quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Ano Novo, política velha



Mas a culpa não será dos ministros apenas. A nossa tessitura humana, em termos operatórios é assim feita: trapaceira e de uma agilidade vocacionada para a pessoa de cada um, desses que enriquecem porque possuidores da faca e do queijo em exclusivo direito próprio.
OPINIÃO
Não são os gestores, senhor ministro – é você
Fez parte do pior executivo da democracia. Foi o maior apoiante do pior primeiro-ministro da nossa História. A sua existência política, essa sim, é o exemplo mais triste da fraquíssima qualidade das nossas instituições.
JOÃO MIGUEL TAVARES
PÚBLICO, 31 de Dezembro de 2019
Em mais um dos seus momentos de inspiração trauliteira, o ministro Augusto Santos Silva anunciou que a gestão das empresas portuguesas é de “fraquíssima qualidade” e que a  e pouco ágil banca portuguesa “só gosta de emprestar dinheiro para compra de casa”. Num discurso na Universidade de Coimbra para portugueses que prosseguiram as suas carreiras académicas no estrangeiro, o ministro culpou a iniciativa privada pela sua falta de iniciativa e o tecido industrial português pela incapacidade de “perceber a vantagem em trazer inovação para o seu seio e a vantagem em contratar pós-graduados e doutorados”.
Várias pessoas ilustres tentaram analisar as palavras de Santos Silva, de forma a concluir se eram verdadeiras, falsas ou assim-assim – só que, antes de tudo o mais, as suas palavras são escandalosamente oportunistas. É que a justificação mais óbvia para tais declarações está relacionada com a plateia de emigrantes qualificados que o ministro tinha à sua frente e com o tremendo fracasso do programa Regressar, que o governo de António Costa promoveu com muito afinco em véspera de eleições, mas que até agora deu em coisa nenhuma. Augusto Santos Silva não quis admitir que o Portugal de 2019 e de 2020 é um produto que os portugueses emigrados não estão minimamente interessados em consumir (a não ser nas férias), por mais simpático que seja o desconto. Vale a pena recordar os factos.
Em Julho deste ano, abriram as candidaturas para o programa que incentiva o regresso a Portugal dos emigrantes que saíram do país até Dezembro de 2015. Essa data, convém sublinhar, é uma infâmia – é política reles feita em nome do Estado, porque se trata de sugerir que no momento em que o governo de António Costa tomou posse, o Sol voltou a brilhar em Portugal. A frase que ainda publicita o programa é esta: “É hora de voltar a casa, o seu país apoia o seu regresso.” Ou seja, os emigrantes pré-Dezembro de 2015, que fugiram do país devido às maldades de Passos Coelho, merecem ser ajudados; os que saíram após a chegada da paradisíaca “geringonça”, podem continuar longe.
Só que, na realidade, não vieram nem uns, nem outros. Apesar do programa oferecer até 6500 euros por emigrante, mais um desconto de 50% nos rendimentos tributados em sede de IRS durante cinco anos, o impacto foi pouco mais do que nulo. Um mês após o seu início, o programa tinha recebido 71 candidaturas. Dois meses depois eram 175. Três meses depois, 288. Perante isto, o governo publicou uma portaria simplificando o processo. As últimas notícias indicam que uns espectaculares 481 emigrantes já se propuseram regressar. Convém ter noção: na última década saíram de Portugal, em média, 100 mil portugueses por ano. E, se o pico das saídas foi atingido em 2013 (120 mil emigrantes), os portugueses continuaram a abalar às muitas dezenas de milhar nos anos Costa/Centeno.
A intenção do senhor ministro foi dizer isto: “Nós temos um belo programa de regresso a Portugal, infelizmente, os empresários não ajudam nada.” Só que, como sempre aconteceu na história da emigração portuguesa, o problema está menos na fraquíssima qualidade dos empresários do que na fraquíssima qualidade dos governantes. Vejam o caso do próprio Santos Silva. Fez parte do pior executivo da democracia. Foi o maior apoiante do pior primeiro-ministro da nossa História. E continua a fazer parte de um governo. A sua existência política, essa sim, é o exemplo mais triste da fraquíssima qualidade das nossas instituições.
Jornalista
COMENTÁRIOS:
Bolsominion #2710.881784: O Bispo da religião Pafiosa acusou o toque ao ataque das suas hostes e maiores apoiantes. Força homem, encontraremos o Sonasol que for preciso para branquear a incompetência e o nepotismo da gestão tuga!
Tiago Vasconcelos: A maioria dos que consideram os nossos empresários péssimos nunca criaram um emprego na vida...

