Mas a culpa não será dos ministros apenas. A nossa tessitura humana, em
termos operatórios é assim feita: trapaceira e de uma agilidade vocacionada
para a pessoa de cada um, desses que enriquecem porque possuidores da faca e do
queijo em exclusivo direito próprio.
OPINIÃO
Não são os gestores,
senhor ministro – é você
Fez parte do pior executivo da democracia. Foi o maior apoiante do pior
primeiro-ministro da nossa História. A sua existência política, essa sim, é o
exemplo mais triste da fraquíssima qualidade das nossas instituições.
JOÃO MIGUEL TAVARES
PÚBLICO, 31 de Dezembro
de 2019
Em mais um dos seus momentos de inspiração trauliteira, o
ministro Augusto
Santos Silva anunciou
que a gestão das empresas portuguesas é de “fraquíssima qualidade” e que a e pouco ágil banca portuguesa “só gosta de
emprestar dinheiro para compra de casa”. Num discurso na Universidade de
Coimbra para portugueses que prosseguiram as suas carreiras académicas no
estrangeiro, o ministro culpou a iniciativa privada pela sua falta de
iniciativa e o tecido industrial português pela incapacidade de “perceber a
vantagem em trazer inovação para o seu seio e a vantagem em contratar
pós-graduados e doutorados”.
Várias pessoas ilustres tentaram analisar as palavras de Santos
Silva, de forma a concluir se eram
verdadeiras, falsas ou assim-assim – só que, antes de tudo o mais, as suas
palavras são escandalosamente oportunistas. É que a justificação mais
óbvia para tais declarações está relacionada com a plateia de emigrantes
qualificados que o ministro tinha à sua frente e com o tremendo fracasso do programa Regressar, que o governo de António Costa promoveu com muito afinco em véspera de eleições,
mas que até agora deu em coisa nenhuma. Augusto Santos Silva não quis admitir que o Portugal
de 2019 e de 2020 é um produto que os portugueses emigrados não estão
minimamente interessados em consumir (a não ser nas férias), por mais simpático
que seja o desconto. Vale a pena recordar os factos.
Em Julho deste ano, abriram as candidaturas para o
programa que incentiva o regresso a Portugal dos emigrantes que saíram do país
até Dezembro de 2015. Essa data, convém sublinhar, é uma infâmia – é política
reles feita em nome do Estado, porque se trata de sugerir que no momento em que
o governo de António Costa tomou posse, o Sol voltou a brilhar em Portugal. A frase que ainda publicita o programa é esta: “É
hora de voltar a casa, o seu país apoia o seu regresso.” Ou seja, os emigrantes pré-Dezembro de 2015, que
fugiram do país devido às maldades de Passos Coelho, merecem ser ajudados; os
que saíram após a chegada da paradisíaca “geringonça”, podem continuar longe.
Só que, na realidade, não vieram nem uns, nem outros. Apesar do
programa oferecer até 6500 euros por emigrante, mais um desconto de 50% nos
rendimentos tributados em sede de IRS durante cinco anos, o impacto foi pouco
mais do que nulo. Um mês após o seu início, o programa tinha recebido 71 candidaturas. Dois meses depois eram 175. Três meses depois, 288.
Perante isto, o governo publicou uma portaria simplificando o processo. As
últimas notícias indicam que uns espectaculares 481 emigrantes já se propuseram regressar. Convém ter noção: na
última década saíram de Portugal, em média, 100 mil portugueses por ano. E, se
o pico das saídas foi atingido em 2013 (120 mil emigrantes), os portugueses
continuaram a abalar às muitas dezenas de milhar nos anos Costa/Centeno.
A intenção do senhor ministro foi dizer isto: “Nós temos um belo
programa de regresso a Portugal, infelizmente, os empresários não ajudam nada.”
Só que, como sempre aconteceu na história da emigração portuguesa, o
problema está menos na fraquíssima qualidade dos empresários do que na
fraquíssima qualidade dos governantes. Vejam o caso do próprio Santos Silva. Fez parte do pior executivo da democracia. Foi o
maior apoiante do pior primeiro-ministro da nossa História. E continua a fazer
parte de um governo. A sua existência política, essa sim, é o exemplo mais
triste da fraquíssima qualidade das nossas instituições.
Jornalista
COMENTÁRIOS:
Bolsominion #2710.881784: O Bispo da religião Pafiosa acusou o
toque ao ataque das suas hostes e maiores apoiantes. Força homem, encontraremos
o Sonasol que for preciso para branquear a incompetência e o nepotismo da
gestão tuga!
Tiago Vasconcelos: A maioria dos que
consideram os nossos empresários péssimos nunca criaram um emprego na vida...
