Segundo a excelente reportagem de Cátia Bruno. A Rússia e a Nato –
com
os EU por tabela, segundo análise de
comentadores sábios, alguns naturalmente do contra, em relação aos States. Mas
ainda bem que estes existem, com o seu poder interventivo, embora discreto, ao
que parece.
Crimes de guerra, o papel de Zelensky e
apelos aos aliados. A estratégia do governo ucraniano para atacar a Rússia
através das palavras
Reportagem na Ucrânia. Maria Tomak
trabalha no governo ucraniano, que concerta discurso para guerra da
comunicação. Principal trunfo é Zelensky, mas também há recados para o
Ocidente.
CÁTIA BRUNO (em Lviv, na Ucrânia): Texto
JOÃO PORFÍRIO (em Lviv, na Ucrânia): Fotografia
OBSERVADOR, 27 fev 2022, 23:34 38
Texto e fotografias dos enviados
especiais do Observador à Ucrânia, Cátia Bruno e João Porfírio:
Maria
Tomak não votou em Volodymyr Zelensky em 2019. Há apenas dois meses, esta mulher de 35 anos ainda
trabalhava em ONGs de defesa dos direitos humanos na Crimeia e
em Donbass. “Mas fiquei
surpreendida com Zelensky”, confessa. A principal razão que a levou a aceitar o
convite para integrar a equipa do seu governo foi a estratégia do Presidente
para a região da Crimeia: ao contrário do anterior Presidente (Petro
Poroshenko), diz, Zelensky ainda não desistiu de lutar pela
recuperação da península, integrada no território russo após a invasão de 2014.
Os
vídeos que têm sido publicados pelo Presidente ucraniano nos últimos dias,
junto da resistência armada popular em Kiev, têm sido o mais recente motivo de
orgulho para esta funcionária da Plataforma da Crimeia, uma iniciativa
criada pelo governo ucraniano para manter a pressão internacional sobre o tema.
“Se calhar, é inapropriado dizer isto, mas adoro o meu Presidente. Estou tão
orgulhosa”, confessa ao Observador, num café em Lviv — cidade onde Tomak está,
juntamente com outros funcionários do governo, a coordenar a resposta à invasão
russa. “Na Ucrânia, as pessoas são sempre muito críticas dos governantes, mas
neste momento estão simplesmente orgulhosas. Que inspiração”, diz, com um
grande sorriso. Ideia reforçada pela sondagem divulgada pelo grupo ucraniano de estudos sociológicos Rating,
realizada nos últimos dois dias, que dá conta de que 91% dos ucranianos
estarão a apoiar o seu Presidente.
As
imagens de Zelensky e as suas declarações assertivas — como a de que quer
“munições e não uma boleia” para sair de Kiev — têm sido um dos principais
motores que tem granjeado simpatias para a causa ucraniana por todo
o mundo — e, naturalmente, entre os próprios ucranianos. Mas não são a única peça da estratégia de comunicação
de um governo que já percebeu que, numa guerra contra um país tão versado em criar narrativas e
desinformação como a Rússia, a comunicação é uma das armas usadas neste combate.
Maria
Tomak
encontra-se com o Observador
num pequeno café de Lviv. Confessa sentir-se frustrada por não estar na capital
— estava em Lviv a organizar uma série de conferências para a Plataforma quando
a invasão começou — e preocupa-a a situação da sua irmã, grávida, que está em
Kiev. Mas não deixa de trabalhar a toda a hora, só parando para dormir.
SWIFT, no-fly zone e
cancelamento de investimentos russos. Os pedidos da Ucrânia à comunidade
internacional
O
primeiro ponto que tenta destacar na entrevista é a da reacção da comunidade
internacional, destacando o “apoio” que tem surgido. “Muita gente aqui
ainda acha que não é suficiente e eu percebo o sentimento deles, mas quanto
mais a Ucrânia luta, mais apoio terá. A comunidade internacional só nos vai
apoiar se perceber que a Ucrânia está a resistir de forma corajosa”, afirma. A retirada da Rússia do sistema bancário SWIFT — uma medida que a União Europeia anunciou que ia ser aplicada a vários
dos principais bancos russos, depois de países como a Alemanha e a
Hungria terem recuado nas suas objeções — é vista como uma vitória: “Será muito
doloroso para os russos”, acredita.
