Por Teresa de
Sousa, sempre atenta e eficiente, na
percepção de mais um buraco negro a precipitar os povos da Terra para o extermínio,
se, entretanto...
IRÃO:
Relações EUA-Irão desde o golpe de 1953 até aos ataques com mísseis de
2020
Quase sete décadas de
relações entre norte-americanos e iranianos marcadas por vários momentos de
tensão.
Reuters
TERESA DE SOUSA PÚBLICO, 8 de Janeiro de 2020
O Irão prometeu uma dura vingança depois do ataque aéreo
norte-americano de sexta-feira em Bagdad que matou Qassem Soleimani, comandante da Força Quds, força de elite iraniana, e
arquitecto da sua crescente influência militar no Médio Oriente. Os Estados
Unidos afirmaram que a operação visava evitar um “ataque iminente” que poria em
perigo americanos no Médio Oriente.
A seguir fazemos a cronologia dos principais acontecimentos na relação
entre os EUA e o Irão:
1953– A CIA ajuda a
orquestrar o derrube do popular primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, restaurando o poder do xá Reza Pahlavi.
1957– Os EUA e o Irão
assinam um acordo de cooperação nuclear civil.
1967 – Os EUA fornecem
ao Irão um reactor nuclear e combustível de urânio enriquecido a 93%, capaz de
ser utilizado em fabrico de armamento.
1968 – O Irão assina o
Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o que lhe permite ter um
programa nuclear civil em troca do compromisso de não adquirir armas nucleares.
1979 – A Revolução
Islâmica do Irão força o xá, apoiado pelos EUA, a fugir. O ayatollah
Ruhollah Khomeini regressa do exílio e
torna-se o líder religioso supremo. Estudantes fundamentalistas cercam a
embaixada dos EUA em Teerão e fazem os funcionários reféns.
1980 – Os EUA cortam
relações diplomáticas com o Irão, confisca os bens iranianos e proíbe a maior
parte do comércio com o país; a missão de libertação dos reféns ordenada pelo Presidente
Jimmy Carter redunda em fracasso.
1981 – O Irão
liberta os 52 reféns norte-americanos minutos depois da saída de Carter e a
tomada de posse de Ronald
Reagan como Presidente
dos EUA.
1984 – EUA colocam o
Irão na lista dos estados que patrocinam o terrorismo.
1986 – Reagan revela
a existência de um acordo secreto de venda de armas ao Irão que viola o embargo
dos EUA.
1988 – O navio de
guerra norte-americano Vincennes abate por engano um avião comercial no Golfo Pérsico, matando as 290
pessoas a bordo.
2002 – O Presidente George
W. Bush afirma que Irão, Iraque e
Coreia do Norte são um “eixo do mal”. Membros do Governo norte-americano
acusam Teerão de manter um programa de armas nucleares secreto.
2006 – Washington
mostra-se disposto a participar em negociações multilaterais com o Irão se se
verificar que este suspendeu o enriquecimento de urânio.
2008 – Bush
envia pela primeira vez um representante oficial para participar nas
negociações com o Irão em Genebra.
2009 – O Presidente
Barack Obama diz aos líderes iranianos que estenderá a mão se eles “descerrarem
o punho”.
2009 – Reino
Unido, França e os EUA anunciam
que o Irão está a construir uma instalação secreta de enriquecimento de urânio
em Fordow.
2012 – A lei dos EUA dá
a Obama o poder de sancionar os bancos estrangeiros que não
ajudem a reduzir significativamente as importações de petróleo iraniano. As
vendas de petróleo iraniano caem, provocando uma crise económica.
Representantes oficiais de EUA e Irão iniciam
conversações secretas sobre o tema nuclear que se intensificam em 2013.
2013 – Hassan Rouhani é eleito Presidente do Irão com base num programa de melhoria
da economia e das relações diplomáticas do país.
Em Setembro, Obama e Rouhani falam pelo telefone, o
contacto de mais alto nível entre os dois países em três décadas.
Em Novembro, o Irão e seis grandes potências chegam a acordo para um
Plano Conjunto de Acção sobre a questão nuclear. O Irão aceita restringir o seu
programa nuclear em troca de um levantamento limitado das sanções.
2016 – O Irão liberta
dez marinheiros norte-americanos que foram apanhados em águas territoriais iranianas;
EUA e Irão levam a cabo uma troca de prisioneiros.
2018 – O Presidente
Donald Trump retira os EUA do
acordo nuclear em Maio e volta a impor duras sanções económicas ao Irão.
