domingo, 27 de outubro de 2019

País de inércia


Crónicas de sábado, de sabor domingueiro,  de VPV e de AG, sobre o país e o mundo, como habitualmente - as de AG sobre o país eleitoral, na sua totalidade, VPV, com algumas concessões a outras temáticas entre as quais as sobre educação, que não parece deva ser tema de apontamento breve e ligeiro, mau grado o cunho histórico de que o rodeou. À leveza – mas certeira – do discurso de VPV, responde o discurso pesado e feroz de AG, a que respondem, entre diversos detractores, aqueles que se não deixam mover por razões partidárias, mas de idêntica sensibilidade a um país de inércia, em que nos acolhemos, por vezes com acrimónia, mas a maioria encolhendo os ombros da indiferença ou da previsão arranjista.
CRÓNICA: Diário
Toda a gente está preocupada com as finanças e as propriedades de Nuno Artur Silva, o novo secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media. A mim o que me preocupa é Nuno Artur Silva. O canal “Q”, o mais notório produto do seu génio, é uma miséria intelectual e moral.
VASCO PULIDO VALENTE
PÚBLICO, 26 de Outubro de 2019, 5:30
Falando com uma amiga minha, descobri que a filha dela, de 12 anos, tinha no 7.º ano de escolaridade as mesmas disciplinas que eu tinha, aos 12 anos, no 3.º ano do liceu, em 1954.
A saber: matemática, físico-química, ciências naturais, geografia, história, francês, inglês e português. Este currículo absurdo é uma invenção de Comte e foi muito popular em Portugal por volta de 1870. Eça e Ramalho defenderam-no com entusiasmo. A ideia de Comte consistia em dar às criancinhas uma visão enciclopédica do mundo e os instrumentos de uma aprendizagem futura, como a matemática e as línguas modernas. Descobriu-se com a experiência que este saber, dividido em fatias (físico-química, ciências naturais, geografia e história), não dizia nada aos educandos sobre a realidade da vida. E, além disso, que três anos de francês, inglês e português não chegavam para instruir pré-adolescentes em qualquer delas.
A França persistiu neste equívoco até muito tarde e Portugal, como sempre, imitou a França até mais tarde. Hoje ainda a filha da minha amiga tem de meter na cabeça a fórmula do ácido sulfúrico, o que é um cefalópode, e o que andou Afonso de Albuquerque a fazer na Índia. Fora ter de aprender também português, francês e inglês ao mesmo tempo, coisa manifestamente impossível.
20 de Outubro: Estão no governo de Costa 27 deputados socialistas recém-eleitos para a Assembleia da República e substituídos pelos homens sem cara que vinham a seguir nas listas. Esta vergonha é habitual: os partidos põem à frente gente com algum crédito para mostrar que se importam com o povo e depois essas duas dúzias de notabilidades vão para o governo e deixam o que sobra a falar sozinho. Quem manda na Assembleia é o governo e as direcções partidárias. Devia ser o contrário.
21 de Outubro: Rui Rio recandidatou-se a presidente do PSD. Cada vez que abre a boca cria um pequeno tumulto. A extravagância deste homem vai instaurar a desordem no parlamento e na vida política portuguesa. Aparentemente, ainda ninguém deu por esta manifesta realidade.
22 de Outubro: Vão mudar Franco, ficam os caídos. E, entre eles, o vale.
23 de Outubro: Não param de chover asneiras sobre a composição do governo de António Costa. Um governo pequeno de uma dúzia de notabilidades, políticas ou profissionais, podia limitar o arbítrio do primeiro-ministro; um governo de 19 ministros e cinquenta e tal secretários de Estado faz do primeiro-ministro um déspota absoluto.
24 de Outubro: A esquerda continua a dizer que não se deve falar sobre André Ventura e continua a falar ininterruptamente sobre André Ventura.
25 de Outubro: Toda a gente está preocupada com as finanças e as propriedades de Nuno Artur Silva, o novo secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media. A mim o que me preocupa é Nuno Artur Silva. O canal “Q”, o mais notório produto do seu génio, é uma miséria intelectual e moral.
