quarta-feira, 9 de outubro de 2019

JMT faz contas



Com certeza que estão certas, não seria inteligente se não estivessem, mas talvez pela índole implicativa do articulista, talvez pelo aumento encarniçado dos adeptos das “sopas e descanso”, que a aliança à esquerda piedosamente e gloriosamente deixa supor, mascarando desilusões específicas, que as contas de JMT justificam, o certo é que o número dos seus inimigos tem aumentado ultimamente, saltando-lhe em cima às centenas, tornando-o uma espécie de bobo da corte, como representante de uma posição de sinceridade “à antiga” que já ninguém ou pouca gente suporta, gente que ele desmascara nos seus posicionamentos com base nas “sopas e descanso” referidos. Sim, JMT ainda é dos que vai estrebuchando, num Jornal que o vai aceitando, a pretender isenção, onde predomina o facciosismo da tendência esquerdista. O certo é que os apoiantes de JMT vão cada vez mais rareando, agradados do sorriso triunfal de Costa e de Catarina, os restauradores do Portugal novo, assente, como nunca, no descanso e nas sopas... por conta alheia.

O lento desmoronar do sistema político português
O peso do anti-sistema dentro do sistema mais do que quadruplicou em menos de duas décadas – e esta é a verdadeira notícia destas eleições.
JOÃO MIGUEL TAVARES
PÚBLICO, 7 de Outubro de 2019
Sim, eu sei que toda a gente está interessada em saber quem governa e como – já lá vamos. Mas, primeiro, façam o favor de atentar nestes números. Esta manhã estive entretido a  em pequenos partidos, somados aos votos brancos e nulos, desde o início do milénio. De um lado, os partidos que vêm do século passado – PS, PSD, CDS, PCP e Bloco –, e que dominaram a representação parlamentar até 2015 (altura em que o PAN conseguiu eleger o seu primeiro deputado); e do outro lado tudo o resto, sendo que este “tudo o resto” representa, em boa medida, o peso do anti-sistema dentro do tradicional sistema político português. (Note-se que nem sequer estou a contar com a evolução da abstenção, que iria reforçar a minha tese.)
Os números são impressionantes. Em 2002, apenas 3,5% dos votos dos portugueses foram para pequenos partidos ou para brancos e nulos. Em 2005, esse número subiu para 5%. Em 2009, situou-se nos 6,2%. Em 2011 já estava nos 8,5%. Em 2015 chegou aos 10%. E agora, em 2019, os votos dispersos por pequenos partidos e pela soma de brancos mais nulos saltou para uns impressionantes 15%. Isso significa que o peso do anti-sistema dentro do sistema mais do que quadruplicou em menos de duas décadas – e esta é a verdadeira notícia destas eleições, até porque com no Parlamento e a entrada do Chega, da Iniciativa Liberal e do Livre, a tendência será sempre para estes partidos aumentaram as suas votações nas próximas legislaturas, à boleia da maior visibilidade dos seus deputados. A velha era das maiorias absolutas de um único partido pode muito bem ter morrido de vez em 2019.
Sim, nós não somos a aldeia de Astérix numa Europa em turbilhão. Estamos mesmo a assistir ao lento desmoronar do sistema político português tradicional, e não é por o movimento ser lento que ele deixa de ser real. Portanto, a resposta sobre quem perdeu ou quem ganhou estas eleições é muito fácil: do PAN para baixo ganharam quase todos (a derrota da Aliança de Pedro Santana Lopes é uma excepção que demonstra bem este movimento de substituição de velhos protagonistas por novos); do PAN para cima perderam quase todos.
Essa derrota inclui o PS? Sim e não. Por um lado, o PS aumentou a sua votação e ganhou, palminhas para o vencedor, mas se olharmos para aquilo que eram as suas expectativas, não ganhou coisíssima nenhuma. Mais três ou quatro deputados e teria ganho – bastaria aliar-se ao PAN e ao Livre para conseguir os 116 deputados. Assim, morreu na praia, ainda por cima com uma conjuntura internacional dificilmente repetível, um ministro das Finanças super-popular, e um primeiro-ministro com uma habilidade para estabelecer compromissos como não há memória desde o PREC.
E quanto à grande vitória da esquerda? Também não houve. O negócio da Geringonça favoreceu um único partido – o PS – e todos os outros perderam votos em relação a 2015. O PS ganhou 150 mil, mas o Bloco, que começou a noite eleitoral em clima de festa, perdeu 50 mil votos, e a CDU perdeu mais 115 mil. Conclusão: a chamada Geringonça teve menos votos em 2019 do que em 2015. Portanto, o modelo de governação que alegadamente tinha satisfeito tanto os portugueses ao longo dos últimos quatro anos perdeu eleitores em relação a 2015, quando ninguém sabia que ele iria existir. Reescrevam a História, se faz favor. Boa parte do país está profundamente descontente com o que tem. E nota-se cada vez mais.

