quinta-feira, 24 de março de 2022

Coisas passadas


Com reflexo nas vividas hoje.

João Sena, a quem agradeço, enviou-me por email, o seguinte texto de David Martelo, contando a história já antiga, sobre as razões de Hitler, para invadir a Europa, protegendo-a dos Russos, afinal, e os vários confrontos que se deram no seu tempo, tudo em santidade e benemerência. Como hoje.

«Caros Amigos: 

 Está disponível o texto da PROCLAMAÇÃO DE HITLER AO POVO ALEMÃO SOBRE A INVASÃO DA RÚSSIA, feita horas depois do início da mesma, em Junho de 1941. Nesse texto, Adolf Hitler apresenta ao povo alemão uma pormenorizada justificação para a ofensiva que então se iniciava, apesar de vigorar entre os dois Estados o Tratado de Amizade celebrado em Agosto de 1939. Trata-se de um documento que ajuda a compreender as complexas combinações geopolíticas da Europa de Leste. 

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 Envio os melhores votos de boa saúde para todos os leitores d’ A Bigorna

 Um abraço amigo do  David Martelo 

Em “A BIGORNA”:

22 DE JUNHO DE 1941  PROCLAMAÇÃO DE HITLER AO POVO ALEMÃO SOBRE A INVASÃO DA RÚSSIA

HITLER – DISCURSO NO REICHSTAG EM 1 DE SETEMBRO DE 1939

A invasão da Polónia, que daria origem à 2.ª Guerra Mundial, havia começado poucas horas antes. Hitler discursa perante o Reichstag, explicando aos deputados a razão do emprego da força. Um texto que vale a pena recordar, quando a Europa regressa aos tempos de guerra.