Colunista
COMENTÁRIOS
antoniofialho1, 26.10.2019: Concordo com VPV, o nosso ensino secundário é retrógrado e desenhado de acordo os interesses e formação dos professores e não dos alunos: esses têm de aprender os professores lhes apetecer ensinar...
rafael.guerra, 26.10.2019: Os professores deveriam então ensinar apenas o que bem apetece aos alunos aprender? Parabéns, acaba de ganhar o prémio Ig Nobel da Educação.
José Manuel Martins, 26.10.2019: hoje vpv acordou 'às avessas'. Ora devolvamos-lhe o fármaco e pastichemos desenfadadamente (como se dizia nos tempos de Eça): 19/10: vpv descobriu q o ácido sulfúrico não tem fórmula ou q, a tê-la, estaria mais bem guardada numa calculadora do que num cérebro de rebento. Esquece que os compêndios escolares de 1900 eram três vezes mais grossos do que o paraíso das imagens esquemáticas que os veio substituir. Com escola nova ou sem ela, este dia é um arroto grosseiro e vácuo. 20/10: descoberta da pólvora - que os partidos são eleitos. 21/10 qq alternativa a rio é um sub-ca(c)os. Correctos os 2 dias seguintes. 25/10 não conheço nem... nem. Mas acredito. Voltando à turba infantil e à química: parece incompatível, não é? Aos boçais, talvez; mas responde a um nome desiderativo: sapiens sapiens.
rafael.guerra, 26.10.2019: Questiona o saber dividido em fatias (físico-química, ciências naturais, geografia e história) por não dizer nada aos educandos sobre a realidade da vida? Essas disciplinas são absolutamente essenciais para compreender o mundo. O problema não é o fatiamento, mas como são cozinhadas e servidas as ditas fatias.
FzD, 26.10.2019:  VPV devia sossegar a sua amiga: ao contrário do seu tempo, os estudantes (palavra caída em desuso), actualmente não têm que saber aquilo tudo: basta andarem lá pela escola e pelas aulas e irem sorrindo aos professores...   (…)
II -Eles tomam posse e não deixam nada /premium
Agora a sério (se possível): antigamente a sujidade da política sofria uma demão de verniz. Nas situações extremas, varria-se o lixo para debaixo do proverbial tapete. Nos tempos que correm, é isto.
ALBERTO GONÇALVES, Colunista do Observador       OBSERVADOR, 26 oct 2019
20 ministros? 50 secretários de Estado? Não me venham com resmungos: os Camarões, que não são melhores que nós, têm 33 dos primeiros, e sabe Deus quantos dos segundos. Os números, que a má-língua condena, apenas demonstram a abundância de gente valorosa que gravita em redor do Largo do Rato, e que, do alto da sapiência dele, o dr. Costa quis e soube premiar. Não houve escolhas ao acaso. Houve a consagração de indivíduos (e indivíduas) cujas proezas os elevam acima do lorpa, perdão, do contribuinte, perdão, do mortal comum.
Temos governantes idolatrados por levantar a dívida pública (acima de níveis espectaculares) e apostar na carga fiscal (a mais espectacular de sempre).
Temos governantes que investiram o dinheiro que, se pudessem, os cidadãos gastariam à toa para, em boa hora, salvar a banca de percalços imprevisíveis.
Temos governantes que arruínam o Serviço Nacional de Saúde com o único – e admirável – propósito de mostrar ao neoliberalismo capitalista-fascizante o quanto o SNS era bom.
Temos governantes que deixaram de ser juízes e que, com vasto altruísmo, transportam a separação de poderes para a política.
Temos governantes casadas com juristas tão indispensáveis que vendem ao governo pareceres (e parece-me bem).
Temos governantes tão francos e modernos que protestam no Twitter a remoção das esposas do governo que eles aceitaram integrar.
Temos governantes com espírito fraternal, que pagam as oliveiras de amigos ao preço das próprias árvores bíblicas.
Temos governantes que souberam gerir, com escassas fraudes de permeio, a épica e adiada reconstrução de Pedrógão e arredores.
Temos governantes que, durante os incêndios de 2017, garantiram que os bombeiros não falassem e o povo não fosse incomodado com informações deprimentes.
Temos governantes que, por coincidência, possuem empresas no sector que passam a tutelar, e que, por pudor, despacham as empresas quando são nomeados, e que, por respeito dos valores da família, asseguram que a transacção das empresas se faz com um sobrinho.
