Por cá e por lá. Mas houvesse
mais gente assim persistente, como MJA! Fôssemos todos assim, penetrados de igual
amor pelo nosso país… E igual afinco trabalhador!... Outro galo nos cantaria.
Por cá
E por cá? Por cá parece que nada se
passa, mas quando se destapar a politica portuguesa que encontraremos por
detrás da obscuridade silenciosa do último mês?
MARIA JOÃO AVILLEZ
OBSERVADOR, 23
mar 2022, 00:2038
1A
invasão da Ucrânia passou um
rolo compressor pela política, o espaço público pulverizou tudo o que não fosse
o som da guerra, a atenção confinou-se nos écrans que nos trazem a tragédia a
casa e em directo. Deles e sem trégua, irradia simultânea e permanentemente o
mal e o bem duvidoso prodígio que nos distingue como humanos.
A política interna seguiu nos
bastidores, sem que dela tenhamos tido um assomo sequer. Que terá ocorrido nos estados maiores dos partidos
durante o ultimo mês? Que disseram ou pensaram os seus líderes que mal os
ouvimos? Que governo terá composto António Costa? O que já tinha em mente ou as
novas circunstâncias ditaram alterações ou até uma mudança de natureza na
escolha de alguns nomes e pastas? Sabemos que o governo será “ágil”, adjectivo que por si só não inspira nem mobiliza
mas não se sabe. À hora a que escrevo – terça à tarde –, para além das
”adivinhas” do costume supostamente bem informadas, ou de intencionais fugas de
informação, saber, não se sabe. Nem disto, nem de mais nada, houve um apagão
da política portuguesa.
Quando
ela se destapar que encontraremos por de trás da obscuridade silenciosa deste
último mês?
2Carlos
Moedas fez bem em
afastar de vez a “eventualidade” (?) de se candidatar ao PSD na colheita 2020.
Já não era sem tempo: os telefonemas sucediam-se, as pressões choviam, a
insistência não desarmava. Havia até quem invocasse (que vergonha) que ele
poderia continuar na Câmara, era uma questão de “acumular”. O equívoco é fatal
e eloquente. Caso tivéssemos dúvidas do que a “casa PSD” anda a gastar em
desnorteio e desqualificação política, ficávamos entendidos: os
“pressionantes” de Moedas (eram muitos e não de somenos) na aturdida pesca à
linha de quem os salve de uma derrocada, ignoraram um mandamento político
sagrado: os deveres de um eleito, para com os seus eleitores. O seu compromisso perante eles. Aliás ter-se-ia
preferido ouvir Moedas falar de compromisso em vez de “missão”. É de
compromisso que se trata, este é anterior à missão. Ela é que deriva dele e não
o contrário. Além de que a palavra missão – mas isto já sou eu a falar –
lembra de imediato sacrifício, penas, esforço, peso. O poder de convocatória de
Lisboa é maior que isso. Só um compromisso estará a altura dele.
3Voltando ao PSD: por alguma razão a nenhum observador razoável escapará
a actual disponibilidade/capacidade do PSD para o pior. No caso, para
se esquecer do que foi, significou, fez, conseguiu. Caindo no
buraco onde se meteu atrás de um líder que nunca o deveria ter sido mas que
enquanto o foi levou o partido para uma morada política errada; caindo na
pasmosa complacência com que aceita que seja o ainda líder mas não futuro líder
a escolher, decidir, dirigir, convidar, em nome de um partido onde não
permanecerá (ou permanecerá e isto é um jogo?); caindo na passividade sem temer
que o ainda dirigente-mor comprometa o PSD – a curto, médio e longo prazo – com
rumos, orientações, ou quem sabe se até acordos partidários que só por um acaso
improvável coincidirão com o que faria um futuro líder. Seja ele qual for,
aliás, falo de princípios e não de nomes; caindo na letárgica terra de ninguém
para onde a actualidade da invasão da Ucrânia o atirou mas de onde lhe competia
ter sabido – e querido! – começar a sair e não saiu.