Nuno: Muitos parabéns por fechar o ano com
chave de ouro. 2020 precisa de frontalidafe e clarividência. Boas entradas
Ferrel: Que vergonha de artigo. Ataques pessoais,
para quê? Bastaria a realidade. É difícil para si? Que o programa é uma
vergonha, não há dúvida. Ele é mesmo contraditório com outras medidas. No fundo
foi inútil e gastou-se mal o dinheiro. Os poucos que vieram não o fizeram pelos
benefícios do Estado. Mas que o jornalista branqueie a miséria a que este país
foi submetido com a dupla Passos-Portas é inadmissível. Que o faça na sua
paróquia e não use um jornal que deveria ser de notícias e comentários. Tenha
vergonha!
fernando jose silva: A verdade é que a qualidade e
profissionalismo dos nossos empresários não é brilhante, a nossa economia
testemunha isso mesmo, mas a qualidade dos governantes tem sido muito pior. Há
países pequenos como nós, casos da Holanda,
Dinamarca, Luxemburgo, Bélgica que sim, tem boas politicas e bons empresários, nós não. E
veja-se o que se fez com as milionárias ajudas da Europa. Muito pouco, além da
corrupção, dos roubos de banqueiros e outros, da mediocridade dos políticos, etc.
etc O nosso tecido empresarial é pequeno tem pouco conhecimento, atrevimento,
ambição e formação. Empresários de nível europeu contam-se pelos dedos das mãos
e essa é uma realidade que não conseguimos mudar. E os ministros são clientela
partidária, bem longe dos cidadãos mais capazes.
morenses: Algo vai mal no reino do oeste.... Quando
a taxa de escolaridade dos empregados é superior à dos empregadores, isto diz
alguma coisa ao nível macroeconómico nacional... Muito patrão e pouco
empresário também não é favorável, assim como viver com esquemas e negócios por
baixo da mesa ...
Ferrel: Mas o que tem uma coisa a ver com a
outra. A capacidade empresarial não se aprende na Universidade. Faça um retorno
à nossa história e à cultura-cristã predominantemente avassaladora e mortífera
e talvez vejamos claro nos dias de hoje. Quanto ao gobels do Sócrates ... não
lhe toquem porque o cheiro piora.
ALRB: Este Santos Silva é um dos vários
ministros que acompanhou Sócrates 1) na destruição das empresas de referência
de Portugal (PT, CIMPOR, CGD, banca em geral, etc.) 2) na roubalheira
perpetrada pelo mesmo Sócrates 3) que levou o país à bancarrota 4) e que chamou
a troika. E diz que os outros são de baixa qualidade?
FzD: Duvido que ASS conseguisse algum emprego
sem ser na universidade onde se doutorou (o que em muitos países não pode
acontecer), ou na política em Portugal (no PS, claro).
Conde do Cruzeiro, apenas assinante.: Olha este não viveu em
Portugal e a informação que possui, não tem nada a ver coma a realidade. Este
nem nunca percebeu a existência de uma coisa chamada de Oligarquia Corrupta e
Cleptocrata, que tomou conta do país em 1983 e só conhece alguns dos seus
funcionários. Então os outros teus colegas, que saquearam o país.
fernando jose silva: São quase todos da escola socrática, sem
dúvida, já mostraram o que valem fizeram e apoiaram....
Conde do Cruzeiro, apenas assinante.: A economia paralela que a
partir de 1983 atingiu os 25% do PIB, diz bem do saque a que o país foi
sujeito. Pelos funcionários dos partidos do arco da governação, a mando da
O.C.C. e apoiada por setenta por cento dos votantes portugueses.
Arménio Luís Alves dos Anjos: Todos os nossos políticos
são rápidos a criticar os nossos empresários, seja porque não sabem gerir seja
por que pagam salários baixos mas, nunca vi um desses iluminados criar empresas
para demonstrar as suas qualidades de gestão e pagar excelentes salários! Pelo
contrário, os políticos socialistas já por mais que uma vez ao gerirem um país
onde não há concorrência e podem aumentar os preços (impostos, taxas e
taxinhas) à vontade deixaram ir o país à falência. É assim que demonstram os
seus dotes de gestão!
Jorge Manuel da Rocha Barreira: Só de um burgesso como o senhor poderia
sair tal análise e que contradiz a tese que quer defender, sem que disso se
tenha dado conta. Você quer dizer coisas mas não sabe o que elas significam.
Dou-lhe só um exemplo, o Programa Regressar. Ele falhou porque os nossos
empresários não têm, infelizmente , estrutura para os receber, e porquê? por
aquilo que o sr. MNE disse . Caro senho,r se não sabe do que fala, o melhor é
estar calado.
Marafarrico: O governo implementou uma
medida que lhes dá 50 por cento do IRS durante 5 anos e um valor de instalação
de 6500. Eles recusam e quando lhes perguntam, referem os baixos salários e a
mentalidade dos "patrões". Mas o JMT insiste (baseado no quê, ódio
puro?) que não regressam por causa do governo.
...
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