A dependência económica, naturalmente. Ideológica (de subserviência antiga,
em casos vários, que inclui os específicos nossos…). São a razão do apoio. De resto,
a Rússia tem explorado bem, pelo que se lê, no texto infra, os recursos
económicos de muitos países – desses que foram nossos e exploráramos menos, tem direito à posição abstencionista de quem tanto "os" - e "se" - ajuda.
Quem pode (e sabe) pode. Quanto aos outros países, indiferentes ou apoiantes da
guerra russa, as razões variam, segundo a análise deste excelente trabalho de Carolina
Branco. O cinismo
ambicioso da China parece o mais ameaçador para o mundo inteiro, todavia, nas
suas razões de cordialidade, de puro maquiavelismo satânico, que esconde as
garras…
Nem todos estão contra a Rússia. Que países apoiam (ou não censuram)
Vladimir Putin?
Dois
terços da
assembleia-geral da ONU reprovaram invasão à Ucrânia. Mas nem todos estão
contra Putin. Há manifestações de apoio de outros líderes — mais ou menos
claras — e países sem tomar posição.
CAROLINA BRANCO: Texto
OBSERVADOR, 11 mar 2022
Índice
Angola, Moçambique e Guiné-Equatorial Organização do Tratado de Segurança Coletiva
China
Síria
Coreia do Norte Irão
Cuba
Venezuela Emirados Árabes Unidos Nicarágua Eritreia
A
invasão da Ucrânia pela Rússia recebeu uma condenação sonante por parte da
Assembleia Geral das Nações Unidas, no início de março. Dos 193
países com assento
naquela estrutura, 141 — ou
seja, dois terços — votaram a
favor da resolução que condenava a “operação especial” que colocou os militares
de Vladimir Putin em território ucraniano, levou ao bombardeamento de dezenas
de cidades do país e forçou a saída de mais de dois milhões de pessoas, agora
na situação de refugiados de guerra.
Além dessa condenação da comunidade internacional, também a NATO e a União Europeia têm condenado sistematicamente a invasão russa e
enviado apoio logístico e militar para a Ucrânia.
Mas essa condenação não foi unânime. E, a par dos cinco votos de aprovação da
investida russa — Bielorrússia,
Coreia do Norte, Eritreia, Síria e, sem surpresa, a Federação Russa —, houve também casos em que os embaixadores na ONU
optaram por uma posição menos comprometida sobre a operação militar. E
isso foi notório no plenário da ONU: alguns países abstiveram-se (foi o caso de Angola,
de Moçambique e da Guiné-Equatorial) e
outros nem sequer estiveram presentes na votação.
A abstenção
não tem de ser, necessariamente, encarada como sinónimo de um apoio a Putin. Ao
Observador, os especialistas em Relações Internacionais ouvidos a propósito dos
países africanos membros dos PALOP falam numa gestão mais racional das relações
económicas que mantêm com Moscovo — e da influência que a Rússia ali continua a
ter, e que vem dos tempos em que outras lideranças lutavam pela sua
independência e soberania.
Angola,
Moçambique e Guiné-Equatorial
Apesar
de não terem manifestado apoio à invasão russa, Angola, Moçambique e a Guiné-Equatorial são os únicos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) que se abstiveram na votação da resolução da ONU
contra a invasão à Ucrânia.
Uma “posição de cautela” —
e que, aliás, se pode estender aos “restantes países africanos que se
abstiveram ou não estiveram presentes na sessão”. Essa é a primeira explicação
que o investigador do Centro de Estudos Internacionais do Instituto
Universitário de Lisboa (CEI-Iscte) Pedro
Seabra, apresentada
para enquadrar o voto destes países.
É,
aliás, nesse sentido que vai a nota do Ministério
dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, naquela que foi a primeira posição oficial do Governo
moçambicano sobre o conflito na Ucrânia. “Apelamos
para o exercício da moderação, a proteção da vida humana, a cessação das
hostilidades e para o relançamento de um diálogo construtivo entre as partes
envolvidas, com vista a uma solução política duradoura”, refere a nota, emitida na semana passada.
No
entanto, o
investigador Pedro Seabra recorda
também o “histórico de relações e de apoio” entre Angola,
Moçambique e Rússia, relacionado com a Guerra Colonial e
“os movimentos de libertação” destes países.
A Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo, partido no
poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da
ex-URSS e chegou a receber apoio militar durante a luta contra o colonialismo
português e ajuda económica depois da independência, em 1975. “Estamos a
falar de um certo ascendente que continua a perdurar. E isso ajuda a
incentivar uma certa cautela em não tomar uma posição de
confronto”, explica Pedro Seabra.
Esse
“ascendente” pode “perdurar”, por exemplo
em Angola, que tem
eleições presidenciais marcadas para este ano. No caso de Angola, a Brookings
Institution, um grupo de pesquisa norte-americano, lembra o facto de João
Lourenço ir a votos numa altura em que o país enfrenta uma recessão e o
seu partido (MPLA) lida com divisões internas. “A estratégia oportunista da Rússia de ajudar
líderes isolados como forma de aumentar a influência de Moscovo faz de
João Lourenço um alvo atraente”,
lê-se no site da Brookings Institution. A ligação
histórica com Rússia, as ligações comerciais e até o facto de João Lourenço ter
estudado na Lenin Military-Political Academy, uma instituição militar da antiga
URSS, “serão factores que aumentarão a atenção da Rússia em João Lourenço”. A ligação
entre os dois líderes é evidente: em 2019, João Lourenço condecorou Putin com a Ordem Agostinho Neto,
a mais alta distinção atribuída pelo Estado angolano (e que, por exemplo,
também Marcelo Rebelo de Sousa recebeu no mesmo ano).
Além
destas razões, a também investigadora do CEI-Iscte, Ana Lúcia Sá, aponta outra possível explicação: “Razões
pragmáticas de comércio” com os russos. E recorda o Fórum
Económico Rússia-África, que foi o
primeiro deste género e aconteceu em outubro 2019, na cidade russa de Sochi, um
evento “ao qual Putin deu muita importância” — e onde estiveram presentes,
entre outros, os
presidentes de Angola e Moçambique.
De
acordo com o site oficial do Fórum, foram assinados 92 contratos e
acordos entre a Federação Russa e os vários países que participaram no
encontro, e que representam investimentos de cerca de 12 mil milhões de dólares em
novas parcerias. No entanto, o investigador Pedro Seabra
ressalva que este “tipo de cimeiras são organizadas para mostrar números
grandes e redondos e não necessariamente para entrar nos pormenores de
acordos bilaterais. Nessa altura, contam mais os anúncios do que propriamente
os pormenores associados à forma como acontece” cada uma das parcerias
acordadas. Daí que não existam informações concretas sobre que tipo de acordos
foram feitos. Há, no entanto, a segunda edição do Fórum prevista para este ano
em São Petersburgo — ainda sem data marcada.
Porém,
a Rússia já tem uma presença bem marcada em Angola,
a nível comercial, desde logo através da Alrosa, uma empresa de mineração de
diamantes que é líder mundial. O grupo russo opera na Província de Luanda
do Sul, na Sociedade Mineira de Catoca, e detém 32,8% das ações daquela
que é a a maior produtora de diamantes da África Central. A empresa russa é uma
das maiores accionistas a par com a Endiama, uma empresa estatal angolana que tem a mesma
percentagem em acções. É precisamente com a Endiama que os russos estão a
“investir em novas áreas, em novos depósitos potenciais”, como revelou o director-geral
da Alrosa, Alexander Gorlov, em Saurimo (Lunda Sul), à margem da 1ª conferência
internacional de diamantes, no final do ano passado. “Acreditamos no país
e estamos aqui para ficar muitos anos“, disse ainda.
"Estamos a falar de um certo
ascendente [da Rússia] que continua a perdurar [em Angola e Moçambique]. E isso
ajuda a incentivar uma certa cautela em não tomar uma posição
em confronto"
Depois,
a Rússia é o principal
exportador de armas para África, controlando 49% do mercado total de armas
africano. Angola está entre
os oito países que são os principais clientes das armas russas, de acordo com dados
disponibilizados pela Africa Center for Strategic Studies, uma instituição do
Departamento de Defesa dos EUA que se dedica a estudar questões de segurança em
África.