2019 – Os EUA declaram
os Guardas da Revolução como “organização terrorista” em Abril.
Em Maio, o Irão anuncia que irá aumentar a sua produção de
urânio enriquecido, contrariando os compromissos assumidos no acordo nuclear.
Petroleiros atacados no Golfo Pérsico em Maio e Junho. Os EUA acusam o Irão que nega as acusações.
Em Junho, o Irão
abate um drone americano que diz ter entrado no espaço aéreo iraniano e em
Julho apreende um petroleiro britânico.
Em Setembro, a
companhia petrolífera saudita é atacada por drones e mísseis balísticos
alegadamente iranianos; Teerão nega qualquer envolvimento.
Em Dezembro, ataques
contra bases militares dos EUA no Iraque matam um cidadão norte-americano.
Os EUA acusam uma
milícia iraniana no Iraque de estar por trás do ataque e atacam as suas bases
em retaliação. Milícias
apoiadas pelo Irão protestam junto à embaixada dos EUA no Iraque, atacando o
posto de segurança.
2020– No dia
3, os EUA matam o general Qassem Soleimani, comandante das Força Quds, unidade de elite dos
Guardas da Revolução, num ataque aéreo perto do aeroporto de Bagdad, no Iraque.
Na madrugada desta quarta-feira, o Irão atacou com mísseis balísticos
duas bases no Iraque (Al-Asad e Erbil) com militares norte-americanos.
TÓPICOS
COMENTÁRIOS:
Mapril_Oliveira: Tudo começou quando os EUA
derrubaram o governo legítimo (e popular) do Irão para lá colocarem o xá, que
não passava de um fantoche dos EUA. Não admira que os americanos sejam odiados
por aquelas bandas...
Rodrigues Lopes: O cidadão americano era um
mercenário e a base atacada situa-se em “território“ kurdo. Os kurdos e as mílicias xiitas
(PMU), não såo inimigas, lutaram lado a lado na batalha contra o EI. O
mercenário nunca foi nomeado, estando ainda por ser apresentada qualquer prova
da sua morte pelos EUA. A base que os EUA atacaram, fica a cerca de 500km da
área kurda e foram mortas 25 pessoas entre cívis e militares iraquianos e
sírios. Todos estes acontecimentos têm a ver com a recusa dos EUA em
reconstruirem o país que destruíram, situação denunciada pelo actual PM
demissionário do Iraque, que pediu à China a integração do país na BRI. Os EUA
incitaram as recentes demonstrações no Iraque e há rumores de terem sido vistos
,“snipers”, a atirar em manifestantes e polícias causando parte das mortes. Num
discurso profundo, o PM iraquiano Abdul-Mahdi, fez estas e outras revelações
sobre conversas que teve com Trump, ao telefone, em que este ameaçou, não só
Mahdi como outras figuras de estado iraquiano com as mais diversas formas de
pressão, incluíndo a morte. Soleimani viajou para Bagdade em missão
diplomática, levando consigo a menssagem de Teerão a ser entregue a bin Salman,
nas conversações em que o Iraque estava a ser o mediador e que tinham em vista
a normalização das relações entre o Irão e A. Saudita. O regime de Washginton
jamais quererá um entendimento entre estes rivais, actuando de modo covarde,
assassinando Soleimani e restante comitiva. O regime de Washginton porta-se
como a máfia e Trump mais parece um dono de um casino que o presidente dos EUA.
António Cunha: Exactamente. Essa é a solução: o
mundo islâmico falar com as suas diferenças - xiitas e sunitas. Obviamente que
não interessa paz aos EUA. Iam viver de quê, justamente no período de
emancipação asiática?!
Bolsominion #2710.881784: Bush Senior recusou-se a pedir
desculpa pelo abate do avião comercial pelo Vincennes, afirmando que
"nunca pediria desculpa pelos Estados Unidos". Fora isso, parabéns
ao Público, que ilumina a ingerência dos Estados Unidos noutro país há décadas.
A maior parte dos media só falam da relação entre estes dois países começando
no rapto de reféns da embaixada americana, como se os iranianos tivessem
acordado um dia e decidido atacar uma embaixada pela diversão. Vá se la saber
porquê...
António Cunha: Raquel Azulay, a nossa evangélica
americana só recomenda a história a partir de 1979.
lgss: Errata: E' Guardas da Revolução Islamica. Trump
ameacou o Irao com um ataque aereo no passado Junho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário