Crónicas de sábado, de sabor domingueiro, de VPV e de AG, sobre o país e o mundo, como habitualmente - as de AG sobre o país eleitoral, na sua
totalidade, VPV, com algumas
concessões a outras temáticas entre as quais as sobre educação, que não parece deva
ser tema de apontamento breve e ligeiro, mau grado o cunho histórico de que o
rodeou. À leveza – mas certeira – do discurso de VPV, responde o discurso pesado e feroz de AG, a que respondem, entre diversos
detractores, aqueles que se não deixam mover por razões partidárias, mas de
idêntica sensibilidade a um país de inércia, em que nos acolhemos, por vezes com acrimónia, mas a maioria encolhendo os ombros da indiferença ou da previsão arranjista.
CRÓNICA: Diário
Toda a gente está preocupada com
as finanças e as propriedades de Nuno Artur Silva, o novo secretário de Estado
do Cinema, Audiovisual e Media. A mim o que me preocupa é Nuno Artur Silva. O
canal “Q”, o mais notório produto do seu génio, é uma miséria intelectual e
moral.
VASCO PULIDO VALENTE
PÚBLICO, 26 de Outubro de 2019, 5:30
Falando
com uma amiga minha, descobri que a filha dela, de 12 anos, tinha no 7.º ano de
escolaridade as mesmas disciplinas que eu tinha, aos 12 anos, no 3.º ano do liceu,
em 1954.
A
saber: matemática, físico-química, ciências naturais, geografia, história,
francês, inglês e português. Este currículo absurdo é uma invenção de Comte e
foi muito popular em Portugal por volta de 1870. Eça e Ramalho defenderam-no
com entusiasmo. A ideia de Comte consistia em dar às criancinhas uma visão
enciclopédica do mundo e os instrumentos de uma aprendizagem futura, como a
matemática e as línguas modernas. Descobriu-se com a experiência que este
saber, dividido em fatias (físico-química, ciências naturais, geografia e
história), não dizia nada aos educandos sobre a realidade da vida. E, além
disso, que três anos de francês, inglês e português não chegavam para instruir
pré-adolescentes em qualquer delas.
A
França persistiu neste equívoco até muito tarde e Portugal, como sempre, imitou
a França até mais tarde. Hoje ainda a filha da minha amiga tem de meter na
cabeça a fórmula do ácido sulfúrico, o que é um cefalópode, e o que andou
Afonso de Albuquerque a fazer na Índia. Fora ter de aprender também português,
francês e inglês ao mesmo tempo, coisa manifestamente impossível.
20
de Outubro: Estão no
governo de Costa 27 deputados socialistas recém-eleitos para a Assembleia da
República e substituídos pelos homens sem cara que vinham a seguir nas listas.
Esta vergonha é habitual: os partidos põem à frente gente com algum crédito
para mostrar que se importam com o povo e depois essas duas dúzias de
notabilidades vão para o governo e deixam o que sobra a falar sozinho. Quem manda na
Assembleia é o governo e as direcções partidárias. Devia ser o
contrário.
21
de Outubro: Rui Rio recandidatou-se a presidente do PSD.
Cada vez que abre a boca cria um pequeno tumulto. A extravagância deste homem
vai instaurar a desordem no parlamento e na vida política portuguesa. Aparentemente,
ainda ninguém deu por esta manifesta realidade.
23
de Outubro: Não param de
chover asneiras sobre a composição do governo de António Costa. Um
governo pequeno de uma dúzia de notabilidades, políticas ou profissionais,
podia limitar o arbítrio do primeiro-ministro; um governo de 19 ministros e cinquenta e tal
secretários de Estado faz do primeiro-ministro um déspota absoluto.
24
de Outubro: A
esquerda continua a dizer que não se deve falar sobre André Ventura e continua
a falar ininterruptamente sobre André Ventura.
25 de Outubro: Toda a gente está preocupada com as finanças e as propriedades de Nuno Artur Silva,
o novo secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media. A mim o que me
preocupa é Nuno Artur Silva. O canal “Q”, o mais notório produto do seu génio,
é uma miséria intelectual e moral.
Colunista
COMENTÁRIOS
antoniofialho1, 26.10.2019: Concordo com VPV, o nosso ensino secundário
é retrógrado e desenhado de acordo os interesses e formação dos professores e
não dos alunos: esses têm de aprender os professores lhes apetecer ensinar...
rafael.guerra, 26.10.2019: Os
professores deveriam então ensinar apenas o que bem apetece aos alunos
aprender? Parabéns, acaba de ganhar o prémio Ig Nobel da Educação.