Mas,
para o governo ucraniano, não chega. E que apoio exactamente espera a Ucrânia obter agora,
depois de já se ter tornado claro que a NATO não deseja envolver-se
militarmente no conflito? Zelensky tem pedido repetidamente ao Ocidente
que “feche os céus” da Ucrânia, no que tem sido interpretado como um apelo para
que seja criada uma no-fly
zone no país. Maria Tomak
reforça essa ideia claramente,
definindo-a como “importante”. “Se começar a ser entregue ajuda humanitária
através de aeronaves internacionais, isso traz-nos mais proteção. Compreendo
que a comunidade internacional não esteja preparada para usar aeronaves
militares, portanto esta pode ser uma boa opção”, explica Maria.
Não
parece, contudo, que os aliados estejam com vontade de o fazer, já que o país
que a aplicasse teria depois de abater qualquer avião russo que entrasse nessa
área, correndo o risco de tornar esta guerra num conflito directo entre Rússia
e NATO. Os Estados Unidos já disseram claramente que não estão
interessados: “Não vamos
pôr tropas americanas em risco. E
isso significa que também não as vamos colocar no ar”, disse este domingo a embaixadora norte-americana na
ONU, Linda Thomas-Greenfield. Mas Maria
Tomak não se dá por derrotada e sugere uma terceira via para o Ocidente: cancelar
todos os projetos de infraestruturas com investimento russo, como centrais
nucleares que estão a ser construídas na Finlândia — algo que pode vir mesmo a
acontecer.
“A agressão da Rússia está a matar
crianças neste país, isso é um facto”
Mas
nem só de conversações e pressões sobre os aliados se faz esta estratégia
ucraniana. Este domingo, Zelensky também anunciou que a Ucrânia apresentou uma
queixa contra a Rússia, no Tribunal Penal Internacional, em Haia, por crimes de
guerra. “A Rússia tem de assumir
responsabilidades por ter manipulado a definição de genocídio para justificar
esta agressão”, afirmou.
Maria
Tomak revela o que está a ser feito nos bastidores: “Os meus colegas criaram um grupo que vai tentar reunir
esses factos, verificá-los e entregá-los ao Tribunal Penal Internacional.
Aquilo que já vemos agora — e isso é um facto — é que estão a atacar
infraestruturas civis como escolas, jardins de infância, hospitais. Já o vimos
em vários locais, não apenas em Kiev”,
acusa. Os relatos pessoais que vai ouvindo fazem-na ter a convicção de que não
será difícil reunir estas provas, como o caso dos pais de um amigo, em Kherson,
que estiveram a resgatar vizinhos cuja casa foi atingida. Os ataques a
zonas civis, como Bucha, cidade perto de Kiev. são rotineiros em algumas partes
do país, garante: “Os meus pais têm lá uns amigos que vivem a toda a
hora no abrigo, nunca saem. Tentam cozinhar no abrigo. São pessoas que há
alguns dias eram homens de negócios bem-sucedidos, de classe média. E agora
estão sentados na cave a cozinhar numa fogueira improvisada! É difícil de
imaginar”, lamenta.
As
acusações graves que o governo ucraniano tem feito à acção dos militares russos
não se ficam por aqui. “A agressão da Rússia está a matar crianças neste
país, isso é um facto”, afirma. O
ministro da Saúde ucraniano, Viktor Lyashko, afirmou entretanto que terão
sido mortas 16 crianças desde o início da invasão, mas este número ainda
necessita de ser confirmado.
Tomak, porém, não tem dúvidas de que
há ataques deliberados a estruturas civis, como hospitais. “É importante pôr isto em contexto: porque é que os
russos fariam isso? Bem, olhem para a Síria. Porque é que eles tinham de fazer
isso lá? Mas está confirmado por toda a imprensa, como aquele grande artigo do New York Times.
É um instrumento para aterrorizar a população. Tentam forçar os civis que não
querem sair a abandonar as suas casas”, explica. “Os russos não têm grande
apoio aqui, por isso têm de recorrer ao terror.”
Não
é certo que Haia possa reagir a este pedido dos ucranianos com rapidez, podendo
uma investigação desse tipo demorar anos — e possíveis condenações, como a dos
líderes sérvios na Guerra da Bósnia, ainda mais. Mas o governo de Zelensky quer mostrar que está de
olhos postos no futuro. “Acho que
o maior risco agora é que o Ocidente pense que o único problema é Vladimir
Putin e que se ele for substituído tudo está resolvido. Não está. Basta
analisar as palavras do senhor Alexei Navalny, a principal figura da oposição.
Ele tem declarações muito ambíguas sobre a Ucrânia”, aponta esta antiga activista. Para lidar com isso,
sugere que haja reflexão sobre o tipo de país que a Rússia há-de vir a ser no
futuro e que tipo de relação pode estabelecer com a Ucrânia.
