Portugueses amedrontados ou servis,
ocidentais amedrontados e cobardes. AG
não
perdoa, numa lucidez sem tréguas. Mas sem respostas também.
O caminho da Covid até Kiev
As multidões que por causa da Covid
aplaudiam o colapso deliberado da economia hoje reclamam aos berros o provável
colapso da humanidade. Sem a iminência de um bom Apocalipse, a rapaziada não
sossega.
ALBERTO GONÇALVES,
Colunista do Observador
OBSERVADOR, 05 mar 2022, 00:216
Durante
dois anos, governantes, “especialistas”, “pivots” de telejornais e um senhor
que mora ali abaixo e conduz mascarado garantiam que estávamos em guerra.
Muitos acreditaram. Até que, para plagiar um bocadinho o meu amigo Tiago Dores,
chegou uma guerra a sério e percebeu-se a diferença. E a diferença entre um
vírus respiratório e o risco nuclear é significativa, sobretudo se os líderes e
as populações ocidentais estão mais bem preparados para os falsos combates do
que para os verdadeiros. É mais fácil fechar a ralé em casa e multar velhinhas
que comem na rua do que desaconselhar, com firmeza e custos eleitorais, um
ditador de invadir e massacrar uma democracia. Uma civilização histérica com uma epidemia igual a
várias, além de empenhada nos intervalos em políticas “identitárias” e
“descarbonização”, não parece grande obstáculo a ambições imperiais. E não é. A
fraqueza cheira-se, e o sr. Putin cheirou-a à distância.
O
olfacto não é sinónimo de valentia, e a distância não é no sentido geográfico. Sabem
aquela mesa com dimensões de um “court” de ténis que o sr. Putin coloca a
separá-lo dos raros privilegiados que o visitam? Não é só demonstração ridícula
de autoridade: é também medo da Covid. Ao
que consta, a criatura está desde 2020 em cuidados extremos para não contrair a
doença. À semelhança de tantos, é possível que tenha endoidecido, com a
agravante de que, loucas ou sãs, as pessoas comuns às vezes nem sequer podiam
aceder a um refrigerante em take-away, e o sr. Putin beneficia de acesso a
um certo botão vermelho. Não é bom augúrio que o futuro esteja
nas mãos de um indivíduo apavorado por um organismo microscópico. E é um sinal
terrível que do outro lado estejam os irresponsáveis que apavoraram sociedades
inteiras a pretexto de um organismo microscópico.
O
lado a que me refiro é o Ocidente. Pelo meio, há a Ucrânia, afinal a vítima imediata da
guerra verdadeira. Não sei se o
país está repleto de “neo-nazis”, conforme afiançam o sr. Putin e os comunistas
do BE e do PCP. Sei que os alegados “neo-nazis” locais, curiosamente
liderados por um presidente judeu, revelam uma bravura que, a Oeste, já apenas
conhecemos dos livros – se entretanto estes não desceram ao Index por ofender
esquimós ou uma adolescente “trans”. Perante o horror real, Zelensky
pegou em armas, ao contrário dos “estadistas” que, perante um coronavírus, se
refugiaram atrás de uma mesa ou de retórica autoritária. É compreensível que,
vista daqui, a coragem cause estranheza – e fascínio. Num ápice, quase todos
desataram a tentar ser ucranianos. Não conseguiram.
É que o amor daquela gente à liberdade
não nasceu ontem. Anteontem,
os ucranianos foram os europeus menos obedientes às restrições “motivadas” pela
Covid (que o governo decretou vagamente e que contaram com a oposição ou a
indiferença dos poderes regionais e dos cidadãos). Para não manchar a corrente
reputação dos ucranianos junto de defensores da supressão social dos
“negacionistas”, prometo não mencionar o lugar europeu da Ucrânia em matéria de
vacinação: digamos que não é um lugar próximo do espectacular “civismo” [sic]
português. Quem gosta de liberdade prefere-a inteira, e não distingue as
essenciais das acessórias. Os ucranianos são uma lição. Por azar, poucos a
aprenderam. E é isso que amplia uma tragédia já enorme.
Descontando
a escala e as eventuais consequências, a irracionalidade com que se reagiu à
Covid não está longe da irracionalidade com que se exige o tipo de respostas
susceptíveis de iniciar um conflito mundial e devastador. As multidões que por causa da Covid aplaudiam o
colapso deliberado da economia e das cabecinhas hoje reclamam aos berros o
provável colapso da humanidade.
Sem a iminência de um bom Apocalipse, a rapaziada não sossega. É razoável
culpar o medo, sempre o pior conselheiro, por ambas as atitudes, mas medo é o
que começo a sentir por partilhar o planeta com tamanha quantidade de
transtornados, fanáticos por “novos normais” e “pontos sem retorno”.