José Manuel Martins, 26.10.2019: hoje vpv acordou 'às avessas'. Ora
devolvamos-lhe o fármaco e pastichemos desenfadadamente (como se dizia nos
tempos de Eça): 19/10: vpv descobriu q o ácido sulfúrico não tem fórmula ou q,
a tê-la, estaria mais bem guardada numa calculadora do que num cérebro de
rebento. Esquece que os compêndios escolares de 1900 eram três vezes mais
grossos do que o paraíso das imagens esquemáticas que os veio substituir. Com
escola nova ou sem ela, este dia é um arroto grosseiro e vácuo. 20/10:
descoberta da pólvora - que os partidos são eleitos. 21/10 qq alternativa a rio
é um sub-ca(c)os. Correctos os 2 dias seguintes. 25/10 não conheço nem... nem.
Mas acredito. Voltando à turba infantil e à química: parece incompatível, não
é? Aos boçais, talvez; mas responde a um nome desiderativo: sapiens sapiens.
rafael.guerra, 26.10.2019: Questiona o saber dividido em fatias (físico-química,
ciências naturais, geografia e história) por não dizer nada aos educandos sobre
a realidade da vida? Essas disciplinas são absolutamente essenciais para
compreender o mundo. O problema não é o fatiamento, mas como são cozinhadas e
servidas as ditas fatias.
FzD, 26.10.2019: VPV devia sossegar a sua amiga: ao contrário do seu
tempo, os estudantes (palavra caída em desuso), actualmente não têm que saber
aquilo tudo: basta andarem lá pela escola e pelas aulas e irem sorrindo aos
professores... (…)
II -Eles tomam posse e não
deixam nada /premium
Agora
a sério (se possível): antigamente a sujidade da política sofria uma demão de
verniz. Nas situações extremas, varria-se o lixo para debaixo do proverbial
tapete. Nos tempos que correm, é isto.
ALBERTO GONÇALVES, Colunista do Observador OBSERVADOR, 26 oct 2019
20
ministros? 50 secretários de Estado? Não me venham com resmungos: os Camarões,
que não são melhores que nós, têm 33 dos primeiros, e sabe Deus quantos dos
segundos. Os números, que a má-língua condena, apenas demonstram a abundância
de gente valorosa que gravita em redor do Largo do Rato, e que, do alto da
sapiência dele, o dr. Costa quis e soube premiar. Não houve escolhas ao
acaso. Houve a consagração de indivíduos (e indivíduas) cujas proezas os
elevam acima do lorpa, perdão, do contribuinte, perdão, do mortal comum.
Temos
governantes idolatrados por levantar a dívida pública (acima de níveis
espectaculares) e apostar na carga fiscal (a mais espectacular de sempre).
Temos
governantes que investiram o dinheiro que, se pudessem, os cidadãos
gastariam à toa para, em boa hora, salvar a banca de percalços imprevisíveis.
Temos
governantes que arruínam o Serviço Nacional de Saúde com o único – e
admirável – propósito de mostrar ao neoliberalismo capitalista-fascizante o
quanto o SNS era bom.
Temos
governantes que deixaram de ser juízes e que, com vasto altruísmo,
transportam a separação de poderes para a política.
Temos
governantes casadas com juristas tão indispensáveis que vendem ao governo
pareceres (e parece-me bem).
Temos
governantes tão francos e modernos que protestam no Twitter a remoção das
esposas do governo que eles aceitaram integrar.
Temos
governantes com espírito fraternal, que pagam as oliveiras de amigos ao
preço das próprias árvores bíblicas.
Temos
governantes que souberam gerir, com escassas fraudes de permeio, a épica e
adiada reconstrução de Pedrógão e arredores.
Temos
governantes que, durante os incêndios de 2017, garantiram que os bombeiros
não falassem e o povo não fosse incomodado com informações deprimentes.
Temos
governantes que, por coincidência, possuem empresas no sector que passam a
tutelar, e que, por pudor, despacham as empresas quando são nomeados, e que,
por respeito dos valores da família, asseguram que a transacção das empresas se
faz com um sobrinho.