Nuno: Muitos parabéns por fechar o ano com chave de ouro. 2020 precisa de frontalidafe e clarividência. Boas entradas
Ferrel: Que vergonha de artigo. Ataques pessoais, para quê? Bastaria a realidade. É difícil para si? Que o programa é uma vergonha, não há dúvida. Ele é mesmo contraditório com outras medidas. No fundo foi inútil e gastou-se mal o dinheiro. Os poucos que vieram não o fizeram pelos benefícios do Estado. Mas que o jornalista branqueie a miséria a que este país foi submetido com a dupla Passos-Portas é inadmissível. Que o faça na sua paróquia e não use um jornal que deveria ser de notícias e comentários. Tenha vergonha!
Colete Amarelo: Concordo.
fernando jose silva: A verdade é que a qualidade e profissionalismo dos nossos empresários não é brilhante, a nossa economia testemunha isso mesmo, mas a qualidade dos governantes tem sido muito pior. Há países pequenos como nós, casos da Holanda, Dinamarca, Luxemburgo, Bélgica que sim, tem boas politicas e bons empresários, nós não. E veja-se o que se fez com as milionárias ajudas da Europa. Muito pouco, além da corrupção, dos roubos de banqueiros e outros, da mediocridade dos políticos, etc. etc O nosso tecido empresarial é pequeno tem pouco conhecimento, atrevimento, ambição e formação. Empresários de nível europeu contam-se pelos dedos das mãos e essa é uma realidade que não conseguimos mudar. E os ministros são clientela partidária, bem longe dos cidadãos mais capazes.
morenses: Algo vai mal no reino do oeste.... Quando a taxa de escolaridade dos empregados é superior à dos empregadores, isto diz alguma coisa ao nível macroeconómico nacional... Muito patrão e pouco empresário também não é favorável, assim como viver com esquemas e negócios por baixo da mesa ...
Ferrel: Mas o que tem uma coisa a ver com a outra. A capacidade empresarial não se aprende na Universidade. Faça um retorno à nossa história e à cultura-cristã predominantemente avassaladora e mortífera e talvez vejamos claro nos dias de hoje. Quanto ao gobels do Sócrates ... não lhe toquem porque o cheiro piora.
ALRB: Este Santos Silva é um dos vários ministros que acompanhou Sócrates 1) na destruição das empresas de referência de Portugal (PT, CIMPOR, CGD, banca em geral, etc.) 2) na roubalheira perpetrada pelo mesmo Sócrates 3) que levou o país à bancarrota 4) e que chamou a troika. E diz que os outros são de baixa qualidade?
FzD: Duvido que ASS conseguisse algum emprego sem ser na universidade onde se doutorou (o que em muitos países não pode acontecer), ou na política em Portugal (no PS, claro).
Conde do Cruzeiro, apenas assinante.: Olha este não viveu em Portugal e a informação que possui, não tem nada a ver coma a realidade. Este nem nunca percebeu a existência de uma coisa chamada de Oligarquia Corrupta e Cleptocrata, que tomou conta do país em 1983 e só conhece alguns dos seus funcionários. Então os outros teus colegas, que saquearam o país.
fernando jose silva: São quase todos da escola socrática, sem dúvida, já mostraram o que valem fizeram e apoiaram....
Conde do Cruzeiro, apenas assinante.: A economia paralela que a partir de 1983 atingiu os 25% do PIB, diz bem do saque a que o país foi sujeito. Pelos funcionários dos partidos do arco da governação, a mando da O.C.C. e apoiada por setenta por cento dos votantes portugueses.
Ferrel: ... o chamado ministro da propaganda ... lembram-se? Ou foi apagado do google?
Arménio Luís Alves dos Anjos: Todos os nossos políticos são rápidos a criticar os nossos empresários, seja porque não sabem gerir seja por que pagam salários baixos mas, nunca vi um desses iluminados criar empresas para demonstrar as suas qualidades de gestão e pagar excelentes salários! Pelo contrário, os políticos socialistas já por mais que uma vez ao gerirem um país onde não há concorrência e podem aumentar os preços (impostos, taxas e taxinhas) à vontade deixaram ir o país à falência. É assim que demonstram os seus dotes de gestão!
Jorge Manuel da Rocha Barreira: Só de um burgesso como o senhor poderia sair tal análise e que contradiz a tese que quer defender, sem que disso se tenha dado conta. Você quer dizer coisas mas não sabe o que elas significam. Dou-lhe só um exemplo, o Programa Regressar. Ele falhou porque os nossos empresários não têm, infelizmente , estrutura para os receber, e porquê? por aquilo que o sr. MNE disse . Caro senho,r se não sabe do que fala, o melhor é estar calado.
Marafarrico: O governo implementou uma medida que lhes dá 50 por cento do IRS durante 5 anos e um valor de instalação de 6500. Eles recusam e quando lhes perguntam, referem os baixos salários e a mentalidade dos "patrões". Mas o JMT insiste (baseado no quê, ódio puro?) que não regressam por causa do governo.
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