irão assinam um acordo de cooperação nuclear civil.
1967 – Os EUA fornecem ao Irão um reactor nuclear e combustível de urânio enriquecido a 93%, capaz de ser utilizado em fabrico de armamento.
1968 O Irão assina o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o que lhe permite ter um programa nuclear civil em troca do compromisso de não adquirir armas nucleares.
1979A Revolução Islâmica do Irão força o xá, apoiado pelos EUA, a fugir. O ayatollah Ruhollah Khomeini regressa do exílio e torna-se o líder religioso supremo. Estudantes fundamentalistas cercam a embaixada dos EUA em Teerão e fazem os funcionários reféns.
1980 – Os EUA cortam relações diplomáticas com o Irão, confisca os bens iranianos e proíbe a maior parte do comércio com o país; a missão de libertação dos reféns ordenada pelo Presidente Jimmy Carter redunda em fracasso.
1981 – O Irão liberta os 52 reféns norte-americanos minutos depois da saída de Carter e a tomada de posse de Ronald Reagan como Presidente dos EUA.
1984 – EUA colocam o Irão na lista dos estados que patrocinam o terrorismo.
1986 – Reagan revela a existência de um acordo secreto de venda de armas ao Irão que viola o embargo dos EUA.
1988 – O navio de guerra norte-americano Vincennes abate por engano um avião comercial no Golfo Pérsico, matando as 290 pessoas a bordo.
2002 – O Presidente George W. Bush afirma que Irão, Iraque e Coreia do Norte são um “eixo do mal”. Membros do Governo norte-americano acusam Teerão de manter um programa de armas nucleares secreto.
2006 – Washington mostra-se disposto a participar em negociações multilaterais com o Irão se se verificar que este suspendeu o enriquecimento de urânio.
2008 – Bush envia pela primeira vez um representante oficial para participar nas negociações com o Irão em Genebra.
2009 – O Presidente Barack Obama diz aos líderes iranianos que estenderá a mão se eles “descerrarem o punho”.
2009 – Reino Unido, França e os EUA anunciam que o Irão está a construir uma instalação secreta de enriquecimento de urânio em Fordow.
2012 – A lei dos EUA dá a Obama o poder de sancionar os bancos estrangeiros que não ajudem a reduzir significativamente as importações de petróleo iraniano. As vendas de petróleo iraniano caem, provocando uma crise económica.
Representantes oficiais de EUA e Irão iniciam conversações secretas sobre o tema nuclear que se intensificam em 2013.
2013 Hassan Rouhani é eleito Presidente do Irão com base num programa de melhoria da economia e das relações diplomáticas do país.
Em Setembro, Obama e Rouhani falam pelo telefone, o contacto de mais alto nível entre os dois países em três décadas.
Em Novembro, o Irão e seis grandes potências chegam a acordo para um Plano Conjunto de Acção sobre a questão nuclear. O Irão aceita restringir o seu programa nuclear em troca de um levantamento limitado das sanções.
2016 – O Irão liberta dez marinheiros norte-americanos que foram apanhados em águas territoriais iranianas; EUA e Irão levam a cabo uma troca de prisioneiros.
2018 – O Presidente Donald Trump retira os EUA do acordo nuclear em Maio e volta a impor duras sanções económicas ao Irão.
2019 – Os EUA declaram os Guardas da Revolução como “organização terrorista” em Abril.
Em Maio, o Irão anuncia que irá aumentar a sua produção de urânio enriquecido, contrariando os compromissos assumidos no acordo nuclear.
Petroleiros atacados no Golfo Pérsico em Maio e Junho. Os EUA acusam o Irão que nega as acusações.
Em Junho, o Irão abate um drone americano que diz ter entrado no espaço aéreo iraniano e em Julho apreende um petroleiro britânico.
Em Setembro, a companhia petrolífera saudita é atacada por drones e mísseis balísticos alegadamente iranianos; Teerão nega qualquer envolvimento.
Em Dezembro, ataques contra bases militares dos EUA no Iraque matam um cidadão norte-americano. Os EUA acusam uma milícia iraniana no Iraque de estar por trás do ataque e atacam as suas bases em retaliação. Milícias apoiadas pelo Irão protestam junto à embaixada dos EUA no Iraque, atacando o posto de segurança.
2020– No dia 3, os EUA matam o general Qassem Soleimani, comandante das Força Quds, unidade de elite dos Guardas da Revolução, num ataque aéreo perto do aeroporto de Bagdad, no Iraque.
Na madrugada desta quarta-feira, o Irão atacou com mísseis balísticos duas bases no Iraque (Al-Asad e Erbil) com militares norte-americanos.
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COMENTÁRIOS:
Mapril_Oliveira: Tudo começou quando os EUA derrubaram o governo legítimo (e popular) do Irão para lá colocarem o xá, que não passava de um fantoche dos EUA. Não admira que os americanos sejam odiados por aquelas bandas...
Rodrigues Lopes: O cidadão americano era um mercenário e a base atacada situa-se em “território“ kurdo. Os kurdos e as mílicias xiitas (PMU), não såo inimigas, lutaram lado a lado na batalha contra o EI. O mercenário nunca foi nomeado, estando ainda por ser apresentada qualquer prova da sua morte pelos EUA. A base que os EUA atacaram, fica a cerca de 500km da área kurda e foram mortas 25 pessoas entre cívis e militares iraquianos e sírios. Todos estes acontecimentos têm a ver com a recusa dos EUA em reconstruirem o país que destruíram, situação denunciada pelo actual PM demissionário do Iraque, que pediu à China a integração do país na BRI. Os EUA incitaram as recentes demonstrações no Iraque e há rumores de terem sido vistos ,“snipers”, a atirar em manifestantes e polícias causando parte das mortes. Num discurso profundo, o PM iraquiano Abdul-Mahdi, fez estas e outras revelações sobre conversas que teve com Trump, ao telefone, em que este ameaçou, não só Mahdi como outras figuras de estado iraquiano com as mais diversas formas de pressão, incluíndo a morte. Soleimani viajou para Bagdade em missão diplomática, levando consigo a menssagem de Teerão a ser entregue a bin Salman, nas conversações em que o Iraque estava a ser o mediador e que tinham em vista a normalização das relações entre o Irão e A. Saudita. O regime de Washginton jamais quererá um entendimento entre estes rivais, actuando de modo covarde, assassinando Soleimani e restante comitiva. O regime de Washginton porta-se como a máfia e Trump mais parece um dono de um casino que o presidente dos EUA.
António Cunha: Exactamente. Essa é a solução: o mundo islâmico falar com as suas diferenças - xiitas e sunitas. Obviamente que não interessa paz aos EUA. Iam viver de quê, justamente no período de emancipação asiática?!
Bolsominion #2710.881784: Bush Senior recusou-se a pedir desculpa pelo abate do avião comercial pelo Vincennes, afirmando que "nunca pediria desculpa pelos Estados Unidos". Fora isso, parabéns ao Público, que ilumina a ingerência dos Estados Unidos noutro país há décadas. A maior parte dos media só falam da relação entre estes dois países começando no rapto de reféns da embaixada americana, como se os iranianos tivessem acordado um dia e decidido atacar uma embaixada pela diversão. Vá se la saber porquê...
António Cunha: Raquel Azulay, a nossa evangélica americana só recomenda a história a partir de 1979.
lgss: Errata: E' Guardas da Revolução Islamica. Trump ameacou o Irao com um ataque aereo no passado Junho.

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