22 DE JUNHO DE 1941 PROCLAMAÇÃO DE HITLER AO POVO ALEMÃO SOBRE A INVASÃO DA RÚSSIA

«Povo alemão! Nacionais-Socialistas! Depois de grandes preocupações, condenado ao silêncio desde há meses, chegou enfim o momento em que posso falar com toda a franqueza. Quando, em 3 de Setembro de 1939, o Reich alemão recebeu a declaração de guerra britânica, repetiu-se uma vez mais a tentativa inglesa de fazer frustrar, por meio dum combate contra a potência mais forte, e no momento dado, todo o princípio duma consolidação e, assim, da reorganização da Europa. Foi esta a razão por que, noutro tempo, a Inglaterra aniquilou a Espanha por uma série de guerras. Foi assim que ela fez as guerras contra a Holanda. Foi assim que, mais tarde e com o auxílio da Europa inteira, ela combateu a França. Foi por esta mesma razão também que, no princípio do nosso século, a Inglaterra começou o cerco do Reich alemão de então e, em 1914, desencadeou a Guerra Mundial. Em 1918, a Alemanha sucumbiu exclusivamente devido à desunião interna. As consequências foram terríveis. Depois de ter declarado hipocritamente não haver combatido senão o Imperador e o seu regime, começou-se, quando o exército alemão depôs as armas, a destruição metódica do Reich alemão. Enquanto parecia realizar-se literalmente a predição dum homem de Estado francês, de que haveria na Alemanha vinte milhões de homens a mais, ou seja, que deveriam ser eliminados pela fome, ou pela doença, ou pela emigração, o movimento nacional-socialista iniciou a obra de unificar o povo alemão, e começou assim a preparar o renascimento do Reich. Este renascimento do nosso povo, depois de anos de sofrimento, de miséria e do pior desprezo, fez-se sob o signo dum movimento exclusivamente de ordem interna. Principalmente, não atingia nem ameaçava a Inglaterra. No entanto, a política de ódio e de cerco contra o Reich recomeçou insistentemente. No interior e no exterior formou-se o “complot” que sabemos, entre judeus e democráticos, bolchevistas e reaccionários, com o único fim de impedir a formação do novo Estado popular alemão e reduzir novamente o Reich à fraqueza e à miséria. O ódio desta conspiração internacional dirigiu-se também contra os povos que, como nós, abandonados pela fortuna, tinham de ganhar o seu pão diário à custa da mais dura luta pela sua existência. Foi principalmente à Itália e ao Japão, tal como ao Reich, que se contestou e proibiu a sua participação nos bens deste mundo. A união estabelecida entre estas duas nações não era outra coisa senão um acto de defesa legítima contra a coligação mundial que se formara contra elas pela riqueza e à força. Mas já em 1936, Churchill – segundo declarações do general americano Wood, perante uma comissão da Câmara dos Representantes – disse que a Alemanha se tornava muito poderosa e que, consequentemente, devia ser aniquilada. No Verão de 1939, pareceu ter chegado à Inglaterra o momento de poder começar este novo aniquilamento do Reich, que se projectou adoptando a velha política de cerco em prejuízo do Reich. (2) O sistema da campanha de mentiras posto em acção para este fim consistiu na táctica de declarar outros povos como ameaçados e lançar mão sobre eles por meio de promessas de garantia e de assistência, para em seguida os fazer marchar contra a Alemanha, como no tempo da Guerra Mundial. A Inglaterra conseguiu assim, entre o mês de Maio e o mês de Agosto de 1939, espalhar no mundo inteiro a alegação de que a Lituânia, a Estónia, a Letónia, a Finlândia, a Bessarábia e a Ucrânia estariam directamente ameaçadas pelo Reich. Uma parte dos Estados deixaram-se assim levar a aceitar a promessa de garantia que lhes foi oferecida desta forma, e passou para a frente do cerco contra o Reich. Nestas condições, julguei poder assumir, perante a minha consciência e a História do povo alemão, a responsabilidade de não só afirmar a estes países e aos governos a falsidade das alegações feitas do lado britânico, mas tranquilizar também a maior potência do Leste por declarações solenes quanto aos limites dos nossos interesses. Nacionais-Socialistas! Penso que todos vós sentistes um dia que esta resolução foi amarga e difícil para mim. Nunca o povo alemão sentiu pelos povos da Rússia sentimentos hostis. No entanto, os governantes judeus bolchevistas de Moscovo esforçaram-se, durante mais de duas décadas, por lançar fogo não só à Alemanha, mas também a toda a Europa. Não foi a Alemanha que tentou alguma vez levar a sua concepção do mundo nacional-socialista à Rússia, mas foram os governantes bolchevistas de Moscovo que incessantemente tentaram impor o seu domínio ao nosso povo e aos outros povos da Europa, não só no domínio intelectual, mas ainda, e principalmente, no domínio militar e da potência do Estado. A todos os países onde este regime desenvolveu a sua actividade, não levou senão o caos, a miséria e a fome. Em presença desse estado de coisas, esforcei-me, durante duas décadas, por chegar a um mínimo de intervenções e sem destruir, no quer que fosse, a nossa produção. Trabalhei para uma nova ordem socialista na Alemanha, que não só acabou com o desemprego, mas ainda beneficiou, em medidas sempre crescentes, todos os trabalhadores