O
problema da Ucrânia não se prende com a NATO, excepto na medida em que a NATO,
os EUA e, por caridade, a UE falharam na dissuasão dos apetites de Moscovo e na
correspondência dos desejos de Kiev. Houve um tempo em que teria sido plausível
impedir de acontecer o que está a acontecer. Houve um tempo em que importava à
América e à Europa exibirem o tipo de força que mantém autocratas na linha, em
vez de brincarem às “alterações climáticas” e se despejarem na dependência
energética dos autocratas. Houve um tempo em que o Ocidente podia escolher
não ser aquilo em que se tornou: uma nulidade amolecida e tendencialmente
suicida. Graças aos débeis senhores que mandam nisto, embora sejam
incapazes de demonstrar que isto ainda manda alguma coisa, esse tempo acabou.
Desgraçadamente,
a Ucrânia vai cair enquanto estado, faltando apurar-se e como se prolongará a
resistência. A nós, resta-nos cair no cinismo e esperar que o sr. Putin, que
constatou a sua impunidade, se fique por ali nos desafios e na carnificina. E
esperar que as sanções económicas e uns latidos soltos produzam um milagre. E
esperar que a cobardia e a irresponsabilidade dos actuais “estadistas” não os
empurrem para bravatas desvairadas. E esperar que as nossas televisões deixem
de convidar espécimes do BE e do PCP salvo em programas dedicados à vida
selvagem. Vou esperar sentado, na varanda e com um saco de água estagnada na
mão, a ver quando passa a primeira máscara Ffp2 azul e amarela.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO CORONAVÍRUS SAÚDE
PÚBLICA SAÚDE
COMENTÁRIOS:
OutraConta Apagada: Nem mais:
cobardia é a palavra que define o Ocidente. Nelson Marques: Não consigo explicar a minha satisfação ao ler este
texto, mais uma vez brilhante. Acho que faltam estadistas por aí fora que tomem
decisões e medidas que realmente são importantes para os países e para o mundo
e não para agradar a ideologias e a meninas de 15 anos. FME: Tenho sérias dúvidas que o “court” de ténis do Putin
seja por causa do Covid. Não me lembro de ver o Putin de máscara, acessório
indispensável a um verdadeiro covidário. Na minha opinião, uma das imagens de
marca do início desta guerra é precisamente Biden, e toda a sua corte
mascarados a anunciarem sanções contra a Rússia no meio de aplausos. Algo
semelhante ao anúncio de uma baixa de impostos, ou que vencemos a
pandemia. Uma
mesa muito grande faz-nos pequeninos. Uma mesa pequena cria intimidade. A entrevista
ontem de Júlio Magalhães a Durão Barroso na CNN (sem máscaras nem acrílicos;
parabéns) parecia uma conversa à mesa de um restaurante. A troca de bafos cria
proximidade. Ainda tive uma ligeira esperança, que o Júlio, no meio de tanta
intimidade lhe desse um beijo, não, não, estou a brincar, mas que lhe
perguntasse que história foi aquela das armas de destruição maciça no Iraque.
Depois pensei: - hum, o Júlio nunca faria uma pergunta dessas! A coragem
não é um dos nossos méritos. Eu, por exemplo não consigo subir a um telhado por
causa das vertigens, na verdade, tenho medo de cair, mas, em solidariedade
somos um povo inigualável. Na minha terra, Carreiras é imbatível em ser o
primeiro a organizar estas ações de ajuda humanitária. É pena ser covidário, não
tira a máscara nem para, para, para… nada. Ele e meia dúzia de tias já com os
pés virados para a cova. Parabéns Pinto Luz, Piteira e outros dirigentes da
autarquia que já mandaram a máscara para às urtigas. - Ai Sr. Presidente
Carreiras já anda tudo sem máscara, que irresponsáveis, disse a tia também
horrorizada com roupas tão velhas e sem gosto. ainda tentei perceber para onde
iam as doações e responderam-me que iam directamente para a Ucrânia. Perguntei
se os russos não poderiam impedir a chegada destes bens aos ucranianos.
Disseram-me que já existiam corredores humanitários para o transporte destes
bens. Questionei quem tinha organizado esses corredores humanitários e
quiseram-me bater. A solidariedade faz parte da grandeza do povo português e
não deve ser questionável. Nota: a pandemia ainda não acabou, apesar de
Graça Freitas, qual negacionista, ter admitido a sazonalidade da doença. Manuel Martins: A importância da covid sempre
esteve relacionada com a hierarquia de prioridades de cada país, de cada
cidadão. Isto era fácil de perceber nos países pobres, onde a luta é
diária pela refeição seguinte e não se há confinamento, vacinação
ou máscaras disponíveis e onde se usam, etc. Concordo com AG que a Europa
está demasiado acomodada, preguiçosa, balofa. Isso é evidente quando os
seus dirigentes políticos se dedicam a assuntos menores e supérfluos, e os
políticos eleitos são líderes de gestão da paz e não formatados para a
mudança. Pode ser que os verdadeiros líderes possam emergir... N. M.: Este homem é duma lucidez que quase
dói. António
Santos: Oh Alberto
Gonçalves, eu gostava de ter escrito isto. Não consigo, mas há alguém que
consegue - ainda bem.
