As histórias que Alberto Gonçalves vai buscar!
Mas que se há-de fazer? Cada um que faça como lhe aprouver, livres que somos
para o fazer, há muito que isso foi decidido. De resto, temos a canção que o
comprova “Pois quanto mais tu me bates
mais gosto de ti”, paráfrase, é certo do “Besame mucho”, ambas manifestações da vida corrente, beijos e taponas. Alberto Gonçalves não devia
sofrer tanto por nós, coitado. Embora assim zurza melhor…
Um jornalista ao serviço do PS – e novidades? /premium
Numa análise rápida, conclui-se que
cerca de 92,45% da nossa classe jornalística se baixa perante o PS e os aliados
do PS com zelo idêntico ao do sr. Filipe. E numa análise demorada conclui-se o
mesmo
ALBERTO GONÇALVES
OBSERVADOR,28 nov
2020
É
terrível sermos acusados de uma coisa que não cometemos. É quase tão terrível
sermos os únicos acusados de uma coisa que muitos cometem. Sabem a sensação de
injustiça quando, numa rua repleta de carros acotovelados em cima do passeio,
só o nosso tem o papel da multa no pára-brisas? Deve ser o que sentiu o sr. Filipe
Santos Costa ao ver-lhe retirada a carteira de
jornalista, pela Comissão responsável, devido a ligações profissionais ao
Partido Socialista.
Pelos
vistos, o infeliz sr. Filipe, que não conheço, comete há meses um “podcast”
para o “site” do PS, onde entrevista figuras do PS e é pago pelo PS. Ouvi dez
minutos do programa de estreia, em que surpreendentemente o convidado foi
António Costa, e achei piada: chamar àquilo prestação de serviços é um
eufemismo. Trata-se, prática e involuntariamente, de uma rábula cómica, na qual
o entrevistador finge uma isenção que não tem e o entrevistado finge uma
seriedade que não se justifica. É o humor velhinho do “ainda bem que me faz
essa pergunta”, envelhecido para o “ainda bem que me fez essas perguntas
todas”. Propaganda pura, mofo puro.
Por
mais difícil que esteja a vida, é triste ver um jornalista descer a semelhantes
figuras. O que me parece inadmissível é ser apenas o sr. Filipe a pagar por
elas. Numa análise rápida, conclui-se que cerca de 92,45% da nossa classe
jornalística se baixa perante o PS e os aliados do PS com zelo idêntico ao do
sr. Filipe. E numa
análise demorada conclui-se o mesmo.
É, salvo seja, assistir aos “telejornais”, ou espreitar quatro quintos da
imprensa em papel, ou ouvir a TSF. Não sei se a vassalagem dos jornalistas
em causa é recompensada directamente e mediante contrato, como no caso do sr. Filipe,
ou se escorre indirectamente através da “publicidade institucional” que o
governo plantou nas redacções, ou se é gratuita e dependente da boa vontade dos
próprios.
Sei que a vassalagem é inegável e
generalizada. Em
que cantinho da civilização escapariam sem escrutínio os brutais atropelos do
PS e das suas metástases à lei, à honestidade, à liberdade, ao bom senso e à
coerência? Para referir um exemplo recentíssimo,
veja-se o pacto açoriano com o Chega, que valeu ao dr. Rio acusações de
“fascismo”, levou meio mundo a anunciar o regresso do Terceiro Reich e, pela
primeira vez em milénios (leia-se desde que o PSD deixou de mandar lá) ,
convenceu o “Público” a denunciar a pobreza do arquipélago. A
abordagem ao dr. Ventura, que o
dr. Costa precisava seduzir por causa do Novo Banco, mereceu, se mereceu, um ou
dois rodapés noticiosos – e nenhuma coluna indignada.
Não é um acaso: é
uma linha de acção. A
mesma linha que acata, reproduz e legitima o desnorte face à Covid, as
negociatas, as mentiras, a promiscuidade, a incompetência, a dívida crescente,
a miséria iminente. E os privilégios. E a prepotência. Que espécie de “comunicação social” (sic)
guardaria um pingo de respeito pela senhora da DGS? E pela vasta maioria dos
ministros e secretários de Estado? E pelo dr. Costa? A nossa “comunicação
social”, que de tanto se curvar a esta pavorosa mediocridade já terá arranjado
umas hérnias valentes. O que não há maneira de arranjar é vergonha na cara.