com o produto do seu trabalho. Os sucessos alcançados por esta política de reorganização económica e social do nosso povo, que fez desaparecer metodicamente as oposições das classes e das castas e que teve o seu último fim na realização duma comunidade do povo digna do seu nome, são únicos no mundo inteiro. Nestas condições, foi com grande pesar que me decidi, em Agosto de 1939, a enviar o meu Ministro a Moscovo, para que ele tentasse ali contrabalançar a política de cerco seguida pela Grã-Bretanha contra a Alemanha. Fiz isso unicamente consciente da minha responsabilidade para com o povo alemão, e, principalmente, na esperança de acabar por chegar, apesar de tudo, a uma melhoria permanente e poder, assim, reduzir os sacrifícios que, de outra forma, nos seriam exigidos. Em Moscovo, a Alemanha declarou solenemente que considerava os territórios e os países nomeados, com excepção da Lituânia, como estando fora de todos os interesses políticos alemães. Além disso, uma convenção especial previa o caso de a Inglaterra conseguir levar activamente a Polónia para a guerra contra a Alemanha. Mas também ali se registou uma limitação das exigências alemãs fora de toda a proporção com os feitos das armas alemãs. Nacionais-Socialistas! As consequências deste Tratado, desejado por mim e concluído no interesse do povo alemão, foram particularmente pesadas para os alemães que viviam nos países visados. Um número de alemães, (3) ultrapassando largamente meio milhão, todos pequenos agricultores, artífices ou operários, foram forçados, quase de um dia para o outro, a deixar os países onde estavam estabelecidos, para escapar a um novo regime, que ameaça primeiro com a miséria sem fim e, mais tarde ou mais cedo, chega ao extermínio completo. Apesar disso, desapareceram milhares de alemães. Foi sempre impossível saber qual a sua sorte e muito menos, ainda, descobri-los. E, perante isto tudo, tive de me calar. Como já disse, tinha desejos de chegar com este Estado a um entendimento definitivo e a um regulamento permanente. No entanto, durante o nosso avanço na Polónia, os governantes soviéticos exigiram subitamente a Lituânia, contrariamente ao acordo concluído. O Reich nunca teve intenção de ocupar a Lituânia; e, não só nunca se aproximou do governo lituano para este fim, mas até, pelo contrário, recusou, como não-conforme com os fins da política alemã, o pedido que lhe foi feito pelo governo lituano de enviar tropas para a Lituânia, para fins de ocupação. Apesar disso, aceitei esta nova exigência russa. Esta não foi, no entanto, senão o princípio duma série de embustes que se repetiram constantemente. A vitória alcançada por nós na Polónia, alcançada exclusivamente pelas tropas alemãs, fez com que eu dirigisse uma nova oferta de paz às potências ocidentais. Esta oferta foi rejeitada pelos fomentadores de guerra, internacionais e judeus. O motivo desta recusa foi que a Inglaterra já nessa ocasião tinha a esperança de poder mobilizar uma coligação europeia, compreendendo os Balcãs e a Rússia soviética, contra a Alemanha. Foi nestas condições que se decidiu, em Londres, enviar Cripps  (Sir Stafford Cripps) como embaixador a Moscovo. Este recebeu ordem, nitidamente formulada, de recomeçar em todos os casos as relações entre a Inglaterra e a União Soviética e de lhes dar um impulso conforme os interesses ingleses. A imprensa inglesa referiu os progressos desta missão, com excepção dos casos em que considerações políticas lhe impunham o silêncio. As primeiras consequências destes esforços patentearam-se desde o Outono de 1939 e a Primavera de 1940. A Rússia, que desejava subjugar militarmente não só a Finlândia, mas também os Estados Bálticos, mostrou subitamente esta intenção pela afirmação, também mentirosa e ridícula, de ser obrigada a proteger estes países contra uma ameaça estrangeira ou de prevenir tal ameaça. Isto, evidentemente, visava unicamente a Alemanha, pois nenhuma outra potência imaginável podia penetrar nos territórios do Báltico, nem fazer ali a guerra. Apesar disso, tive de guardar silêncio. Mas, de repente, os dirigentes do Kremlin deram mais um passo. Enquanto a Alemanha, na Primavera de 1940, retirava as suas forças para longe da fronteira oriental, conforme as disposições do chamado tratado de amizade, e, ao mesmo tempo, desguarnecia de tropas alemãs, completamente, grande parte destas regiões, a concentração de forças russas começou neste momento numa proporção que não podia ser interpretada senão como uma ameaça de penetrar na Alemanha. Segundo uma declaração então feita por Molotov (Vyacheslav Molotov, ministro soviético dos Negócios Estrangeiros) em pessoa, nada menos de vinte e duas divisões russas se encontravam, na Primavera de 1940, nos Estados Bálticos. Embora o governo russo não deixasse de afirmar que era chamado pelas populações destes países, a presença destas tropas nesses Estados não podia ter outro fim senão uma demonstração antialemã. Tendo os nossos soldados quebrado, desde 10 de Maio de 1940, a potência francesa e britânica a Oeste, a concentração russa na nossa fronteira do Leste foi continuada em proporções sempre crescentes e que acabaram por ser ameaçadoras.