Cupid Stunt: Nem mais! É o que me vai na alma. Parabéns. Vamos ver
como e onde isto irá parar, mas ao menos espero (sentado....) que sirva de
lição e que a atitude do "ocidente" das últimas décadas mude para
aquilo que devia ter sido para impedir tragédias como a que desde há pouco mais
de uma semana se está a desenrolar.... Pontifex Maximus: Só não havia necessidade de
voltar ao covid, Alberto, agora que parecia que já se tinha esquecido dele! No
mais, na mouche. A Europa não serve para quase nada e quanto à NATO não tenho
grande fé nela e, embora não crente, de vez em quando lá me sai um “Deus queira
que os tanques russos sejam mesmo tão mais como parecem e avariem pelo caminho
pois que de outro modo não sei como isto será “. Cipião Numantino: Muita gentinha irá ficar com as
orelhas a arder, face a tão eloquente prédica do nosso caro AG. Gosto pouco de ver este notável
articulista a desviar-se, digamos de coisas úteis. E revisitar o caso do
couvinhas parece-me manifestamente mero desperdício de tempo. Do alto dos meus já provectos
anos vi e inferi muita coisa. E, uma delas, é como declama o povo, muita gente
"adora possuir sarna para se coçar". E, acrescentaria, que a
maluqueira institucionalizada nem sequer é um simples sinal dos tempos mas, antes,
uma profissão de fé transversal a toda a História. E, acentuo, que isso se
torna ainda bem mais evidente em épocas de paz e acalmia que logicamente dá azo
ao relaxamento do intelecto e à placidez dos sentidos. Por isso mesmo, quando
se está sob a ameaça de guerra, as pessoas além de terem mais coisas com que se
preocupar merecem bem menos atenção de terceiros e, por isso mesmo, a mensagem
não passa e geralmente morre logo ali à nascença. É, assim notável, que nunca
mais se tenha falado do couvinhas. E o que antes era assunto omnipresente nas
notícias, passa agora mais discreto do que raposa escapulindo-se numa noite de
breu. Os "cientistas" do assunto estão desaparecidos em combate (não
sei se na Ucrânia se no reino da estupidez), os alarmistas jogam agora à bisca
delambida, os pidescos guardiões da moral e bons costumes estão metidos em casa
azucrinando a cabeça das mulheres e, finalmente, os governantes supercontroladores
estarão certamente cheinhos de medo que o czar Putin albino, lhes mande uma
ameixa atómica em cima do toutiço e os "faça ir com os porcos". De
toda esta trupe e salgalhada esquerdeira ou alucinada (trata-se de um
pleonasmo), só já consigo enxergar o trapo orgulhosamente aperrado na
focinheira, só não sabendo se é por vergonhas alheias ou, em relação a muita
desta gente, para esconderem a fealdade irritante com que um Deus distraído ou
confuso os colocou cá na terra com a exclusiva missão de se autoflagelarem e
complicar a vida de todos os demais. Pessoal, a guerra continua e recomenda-se.
En passant a manjericada esquerdosa e tonta que nos desgoverna segue
esbulhando-nos com um imposto obsceno e de rapinagem nos combustíveis.
Inexplicável como petróleo comprado há vários meses, já repercutiu no preço os
acentuados aumentos a que agora estamos submetidos. Por sua vez, o governo
desta choldra, resolve proporcionar-nos um bónus que dá para comprar uma caixa
de chicletes enquanto nos enreda em aplicações informáticas dignas do filme
Matrix. Olhem, sabem o que vos digo? Boa, mas mesmo muito boa está a
situação na Venezuela! Pois não é que o Costa lá daquele sítio resolveu
aumentar, agora de rompante, um aumento do salário mínimo em 1.700%!!! Ora
ripem lá das calculadoras e multipliquem o nosso salário mínimo por esta
percentagem? Isso mesmo, seria por cá um aumento instantâneo que se cifraria em
11.985,00 € mensais!!! Como diria o Gugu da ONU é só mesmo fazer contas. Isto é
que é um país dos amanhãs que cantam! E não consigo entender como toda esta
gente não vai de avião, de barco ou mesmo a pé para o mítico El Dorado que
Francisco Vasquez de Coronado tão diligentemente procurou e nunca encontrou. Eu
se fosse esquerdoso (abrenúncio, vade retro Satanás) pirava-me imediatamente
daqui e ia manjar as bellas y guapas muchachas venezuelanas! PS- Segue a rusga.
Ainda um destes dias ao fazer zapping na TV dei de caras com dois artistas do
PCP e outro do Berloque da Canhota, todos em simultâneo a depenicarem uns
assuntos corriqueiros em três estações. Por este andar estas duas fajutas agremiações
estarão desaparecidas há muitos anos e ainda as farão reviver em sequelas do
filme "A múmia". Valha-nos Nossa Senhora dos Caminhos de Ferro. Oh da
guarda, peixe frito. Que me acudam se não eu grito!... Claudia Mealha: Tudo dito! Magistral!
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