Não
me lembro de um partido político, no caso o maior da oposição, em estado de entorpecimento tanto tempo. Algum jovem de vinte, trinta anos virará hoje a
cabeça para olhar para o PSD?
4Portugal deve
ser o único pais da Europa – do mundo? – onde, por vontade própria da direita
portuguesa, a vida partidária começa ao centro. Não se duvide de resto que uma das piores e nunca
resolvidas heranças do 25 Abril é que vai para quarenta e tal anos que uma
parte considerável do país continua com vergonha de pronunciar a palavra
direita. Com honrosas excepções, de uma forma geral assume mal a pertença
ou afronta titubeantemente a escolha. Uma relação ao viés, disfarçada pela
(salvífica?) palavra centro não augura nada de bom para a direita: deturpa-a
quando não a falsifica.
Com
tudo isto, naturalmente, o centro
esgotou, como na ópera. É caso até
para perguntar quem mais, na política e de entre os nossos políticos, terá de
ser avisado da situação de lotação esgotada. Não cabe lá um alfinete,
não há nem um bilhete. Sendo aparentemente incompreensível tal atracção por
este lugar político sem propósito nem utilidade, a escolha mereceria talvez um
estudo comportamental. Depois de Rui Rio ter dado cabo de si e quase do PSD com
a (sua) irredutibilidade centrista – Nuno
Melo, candidato a liderança do CDS, apresenta-se como de “centro direita”.
Seja.
Mas tal como a Torre de Pisa surge-nos – ou é impressão minha? – mais inclinado
para um dos lados. O do centro, justamente. É certo que os portistas que o
incentivaram e ele representa não querem outra coisa.
E o eleitorado quer? E os militantes, os simpatizantes, os resistentes, quem sabe, até
ex-militantes e ex-simpatizantes com o desejo de voltar, sentir-se-ão
representados? Nuno Melo cuja empreitada é reconhecidamente ciclópica, tem de
se tornar plausível num proveitoso futuro político: para o CDS, para direita,
para o país, para ele próprio. Será capaz?
Será
capaz de uma assinatura em nome próprio? De
agir por si e não em nome de um exclusivo grupo de “portistas sem Portas” em
grande parte responsável pelo estado das coisas políticas e financeiras no
Largo do Caldas? Não haverá mais (boa ) gente e (outra) vida para além deles?
Será enfim capaz de reerguer um partido
fundador da democracia e que apesar de hoje moribundo se mantém absolutamente
indispensável no tabuleiro partidário, no hemiciclo de S. Bento, no
governo do país e na política portuguesa?
Oxalá seja.
COMENTÁRIOS:
Manuel Fernandes: MJA continua a
querer ignorar que existe um partido de direita. Porque não é a direita que ela
queria, muito Cascais, bem vestida e blasée. MJA queria uma direita de salão e
saiu-lhe uma direita da rua. Queria uma direita de vénia e salamaleque e
saiu-lhe uma direita de confrontação e combate. Temos pena, mas é o que há. Não
gosta, não coma. José maria: quando se destapar a política portuguesa que
encontraremos por detrás trás da obscuridade silenciosa do último mês? MJA não descansa enquanto não encontrar sombras em vez
de luz... Carlos
Silva: É verdade, cara MJA. A guerra da Ucrânia é vista como um programa tipo BBF,
com uns tiros pelo meio. Só quando
começar a "fumegar" pela Europa é que a "malta" acordará
para a realidade nua e crua. Boa crónica.
Alberico Lopes: Como
é que pessoas como o Dr. Mota Pinto e David Justino continuam a dar o aval a
esta situação verdadeiramente anómala e de tragicomédia como a que assistimos
pela não saída imediata do dr. Rio, é para mim um enigma de que só sairá
prejudicado o PSD! Como é que estes senhores e outros da Comissão Política não
vêem isto? Dr. Rio: vá-se embora! Que triste figura! vitor Manuel > Alberico Lopes: Para responder a essa questão
não é preciso ser cientista político, basta acompanhar as declarações desses
influentes personagens. A grande preocupação da maioria
do aparelho desse partido é ser parceiro na mesa do orçamento. Já em tempos
idos o foi dito por um seu grande autarca, depois confirmado pelo percurso de
R.R.. Mas não deixam saudades, tal a
cumplicidade com quem transformou este país numa sua propriedade. Alberico
Lopes > vitor manuel: Infelizmente tem toda a razão!