Nestas condições, entendi, desde Agosto de 1940, não poder, no interesse do Reich, tomar sob a minha responsabilidade o deixar sem protecção as nossas províncias orientais, tantas vezes já devastadas, na presença desta formidável concentração de divisões bolchevistas. Mas a decisão tomada por mim levou, precisamente, ao que era desejado pela colaboração anglo-soviética, ou seja, a concentração forçada, a Leste, de forças alemãs tão importantes, que o comando alemão não pudesse mais assumir toda a sua responsabilidade em terminar radicalmente, sobretudo no domínio aéreo, a guerra a Oeste. Isto correspondia ao fim seguido não só pela política britânica, mas ainda pela política soviética. Tanto a Inglaterra como a União Soviética tencionam prolongar esta guerra o mais possível, para poderem, assim, enfraquecer toda a Europa e reduzi-la a um estado de fraqueza cada vez mais acentuado. O perigoso ataque efectuado pela Rússia contra a Roménia  (Ocorreu de 28 de Junho a 4 de Julho de 1940, como resultado do ultimato de 26 de Junho, da União Soviética à Roménia) não visou, também, em última análise, senão a permitir lançar a mão sobre uma base importante da vida económica não só alemã, mas europeia, ou pelo menos a destruir esta base numa outra eventualidade. Mas foi precisamente a Alemanha que, desde 1933 e com paciência infinita, se esforçou por ganhar os Estados do sueste europeu, como elementos da sua vida comercial. Por isso, temos o maior interesse em que os Estados em questão sejam consolidados e em que neles reine a ordem. A invasão da Roménia pela Rússia e a dependência em que a Grécia estava da Inglaterra ameaçaram transformar estas regiões também em teatro de operações. Ao contrário dos nossos princípios e dos nossos hábitos, dei então ao governo romeno, naquela ocasião responsável por esta evolução dos acontecimentos, e por seu pedido urgente, o conselho de ceder ao ardil soviético, no interesse da paz, e de consentir na cedência da Bessarábia. No entanto, o governo romeno não entendeu poder tomar a responsabilidade desta medida, perante o seu povo, senão com a condição de a Alemanha e a Itália lhe darem, pelo menos, a garantia, a título de compensação, de que a Roménia era intangível. Resignei-me, com pesar, a dar esta garantia. Hesitei fazê-lo, principalmente pela razão de que se a Alemanha dá uma garantia é porque está decidida a cumprir a promessa que ela representa. É que nós não somos nem ingleses nem judeus. Julguei, então, ter servido, no último minuto, a paz nesta região, embora assumindo uma grave obrigação. Mas, para resolver definitivamente estes problemas, e também para fazer luz sobre a atitude tomada pela Rússia para com o Reich, assim como sob a pressão da mobilização, constantemente intensificada, que se efectuava na nossa fronteira oriental, convidei Molotov a vir a Berlim. (O encontro deu-se em 12 e 13 de Novembro de 1940)Tendo aceitado o meu convite, o Ministro soviético dos Negócios Estrangeiros pediu que fossem esclarecidas ou que a Alemanha desse o seu consentimento às questões seguintes: 1.ª PERGUNTA DE MOLOTOV: No caso dum ataque da Rússia contra a Roménia, a garantia alemã dada à Roménia também se dirigirá contra a Rússia? Ocorreu de 28 de Junho a 4 de Julho de 1940, como resultado do ultimato de 26 de Junho, da União Soviética à Roménia. O encontro deu-se em 12 e 13 de Novembro de 1940. MINHA RESPOSTA: A garantia alemã é geral e liga-nos completamente. Além disso, a Rússia nunca nos declarou que tinha na Roménia interesses além da Bessarábia. Já a ocupação da Bucovina do Norte era contrária a esta garantia. Por isso, não compreendo que a Rússia possa ter novos objectivos contra a Roménia. 2.ª PERGUNTA DE MOLOTOV: A Rússia sente-se novamente ameaçada pela Finlândia. A Rússia não está resolvida a permitir esta ameaça. A Alemanha está pronta a não conceder nenhum auxílio à Finlândia e, principalmente, a retirar imediatamente as tropas alemãs atravessando a Finlândia em direcção a Kirkenes, onde devem substituir outras unidades alemãs? MINHA RESPOSTA: A Alemanha nunca teve nenhum interesse político na Finlândia. O governo do Reich não pode aprovar uma nova guerra russa contra o pequeno povo finlandês, tanto mais que nós não podemos acreditar que a Rússia seja ameaçada pela Finlândia. Em caso algum nós desejamos que o Báltico se torne de novo em teatro de operações de guerra. 3.ª PERGUNTA DE MOLOTOV: A Alemanha está pronta a consentir que a Rússia soviética, pelo seu lado, dê uma garantia à Bulgária e envie para este efeito tropas soviéticas para a Bulgária? Nesse caso, ele – Molotov – diria que as tropas soviéticas em questão não tinham a intenção de, por exemplo, expulsar o rei da Bulgária. MINHA RESPOSTA: A Bulgária é um Estado soberano e não me consta que tivesse pedido qualquer garantia à Rússia soviética, como a Roménia a tinha pedido à Alemanha. Acrescentei que, além disso, era obrigado a conferenciar com os meus aliados sobre este assunto. 4.