Que o Dr. Salles nunca comeu sardinha
assada num pedaço de broa, saboreando cada migalha e cada pedacinho de
sardinha, na parcimónia da comida escassa, como eu me lembro de ter visto, em
aldeia portuguesa… É certo que não a gente da intelectualidade, mas, estivesse esta
última em condições desastrosas – em guerra, por exemplo – o garfo ou a faca de
nada lhes serviriam… Realmente, em tempo de guerra não se limpam talheres…
Mas o requinte, por vezes, é tão frio e
desapiedado para quem o não tem, que nos arrefece a alma. Falo por complexo. Às
vezes descuido-me na faca… mas também não me distingo por qualquer
superioridade, consciente do nihil sum…
O Dr. Salles devia ser menos snob… Mas ainda bem que o pode ser…
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM
DA NAÇÃO, 08.11.20
… as pessoas se distinguem pelo
nível intelectual mas tanto melhor se pertencerem a uma família que come de
garfo e faca há várias gerações.
Henrique
Salles da Fonseca
COMENTÁRIO
Anónimo
08.11.2020
O
pior, Henrique, são os contra-exemplos em ambos os sentidos. Os que, embora de
nível intelectual elevado, dão para cometer acções ou ter comportamentos censuráveis,
apesar do “pedigree” familiar, e os que sendo de nível intelectual inferior são
“fazedores” meritórios. Prefiro, pois, que a distinção se faça pelo que os
homens (e mulheres) fazem, e a este propósito cito Carlos Drummond de Andrade:
“Os homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens
a fazer”. Como corolário do pensamento do poeta brasileiro chegamos à frase,
tantas vezes ouvida, “Por detrás de um grande homem há sempre uma grande
mulher”, isto, claro, quando o Código Civil definia o casamento como a união de
duas pessoas de sexo diferente, mas reconheço, por outro lado, que a parte
final da frase não restringe que a mulher influenciadora seja a cônjuge. Honni
soit…
Abraço amigo. Carlos
Traguelho
Adriano Lima 09.11.2020: Esta
afirmação é susceptível de polémica. Como a expressão "comer de faca e
garfo" há muitas gerações significa boa origem social, a afirmação resulta
em premissa falsa porque pode haver pessoas que não descendem de uma grande
casta familiar e que no entanto se distinguem pelo seu nível intelectual. E o
inverso é também verdadeiro, pois pertencer a uma família de pergaminhos
sociais não atesta por si só a condição propiciadora de um bom nível
intelectual. É a minha opinião, Dr. Salles.
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