Lição sabida, por alguns seguida, por
outros contestada. Mas sempre em riste, como espada.
O comunismo existiu. E foi integralmente desumano
A sociedade sem classes sociais,
baseada na propriedade comum dos meios de produção e desprovida da separação de
poderes, vigorou durante 74 anos. Não foi isto que Marx defendeu?
VICENTE JORGE SILVA, Professor
convidado EEG/UMinho OBSERVADOR,
23 nov 2020
Para Gabriel Leite Mota, não só
o comunismo nunca existiu como também se trata de um dos humanismos mais puros
alguma vez equacionados. O que se verificou foi uma série de ismos
individualizados que, apesar de terem sido baseados nos pressupostos marxistas,
não podem ser considerados comunistas por terem sido autoritários. Só alguém
que desconhece as ideias de Marx é que faz semelhante afirmação. Ora vejamos.
Na
Kritik des Gothaer Programms [Crítica ao Programa de Gotha – (1875)],
escrita por ocasião do Congresso do Partido dos Trabalhadores Social-democratas
da Alemanha (SDAP), Marx censura
a aproximação destes à Associação Geral dos Trabalhadores Alemães (ADAV), de Ferdinand
Lassalle, visando a criação dum partido
unificado. Para Marx, o Programa
defendia uma via evolucionária para o socialismo, consistente com o reformismo patrocinado
pelos lassalleanos, em oposição à abordagem revolucionária dos marxistas
ortodoxos. Note-se que
o Programa de Gotha era explicitamente socialista, defendendo entre
outras coisas, o abolir da exploração e a extinção das desigualdades sociais e
política. Contudo, também previa o sufrágio universal, a
liberdade de associação, os limites à jornada de trabalho, protecção aos
direitos dos trabalhadores, etc. Obviamente,
Marx classificou o Programa como revisionista e ineficaz porque “o direito não se pode sobrepor à estrutura
económica da sociedade, nem ao desenvolvimento cultural por ela determinado”.
Esta
Crítica é significativa porque 27 anos após a apresentação do Manifest der
Kommunistischen Partei (1848), Marx
aprofunda o que tinha exposto anteriormente desenvolvendo o que pensava sobre a
dimensão programática da postura revolucionária, da “ditadura do proletariado”, do
período de transição do capitalismo para o comunismo (cuja duração nunca
foi delimitada), do internacionalismo
proletário e do partido da classe trabalhadora. Ao fazê-lo, Marx
(re)afirmou-se contra a “velha ladainha democrática” em favor do
totalitarismo.
O
destino da Comuna de Paris
(1871) também foi determinante. Marx,
que já tinha alguma certeza relativamente ao sangue da revolução francesa,
depois da queda da Comuna, tornou-se irredutível quanto à sua prática e proclamou
abertamente a violência como meio preferencial para a transformação da
sociedade. “Não basta transferir a máquina do Estado” –
disse Marx – “é
preciso destruí-la”. Os seus fiéis discípulos aplicaram essas ideias e, sem
surpresa, o terror vermelho bolchevique eclipsou o terror vermelho francês. E outros horrores vermelhos, independentemente da
escala, aconteceram em várias partes do mundo. Dito isto, qual é o espanto pelo autoritarismo
das experiências comunistas? O Marx nunca
defendeu a democracia do proletariado.
É evidente que o leninismo, o estalinismo, o maoísmo, o pol
potismo, o castrismo, o ceausesquismo, o trotskismo etc., (e outros ismos de esquerda que não chegaram ao
poder) são variantes. Mas são todos variantes do marxismo e
implementaram o comunismo nos moldes idealizados por Marx. Aceito que digam que decorrem de
características da personalidade de cada um, que foram considerados elementos
culturais e que a operacionalização foi distinta. Mas isso não significa que não
tenha sido estabelecida uma sociedade igualitária (já sabemos que
alguns serão sempre mais iguais do que os outros), sem classes sociais, baseada
na propriedade comum dos meios de produção e sem separação de poderes. Entre outras coisas, não foi isto que o Marx
defendeu? Portanto, dizer que o comunismo não existiu está errado.
Abordada
a vertente ideológica e política, vamos ilustrar o humanismo. Referir a política de estado soviética de erradicação
de nacionalidades resistentes à doutrinação e aos interesses
comunistas poderia ser suficiente. Mas é importante recordar os horrores, por
exemplo, dos gulags, de Holodomor e de Katyn. E nunca, nunca se pode esquecer que o humanismo
comunista levou ao canibalismo (Nazino). Há maior desumanidade?