Temos governantes que confiam na economia a ponto de abrirem firmas de imobiliário no dia anterior à tomada de posse.
Temos governantes que combatem justamente os colégios privados e que, com grande sacrifício pessoal, mantêm as filhas num colégio privado por pura necessidade.
Temos governantes que, com rara visão, atribuem contratos de centenas de milhões a “start-ups” pequeninas (50 mil euros de capital social), jovens (três dias de existência), humildes (sediadas numa junta de freguesia) e empreendedoras (a junta de freguesia, à imagem dos dirigentes, é do PS).
Estes são só alguns exemplos. Estou certo de que todos os membros do executivo ostentam credenciais fantásticas, e que o nosso desconhecimento das mesmas reflecte a nossa radical ignorância. Não é qualquer borrabotas que é seleccionado para um governo destes, e não é qualquer borrabotas que aceita a selecção. No caso, são borrabotas muito peculiares.
Agora a sério (dentro do possível): antigamente a sujidade da política sofria uma demão de verniz. Nas situações extremas, varria-se o lixo para debaixo do proverbial tapete. Nos tempos que correm, é isto. Nas redes do funcionalismo partidário ou nos jantares lá de casa, o dr. Costa arregimenta umas resmas de fiéis sem nome nem escrúpulos e pronto, está constituído um governo. Perante o imenso rol de serviçais indistintos (no sentido de que nunca alguém distinguirá uns dos outros), é engraçado ver o “comentariado” oficial, assaz solene, debater as “apostas seguras”, as “apostas de risco” e as “apostas na continuidade”. Eu aposto na miséria e na prepotência e na voracidade do costume, agravadas pela crescente falta de vergonha.
E, claro, pela falta de um presidente que imponha limites. À semelhança do tango, o fandango nacional exige um par: o dr. Costa, que convoca criaturas abaixo de suspeitas, e o prof. Marcelo, que as aceita sem hesitação ou ressalva. Fica a ideia de que o duvidoso currículo de tantos governantes não é um obstáculo à respectiva “indigitação”, mas um pormenor indiferente ou um critério indispensável. Nas profundas declarações que comete, o prof. Marcelo orgulha-se repetidamente de dormir pouco: se fosse responsável por legitimar tamanha trupe, eu não dormiria nada.
Felizmente, os portugueses dormem. A sucessão de escândalos em matéria de compadrio, inaptidão, atropelos, descaramento e pura fraude que definiram o governo anterior castigaram o PS com a vitória nas urnas e o reforço da votação. Não vou discutir pela enésima vez se os portugueses preferem habilidosos deste calibre porque são iguais a eles, porque sonham ser iguais a eles ou porque não vêem alternativa. A verdade é que os portugueses optaram por um governo assim porque quiseram, e esses 18% de eleitores deviam ser forçados a assistir em directo e de pé ao lindo serviço que fizeram: simbolicamente, a tomada de posse é hoje. Na prática, o PS já tomou conta disto há anos.
Alberto Gonçalves
COMENTÁRIOS:
Ana Brito: Os portugueses em política são uma desgraça: quase 50% acham que, não votando, se vingam dos políticos ou gozam com eles.20% votam por ideologia, não querem saber de resultados e até escondem ou negam os erros cometidos e a corrupção endémica. Os outros andam a falar sozinhos, a apoiar partidos que depois não os representam, ou que nem sequer conseguem chegar ao poder. 18% decidem "a coisa". Os média fomentam a confusão, a divisão, servindo meias verdades de manhã, uma mentira metida entre duas verdades à tarde e mentiras grosseiras à hora do jantar. Quando a casa for abaixo, ninguém vai ter dó dos portugueses, assim como não tiveram dos gregos: "fizeram a vossa cama"- hão de dizer-nos, - "deitem-se nela!"
