“Pois se não foste tu, foi teu pai!”, já
o lobo o afirmava, acusando o cordeiro, postado na parte inferior do rio, de
lhe beber a água, conspurcando-a, ignóbil mentira. Quem é forte, se por acaso
deseja justificar-se - mais perante os outros fortes, é certo – (não é o caso
do lobo, sem pruridos de expor razões, embora sofismadas, ao frágil cordeiro,
como bom camarada, já de sensível cultura democrática - de resto um
anjinho, que tantas provas deu disso, face à raposa sabidona) – mas como ia
dizendo, se por acaso se justifica, fortalhaço, fá-lo com a artimanha habitual,
só para inglês ver, que este – inglês, é claro - é perito em todas as matérias,
para poder dar opinião. Sim, trata-se da velha questão do mais forte. E mais
esfomeado também. Do absoluto poder. Esta questão do lobo, só para justificar
Putin e os seus actos.
Quanto aos nossos putinistas, José Milhazes é assaz explícito a respeito das virtudes desses nossos generais desagravadores das acções de Putin. Eu sinto vergonha de o fazer.
Quanto aos generais russos apoiantes de Putin … onde é que já se ouviu falar em idênticos modos de corrupção?
Quanto ao neonazismo ucraniano… esses, ao menos defendem a sua pátria! E com admirável empenho!
Ucranianos, rendei-vos!
Os generais e intelectuais filhos de
Putin tentam sacudir a responsabilidade da invasão dos militaristas russos para
as vítimas da agressão. Lembram o violador que acusa a vítima de andar de mini-saia
JOSÉ MILHAZES Colunista do Observador. Jornalista e investigador
OBSERVADOR, 15 mar 2022, 00:194
A cada dia de guerra que passa, a
resistência dos ucranianos continua a ser alta, mas alguns analistas militares
e políticos da nossa praça insistem na tese de que a Ucrânia se deveria ter
rendido ou que ainda vai a tempo de baixar as armas e levantar a bandeira
branca perante a máquina militar do Kremlin, a pretexto de “salvar vidas de
inocentes”.
No fundo, os generais e intelectuais
filhos de Putin tentam sacudir a responsabilidade da invasão militar de um país
soberano, dos militaristas russos para cima das vítimas da agressão. Isto faz
lembrar a narrativa do violador que acusa a vítima de ter sido violada por
andar de mini-saia, embora, neste caso, há muito que era evidente que a Ucrânia
não escaparia à fúria expansionista do “czar” nem que estivesse tapada da
cabeça aos pés como uma freira.
Imaginemos
uma máquina do tempo que levasse os
generais putinistas da nossa praça
para a frente da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Seriam muito úteis a
Hitler e companhia para tentar convencer finlandeses, polacos, franceses,
ingleses, soviéticos a não resistirem às hostes nazis para não provocar derrame
de sangue desnecessário. Além disso, como forma de prevenção, andariam
na imprensa de Lisboa e de Madrid a convencer portugueses e espanhóis a também
pensarem antecipadamente na rendição para que não caísse um cabelo da cabeça de
um inocente.
Não
sei se algum dos conhecidos generais na reserva, que agora defendem posições
destas, ordenavam aos seus soldados que não começassem a combater para “evitar
chatices”. Quando prestaram serviço na NATO, defendiam os mesmos princípios?
Dizem estes senhores que era preciso
ter tido em conta o direito que assistiria ao Kremlin para exigir garantias da
sua segurança. Estou completamente de acordo, mas isso é apenas uma parte do
problema. Olhemos para
a outra parte do problema: isso autoriza
Putin e a sua camarilha a espezinhar os mais elementares princípios do Direito
Internacional, violando as fronteiras dos países vizinhos?
A
pronta resposta é, invariavelmente, a de sempre: se os Estados Unidos e a NATO podem fazer, porque é que
o Kremlin não pode? Se se trata de um dirigente insano, Putin pode repetir os
erros dos outros para mostrar que o seu país é uma superpotência que deve ser
“temida”. E é,
precisamente, o que está a fazer; só que Putin pensava que não errava, que
iria ter um passeio fácil pela Ucrânia, como lhe prometeram os serviços
secretos e os militares das suas forças armadas “hipersónicas”.