E
que pode ser dito do humanismo do PCP e do BE? O 25 de abril acabou com o Estado Novo, mas também
originou o Processo Revolucionário em Curso. O PREC só terminou com o 25 de
novembro, que restaurou a via constitucional e democrática. Que fazem os
comunistas e bloquistas? Celebram o primeiro e sistematicamente repudiam o
segundo. Porquê? Porque os partidos comunistas não são democráticos. São revolucionários e ditatoriais. Confrontado sobre a essência do regime norte-coreano,
Jerónimo de Sousa pergunta o que é uma democracia? Os líderes do BE idolatraram
Chávez e louvaram o regime venezuelano como se o mesmo fosse democrático. Só
recuaram perante a ainda mais óbvia insanidade de Maduro, receando custos
eleitorais. É o que vai diferindo Bloco de PCP, os comunistas mantém-se firmes,
os bloquistas guinam. Uns
(comunistas) são idealistas, outros (bloquistas) oportunistas, mas nenhum dos
dois é humanista. Porém,
aquilo que demonstra o profundo desprezo destes partidos pelo humanismo é o
registo da votação nos votos de pesar. Nem na morte demostram
respeito pelos adversários.
A verdade é esta. Nazistas, fascistas, marxistas, estalinistas,
trotskistas, etc., são todos inimigos da liberdade e a da democracia.
E os inimigos da liberdade e da democracia não são humanistas.
Só o liberalismo pode fazer frente a
extremismos. Só quem representa verdadeiramente o liberalismo, no caso
português, a Iniciativa Liberal, pode combater os extremistas e estatistas.
Tenha a Iniciativa Liberal força eleitoral e parlamentar para
isso.
Professor
Convidado EEG/UMinho
POLÍTICA COMUNISMO EXTREMISMO SOCIEDADE EXTREMA
ESQUERDA
COMENTÁRIOS:
Português Indignado: A Iniciativa
Liberal é o melhor Partido a fazer oposição séria e construtiva aos
socialistas/comunistas em Portugal. Fartos de socialismo! Dani Silva: Artigo perspicaz e que acerta no ponto certo!
Parabéns!
josé maria: O liberalismo
radical de Margaret Thatcher deu nisto: mais de três milhões de desempregados,
o equivalente à marca negativa de Grande Depressão de 1929, outro dos eventos
economicamente calamitosos das políticas liberais. josé maria: Nem
mais! Ao ponto de, hoje em dia, existirem indicadores sociais em Inglaterra que
apresentam valores inferiores (entenda-se, piores!) aos observados antes da
Sra. Thatcher chegar ao poder. Ou seja, décadas e décadas depois do
"grande" liberalismo, ainda os estragos se fazem notar, são evidentes
e carecem de recuperação. Nuno Carmona > josé maria:
Compare isso com o socialismo radical de Chavez e
Maduro. Qual prefere? josé
maria > Nuno Carmona: Nunca
fui fã de Chavez e Maduro, nunca pedi, como o Passos, que o Maduro voltasse
mais vezes a Portugal. Nunca disse, como um representante do CDS, Helder
Amaral, que havia uma grande aproximação com o MPLA. Nunca formulei nenhum voto
de pesar pela morte de Fidel Castro, como fez o PSD aquando do seu falecimento
e instaurando processos disciplinares aos seus deputados, que se negarem a
aprovar esse voto na AR.