Temos
governantes que confiam na economia a ponto de abrirem firmas de imobiliário
no dia anterior à tomada de posse.
Temos
governantes que combatem justamente os colégios privados e que, com grande
sacrifício pessoal, mantêm as filhas num colégio privado por pura necessidade.
Temos
governantes que, com rara visão, atribuem contratos de centenas de milhões a
“start-ups” pequeninas (50 mil euros de capital social), jovens (três dias
de existência), humildes (sediadas numa junta de freguesia) e empreendedoras (a
junta de freguesia, à imagem dos dirigentes, é do PS).
Estes são só alguns exemplos. Estou certo de que todos os membros do executivo
ostentam credenciais fantásticas, e que o nosso desconhecimento das mesmas
reflecte a nossa radical ignorância. Não é qualquer borrabotas que é
seleccionado para um governo destes, e não é qualquer borrabotas que aceita a
selecção. No caso, são borrabotas muito peculiares.
Agora
a sério (dentro do possível): antigamente a sujidade da política sofria uma
demão de verniz. Nas situações extremas, varria-se o lixo para debaixo do
proverbial tapete. Nos tempos que correm, é isto. Nas redes do funcionalismo
partidário ou nos jantares lá de casa, o dr. Costa arregimenta umas resmas de
fiéis sem nome nem escrúpulos e pronto, está constituído um governo. Perante o
imenso rol de serviçais indistintos (no sentido de que nunca alguém distinguirá
uns dos outros), é engraçado ver o “comentariado” oficial, assaz solene,
debater as “apostas seguras”, as “apostas de risco” e as “apostas na
continuidade”. Eu aposto na miséria e na prepotência e na voracidade
do costume, agravadas pela crescente falta de vergonha.
E,
claro, pela falta de um presidente que imponha limites. À semelhança do
tango, o fandango nacional exige um par: o dr. Costa, que convoca criaturas
abaixo de suspeitas, e o prof. Marcelo, que as aceita sem hesitação ou
ressalva. Fica a ideia de que o duvidoso currículo de tantos
governantes não é um obstáculo à respectiva “indigitação”, mas um pormenor
indiferente ou um critério indispensável. Nas profundas declarações que comete,
o prof. Marcelo orgulha-se repetidamente de dormir pouco: se fosse responsável
por legitimar tamanha trupe, eu não dormiria nada.
Felizmente,
os portugueses dormem. A
sucessão de escândalos em matéria de compadrio, inaptidão, atropelos,
descaramento e pura fraude que definiram o governo anterior castigaram o PS com
a vitória nas urnas e o reforço da votação. Não vou discutir pela enésima vez
se os portugueses preferem habilidosos deste calibre porque são iguais a eles,
porque sonham ser iguais a eles ou porque não vêem alternativa. A verdade é que
os portugueses optaram por um governo assim porque quiseram, e esses 18% de
eleitores deviam ser forçados a assistir em directo e de pé ao lindo serviço
que fizeram: simbolicamente, a tomada de posse é hoje. Na prática, o PS já
tomou conta disto há anos.
Alberto
Gonçalves
COMENTÁRIOS:
Ana Brito: Os portugueses em política são uma desgraça: quase 50%
acham que, não votando, se vingam dos políticos ou gozam com eles.20% votam por
ideologia, não querem saber de resultados e até escondem ou negam os erros
cometidos e a corrupção endémica. Os outros andam a falar sozinhos, a apoiar
partidos que depois não os representam, ou que nem sequer conseguem chegar ao
poder. 18% decidem "a coisa".
Os média fomentam
a confusão, a divisão, servindo meias verdades de manhã, uma mentira metida
entre duas verdades à tarde e mentiras grosseiras à hora do jantar. Quando a casa for abaixo,
ninguém vai ter dó dos portugueses, assim como não tiveram dos gregos:
"fizeram a vossa cama"- hão de dizer-nos, - "deitem-se
nela!"
Joaquim Moreira: Esta
é a realidade, pura e dura, para minha grande amargura. Esta é a democracia,
que agora dizem que há, porque dantes não havia. Não sei qual era a percentagem
que nesse tempo votava, mas sei que agora são 18% dos portugueses que dizem
quem manda e já não quem mandava. Uma verdadeira democracia escrava.
