A resposta à pergunta em epígrafe, de Rui Ramos, está no facto de o PCP e o BE já estarem
comodamente instalados na governação e no trabalho de mobilização do país para
as greves das suas próprias palhaçadas orientadoras – e destruidoras – ao passo
que os pequenos blocos, incluindo o CDS, precisam de conquistar o seu espaço
próprio, na vibratilidade da sua censura honesta a esses e outros desmandos da
eloquência velhaca simiesca dos nossos tempos. Quanto a Rui Rio, não vale a pena elogiá-lo. Também está
seguro no seu posto de responsabilidade e amparo, sempre que os camaradas
governantes precisarem, por rebeldias caprichosas ocasionais da sua esquerda apoiante.
Produções António Costa apresenta-vos o
Circo Joacine-Ventura / premium
Perante
Joacine, o PCP e o BE fazem o que devem: ignoram e estão
calados. Porque é que a direita não tem a mesma inteligência perante André
Ventura?
RUI RAMOS
OBSERVADOR, 31 jan
2020
Imagino
a ansiedade que esta segunda-feira se respirava no gabinete da deputada Joacine
Katar Moreira. Há um par de dias que Joacine
não abria noticiários nem aparecia nas primeiras páginas. Alguém tem ideias?
Uma mão levanta-se: que tal propor a evacuação de Lisboa e a sua devolução a
Marrocos, com um pedido de desculpa pela conquista de 1147? Uma boa malha.
Mas talvez seja melhor guardá-la para as férias de Verão. Que tal ficar
agora pelas máscaras e manipansos coloniais? Há quem duvide: e se ninguém
levar isso a sério? Joacine sorri, confiante: vocês não conhecem o André.
Do
outro lado do corredor, André Ventura
não precisa de se preocupar com a invocação do seu nome. A esquerda fez dele
o gigante Adamastor do regime. A direita, aos gritinhos, renega-o de manhã
à noite. Mas Ventura tem por regra nunca desperdiçar uma oportunidade. E lá fez
a piada, a que o regime, tal qual o cão de Pavlov, reagiu como se o general
Gomes da Costa tivesse saído outra vez de Braga. Quantas dezenas de deputados
tem o Chega? Um. Mas nas cabecitas dos jornais e das redes, é como se fossem
200.
Enfim,
já toda a gente percebeu a rábula da Joacine e do André. Na legislatura
passada, o PAN apurou o truque: propor ou dizer qualquer coisa para
alimentar chiliques de Conselheiro Acácio na imprensa e nas redes sociais, e
gozar depois a notoriedade. Fica o mistério: porque é que todo o regime se
presta a colaborar num teatrinho tão óbvio? Porque numa sociedade envelhecida e
endividada, há a impressão de que não se pode fazer nada politicamente, e então
dá-se prova de vida fingindo que estamos a defender a liberdade contra o
“fascismo” ou contra o “politicamente correcto”. É a política na fase das
indignações sem custos para o utilizador.
A quem serve tudo isto? Não é preciso
procurar muito. Basta reparar na inusitada proposta socialista de fazer a
Assembleia da República condenar um deputado. O cálculo, muito óbvio, era
entalar os partidos da direita: obrigá-los a passar por “fascistas”, se não
votassem, ou por “cobardes”, se votassem. Joacine
e André são uma bênção dos deuses para o PS:
ei-lo onde sempre tentou estar, como padrão de bom senso entre o “radicalismo”
da esquerda e o “fascismo” da direita. Se Joacine e André não existissem,
António Costa teria de os inventar.
Perante Joacine, o PCP e o BE fazem o
que devem: ignoram e estão calados. Porque é que a direita não tem a mesma
inteligência perante Ventura? Porque caiu na imbecilidade de usar o jogo
do “fascista de turno”, como lhe chama José Ribeiro e Castro (“o fascista não
sou eu, é ele”), nas suas disputas domésticas. O escândalo de Abel Matos Santos é exemplar.
Durante anos, pertenceu à Comissão Política Nacional do CDS, sob a presidência
de Assunção Cristas, que até aprovou a sua “tendência”. Sem problemas. Mas
Cristas e o seu grupo perdem o poder, e eis Matos Santos subitamente
promovido a “fascista”. “Este não é o meu CDS”, gritam alguns. Pois: mas
não é por Matos Santos ser “fascista” que este não é o CDS deles. É ao
contrário: é por o CDS já não ser deles que Matos Santos é “fascista”, porque
enquanto foi deles, nunca os incomodou o que ele disse em 2012 (nem a eles, nem
a ninguém).