O
governo ucraniano está preocupado com a forma como os próprios russos estão a
reagir à ofensiva. Tomak elogia as manifestações que têm acontecido nas ruas de
Moscovo e outras cidades russas, mas teme que não seja a opinião de todos. É também
para tentar influenciar essa opinião que o governo ucraniano tem criado
iniciativas como uma linha telefónica para onde os familiares de soldados
russos podem ligar a pedir informações sobre soldados russos que tenham sido
capturados ou mortos pelo exército ucraniano. “Eles não sabem nada sobre os
filhos deles. Só dizem aos soldados que vão para a ‘operação especial’ e depois
tiram-lhes os telemóveis. Ninguém sabe nada sobre eles, se estão vivos ou
mortos, e nós queremos ajudar”, garante Maria Tomak.
A
solidariedade entre os dois povos, diz, existe. Mas isso não significa que Ucrânia e Rússia sejam o
mesmo país. “Entendemos
muito claramente que os russos não são nossos irmãos. São nossos vizinhos e
devemos viver em paz com eles, mas temos de ter o nosso próprio exército, as
nossas armas e capacidade de nos defendermos”, afirma esta responsável
governativa. O discurso está todo preparado e tem um propósito muito claro: ao falar assim, a Ucrânia mantém na opinião pública a
ideia de que irá sobreviver ao ataque de que é vítima agora. É uma forma de manter viva nos media a
ideia de que a Ucrânia não vai ser obliterada pela Rússia nos
próximos dias e de que ainda é possível
a comunidade internacional apoiá-la.
COMENTÁRIOS:
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
Maria Emília Santos Santos: A única verdade verdadeira é que o Presidente da
Ucrânia é um herói, por não aproveitar a boleia, e fugir às tropas russas como
previa o Putin, e não só o seu povo como todo o mundo está de olhos
nele! Onde estão os comunistas para apoiarem assim Putin? Que coragem! Merece ser
ajudado com todas as forças! Publico Jornas:
Mais uma
apaniguada dos EUA. bento
guerra: Isto não vai acabar bem Miguel Sousa: Afinal o "humorista"
com que todos gozavam mostra ser um estadista ao mais alto nível, envergonhando
os medíocres líderes do ocidente, que hoje não passam de um bando de palermas manipulados
por todos os interesses - Temos HOMEM e com H bem grande, felizmente. Anastácio Rocha > Miguel Sousa: Verdade Ze Laranja: Directamente da Ucrânia, Kiev:
"Hoje, o inimigo continuou
tentando romper as defesas de Kiev.Colunas de tropas russas tentaram repetidamente
invadir os arredores da capital. Todos os movimentos das forças inimigas
estavam sob controle e decisões oportunas foram tomadas. A situação na capital da nossa
Pátria está sob controle. Todas as tentativas de atingir o objectivo pelas forças de ocupação russas
falharam. Colunas de equipamentos do ocupante foram destruídas. O inimigo sofreu perdas
significativas de pessoal. As tropas russas estão desmoralizadas e exaustas. Mostramos que sabemos como
proteger nossa casa de hóspedes indesejados. - Comandante das Forças
Terrestres das Forças Armadas da Ucrânia - Comandante da Defesa de Kiev, Coronel-General
Oleksandr Syrsky." informação via telegrama Hugo Lawrence: Propaganda tem sido a palavra
de ordem os últimos 2 anos. Os acontecimentos na Ucrânia têm muito de propaganda também. É uma crise
gravíssima provocada pela agressão russa, mas fortemente motivada pela política
ultra-expansionista da NATO (mas nada justifica a invasão, e é fundamental que
a mesma termine o mais cedo possível). Luís AbrantesHugo Lawrence: Política ultra expansionista da
nato 😳😳😳 Hugo Lawrence > Luís Abrantes: Sim, claramente. Ou acha que
expandir para a Europa de Leste, construir bases militares e sistemas de
mísseis em países perto da Rússia não é política expansionista? Por muito menos os EUA
ameaçaram atacar Cuba a década de 60... Luís Abrantes > Hugo Lawrence: Fake news 😂😂😂 Zé Cunha > Hugo Lawrence: Quantos países até hoje a NATO
invadiu?!… E está mais do que provado hoje que os EUA estavam
certos a não deixar entrar os mísseis russos em Cuba! Os Ucranianos podem-te explicar
melhor que eu… Nuno
Salgueiro > Hugo Lawrence: Hugo: Só se junta à NATO quem
quer. Os países fizeram-no por sua própria escolha. A NATO nunca invadiu
qualquer país, ao contrário da Federação Russa. Tone da Eira > Hugo Lawrence: Nenhum país no mundo tem
