Que tal acordo de paz seja possível. E menos ainda com
a interferência da Turquia.
Depois de escutar, no OBSERVADOR, “ Explicador
em vídeo”: - « Quem é Vladimir Putin e que jogadas fez para
chegar aqui. Em mais de 20 anos de poder, Putin geriu a relação com
o Ocidente com minúcia, perpetuando a ideia de uma ameaça externa constante.
Explicamos em vídeo as jogadas que fez até à invasão da Ucrânia.» - uma tal
ascensão ao poder de um tal cínico que não olha a meios para atingir os seus
fins, como aliás se tem assistido neste culminar das suas acções escabrosas, pela
destruição sistemática de um país inteiro – a intervenção da Turquia para
efeitos de paz não traz qualquer esperança num final feliz. Será mais um passo
para entreter, e uma leitura iniciada com interesse, todavia. Mas com um tal figura
sinistra, capaz de tanto maquiavelismo e monstruosidade, não há acordos
possíveis. Só mesmo um “silenciamento” punitivo para um final menos catastrófico
- que não se prevê também.
Como a Turquia tenta promover um acordo
de paz (com a ajuda de Abramovich)
Plano de Ancara inclui solução
semelhante a Hong Kong para Crimeia e Donbass. Roman Abramovich tem sido usado
como emissário e já levou mensagem de Zelensky a Putin. Em troca, mantém iate
em Istambul.
28 mar 2022
A Turquia de Recep Tayyip Erdogan está a
tentar promover um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia e tem usado o
oligarca russo Roman Abramovich como um dos intermediários nas negociações. A notícia é avançada pela correspondente em
Istambul do jornal britânico The Times, que dá como certo que Abramovich se tem encontrado pessoalmente com
Volodymyr Zelensky em Kiev e com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo. O recurso a Abramovich como emissário é
emblemático da postura de Ancara face a esta negociação: mantém o
apoio militar à Ucrânia, mas abre a sua economia aos oligarcas russos caídos em
desgraça na Europa.
De
acordo com o Times, Abramovich partiu de Istambul na quarta-feira da
semana passada em direção a Moscovo para levar pessoalmente a Putin uma
mensagem escrita à mão pelo Presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky. Na nota
estariam as possíveis
cedências que Kiev está disposta a aceitar para por um ponto final na guerra,
que dura desde o dia 24 de fevereiro. O
jornal diz que a resposta
inicial de Putin não terá sido positiva: “Diz-lhes que os vou destruir”, terá dito. Contudo, as negociações não estarão
deitadas por terra.
Abramovich terá depois regressado a Istambul, nesse mesmo dia. Segundo o Times, o dono do Chelsea encontrou-se na
Turquia com Rustem
Umerov, deputado
ucraniano que é também um ativista tártaro da Crimeia e que estará a
representar o governo ucraniano nestas negociações. Os dois têm-se encontrado nos últimos dias em vários
hotéis de cinco estrelas em Istambul, em reuniões organizadas pelo porta-voz do
Presidente turco, Ibrahim
Kalin. Abramovich
ter-se-á até encontrado com Zelensky em Kiev, viajando em jactos privados
turcos — já que o seu jacto pessoal é actualmente alvo de sanções — através de
Varsóvia.
Abramovich estará inclusivamente a obter alguns benefícios por
parte de Ancara em troca do seu papel nas negociações: um dos seus iates está
atualmente ancorado na Turquia e, segundo uma fonte revelou à
agência Reuters, Abramovich e outros oligarcas russos estão a
negociar com o governo turco para colocar alguma da sua riqueza no país e
evitar assim as sanções europeias e norte-americanas.
As propostas turcas: acordo com
desmilitarização e Crimeia como nova Hong Kong
As
reuniões entre representantes russos e ucranianos serão retomadas esta semana,
com Ancara a confirmar que o primeiro encontro terá já lugar esta terça-feira.
Em cima da mesa estará um acordo de paz que prevê garantias por parte da Ucrânia
de que não irá aderir à NATO e um estatuto de proteção especial para a língua
russa em território ucraniano.
Estará
também a ser discutida a desmilitarização da Ucrânia, o que tem feito com que
os emissários ucranianos exijam que lhes sejam dadas garantias de segurança por
parte de algum país. Esta segunda-feira, um dos representantes de Zelensky,
Ihor Zhovkva, declarou que “a
Turquia é um desses países que pode vir a garantir a nossa segurança no
futuro”, segundo a agência Reuters.
Mais difícil estará a ser a negociação
sobre o futuro da península da Crimeia — ocupada
pela Rússia desde 2014 — e
a região de Donbass. O Times
garante que o próprio Ibrahim Kalin estará a preparar uma proposta que prevê
que a Rússia mantenha o controlo de ambas as regiões numa espécie de
“empréstimo de longo-prazo”, semelhante ao controlo britânico de Hong Kong entre 1898 e 1997.
A
Turquia de Recep Tayyip Erdogan está investida em afirmar-se como fiel da balança
ao promover um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Erdogan tem apoiado publicamente a Ucrânia, fornecendo
armamento ao país, mas não cortou laços com a Rússia ao mesmo nível que outros
países.
Ainda
este domingo, Ibrahim Kalin — o mesmo homem que estará a desenhar o acordo de paz
— afirmou no fórum internacional de Doha que o mundo não deve “queimar as pontes com a Rússia”. “Os ucranianos precisam de ser apoiados de todas as
formas possíveis para se conseguirem defender”, disse o porta-voz presidencial
turco. “Mas a Rússia tem de ser ouvida, de uma forma ou de outra.”
Em
concreto, Ancara tem-se recusado a aplicar sanções à Rússia semelhantes às
impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos. Para além de alguns laços fortes com a economia russa,
a Turquia enfrenta actualmente uma crise cambial e uma inflação galopante.
Apesar
das notícias que dão conta de avanços nas negociações, ainda esta segunda-feira
um representante ucraniano disse não esperar nenhum
“grande avanço” no próximo encontro entre as duas delegações.
GUERRA NA
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