Nada
disto tem a mínima seriedade.
Ninguém tenha ilusões: se Ventura um dia eleger 10 ou 20 deputados, fará parte
de uma maioria de direita, como Miguel Pinto Luz já
honestamente admitiu, pela mesma razão que o PCP e o BE fazem agora
parte de uma maioria de esquerda: o que interessa para a democracia é, como o
PS ensinou, quem manda nessa maioria, não quem a compõe. Mas até lá, porquê
ajudar Ventura a eleger deputados? Se a direita continuar a dar a ideia de
que é este pequeno recreio de tontinhos para quem o maior problema de Portugal
é André Ventura, então o PS não estará no poder até 2027, segundo prevê José Miguel Júdice,
mas até 2035, e com o país a dizer: “graças a Deus”, porque ninguém quer ser
governado por patetas e pelos seus psicodramas.
COMENTÁRIOS:
Joaquim Moreira: Não sei se houve mais alguém que esteve bem neste processo, das tais
Produções, mas sei que Rui Rio esteve como deve estar um político, mais
interessado com os problemas reais, do que com estas diatribes banais. Ao
contrário do vaticínio do José Miguel Júdice, que mais não é do que um
seu desejo, nem com a ajuda das Produções Fictícias, a situação vai resistir às
más notícias, por muito mais tempo, prevejo. E quando isso acontecer, a maioria
dos portugueses já percebeu ou vai perceber, que tem na oposição um líder capaz
de assumir o poder. Não, na velha perspectiva de alternância, mas na melhor
forma de governar o país, sobretudo quando não há abundância. Governar com
seriedade, coragem e transparência, de forma a que os portugueses, de uma vez
por todas, encontrem o caminho da excelência. E por essa via, aí sim, o tal
“índice” de felicidade efectiva, e não só uma ideia sugestiva!
Paulo Gálatas: Não sei se o Dr Rui Ramos manda alguma coisa no Observador. Pelo menos acho
que sim, já que o fundou e escreve nele. Admitindo que sim, acho estranha a sua
postura de pugnar pela indiferença relativamente à Joacine Moreira (elogiando o
BE e o PCP por não lhe passarem cartão) e ao André Ventura (criticando a
direita por lhe passar). E acho estranho porque, ultimamente, está difícil ler
este jornal sem tropeçar, a toda a hora, em notícias de que a Joacine disse
isto e o Ventura disse aquilo! É porque é a toda a hora! Hoje, o Observador não
disse absolutamente nada sobre o facto de o Rui Rio ter dito a jornalistas que
não comentava o caso Joacine - Ventura porque, precisamente, "não queria
dar para esse peditório" que achava irrelevante. Mas lá disse que o Ventura
disse que o cantor não sei quem não vendia bilhetes de não sei de quê...
Francamente... A imprensa, Observador incluído, farta-se de dar importância aos
personagens, põe meio mundo a discutir os assuntos delas - a minha mulher, que
só sabe quem é o Presidente e o Primeiro-ministro, já me pergunta coisas da
Joacine - e, em artigos de opinião, critica os outros políticos de lhes darem
importância... Não será um bocado, digamos, contraditório?
Joaquim Zacarias: Comparar a Joacine com o Ventura, é como comparar o olho traseiro com a
feira de Borba. Ela só diz parvoíces, ele diz (e bem) o que a direita quer que
se diga.
Isabel Amorim: Sempre bom de ler Rui Ramos
Mario Rocha: Como é que em 230 Deputados só se fala em 1? És grande, Ventura.
Confirmar-se que vieste dar uma pedrada neste charco corrupto.
Carlitos Sousa > Mario Rocha: Colocar Joacine e Ventura no mesmo patamar, é mesmo
falta de inteligência. Mas o colunista só vai perceber isso quando souber o
resultado das próximas legislativas. Nessa
altura escreverá um artigo com o título “Estou
de queixo caído, enganei-me, e não esperava isto.”