advoga diabo: Só por
ignorância ou má fé se pode afirmar que o regime Estalinista correspondeu ao
ideal marxista. Foi desvirtuado na sua essência! Paulo Alexandre : Ateu 1
- Ao contrário de outras ideologias, cujos textos
fundacionais justificam e legitimam a prática de actos violentos sobre
terceiros, não se pode dizer o mesmo de Marx e dos seus escritos. Não há
nenhuma passagem, nos textos de Marx que legitimem ou justifiquem o exercício
da violência sobre outros seres humanos, nomeadamente a prática de genocídios. 2
- No entanto, é indiscutível o facto de os seguidores de
Marx terem promovido das maiores atrocidades contra a humanidade, conduzindo à
morte cerca de uma centena de milhões de pessoas. 3 - Ao contrário do que o autor sugere, o liberalismo
também é igualmente violento, escondendo essa violência por detrás da carapaça
da "natureza"; quando os donos das explorações enriquecem e, tal como
os vampiros sugam o sangue das suas vítimas para rejuvenescer, melhoram os seus
padrões de vida e de bem-estar à custa dos parcos salários que pagam aos seus
trabalhadores (enquanto as suas vidas são sugadas em doenças, péssimas
condições de habitabilidade, fome, miséria, pobreza e morte prematura); milhões
e milhões de seres humanos têm perdido as suas vidas ao longo da história do
capitalismo, mortes essas que qualquer ingénuo liberal dirá que se devem à
"natureza" ou "à vida", porque, enfim, adoecer e morrer é
uma condição natural. Mas, de facto, é algo distinto que ocorre: dezenas ou
mesmo centenas de milhões de trabalhadores e de trabalhadoras (incluindo
crianças) perderam as suas vidas na máquina infernal do mais puro liberalismo.
Aquele liberalismo que não quer regulamentações, inspecções, regras ou leis que
protejam a dignidade, a saúde e a vida dos trabalhadores. 4 - Por isso, falta abrir os olhos para a realidade que
muitos liberais querem esconder ou que nem sequer conseguem ver, tal é a
cegueira: a realidade factual que decorre da tragédia de milhões de seres
humanos que perderam as suas vidas em nome da "liberdade" económica
absoluta para uns quantos enriquecerem à custa da miséria alheia. 5
- O IL, em relação ao qual o autor faz a
sua acrítica, ingénua, despudorada e superficial apologia, parece ser o exemplo
típico do Partido que defende a liberdade em questões económicas escondendo o
seu conservadorismo em matérias sociais. 6 - O
IL, em relação ao qual o autor faz a sua acrítica, ingénua, despudorada e
superficial apologia, é um, Partido que advoga a liberalização absoluta nas
áreas da Educação e da Saúde, pelo que defende o direito de cada indivíduo /
família escolher as escolas e os serviços de educação que quiser. Ou seja, este
é um Partido que faz a apologia descarada da promoção da desigualdade já
que, onde a Educação e a Saúde forem um negócio, deixarão de ser direitos
universais, permitindo que os filhos dos ricos tenham acesso aos melhores
recursos nas áreas da Educação e da Saúde, enquanto os filhos dos pobres
ficarão sem Educação e /ou Saúde ou ficarão significativamente limitados no
acesso a esses direitos. 7 -
Só uma pessoa moralmente pouco recomendável se lembraria de realizar uma
competição de atletismo entre atletas bem equipados, bem alimentados e
saudáveis e outros descalços, subnutridos e doentes. Só gente imoral pode
defender que é possível competir em igualdade de condições quando os filhos dos
ricos e os filhos dos pobres são colocados no ponto de partida em condições de
profunda desigualdade. Só um indigente moral se lembraria de defender a tese de
que o mundo seria mais justo se ricos e pobres tivessem de pagar o negócio da
saúde, para, no fim, colocar o filho do rico, bem tratado, acompanhado pelos
melhores médicos, bem alimentado, bem educado, bem equipado, a concorrer numa
prova de atletismo contra o filho do pobre que, por não ter acesso à saúde, a
uma boa educação, a uma boa alimentação ou a um bom equipamento, se encontra
numa cadeira de rodas graças à doença crónica que os pais não puderam pagar. A
"liberdade" que estes senhores defendem é a de garantir que uns
poucos terão, à partida, melhores condições e condições privilegiadas face aos
muitos desfavorecidos. A "liberdade" que esta gente defende é a
de garantir que uns quantos já partem em claras condições de favorecimento e
de privilégio quando a corrida começa. E, quando cortam a meta em primeiro
lugar, ainda têm a imoral e abjecta desfaçatez de acharem que venceram a
corrida com todo o mérito, sem sequer olharem para trás e constatarem que os
seus concorrentes estavam coxos, doentes ou em cadeiras de rodas. E vergonha na
cara? António Castro >
Paulo Alexandre: Ateu Ahahahahah
O Marx foi o iniciador dos festivais
Woodstock. Tudo o que queria era fazer umas festas e celebrar universalmente. É
por estas e por outras que tenho apreço pelo Marx. Não gosto das ideias deles,
mas o Marx era coerente com o que dizia e não tinha vergonha do que defendia.