Já
quanto a Moçambique, mais recentemente, recebeu “apoio do Estado russo
nos primeiros momentos contra a insurgência em Cabo Delgado”. “Inicialmente,
houve um apoio político e, depois, a participação da Wagner, a empresa paramilitar
russa, nos esforços de combate. Foi um sinal de uma certa
aproximação”, explica o investigador Pedro Seabra ao Observador. Vários jornais
locais relatam que apesar da saída dos militares da Wagner em 2020, houve
soldados russos que nunca abandonaram o território moçambicano.
Além
dos militares, os
interesses da Rússia em Moçambique vão dos minerais, pesca, educação, petróleo
e até sistemas de comunicação espaciais. A
Rússia tem um banco e duas empresas em Moçambique, segundo um relatório do South African
Institute of International Affairs. Um deles é o banco VTB,
controlado pelo governo russo, que esteve envolvido no caso das “dívidas
ocultas” de Moçambique — considerado um maior escândalo de corrupção do
país, envolve 19 pessoas suspeitas de terem lesado o estado em 2,7 mil milhões
de dólares, angariados junto de bancos internacionais sem a autorização do
Parlamento.
A Rosneft,
uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, cujo accionista maioritário é o
governo russo com 75%, assinou um acordo com a Corporação Nacional de
Hidrocarbonetos de Moçambique para explorar gás em três zonas situadas
sensivelmente na zona centro da costa moçambicana, com cerca de dois mil quilómetros
de comprimento.
Depois,
Tazetta Resources. Em julho
de 2016, o presidente moçambicano Filipe Nyusi participou no lançamento de um
projecto de exploração conjunto russo-moçambicano de areias minerais pesadas em
Pebane, na província da Zambézia, liderado pela empresa russa de
tratamento e exportação de titânio, zircónio e outros metais.
Tal
como em Angola, o comércio do armamento também tem uma grande importância em
Moçambique. O Presidente
moçambicano, Filipe Nyusi, não esteve presente no Fórum Económico
Rússia-África, devido às eleições marcadas para a altura, mas antecipou a sua
viagem à Rússia para agosto de 2019. Pouco depois dessa viagem, centenas de
armas chegaram a Moçambique vindas da Rússia, num avião russo, o Antonov An-124
que foi durante muito tempo o maior avião do mundo escreveu a CNN na altura. Doze dias depois, um segundo
Antonov An-124 chegou novamente a Moçambique com equipamento militar, incluindo
um helicóptero russo Mil Mi-17.
Já
quanto a Guiné-Equatorial, o investigador Pedro Seabra coloca a possibilidade
de que, ao abster-se, este país esteja a proteger “a sua própria posição
interna e evitar críticas maiores ao seu próprio regime”. “Enfim, a evitar
chamar os holofotes para si. Evitar assumir uma posição é evitar que não
pensemos muito nela”, conclui.
No entanto, também aqui há interesses
comerciais. Em 2020,
a empresa russa Rosgeo assinou contratos para exploração de hidrocarbonetos na
Guiné Equatorial. “Estas actividades de exploração irão ajudar a ampliar
o potencial e as reservas de recursos naturais adicionais no Rio Muni,
principalmente petróleo bruto, gás natural e minerais. Isto enquadra-se
na crescente cooperação entre a Rússia e a Guiné-Equatorial e irá
contribuir na construção de uma forte exploração no país”, disse Gabriel Mbaga Obiang Lima, ministro de Minas e
Hidrocarbonetos do país, num comunicado divulgado na altura. Em novembro desse
ano, outra empresa russa, a Lukoil, ganhou
o concurso para explorar o bloco EG-27, um bloco rico em gás na costa da
Guiné-Equatorial.
Organização do Tratado de Segurança Colectiva
Além
da Rússia, a Arménia,
a Bielorrússia, o Cazaquistão, o Quirguistão e o Tajiquistão fazem parte da Organização do Tratado de
Segurança Colectiva (OTSC), um acordo feito no início dos anos 90, após o fim
do Pacto de Varsóvia, em reacção à criação da NATO, na década anterior — ambos,
com o mesmo propósito: caso algum
estado-membro seja atacado, os restantes devem defendê-los.
