domingo, 22 de novembro de 2020

Parece fácil

 Parece fácil

Mas travar dessa forma toda a actividade, quando sabemos que não é uma verdade generalizada, que os comboios continuam a transportar, os mercados a vender, empregando muita gente, e bem assim as farmácias, e a polícia, e o governo a esfalfar-se, dando ordens e contra-ordens, os programas televisivos a fazer-se, alguns percorrendo o país, em festas… E os médicos e os enfermeiros é um ver se te avias de trabalhos expostos à covid, e mais as escolas e os lares, pese embora as restrições…

Afinal, se se fazem bichas para alguns desses postos de trabalho, porque não se fazem bichas para todos os outros? Que critérios presidem a essas restrições que não sejam os de um abuso do poder, para mais contraditório e arbitrário, arruinando-se a economia e as gentes com tal parcialidade nas ordens. Esta ordem não de marcha mas de paragem entre as 13 horas e as 5 da manhã, no sábado e no domingo parece anedótica. “Covid, podes vir agora, que a minha gente está de resguardo”…

O certo é que a covid está ainda a fazer finca-pé na nossa ignorância a seu respeito e ri-se de nós e das nossas máscaras, que resguardam ou não, as opiniões também divergem nisso, até as dos próprios médicos…  Mas, que sei eu? Afinal as outras guerras são bem mais mortíferas, com armas visíveis e massacres, nós temos apenas que obedecer a ordens de confinamento, pesem embora as desigualdades no trato…

UM ORÇAMENTO DE GUERRA - ESTE, O TEMPO DA GUERRA...

HENRIQUE SALLES DA FONSECA  A BEM DA NAÇÃO21.11.20

… em que não se limpam armas.

O teatro das operações é global, o cenário é pandémico e o inimigo é o COVID. A prioridade a que tudo se deve submeter é o extermínio do inimigo. Tudo o mais é supérfluo.

Eis por que tenho o Orçamento do nosso Estado para 2021 como algo que deve ser posto incondicionalmente ao serviço dessa causa maior, o extermínio do vírus, o fim do estado pandémico e a retoma da normalidade. Crendo que a única arma eficaz será a vacina, divido o tempo em duas fases – a da pré-vacina e a da pós-vacina - a que faço seguir uma terceira fase, a da normalização.

Na fase pré-vacina, a Economia tem que ser sustentada por subsídios públicos de sobrevivência, reembolsáveis (sem juros) em prestações a partir de um ano após o fim das restrições impostas pela pandemia.

Na fase pós-vacinação global da população, livre dos condicionamentos da fase anterior, deixe-se a Economia retomar a actividade produtiva para que, um ano depois, tenha recuperado o suficiente para que possa dar início à amortização dos subsídios recebidos durante a fase anterior;

O stock da dívida pública deverá então (e só então, passado um ano do levantamento das restrições pandémicas) voltar a merecer os nossos mais exigentes cuidados.

Este, um tempo de excepção em que os critérios de equilíbrio estrito das contas públicas devem ser maleabilizados mas, claro está, em que os abusos mais devem ser alvo de férrea vigilância política e, talvez mesmo, policial.      Novembro de 2020    Henrique Salles da Fonseca

Tags:"economia portuguesa"

COMENTÁRIOS:

Anónimo 22.11.2020 10:37: Eu aprovaria o teu orçamento na generalidade, pese embora na especialidade um ou outro aspecto pudesse ser aprofundado. Simplesmente, Henrique, não sei se o OE que vai sair da AR será a arma de guerra que preconizas. Sei que eu não o deveria fazer e que está errado, mas não resisto a desligar-me de assuntos que me incomodam, e faço-o, desde há algum tempo a esta parte, com o intuito de preservar a minha saúde mental, pelo menos essa. E foi o que aconteceu quando me apercebi que este OE iria ser objecto de “barganha”, onde não faltariam as ameaças (reais ou fictícias) de não aprovação. Apesar do meu distanciamento sobre a matéria, não pude deixar de ouvir recentemente num noticiário da rádio que haveria cerca de 1500 (!) propostas de alteração ao OE. Obviamente, nem todas serão acatadas, mas independentemente disso, que documento resiste na sua coerência, no seu equilíbrio, no seu desejado conteúdo à acomodação de um número tão exuberante de propostas de alteração? Temo que não se esteja a privilegiar o principal sobre o assessório, neste momento em que, unanimemente, se considera a actual crise como a mais grave que o País, a Europa, os EUA e muitos outros países espalhados pelo mundo estão a viver, desde 1929. Deixo-te uma pergunta angustiante, que me tem assolado ultimamente: será que todos nós, nas várias vertentes exigidas pela guerra que o vírus nos impôs, temos tido o comportamento exigido pelas circunstâncias? Forte abraço.Carlos Traguelho          Anónimo 22.11.2020: Na minha faixa etária (75), incumprir as normas tidas por seguras corresponde a atitude suicida. Não ponho pé na rua fora dos horários estabelecidos e, mesmo assim, com máscara. Resolvi prescindir dos transportes colectivos, sinto-me mais seguro do que quem tem de andar de comboio em hora de ponta. Creio que a maioria absoluta da população é cuidadosa e consciente mas todos estamos à mercê de um ou outro imbecil. Valha-nos o Altíssimo enquanto não chega a vacina.


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