Hoje, os seus partidários, necessitam dum Marx que
tivesse nascido no século vinte. Karl
Marx teria vergonha de vocês. Paulo Alexandre : Ateu António
Castro ahahaha digo eu! Onde estão as palavras de Marx a apelar, a
justificar ou a legitimar práticas genocidas? Essas palavras encontram-se no
Mein Kampf ou na bíblia mas não nos escritos de Marx. Depois, vejo que evitou o
assunto indelicado: as dezenas de milhões de vítimas do sistema liberal
absoluto que o autor da crónica defende. Os milhões de trabalhadores que
morreram por doenças profissionais, por exaustão, por exploração, por doenças
crónicas resultantes da exploração empresarial, por morte prematura devido aos
acidentes de trabalho e à ausência de políticas e de regulamentos de protecção,
de higiene e de saúde no trabalho, para que os patrões ficassem mais ricos,
melhorassem o seu bem-estar e a sua saúde, não tem nada a dizer, pois não?
O sr. tem a sorte de um dos seus antepassados ter escapado enquanto os seus
irmãos, primos e companheiros perderam a vida para que alguém metesse mais uns cobres
ao bolso, em nome do liberalismo económico absoluto. Se um dos seus
antepassados tivesse quinado, como sucedeu a milhões e milhões deles, certamente
que o sr. estaria mais feliz. josé maria: A experiência trágica e despótica do Chile de Pinochet
também mostra muito bem como o liberalismo de Adam Smith e dos Chicago Boys
casou muito bem com a ditadura mais abjecta e a violação dos direitos humanos.
Foi um conúbio historicamente relevante entre liberais e os algozes do povo
chileno. António Castro > josé maria: josé
maria, já tinha saudades suas. quando o autor escreve "A verdade é esta. Nazistas,
fascistas, marxistas, estalinistas, trotskistas, etc., são todos inimigos da
liberdade e a da democracia. E os inimigos da liberdade e da democracia não são
humanistas" está a criticara apenas a esquerda? Dani Silva > josé maria: Juntar
a palavra "despótica" e "liberalismo" na mesma frase dá
curto-circuito. Então alguma
vez uma ditadura pode ser liberal??? Não
é por ter tido alguma liberalidade económica que se pode considerar um regime
liberal, quando qualquer tipo de ditadura é exactamente o oposto do que um
liberal defende!!!! Old
Dog: Rectificação: O comunismo existe. António Castro > Old Dog: Claro
que existe. Em Portugal e não só. E o
VFS afirma-o quando se refere ao PCP e BE. É evidente que este texto é uma
resposta a este artigo: "O comunismo ainda não existiu, o fascismo e o
nazismo, sim". lL
Duce: Comunismo existiu e convém não esquecer
que nasceu do liberalismo no século 19. Comunismo
existiu, está de volta com outra mascara, e só poderá ser parado com um
renascimento do fascismo. Está na hora de deixarmos de engolir a vilificação
que os comunas fazem do fascismo. É como se melgas, mosquitos e parasitas afins
nos quisessem convencer que não se pode usar Raid... "Raidistas!!" Anarquista Inconformado > lL Duce: Um
nazi/racista derrotado pelo comunismo, empolgado pelo odio da vingança. lL Duce > Anarquista Inconformado: Nascido no comunismo e empolgado por acabar com o
pesadelo, por amor ao meu povo e para que os meus filhos nao acabem num gulag. Anarquista Inconformado > lL Duce: Queres
dizer em Caxias, ou Peniche? Com
os teus filhos como torturadores e carrascos e tu como inspector chefe da Pide.
Derrotado vomitando ódio. lL Duce > Anarquista Inconformado: Espero pelo regresso da Santa Pide. Salvou Portugal de
muitos germes durante muitos anos. Kavkaz Kavkazovitch > lL Duce: Espera
deitado, ao lado do túmulo do Salazar. Burro sem limites. António Castro > lL Duce: Só
o Liberalismo pode acabar com o comunismo. E com o fascismo também. Era só que
que faltava. Mais ditadura. Anarquista Inconformado > António
Castro: Não quererá
dizer o neoliberalismo?
lL Duce > António Castro: Aquilo que deu origem ao comunismo é que vai acabar com
ele? Tem cá uma fé. Fascismo é menos ditadura do que a nossa suposta
democracia.
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