É tudo uma questão de dignidade que é o que falta a estes protagonistas! Todos! AL
MA: A Imprensa
Portuguesa e o controlo desta pelo PS, é semelhante ao controlo de Putin sobre
a imprensa e difusão de uma narrativa delirante e revisionista da situação. Não
estamos muito diferentes da Rússia, com as narrativas diárias de que nada nos
faltará, não haverá racionamentos, e que nada da guerra nos afectará. O Oásis
Socialista, como boa máquina de propaganda inspirada em regimes autoritários,
mas com capa de amplas Liberdades, tenta diariamente nos mentir sobre a
realidade, coisa que não é novidade, pois é um modus operandi, das Esquerdas
sejam elas quais forem Mario
Almeida: Sim por cá
continuamos a ser governados por uma máfia com uns quantos Ziuganovs na
“oposição”, tudo traduzido do Russo em calão. Tudo o que na Rússia é trágico em Portugal é cómico… e o Novishok chega-nos
em doses homeopáticas e bem distribuído por todos em geral. Gera um certo mau
estar… mas todos pensam que é do que comeram ontem. A comunicação social está devidamente amestrada… a que não está não leva o
selo de agente estrangeiro … nem subsídios! Tivemos comunistas
negacionistas do Holodomor no governo … mas debate-se com seriedade a
existência de nazis judeus a 4000 Kms de distância. Por enquanto não há planos para reconquistar Olivença… mas nunca estamos
livres do imprensável! Francisco Tavares de
Almeida: É sempre agradável ler MJA mesmo quando, como hoje,
enuncia uma evidência - a Ucrânia suspendeu a Covid e a política interna - e
comenta duas realidades supérfluas, uma actual, o CD, outra futura, o PSD. João
Ramos: Certíssimo Maria
João!
jose Afonso: Não esquecer que vamos ter um ministro das finanças, que
entregava os resistentes russos a putin. Tenho vergonha de ter um governo com tal figura. Um incapaz, um ignorante, um
inconsequente á frente dos destinos do país neste momento tão exigente. Pedro
Ferreira: Realmente
não se percebe como deixam o Rui Rio ainda mandar nos destinos do PSD um homem
que em vez de construir só destruiu o PSD só por vaidade e poleiro. Começo a
perder as esperanças de algum dia voltar a votar PSD estão todos a esquecer que
há bastantes Portugueses que se sentem órfãos na politica e em última instância
teremos que votar Chega. OutraConta
Apagada: MJA
está enganada, há uma boa parte do país que não tem medo da palavra “direita”.
Somos o eleitorado que votou no Chega que já é a 3a força política do país por
mais que o queiram ignorar. bento
guerra: "No pasa nada".Um governo
zombie, que não pode subir impostos, perante um parlamento sob as suas ordens, uma
oposição a divertir-se e o chefe ,em viagens afectivas João Floriano:
«Nós por cá todos bem»: era sempre assim
que o meu avô Floriano, exímio carpinteiro de baús com tachas de latão começava
as cartas que nos enviava numa era longínqua em que não havia correio
electrónico. E é assim que nós estamos: todos bem por cá. Lamentamo-nos,
queixamo-nos, mas depois alguém fala na Ucrânia, a medida de todas as
desgraças, e concluímos que até nem estamos assim tão mal. Já vamos quase em
cinco meses de vazio governativo, não se espera que saiam grandes reformas do
novo executivo, aliás nem se sabe muito bem o que esperar desta maioria
absoluta. Teremos menos extrema esquerda, mais direita mas vai tudo
continuar na mesma (sou um espírito optimista).
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