Leio este texto de Salles
da Fonseca,
complementado com um retrato de Raymond Aron, com o
indicativo da sua leitura - “In «Memórias»
- ed. Guerra & Paz, Fevereiro de 2018, pág. 122” – e,
lembrei-me de o colocar a seguir, no meu blog, como complemento necessário, no
seu conceito enriquecido de valores e de leituras necessárias para um alargar de
reflexão a domínios de rigor mais racionalmente dimensionados, e não, como no
caso do texto anterior, de Rui Tavares, se fixar
em puros enunciados subjectivos, de uma contundência perfeitamente infeliz,
pelo que deixa pressupor de irracionalidade e pobreza espiritual, divorciadas
dos tais princípios que atraíram as referências de Salles da Fonseca. Por tal motivo, o coloco, com
gratidão, no meu blog, fazendo votos para que as leituras destes filósofos que
interessam Salles da
Fonseca, atraíssem a ponderação de muitos
dos nossos cultores de uma política “sociológica” de «relatividade sem limites», de «redução dos valores a uma realidade mais
natural do que espiritual, submetida a um determinismo e não aberta à liberdade»
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 10.10.19
[Na década de 30 do séc. XX] os sociólogos, democratas,
livres-pensadores, partidários da liberdade individual, confirmavam com a sua
ciência os valores aos quais espontaneamente aderiam. Aos seus olhos, a estrutura da civilização
presente (densidade ou solidariedade orgânica) exigia de algum modo as ideias
igualitárias, a autonomia das pessoas. Os juízos de valor ganhavam, mais
do que perdiam em dignidade, ao tornarem-se juízos colectivos. Substituía-se
com toda a confiança a sociedade de Deus. Aliás, o termo «sociedade» não deixa de ser equívoco pois ora designa
os colectivos reais,
ora a ideia ou o ideal destes colectivos.
Na verdade, só se aplica aos agrupamentos particulares, fechados
sobre si mesmos, mas
menos do que as palavras «pátria»
ou «nação» e recorda
as rivalidades e as guerras (não
se imagina facilmente uma sociedade alargada aos limites da humanidade
inteira). Dissimula os conflitos
que assolam todas as comunidades humanas.
Permite subordinar à unidade social as classes opostas e
conceber uma moral nacional que seria sociológica sem ser política.
Ora,
se este conceito designar o geral parcialmente incoerente dos factos sociais,
desprovido de todo o prestígio emprestado, pergunto: não parece assim que o “sociologismo” junta, com uma
relatividade sem limites, a redução dos valores a uma realidade mais natural do
que espiritual, submetida a um determinismo e não aberta à liberdade?
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