COMENTÁRIOS:
maria: O JMT é, de facto, um articulista manhoso. Durante o reinado do seu admirado e amado Passos, nunca ventilou/sussurrou, ao mundo, qualquer indício do desmoronamento do sistema político português. Agora, porque levou um banho/tareia da sua "insuportável e nefasta" esquerda, cospe cobras e lagartos para a sua própria sombra, quiçá, para se convencer de que é um grande conforto para si próprio.
ARLINDO OLIVEIRA: Constato, que só ele, JMT ri, com aquilo que escreve!! Pretende estar em todas, numas acerta e noutras passa muito longe do alvo, mas sempre ri, mesmo quando não tem piada nenhuma!! Como vivem felizes com tão pouco!! Caso para estudo, ou não??
Carlos Alberto da Sila Martins: Confesso que prefiro ler as profecias de Cavaco Silva a perder tempo com este desprestigiante escrevedor.
Fernando Geração: Caro JMT, ser sério implica dizer que a geringonça perdeu 15 000 votos, mas que votaram menos 200 000 do que em 2015. Portanto, 52,78% dos votos de 2019 (50,87% em 2015) perderam 7,5% do total de votos a menos. Já a PaF (32,05% dos votos em 2019/36,83% em 2015) perdeu 344 458 votos, que representa mais de 172% do total de votos a menos. Em percentagem, a descida da PaF é 150% mais do que a subida da geringonça.
trosario51: JMT faz parte da turba de jornalistas e outros que tudo têm feito para degradar o sistema politico, curiosamente vem agora depois de fazer continhas, concluir o óbvio do seu contributo. JMT e, o seu guru politico Passos, por exemplo, fabricaram o porta voz da extrema-direita, um tal Ventura.
Alforreca Passista: JMT não é jornalista, se o é onde está o jornalismo da sua responsabilidade? Por favor, não confundam opinião com jornalismo....
lgfernandes: Na sua ânsia de desvalorizar a vitória da "esquerda" nas últimas eleições procura mostrar que a "geringonça" teve agora menos votos do que tinha tido em 2015. Mas esqueceu-se do Livre, que mesmo antes da "geringonça" existir já era um seu fervoroso adepto!... Se adicionar os seus votos concluirá que afinal a "esquerda" defensora da "geringonça" até teve agora mais votos do que nas anteriores eleições Legislativas...
JDF, 07.10.2019: É incrível como não se pode apresentar pontos de vista e raciocínios perfeitamente válidos e a terem-se em conta, que os comentários jorram na crítica. O ps não ganhou, com maioria relativa? Não tem o tapete chamado BE? Sim, se antes era uma bengala, agora, depois de uma campanha a dizer que o ps não iria ter um modelo de geringonça, e o anterior """parceiro""". Parecem adolescentes carentes do homem mais velho e cool, é um autentico tapete que anda todo contente desde que a direita perca. E perdeu, e o cds retrocedeu 10 anos...felicidade para todos...vamos a 4 anos e que tudo corra bem para todos...
Sum Legend, 07.10.2019: A minha opiniao: 1) a esq. não teve a "vitória estrondosa" que apregoou toda a noite pois além de o total PS+BE+PCP/PEV só ter aumentado 2% entre as eleições de 2015 e 2019, o BE e especialmente o PCP/PEV perderam eleitores e eleitores+deputados respectivamente. 2) O Livre elege uma deputada que quer mais religiões na assembleia (isto num estado laico) e mais mulheres que homens. Começa bem. 3) O Chega!, que teve mais votantes que o IL e o Livre (o Rui Tavares deve estar a roer-se todo a esta hora), elege o primeiro deputado da história da Assembleia que tem 2 primeiros-ministros, o clubístico e o verdadeiro 4) O IL elege um deputado que já está farto de dizer que agora é que o PS vai ter oposição (com um deputado!) 5) O CDS... quem? Resumindo, isto promete.
Choninhas Chanfrado - prof. Catedrático em New Iorque (exatamente 3 cátedras), 07.10.2019: E convém não esquecer que a esquerda (extrema) nem considera o PS um partido de esquerda.
Aónio Eliphis, 07.10.2019: Muito bom caro Sum.
António GS, 07.10.2019 : Conclusões apressadas num indivíduo que parece não pensar o suficiente.
agany, 07.10.2019: Seria, se os 45% de abstencionistas votassem fora do bloco central, criando um novo equilíbrio de forças. Até lá, continuamos na mesma.

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