ª PERGUNTA DE MOLOTOV: A Rússia tem absoluta necessidade de passagem livre pelos Dardanelos e exige, no interesse da sua protecção, a ocupação de algumas bases importantes nas margens dos Dardanelos, nomeadamente do Bósforo. A Alemanha está ou não está de acordo com isso? MINHA RESPOSTA: A Alemanha está pronta a dar, a todo o momento, o seu consentimento para uma modificação do estatuto de Montreux (Convenção de Montreux, de 1936, sobre a passagem nos estreitos turcos), a favor dos Estados do Mar Negro. A Alemanha não pode consentir que a Rússia se apodere de bases nos estreitos. Nacionais-Socialistas! Tomei, desta forma, a única atitude que podia tomar, não só como chefe responsável do Reich, mas também como representante consciente da minha responsabilidade pela cultura e civilização europeias. Em consequência disso, a actividade soviética dirigida contra o Reich intensificou-se, principalmente começando desde logo por minar o interior do Estado romeno, e tentando derrubar o governo búlgaro por meio de propaganda. Com o auxílio de cabeças confusas e pouco maduras da Legião Romena, conseguiu pôr em cena na Roménia um golpe de Estado, que tinha como finalidade derrubar o general Antonescu, condutor do Estado, e provocar o caos no país, para assim afastar do poder legal, pela eliminação, as condições exigidas para que a promessa alemã de garantia não pudesse ser aplicada. Apesar de tudo isso, julguei fazer o melhor continuando a guardar silêncio. Logo que se frustrou este empreendimento, teve lugar um novo reforço das concentrações de tropas russas na fronteira oriental alemã. Formações blindadas e unidades de paraquedistas foram transferidas, em quantidades cada vez maiores, para a proximidade da fronteira alemã, o que aumentava o perigo ameaçador nesta fronteira. As Forças Armadas alemãs sabem, como sabe o país, que, há poucas semanas ainda, nem uma só divisão blindada ou motorizada alemã se encontrava na nossa fronteira do Leste. Mas se fosse ainda necessário uma última prova, apesar de todas as manobras de diversão e de disfarce, de que a coligação anglo-soviética se tornara um facto, esta acaba de ser fornecida pelo conflito jugoslavo. Enquanto eu me esforcei por fazer uma última tentativa de pacificação nos Balcãs, e enquanto que, numa colaboração correspondente a um espírito de compreensão com o Duce, convidava a Jugoslávia a aderir ao Tríplice Pacto, (Também conhecido por Pacto Tripartido (Alemanha-Itália-Japão) a Inglaterra e a Rússia soviética organizaram, em íntima união, o golpe-de-mão que derrubou, no espaço de uma noite, o governo jugoslavo de então, que estava disposto àquela colaboração. Pode hoje comunicar-se ao povo alemão: o golpe de mão sérvio (A Sérvia era a região dominante da Jugoslávia), dirigido contra a Alemanha, não foi provocado somente sob a bandeira inglesa, mas principalmente sob a bandeira da Rússia soviética. Como guardámos silêncio, mesmo na presença deste facto, os governantes soviéticos deram mais um passo. Não só organizaram o “putch”, mas, alguns dias depois, concluíram com essas novas e submissas criaturas a famosa convenção de amizade, que era destinada a confirmar aos sérvios os seus desejos de resistir à pacificação dos Balcãs e excitá-los contra a Alemanha. E, não se tratou ali apenas duma acção platónica: Moscovo exigiu a mobilização do exército sérvio. Como ainda nessa ocasião não julguei chegado o momento de quebrar o meu silêncio, os governantes do Kremlin foram ainda mais longe. O governo do Reich possui hoje os documentos provando que a Rússia, para levar a Sérvia definitivamente para a luta, prometeu fornecer, por Salónica, armas, aviões, munições e outro material de guerra destinado a ser empregue contra a Alemanha. E, isso fez-se no momento próprio em que eu dava ao Ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, Matsuoka, o conselho de procurar uma melhoria das relações nipo-russas, sempre na esperança de servir a paz. Foi unicamente o avanço rápido (Invasão da Jugoslávia em Abril de 1941) das nossas incomparáveis divisões no Skopje (Na actual Macedónia do Norte, região meridional da então Jugoslávia) , assim como a tomada de Salónica, que impediram a realização deste “complot” anglo-soviético. Entretanto, os oficiais aviadores sérvios fugiam para a Rússia, onde foram imediatamente recebidos como aliados. Só a vitória das potências do Eixo nos Balcãs impediu a execução do plano, que consistia em arrastar a Alemanha, este Verão, no Sueste, a combates durante meses inteiros e a completar, cada vez mais, entretanto, a concentração dos exércitos soviéticos, a desenvolver a sua preparação para, em seguida, poder, juntamente com a Inglaterra e auxiliados pelos fornecimentos americanos, esmagar a Alemanha e a Itália. Assim, Moscovo não só rompeu, mas ainda traiu abominavelmente as convenções que eram motivo do nosso pacto de amizade. E, enquanto faziam tudo isto, os governantes do Kremlin simularam exteriormente, até ao último minuto, uma atitude de paz e de amizade, como no caso da Finlândia e da Roménia, e redigiram desmentidos o mais aparentemente inocentes. Mas enquanto até aqui as circunstâncias me obrigaram a guardar pacientemente silêncio, chegou agora o momento em que toda a atitude de expectativa seria não só um pecado de omissão, mas ainda um crime cometido em prejuízo do povo alemão, ou seja de toda a Europa. Hoje, aproximadamente cento e sessenta divisões russas se encontram na nossa fronteira. Desde há semanas se registam violações constantes desta fronteira, não só na nossa, mas ainda no extremo norte da Europa e na Roménia. Aviadores russos sentem prazer em não ter em conta essas fronteiras, sem dúvida para nos provar, assim, que se consideram já como senhores destes territórios. Na noite de 17 para 18 de Junho, patrulhas russas penetraram de novo em território alemão e não puderam ser repelidas senão depois duma prolongada troca de tiros. Chegou a hora em que é necessário opor-nos a este “complot” dos fomentadores de guerra anglo-judeus e dos potentados judeus da central bolchevista de Moscovo.