A
Bielorrússia é o país da OTSC que mais tem ajudado a Rússia na
invasão, desde logo pelo posicionamento das tropas russas nas suas fronteiras
com a Ucrânia. Parte da invasão está a acontecer via Bielorrússia. Ainda
assim, o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, veio desmentir que haja quaisquer tropas do seu país envolvidas na
invasão, como acusou o Comando Geral das Forças
Armadas ucranianas. É também neste país que estão a decorrer as negociações
entre a Rússia e a Ucrânia para resolver o conflito.
Entre
os aliados da OTSC, o mais importante para a Rússia é o Cazaquistão por ter
algumas das maiores reservas de petróleo do mundo. E a Rússia auxiliou recentemente o Cazaquistão,
invocando precisamente a OTSC. Em janeiro, enviou paraquedistas russos a pedido presidente Kassym-Jomart Tokayev para ajudar a “estabilizar” o país, palco de manifestações que levaram à morte de centenas de
pessoas. Ainda assim, o
Cazaquistão não reconheceu a independência de regiões separatistas da Ucrânia.
E recusou um pedido russo para que enviasse tropas para a Ucrânia —
uma posição tomada também por outros dois países da OTSC: Quirguistão
e Tadjiquistão.
À
excepção da Rússia, dos países da OTSC, apenas a Bielorrússia votou contra
a resolução da ONU que condena a invasão na Ucrânia.
O Cazaquistão, a Arménia, o Tadjiquistão e o Quirguistão abstiveram-se.
China
A posição da China neste conflito é
dúbia. Por um lado, defendeu a soberania
e a integridade territorial das nações, mas por outro manifestou-se contra
as sanções impostas à Rússia e apontou a expansão da NATO para o leste da
Europa como a raiz do problema. Depois, surgiram rumores de que altas
entidades chinesas tinham sido informadas das intenções de Putin de invadir a
Ucrânia. No final, a China não votou a favor nem contra a resolução, abstendo-se na
votação da ONU.
O
Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse esta segunda-feira
que Pequim “já está a mediar” o conflito na Ucrânia e que vai fazer
esforços para oferecer assistência humanitária, mas lembrou a “amizade sólida
como uma rocha” que tem com a Rússia. “Não importa quão perigoso é o
cenário internacional, vamos manter o nosso foco estratégico e promover o
desenvolvimento de uma parceria abrangente China – Rússia na nova era”,
disse, acrescentando: “A amizade
entre os dois povos é sólida como uma rocha”.
Síria
Putin é um dos maiores aliados de Bashar
al-Assad. Na guerra civil da Síria, onde a Rússia ainda mantém bases militares,
a contribuição russa foi considerada fundamental para manter Assad no
poder. Uma fonte russa citada pela
BBC afirma que o presidente
sírio prometeu reconhecer a independência das regiões separatistas georgianas
da Abkházia e da Ossétia do Sul, tal como já o tinha feito em 2018.
A
Síria foi um dos cinco países que votaram contra a resolução da ONU que condena
a invasão russa da Ucrânia, além da Rússia, Bielorrússia, Coreia do Norte e
Eritreia.
Esta
segunda-feira, autoridades norte-americanas revelaram ao The Wall Street
Journal que Moscovo está
a recrutar especialistas sírios em combate urbano para lutar na Ucrânia.
“O número de combatentes recrutados é desconhecido, mas alguns deles já estão
na Rússia a preparar-se para entrar no conflito”, segundo o jornal.
Coreia do Norte
Além
de ter sido outro dos países a votar contra a resolução da ONU, a Coreia do
Norte reforçou o seu apoio a Putin num comunicado revelado esta segunda-feira.
Na nota, o Ministério dos Negócios Estrangeiros defendia que “a crise na
Ucrânia decorre da política hegemónica dos Estados Unidos e do Ocidente, que
estão a agir de forma deliberada e arbitrária em relação a outros países”. E
argumentava que os EUA e o Ocidente “estão sistematicamente a minar o sistema
de segurança na Europa com suas tentativas de implementar armas ofensivas e
expandir a NATO para o leste”.
Irão
Apesar
de defender o fim da guerra, o líder
do Irão, aiatola Ali Khamenei, veio culpar os EUA pela invasão russa da Ucrânia: “A crise ucraniana tem as suas raízes nas
políticas dos Estados Unidos e do ocidente”, disse num discurso na televisão,
no qual acusou a
administração norte-americana de interferir nos “assuntos
internos do país organizando manifestações contra governos e criando revoluções
a cores (revoltas populares que levaram os pró ocidente ao poder em várias
antigas repúblicas soviéticas), e golpes de Estado”. O Irão também se
absteve na votação da ONU.