Joaquim Moreira: Esta é a realidade, pura e dura, para minha grande amargura. Esta é a democracia, que agora dizem que há, porque dantes não havia. Não sei qual era a percentagem que nesse tempo votava, mas sei que agora são 18% dos portugueses que dizem quem manda e já não quem mandava. Uma verdadeira democracia escrava. Escrava de uma minoria, que agora vota e antes não votava. Claro que, a que não votava nesse tempo era porque não tinha nascido, porque muitos dos votavam nesse tempo, só não votam agora por já terem morrido. Afinal, somos um povo muito querido. Como diz o Presidente, somos os melhores do Mundo, e ainda por cima, sempre com um ar de Feliz e de Contente. Pobre gente, a restante, que assiste a tudo isto, de forma mais ou menos indiferente. Até que um Major-General resolve levar a tropa, para o campo da liça, para mostrar aos amigos do golfe, os meios que o país desperdiça. E que só foi notícia, porque um amigo da onça, resolveu filmar o disparo daquela Geringonça. E para vermos o país que somos e a qualidade dos portugueses que votam, não resisto a transcrever um comentário que vi, a propósito deste tema, por um apoiante do sistema e dos vencedores das eleições: “A peça que deu origem a todo este "granel" parece ser um 25 pounder restrito a salvas cerimoniais. Não é material no "activo", nada de confusões...”!
Joaquim Moreira > Ping PongYang: Não sei se merece, mas mesmo assim vou dizer o que sei e não o que me parece. Quem ainda não percebeu a gravidade da situação, não pode nunca perceber o que está em questão. O uso e o abuso, por um general, de pessoal e material militar, é de uma gravidade tal, que põe em causa o prestígio do meu país, que é Portugal. Só no 3º mundo acontece tal. Como pode ver, o que para si é uma “merdice”, para mim é um sinal da degradação socialista. Que, como já lhe disse, até transforma um general num vulgar artista.
Ping PongYang > Joaquim Moreira: Para que fique bem claro, não acho sequer aceitável que os elementos das FA andem ou tenham que servir de figurantes, seja lá onde for e o mesmo para TODAS as forças de segurança. Não pus em causa o princípio, só afirmei que a ferramenta usada, parecia ser uma peça cerimonial ou de museu. Nada mais.
Adelino Lopes: Sou de opinião que, perante tais embustes, o povo em vez de exigir honestidade, sente inveja de não ser ele a alimentar-se do estado. Já não é só indiferença. É mesmo inveja (bem patente do BE). O povo pensa que esses governantes é que sabem, e que eles também deveriam saber lá estar. Não há princípios nem valores a respeitar. Mais uma razão para reduzir o estado (reduzir a esqª). Só com um estado reduzido é que é possível acabar com esta pouca vergonha. Até lá, a esqª vai governando e governando-se.
José Paulo C Castro: O povo não decidiu ? Está decidido. Ainda ontem vi gente a dizer que a gaga não gagueja quando pensa. Também devem achar que o governo não os prejudica quando pensa. Há sempre uma forma positiva de ver as coisas. Verdadeiramente estranho é a abstenção ter sido reforçada com o eleitorado de direita e do PSD. Rios de estranheza. Não viram a alternativa ? Ou foi porque a viram e era quase igual ao PS ?
Alfaiate Tuga: Algo me diz que só para aí uns 25% da Tugolandia se preocupa com o governo, o resto quer saber é se tem saúde, emprego, e uns euros no bolso para comprar cerveja para os festejos da vitória do clube do coração. Vejamos, 50% não votam, porquê? porque não têm uma perspectiva de ganho, dito de outra forma, não percebem como é que o seu voto lhes pode trazer mais saúde, melhor emprego, mais dinheiro e já agora mais vitórias do clube do coração. Dos outros 50% que vão votar acredito que a metade o faça de forma informada, uns muitos dependentes do estado votam nos partidos que lhes repuseram os rendimentos e ou menos horas de trabalho, outros em partidos que tentam lutar contra o sistema e outros até em partidos que prometem fazer o mesmo mas com mais ética, a outra metade vota em quem sempre votou sem saber muito bem porquê.
Enquanto não aparecer um líder político que convença os tugas de que quando o país deixar de ser saqueado por alguns sobra mais dinheiro para todos e que explique claramente que medidas vai tomar para que os que andam e andaram a saquear vão para a gaiola, não sairemos disto. Até lá teremos terreno fértil para governos como o actual e até piores, Resumo, O governo que temos é culpa é dos tugas, mais de uns do que de outros....
PS. É impressão minha ou desde que a antiga procuradora saiu os processos do 44 e amigos estão todos em ponto morto?