Povo alemão!

Neste momento opera-se uma concentração de tropas que, pelas suas proporções e pela sua extensão territorial, é a maior que o mundo viu até hoje. Cooperando com os seus camaradas finlandeses, os combatentes vencedores de Narvique estão nas margens do Mar dos Gelos. Divisões alemãs, sob o comando do conquistador da Noruega, em comum com os heróis das lutas finlandesas de libertação, sob as ordens do seu marechal, protegem o solo finlandês. Desde a Prússia Oriental até aos Cárpatos estendem-se as formações da frente alemã do Leste. Nas margens do Pruth, no curso inferior do Danúbio e até às margens do Mar Negro juntam-se soldados alemães e romenos, sob o comando do chefe do Estado da Roménia, general Antonescu. A missão desta frente não é só a protecção dos países isolados, mas garantir a segurança da Europa e, consequentemente, a salvaguarda de todos os países deste continente. Estou, portanto, decidido hoje a colocar novamente a sorte e o futuro do Reich e do nosso povo nas mãos dos nossos soldados. Praza a Deus ajudar-nos nesta luta particularmente importante!

 DISCURSOS HISTÓRICOS 1939-1941, Livraria Latina, Porto, 1944, pp. 227-239. Notas e mapas da responsabilidade de David Martelo

 

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