Escrava de uma minoria, que agora vota e antes não votava. Claro que, a que não
votava nesse tempo era porque não tinha nascido, porque muitos dos votavam
nesse tempo, só não votam agora por já terem morrido. Afinal, somos um povo
muito querido. Como diz o Presidente, somos os melhores do Mundo, e ainda por
cima, sempre com um ar de Feliz e de Contente. Pobre gente, a restante, que
assiste a tudo isto, de forma mais ou menos indiferente. Até que um
Major-General resolve levar a tropa, para o campo da liça, para mostrar aos
amigos do golfe, os meios que o país desperdiça. E que só foi notícia, porque
um amigo da onça, resolveu filmar o disparo daquela Geringonça. E para vermos o
país que somos e a qualidade dos portugueses que votam, não resisto a
transcrever um comentário que vi, a propósito deste tema, por um apoiante do
sistema e dos vencedores das eleições: “A peça que deu origem a todo este
"granel" parece ser um 25 pounder restrito a
salvas cerimoniais. Não é material no "activo", nada de
confusões...”!
Joaquim Moreira > Ping PongYang: Não sei se merece, mas mesmo
assim vou dizer o que sei e não o que me parece. Quem ainda não percebeu a
gravidade da situação, não pode nunca perceber o que está em questão. O uso e o
abuso, por um general, de pessoal e material militar, é de uma gravidade tal,
que põe em causa o prestígio do meu país, que é Portugal. Só no 3º mundo
acontece tal. Como pode ver, o que para si é uma “merdice”, para mim é um sinal
da degradação socialista. Que, como já lhe disse, até transforma um general num
vulgar artista.
Ping PongYang > Joaquim Moreira: Para que fique bem claro, não
acho sequer aceitável que os elementos das FA andem ou tenham
que servir de figurantes, seja lá onde for e
o mesmo para TODAS as forças de segurança. Não pus em causa o
princípio, só afirmei que a ferramenta usada, parecia ser uma peça cerimonial
ou de museu. Nada mais.
Adelino Lopes: Sou de opinião que, perante tais embustes, o povo em vez de exigir
honestidade, sente inveja de não ser ele a alimentar-se do estado. Já não é só
indiferença. É mesmo inveja (bem patente do BE). O
povo pensa que esses governantes é que sabem, e que eles também deveriam saber
lá estar. Não há princípios nem valores a respeitar. Mais uma razão para
reduzir o estado (reduzir a esqª). Só com um estado reduzido é que é possível
acabar com esta pouca vergonha. Até lá, a esqª vai governando e governando-se.
José Paulo C Castro: O povo não decidiu ? Está decidido. Ainda ontem vi
gente a dizer que a gaga não gagueja quando pensa. Também devem achar que o
governo não os prejudica quando pensa. Há sempre uma forma positiva de ver as
coisas. Verdadeiramente estranho é a abstenção ter sido reforçada com o
eleitorado de direita e do PSD. Rios de estranheza. Não viram a alternativa ?
Ou foi porque a viram e era quase igual ao PS ?
Alfaiate Tuga: Algo me diz que só para aí uns 25% da Tugolandia se
preocupa com o governo, o resto quer saber é se tem saúde, emprego, e uns euros
no bolso para comprar cerveja para os festejos da vitória do clube do coração.
Vejamos, 50% não votam, porquê? porque não têm uma perspectiva de ganho, dito
de outra forma, não percebem como é que o seu voto lhes pode trazer mais saúde,
melhor emprego, mais dinheiro e já agora mais vitórias do clube do coração. Dos outros 50% que vão votar
acredito que a metade o faça de forma informada, uns muitos dependentes do
estado votam nos partidos que lhes repuseram os rendimentos e ou menos horas de
trabalho, outros em partidos que tentam lutar contra o sistema e outros até em
partidos que prometem fazer o mesmo mas com mais ética, a outra metade vota em
quem sempre votou sem saber muito bem porquê.
Enquanto não aparecer um líder político que convença
os tugas de que quando o país deixar de ser saqueado por alguns sobra mais
dinheiro para todos e que explique claramente que medidas vai tomar para que os
que andam e andaram a saquear vão para a gaiola, não sairemos disto. Até lá
teremos terreno fértil para governos como o actual e até piores, Resumo, O
governo que temos é culpa é dos tugas, mais de uns do que de outros....
PS. É impressão minha ou desde que a antiga procuradora saiu os
processos do 44 e amigos estão todos em ponto morto?