Gustavo Lopes: Caro AG: quem fala (escreve) assim não é do Livre, perdão, não é gago!!! Obrigado pela síntese semanal do estado da nação...
Earl Woode: Tem toda a razão, Portugal é o feudo do PS que faz o que quer e sobra-lhe tempo. Mas talvez fosse bom lembrar que mais de 51% do país não votou.  
Maria Alva: Nem mais! Contundente, mas bem fundamentado. Com a ironia qb habitual. Até prá semana, AG.
chints CHINTS: Muito cáustico, eles puseram-se a jeito. Aliás acho que não sabem ler. Se calhar é só não saber interpretar. E nós a aguentar este sonho mau que se  agrava a cada dia. 
Cipião Numantino O nosso estimado AG, como sempre está imparável. E não faz a coisa por menos, afiambra munições na escopeta, e tomem lá disto, cada tiro cada melro! E que melros meu Santo Eucarário ou minha Nossa Senhora dos Caminhos de Ferro! Ele disse quase tudo e, a mim, pouco me sobra para apontar. E acho mesmo que como ele convenientemente ventilou, o povão gosta mesmo de ser gozado. Quiçá supondo que enganando-se a ele próprio, está enganando todos os demais. Na senda também da rábula trepidante da genial Ivone, utilizando floreados factuais e mentais da fulgurante luta entre a Olívia patroa e a Olívia costureira que, como bem se sabe, eram ambas a mesma pessoa. Tenho a firme impressão que os próceres que nos governam perderam completamente a vergonha, como aliás a perdeu o povão tomando como suas dores e engananços ou gamanços alheios. Nada do que parece é ou, pelo menos, parece haver uma espécie de diálogo de quem algum dia se lembrou de intuir que homem cego e uma mulher surda formavam um excelente casal. É isso mesmo. Ao que parece vamos tendo um governo surdo, com um povão que enxerga menos do que um cego de nascença. AG bateu assim no ponto. Debitando a ideia que este distraído povão parece gostar deste estado de coisas. Um povo aparentemente desprovido de tibiezas éticas e morais que admira quem o engana e trapaceia, na antevisão desejada de que assume um estado de espírito e graça que ele próprio gostaria de colocar em prática. Uma espécie de interposta situação em que este povo eticamente venal e corrupto gosta  de se rever ao espelho e se considera muitíssimo bem retratado. Vasco Pulido Valente o dizia há uns valentes anos que, o povalhão tuga (cito de memória) não é mais do que um cigano (sem ofensa) que tenta trapacear o parceiro enquanto não tira os olhos do seu próprio burro com o intenso medo que lho venham roubar.
É isto que temos. E a que por défice moral e de inteligência, supimpamente aspiramos. Chamar algo a este colaboracionismo interessado e interesseiro, já nem sequer constitui um vergonhoso anátema. É, isso sim, uma espécie de saco de gatos que tem tudo para dar profundamente errado. Só pode, certo?...
2 - Não quero deixar de passar em claro que nos acabam de bifar a presença de duas personagens que oscilam entre o fulgor reactivo de uma Padeira de Aljubarrota, uma constância revolucionária da Maria da Fonte e o frenesim escatológico de uma Dolores Ibarruri, mais conhecida por La Pasionária. E, isso, está mal. Claro que está mal! Refiro-me obviamente ao escorraçar da nossa omnipresente Heloísa Apolónia, corrida sem tempo ou modo das arquibancadas da AR e, a outra sumidade parecida, com semelhante voz estridente e ainda mais irritantemente escatológica e aparvoada que responde pelo nome de Ana Avoila. Fosga-se, está certo que se mudem as velharias que povoavam diariamente as nossas TV desde os tempos da pedra lascada. Ou que resolvam renovar a matriz de espanta-pardais com superior conceito ou decoro. Mas, poorrra, convinha não exagerar, não é mesmo? Eu sei que as aventesmas costumam andar aos pares, mas correrem logo com as duas de uma virada parece-me excessivo, certo?
É isso que está mal. Agora só me faltava mesmo que acabassem por correr com a RR, acrónimo reduzido de uma outra personagem que responde pelo nome de Rita Rato. Sim, aquela mesmo que afirmou que desconhecia que tivessem existido gulagues, estão a ver? "Oh balha-me Deuzzz, non habia nechechidade!...
(…)

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