É inútil o esforço das Helenas Matos que vamos lendo, para nos alertarem para
a nossa redução conveniente a um governo que se impôs – e que outro nos
conviria melhor? Afinal, vivemos na doce paz da mentira e da migalha, como
sempre, sina nossa.
Mas bem hajam as e os “Helenas Matas”
que nos alertam e fazem chorar sobre o nosso leite derramado, poor thing…
A normalização do PS /premium
Com Sócrates, o PS
normalizou o abuso do poder, com António Costa o pior governo que já tivemos.
Agora o PS normaliza o espantalho do Chega para que não se pergunte: o que
falhou em Portugal?
HELENA MATOS, Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 22 nov
2020
Esta
semana Fernando
Medina admitiu a ilegalização do Chega. Para a semana outro alguém se lendo,chegará à frente com uma proposta ainda mais
radical. Tem de ser, não é? O país-palco montado pelo PS está a
desmoronar-se à frente dos nossos olhos. E não, não é apenas por
culpa do COVID. Ou
nem sequer é por culpa do COVID, pois a pandemia, tal como aconteceu com os
incêndios em 2017, apenas expôs a mediocridade que, sob a capa da propaganda,
se instalou no nosso quotidiano: muito antes sequer de se ouvir falar de COVID,
em vários hospitais as chefias demitiam-se e as urgências, algumas delas
pediátricas, fechavam porque o SNS não conseguia contratar médicos.
O espantalho da normalização do Chega
faz falta para que não contemplemos o que o PS normalizou. O poder socialista normalizou em
Portugal a clivagem entre o que se faz e o que se diz; entre o que se anuncia e
o que se concretiza; entre o que se defende e o que se realiza.
Mas sob o manto da propaganda
a vida fica cada vez mais dura. Bruta, até. Não por acaso os concursos de
admissão à PSP vão ficando de tal forma vazios que se prevê alterar os
critérios de admissão. Ou seja torná-los mais fáceis. Desautorizados pelos
superiores, os agentes da PSP estão transformados em sacos de pancada nas ruas.
Mas falar disso pode parecer mal aos senhores Medinas deste mundo, não é?
Anunciam-se programas de milhões de apoio aos afectados pelas
medidas de confinamento mas depois, ao lerem-se as entrelinhas, percebe-se,
como aconteceu aos donos dos restaurantes, que pouco ou nada receberão pois as
contas ao prejuízo são feitas em função dos valores de 2020 e não de 2019. (Quantas manifestações com cartazes “Governo assassino”
já se teriam feito desde Março de 2020 caso o executivo fosse de direita? Assim
estamos diante de uma fatalidade que acontece por nossa culpa.)
Somos
convocados para nos indignarmos com a violência policial nos EUA de Trump ou no
Brasil de Bolsonaro mas nunca responsabilizámos qualquer um dos nossos
governantes pela tortura e morte do cidadão ucraniano Ihor Homenyuk no
aeroporto de Lisboa.
Rasgam-se as vestes pelo Estado Social mas o que temos é um estado
fiscal. (Querem comparar a capacidade de
tratar e recolher dados do ministério da Saúde com o das Finanças?)
Dizem-nos
para cumprir as determinações das autoridades mas as autoridades desdizem-se
sistematicamente: a 7 de Novembro, as autoridades garantiam que 68 por cento
dos contágios de COVID aconteciam em meio familiar. A 20 de Novembro os 68 por
cento passaram a 10. Dúvidas? Claro que não. Críticas? Ainda menos. As únicas
autoridades que se podem criticar são as da Suécia.
Revivemos com horror a passividade
dos cidadãos perante os abusos perpetrados em ditaduras passadas mas vivemos
com distanciamento a presente tomada desse mesmo estado pela nomenklatura
socialista: Vítor Caldeira o presidente do Tribunal de Contas não foi
reconduzido; Ana
Carla Mendes de Almeida ficou em
primeiro lugar no concurso para o cargo de Procurador de Portugal na Europa mas
a classificação de nada lhe serviu pois o Governo optou pelo segundo
classificado; da PGR foi afastada a antiga Procuradora-Geral, Joana
Marques Vidal, já a sua
sucessora parece
mais apostada em conseguir criar mecanismos de controlo político da
investigação criminal do que em promover essas investigações.
Organizam-se sessões de flagelamento
mediático porque se questionou o número de beneficiários de RSI nos Açores mas
não se denunciam as políticas de promoção da subsidiodependência por parte dos
socialistas naquela região autónoma.
Dizem-nos
que somos todos iguais e descobrimos que alguns são mais iguais que outros.
Quais? Aqueles de quem o PS depende. Para aprovar o orçamento, por exemplo.
Longe
vão os tempos do mantra da descrispação, do anúncio dos milagres e em que o
primeiro-ministro encerrava os assuntos declarando-se ou não surpreendido: “Costa surpreendido” ou “Costa não ficaria surpreendido” tornaram-se tópicos da informação nacional. Só este ano o primeiro-ministro já nos informou de
coisas tão díspares quanto “não está surpreendido com a aprovação da eutanásia” (21 de
Fevereiro), que “ninguém vai ficar surpreendido” com
a passagem de Centeno para o Banco de Portugal (25 de Junho); que está “muito surpreendido” com transmissão comunitária do vírus (9
de Novembro) ou que ficaria “muito surpreendido”
com o Natal sem estado de emergência (21 de Novembro).
Mas
agora a surpresa pode ser outra. Antes que o país se surpreenda e pergunte, por
exemplo, como foi possível não nos termos preparado melhor para a segunda vaga
— a sério que o reforço das equipas de rastreadores está a ser feito agora em
Novembro? — há
que criar um inimigo público. O Chega cumpre esse papel na perfeição.
Os socialistas precisam que nos indignemos com o que definem como
normalização do Chega para que ninguém os confronte com aquilo que eles
normalizaram: os
abuso do poder de Sócrates. A
mediocridade dos governos de António Costa. Agora o PS precisa de normalizar o
espantalho do Chega para que não se lhes pergunte: como foi possível prometer
tanto e realizar tão pouco?
Receba
um alerta sempre que Helena Matos publique um novo artigo.
PS POLÍTICA FERNANDO
MEDINA ANTÓNIO COSTA
COMENTÁRIOS
Luis Paulo
Sousa. Excelente.
Alexandre
Leitão Barbosa Ribeiro: Se mal lhe
pergunte, HM. Se “o” vírus SARS-CoV-2 é de género masculino e a doença que ele
provoca é “a” COVID, porque á que insiste em aplicar-lhe o artigo “o” Covid?
Maria Augusta: Este artigo
da Helena Matos até dói do ridículo e da crueza da mediocridade deste governo e
da situação a que chegamos. Quão
medíocres fomos como povo para votarmos colectivamente nesta cambada?
Seja votar nos xuxarecos ou na comunada?
Como é possível admitirmos sermos
manipulados por esta corja? E
alguns de "nós" até aplaudi-los por puro fanatismo ideológico? Por
absurdo que pareça tenho dito várias vezes que este é o governo que mais
portugueses matou por incúria ou incompetência desde sempre, a lista já vai em
vários milhares de mortos. Como é possível? Imagine- se um décimo disto no Governo de Passos
Coelho e a manipulação propagandística que os xuxarecos e a comunada fariam em
manifestações, greves e hordas de indignados profissionais da comunada a rasgar
as vestes e a gritar "assassinos"!
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