Gustavo Lopes: Caro AG: quem fala (escreve)
assim não é do Livre, perdão, não é gago!!! Obrigado pela síntese semanal
do estado da nação...
Earl Woode: Tem toda a razão, Portugal é o feudo do PS que faz o que quer e sobra-lhe
tempo. Mas talvez fosse bom lembrar que mais de 51% do país não votou.
Maria Alva: Nem mais! Contundente, mas bem fundamentado. Com a ironia
qb habitual. Até prá semana, AG.
chints CHINTS: Muito cáustico, eles puseram-se a jeito. Aliás acho que não sabem ler. Se
calhar é só não saber interpretar. E nós a aguentar este sonho mau que se
agrava a cada dia.
Cipião Numantino O nosso estimado AG, como sempre está imparável. E não faz a coisa por
menos, afiambra munições na escopeta, e tomem lá disto, cada tiro cada melro! E que melros meu Santo Eucarário ou minha Nossa
Senhora dos Caminhos de Ferro! Ele disse
quase tudo e, a mim, pouco me sobra para apontar. E acho mesmo que como ele
convenientemente ventilou, o povão gosta mesmo de ser gozado. Quiçá supondo que
enganando-se a ele próprio, está enganando todos os demais. Na senda também da
rábula trepidante da genial Ivone, utilizando floreados factuais e mentais da
fulgurante luta entre a Olívia patroa e a Olívia costureira que, como bem se
sabe, eram ambas a mesma pessoa. Tenho a
firme impressão que os próceres que nos governam perderam completamente a vergonha,
como aliás a perdeu o povão tomando como suas dores e engananços ou gamanços
alheios. Nada do que parece é ou, pelo
menos, parece haver uma espécie de diálogo de quem algum dia se lembrou de
intuir que homem cego e uma mulher surda formavam um excelente casal. É isso mesmo. Ao que parece vamos tendo um
governo surdo, com um povão que enxerga menos do que um cego de nascença. AG bateu assim no ponto. Debitando a ideia que
este distraído povão parece gostar deste estado de coisas. Um povo
aparentemente desprovido de tibiezas éticas e morais que admira quem o engana e
trapaceia, na antevisão desejada de que assume um estado de espírito e graça
que ele próprio gostaria de colocar em prática. Uma espécie de interposta
situação em que este povo eticamente venal e corrupto gosta de se rever
ao espelho e se considera muitíssimo bem retratado.
Já Vasco
Pulido Valente o dizia há uns valentes anos que, o povalhão tuga (cito de memória) não é
mais do que um cigano (sem ofensa) que tenta trapacear o parceiro enquanto não
tira os olhos do seu próprio burro com o intenso medo que lho venham roubar.
É isto que temos. E a que por défice moral e de
inteligência, supimpamente aspiramos. Chamar algo a este colaboracionismo
interessado e interesseiro, já nem sequer constitui um vergonhoso anátema. É,
isso sim, uma espécie de saco de gatos que tem tudo para dar profundamente
errado. Só pode, certo?...
2 - Não quero deixar de passar em claro que nos acabam
de bifar a presença de duas personagens que oscilam entre o fulgor reactivo de
uma Padeira de Aljubarrota, uma constância revolucionária da Maria da Fonte e o
frenesim escatológico de uma Dolores Ibarruri, mais conhecida por La
Pasionária. E, isso, está mal. Claro que está mal! Refiro-me obviamente ao
escorraçar da nossa omnipresente Heloísa Apolónia, corrida sem tempo ou modo das arquibancadas da AR e, a outra sumidade parecida,
com semelhante voz estridente e ainda mais irritantemente escatológica e
aparvoada que responde pelo nome de Ana Avoila. Fosga-se, está certo que se mudem as velharias que povoavam diariamente
as nossas TV desde os tempos da pedra lascada. Ou que resolvam renovar a matriz
de espanta-pardais com superior conceito ou decoro. Mas, poorrra, convinha não
exagerar, não é mesmo? Eu sei que as aventesmas costumam andar aos pares, mas
correrem logo com as duas de uma virada parece-me excessivo, certo?
É isso que está mal. Agora só me faltava mesmo que
acabassem por correr com a RR, acrónimo reduzido de uma outra personagem que
responde pelo nome de Rita Rato. Sim, aquela mesmo que afirmou que desconhecia
que tivessem existido gulagues, estão a ver? "Oh balha-me Deuzzz, non
habia nechechidade!...
(…)
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