Maria Múrias: Porque a esquerda tem vergonha de Joacine e a direita tem orgulho em
Ventura
francisco oliveira: Muito simplesmente, não há direita! Há
um principio de revoltados com o desastre que as esquerdas, PS/PSD, infligem á
Nação há mais de 40 anos, e que finalmente entrou na AR. As direitas estão a fazer o tem-tem na política pós 25/4. O autor tem razão quando sugere silêncio neste
deplorável episódio. É mais um entre tantos
com que as esquerdas já nos brindaram ao longo destes anos. Livre introduz o racismo na AR e chama
racistas aos outros. Muitos não aguentam!
José Broa: Simples. Porque a direita parece um "saco de gatos", onde o
Observador e os seus opinadores têm um papel "especial" na
desestabilização. Querem uma direita
que só existe na cabeça de alguns e pelo caminho atacam o Rui Rio, andam às
voltas com o Chicão e o Chega vai ganhado intenções de voto ... E por isso têm
medo e tentam atacá-lo. Já os comunas e os
burgueses boémios sem sexo, não atacam o Livre, porque sabem que aquilo não vai
dar em nada!
Ana Brito: Vistas curtas condicionadas pelo wishfull thinking.
Pois é, não vai acontecer. A voz das maiorias está a passar para o Chega, não
porque o André Ventura esteja a capturá-las com "episódios", mas
porque o André Ventura está capturado pelos ideais das maiorias, até agora
silenciadas, mas que arranjaram um "veículo". Sim, vão crescer,
porque a representação é real e não uma "moda", um produto de
marketing.
victor guerra: Porque Ventura não é
"circo". Incomoda ,.com justeza, o sistema e os seus plumitivos
O Badalouco Lhoco: Há
uma anedota que agora se conta muito nas redes sociais, nas caixas de
comentários dos jornais online, nas mesas de café, enfim, um pouco por todo o
lado. O portuga é assim, tem um bom humor bestial e tende a caricaturar tudo um
pouco, aqui e acolá. Até mesmo assuntos que não domina. Referia-me à anedota
que alega que supostamente "anda tudo com medo do ventura". Como todas as lendas se fundamentam em algo de
verdade, vamos acreditar que sim, até para não indispor os anedotistas que
divulgam a piada. Isto o que interessa é
rir.
Manuel Ferreira: Ventura e Joacine como os grandes protagonistas da actual vida política e
civil, não é, na minha opinião, um estratagema montado, mas sim uma
casualidade. Joacine trouxe a agenda racista para o parlamento e para a
vida pública, e o Ventura, é o único, sem medo do politicamente correto, que se
antagoniza abertamente com esta agenda. Muitos portugueses que não gostam de
ser chamados de racistas (eu não gosto; ontem no Eixo do Mal acusaram-nos de
sermos todos racistas) revêem-se no André Ventura, mesmo com alguns dislates.
Os outros partidos, designadamente os de direita, continuam muito agarrados “a
não sei o quê”, e, com medo, ou porque gostam, continuam a ser sodomizados.
Podiam, como diz o colunista simplesmente ignorarem!
Redam Creator: O Rui Ramos acredita que o PSD e o CDS são da Direita? E, já agora: "Representantes do PS, BE,
PCP, PAN e PEV sublinharam aos jornalistas que a posição de Ferro Rodrigues
mereceu a concordância de "todos os grupos parlamentares". Afinal,
quem é que está em silêncio?
Zacarias Bidon: CHEGA de censura, CHEGA de ditadura! Rebenta com eles, Ventura!
Mosava Ickx: A “direita” que temos, da muleta do Costa aos jovens tontos, é demasiado
medricas e idiota para ver o que se passa na sociedade!
E não me admirava ver os tais 10 deputados do Chega em breve ...
Pedro Ferreira: Bom artigo. Vamos pensar na não governação do PS e no caminho inexorável
para nova crise, os sinais estão todos aí e os Portugueses voltam a não querer
ver. Mas porque somos assim?
Freixo Peres: Sim. Rui Rio esteve bem. Disse o óbvio. Os 2 dep-ut-ados usaram a liberdade
de expressão como usaria Voltaire. E têm direito a isso. Cabe a quem vota
decidir e julgar. Nada pode justificar a atitude do ferro rodrigues, porque ele
não manda no pensamento, nem no voto dos cidadãos. De resto isto é a
maneira de ninguém falar da cor-ru-pção e do compadrio entre a malta que nos
quer condicionar o pensamento e a carteira! E agem como se nós fossemos todos
parvos!
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