“Viva” a corrupção
Um
dos dirigentes do Comité de Combate à Corrupção na Ucrânia enviou uma missiva a
Serguei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia, onde lhe agradecia pela corrupção
reinante no corpo militar russo. Claro que se tratou de uma mensagem
sarcástica, mas muito exacta. Em grande parte, a tão apregoada modernização das
forças armadas russas não passou de uma cortina para desviar milhares de
milhões para as contas de generais, dirigentes dos serviços secretos e seus
familiares e amigos. Os militares russos que combatem na Ucrânia
deparam-se com grandes dificuldades no terreno porque, afinal, os generais se
preocuparam mais com as suas algibeiras do que com a ameaça dos “neonazis
ucranianos” e da NATO.
Outra vez “neonazis”
A
existência de neonazis nas estruturas do poder ucraniano é empolada pelos filhos
de Putin para justificar a “desnazificação” do país, apregoada pelo Kremlin.
Não tenho a menor dúvida de que na Ucrânia há neonazis, assim como nas
forças armadas há traidores, mas daí até se concluir que estamos perante um
país dominado por “radicais” vai uma grande diferença. Os neonazis, graças
à sabedoria do eleitorado ucraniano, praticamente não têm representação na Rada
Suprema (Parlamento) da Ucrânia.
Se
a invasão da Ucrânia foi feita, entre outras coisas, para “desnazificar”
aquele país, então Estados como a Alemanha ou a Áustria já deveriam ter sido
“visitados” pelos tanques “libertadores” de mais uma “operação especial” do
Kremlin, pois o número de deputados neonazis é bem superior ao registado na
Ucrânia.
No
caso da invasão selvagem e desumana da Ucrânia pelas hordas putinistas, não há
mas, nem meio mas; tudo está claro: Putin é o agressor e o povo ucraniano é
a vítima que heroicamente resiste.
E
apenas uma nota optimista para terminar: felizmente, vejo que há muitos
oficiais portugueses na reserva sensatos, que nos ajudam a entender a situação.
A todos uma grande saudação!
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS:
Rui Gomes: Obrigado! José Fernandes: Não foi por acaso que, logo no início, foi oferecido
exílio ao presidente ucraniano. servus inutilis: o exército português sempre esteve infiltrado de
comunas e fascistas, agora majores-generais de opereta que passaram vinte e
poucos anos de carreira a coçar aquilo de que carecem. Paulo Cardoso > servus inutilis: Muito bem!!! Resquícios do 25 de abril. Aquela data que
hipotecou um futuro mais risonho para este país… Paulo Silva: Caro Milhazes, uma guerra não se trava apenas no campo
de batalha com tanques e misseis. Há todo um trabalho de desinformação e
desmoralização das hostes adversárias feito em paralelo para convencimento da
inutilidade da resistência. Os filhos de Putin têm como missão espalhar o
Síndrome de Moscovo, simpatia pelo agressor do Kremlin. Mas como é que um
gigante com o maior arsenal nuclear do mundo pode sentir-se ameaçado por um
país que em 1996 cedeu as últimas armas nucleares que detinha, a troco da sua
integridade territorial? A vulnerabilidade russa, com base na topografia, é um
discurso bem antigo para justificar as posturas belicosas dos Czares, mas que
persiste nos dias de hoje em relação à fronteira com o Ocidente. A Oriente a
Rússia não tem inimigos, não se sente ameaçada? Não terão bem mais razão para
sentir insegurança países como a Estónia, Letónia, Lituânia, Ucrânia, Moldávia,
Geórgia, Arménia, etc., etc., etc. todos eles ex-repúblicas soviéticas sob a
pata do Kremlin durante décadas?… Há qualquer coisa que já não cola... sioux boomerang: Em timor ouvem-se as vozes dos teus avós , e na
palestina e ,e ,e ,e ,e na catalunha também, e e e e e na ukrania ,
é isso , na ukrania ouvense a vozes do teus avós, muito bem . No donbass se
calhar não teem avós mas teem outra coisa que os ukranianos não sabiam , teem
mais 180 milhões de irmãos que falam a mesma lingua ali ao lado , e sabe o que
faz um irmão quando vê o outro em aflição? Pergunte aos ukranianos.
klaus muller: Embora ache esquisito, tenho de aceitar
que haja quem não consiga ver nenhuma agressão contra a Ucrânia da parte dos
russos.mMas que uma das nossas TVs tenha por lá um tal general qualquer coisa
Branco como comentador desta invasão russa, isso sim, confunde-me
completamente. É que o tipo é mesmo faccioso,
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