Há meia dúzia de anos, não tropeçava
uma criança na escola sem que os noticiários, com honras de abertura, culpassem
Pedro Passos Coelho. Hoje,
aconteça o que acontecer, ecoa uma reverência profunda aos senhores que
mandam. Literalmente, a que se deve a reverência? Apesar de tudo,
compreendo melhor um “jornalista” que ronrona ao PS a troco de uns trocos do
que aqueles que o fazem de borla. Eis um mistério, que me intriga há muito e
sinceramente gostava de ver esclarecido: existirão jornalistas que se curvam
de borla? Não estou a falar dos que defendem o emprego, ou dos que obedecem
à voz do dono por reflexo. Estou a falar dos que convictamente acreditam
que o dono tem razão e que a função deles é espalhar essa razão pelas massas.
Estou a falar dos que acham de facto que o bando do dr. Costa constitui uma
bênção para o país. Estou a falar dos que julgam, no fundo do fundo do coração,
que o país está no bom caminho.
Existem
“jornalistas” assim? Caso existam, convém ter pena deles, e talvez um programa
de apoio psiquiátrico. É que a prostituição é um ofício, a idiotia é uma doença.
Se qualquer subordinação ao poder é incompatível com o jornalismo, a
subordinação voluntária e desinteressada ao peculiar poder vigente é
incompatível com a saúde pública. Pelo menos o sr. Filipe é saudável. Mas não é um jornalista. De resto, até lhe tiraram a carteira, proeza estranha
num contexto pouco democrático. Num contexto democrático, boa parte da classe
ficaria sem ela. E “classe”, aqui, é força de expressão.
JORNALISMO MEDIA SOCIEDADE PS POLÍTICA
COMENTÁRIOS
JB Dias: E se fosse só
por aqui nesta santa terrinha onde cada vez mais vegetamos ainda a coisa
poderia vir a ter conserto ... mas o facto é que o descrito se tornou, e torna,
a norma um pouco por todo o Ocidente e os seus PS's próprios.
Adelino Lopes: Como
compreendo o AG. Mas não são visados apenas os jornalistas. Agora também existe
controlo nas redes sociais, o qual deveria ser confrontado com o estado de
direito. Ou seja, existem “leis” feitas por progressistas, a serem aplicadas
(sentenças) por progressistas. Aliás, o AG já vê esta realidade nos comentários
aos seus artigos, desde o DN.
Gustavo Lopes: Já tinha saudades dum artigo deste calibre!!! Obrigado
AG.
Paulo Silva: Bom artigo. Assim se defende (e como precisa!) a nossa
democracia.
Carlos Marques: Olha, não
sabia. Grande novidade me conta, Alberto. Mas que grande maldade. Não é hábito
e certamente não é coisa que se faça ao camarada flipe! De qualquer forma, em
termos práticos, nada muda para o camarada flipe. Somente passará agora a
trabalhar, a tempo inteiro, de forma declarada, para o regime xuxa-esquerdalha.
Ou melhor, será nomeado para um qualquer gabinete ou instituto público, à conta
do erário público. Agora que me dá esta novidade, já percebo o
"trabalho" que o camarada flipe assinava como "jornalista".
Nomeadamente, a newsletter do jornal eco, que o camarada flipe assinou, no
passado dia 21, sob o título : "Novo Normal", que depois vi também
citada, na rtp, por um direitinha "liberal", para gáudio do seu
amantíssimo colega de painel, por sua vez colega partidário do informador da
Stasi, mentiroso-tavares, como uma "grande peça". Na dita, e no
seguimento do grande regime xuxa ter sido apeado do poder, nos Açores, pelo Psd
e o Chega, o camarada flipe, inseriu um "trabalho de comparação" em
que basicamente se diz que o Ventura é o Hitler, que Rio é igual a Ventura e
que Rio+Ventura = Victor Órban !!! Veja lá caro Alberto como é que isto anda
afinal tudo ligado e vai sempre dar ao largo da rataria e aos grandes salões
maçónicos ou então ao pq Edu VII e aos cabarés lisboetas. No mais e em geral :
não. O que passa por ser "comunicação social" em Portugal, não vive,
em caso algum, de cervis impinada ao regime xuxa-esquerdalha por convicção. É
sempre e só movida para baixo pelo mais vil interesse patrimonial. É verdade
que remunerada e/ou nomeada directamente é só a super-estrutura, mas a primeira
coisa que os cães-fila apreendem quando assomam às redacções
"progressistas" é que só podem sobreviver e progredir lambendo o rabo
ao mini-chefe índio local, o que por sua vez se processa por meio do fazer
avançar por todas as vias e a todo o tempo os interesses do grande-chefe índio.
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