Cuba
Dias
após começar o conflito, o ministério das Relações Exteriores de Cuba emitiu um
comunicado onde culpava os EUA e a NATO pela invasão à Ucrânia, embora
não demonstrasse declaradamente o seu apoio à Rússia — aliás, absteve-se na
votação da resolução da ONU contra a invasão russa. “O esforço dos EUA para
continuar a expansão progressiva da NATO para as fronteiras da Federação Russa
levou a um cenário, com implicações de alcance imprevisível, que poderia ter
sido evitado”, lia-se na nota. De acordo com a agência Reuters, esta
declaração foi feita dias depois de a Rússia concordar adiar o pagamento
de dívidas de Cuba com Moscovo até 2027.
Venezuela
Ainda
antes da invasão à Ucrânia, Nicolas
Maduro fez uma
declaração bem clara: “A Venezuela está com Putin, está com a Rússia, está
com as causas corajosas e justas do mundo, e vamos aliar-nos cada vez mais”,
acrescentando: “O mundo pensa que Putin vai ficar parado sem fazer nada, sem
tomar medidas para proteger o seu povo? É por isso que a Venezuela
expressa o seu total apoio ao presidente Vladimir Putin nos seus
esforços para proteger a paz na Rússia, na região.”
Já
seis dias depois da invasão, Maduro telefonou a Putin para expressar um “forte
apoio” à Rússia, condenar “as acções desestabilizadoras dos EUA
e da NATO” e salientar a importância de combater a campanha de mentiras e
desinformação lançada pelos países ocidentais”.
Emirados Árabes
Unidos
Embora
não apoie concretamente Putin, o facto de os Emirados Árabes Unidos (EAU)
terem optado por uma abstenção na votação da resolução da ONU contra a invasão
russa surpreendeu os aliados ocidentais. Anwar Gargash, conselheiro do
presidente dos EAU, citado pela CNN, disse que tomar partido “só
levaria a mais violência” e que a prioridade do seu país é “encorajar
todas as partes a recorrer à acção diplomática e negociar para encontrar uma
solução política”. O comércio entre os Emirados Árabes Unidos e a Rússia
cresceu dez vezes desde 1997, segundo dados da agência de notícias estatal russa TASS, citados pela
CNN. O turismo e a produção de petróleo bruto também é outro fator
que une os dois países. Como terceiro e sétimo maiores produtores de petróleo,
respetivamente, a Rússia e os Emirados Árabes Unidos coordenam as políticas de
produção de petróleo bruto sob a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo, uma organização intergovernamental com 13 estados-membros.
Nicarágua
O
presidente da Nicarágua, um dos 34 países que se abstiveram na votação da
resolução da ONU contra a invasão russa, foi
um dos primeiros líderes mundiais a apoiar a posição da Rússia sobre a
Ucrânia. Daniel Ortega
reconheceu a independência de regiões separatistas da Ucrânia e defendeu que se
for feito “um referendo como o realizado na Crimeia, as pessoas irão votar
para anexar estes territórios à Rússia”.
Eritreia
Este
país no nordeste de África votou contra a resolução da ONU que condena a
invasão russa da Ucrânia. O director do Programa Africano da Chatham House,
Alex Vines, acredita que o voto contra tem um significado: o país pode estar à
espera de “extrair alguma recompensa da Rússia”. E lembra, em declarações à DW, que Eritreia “se especializou em
ser uma excepção”.
Ao
Observador, o investigador Pedro Seabra não exclui essa hipótese de a Eritreia estar
à procura de “possibilidades económicas no sentido de extrair algum apoio” da
Rússia. Mas aponta:
“Há sempre vários factores. Por norma as coisas são mais complexas. Poderá
ter havido algum trabalho de bastidores de influência russa para
evitar que não fossem os dos costume a votar contra”. Aliás, explica ao
Observador, este trabalho de bastidores é frequente noutras votações: “É um
processo de negociação quase diário. Os estados negoceiam, fazem trocas e
proporcionam esse tipo de possibilidades.
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