direito a que haja outros que lhe sirvam de "buffer zone". O facto da
Rússia ter uma mentalidade "especial" em relação a isso nas relações
internacionais vale zero. Se a Rússia quisesse ter vizinhos amigos que fizesse
por isso, que não os ameaçasse, assim mais depressa eles pediriam adesão à
Nato. Se a Rússia achava que os russófonos na Ucrânia estavam a ser maltratados
devia tê-los apoiado de forma legal, não armá-los para que se criasse uma
rebelião, que se está a ver acaba por ser um pretexto para anexar parte da
Ucrânia. Anastácio
Rocha > Hugo Lawrence: Os países livres têm o direito
de escolher quem querem como parceiros … Putin ocupe o seu lugar Publico Jornas > Tone da Eira:
Excepto os EUA, claro! Esses
podem mandar bombas atómicas sobre populações civis que não lhes acontece
nada... e os idiøtas aplaudem! Hugo Lawrence > Zé Cunha: A NATO? Destruiu muitos países,
só não aparecem nas notícias. A Líbia foi um caso desses. Hugo Lawrence > Anastácio Rocha: Tem toda a razão, mas não é
assim que a política internacional funciona. Cuba também tinha todo o direito
de escolher ser um aliado da URSS na década de 60... Zé Cunha > Hugo Lawrence: Destruiu ou libertou?!… Hugo Lawrence > Nuno Salgueiro: Mentira, novamente. A NATO
fartou-se de ter intervenções militares um pouco por todo o mundo. Dei o caso
da Líbia, mas há outros, basta fazer uma pequena pesquisa. E como expliquei no último
comentário, também CUBA tinha o direito de querer ter mísseis no seu território
e ser um aliado da URSS na década de 60... Isto não justifica a atitude bélica da Rússia, mas
basta pensar de forma objectiva: a Rússia tem, cada vez mais, inimigos e
instalações militares dos EUA perto das suas fronteiras. Todos os anos a NATO
reforça o seu efectivo militar e os exercícios militares junto das fronteiras
russas e alarga o seu leque de alianças. A Rússia começa a estar cercada, e com
líderes e um povo que ainda lida com a paranóia da guerra fria, isso é uma
ameaça enorme à sua segurança. O que fariam os EUA se Canadá, México, Honduras, CUBA,
Panamá, etc., estivessem no Pacto de Varsóvia e tivessem bases militares
russas? Basta ver o que aconteceu na crise de Cuba da década de 60...
Repito o que já disse: não há
justificação para um ataque militar. Mas o mesmo é provocado pelo expansionismo
da NATO. Já a 1ª grande guerra foi despoletada pelo sistema de alianças. Não
acredito que esta guerra escale, mas vai ter consequências profundamente
devastadoras na sociedade e no equilíbrio de forças a nível mundial. Seja qual
for o desfecho, vai-se instalar um clima de tensões que será muito difícil de
desmontar. E tudo isto poderia ter sido evitado por qualquer um dos lados. Mas
é mais importante "fazer peito" para alguns idiotas do que a
segurança e a vida de milhões de pessoas inocentes... Hugo Lawrence > Zé Cunha: Aí está o problema. Por essa
lógica, a Rússia estará a tentar "libertar" a Ucrânia. Bombardear, invadir, matar é
sempre destruir. Não há invasões boas e más. Apenas existem guerras e
atrocidades contra estados e povos soberanos. Não é a sua percepção ou o que
vê nos media que dizem se é "destruir" ou "libertar". São
tudo actos de guerra, igualmente puníveis. O seu comentário faz lembrar
Obama, que no discurso da vitória do Nobel da Paz defendeu "a guerra
santa". Seria hilariante se não fosse tão grave e ultrajante. E remonta a
uma expressão de há 8 séculos, com os resultados que se viam... Nuno Salgueiro > Hugo Lawrence: Hugo: Você está a aplicar a
lógica do “sou contra ela ter sido violada, mas aquela saia era curta demais, e
nós sabemos que aquele gajo é especial e não consegue controlar os seus
impulsos em certas situações.” Se os únicos argumentos que conseguem dar têm mais de
50 anos, estamos conversados relativamente a política internacional. Zé Cunha > Hugo Lawrence: “Nada de novo debaixo deste sol” Hugo Lawrence > Nuno Salgueiro: Caríssimo, repito as vezes que
forem precisas, porque acho que não entendeu: não há justificação para uma
invasão a um estado soberano. Isto é ponto assente e tem de ser punido e
dissuadido com todas as forças. Mas não se pode dissociar o papel que a NATO teve
neste conflito, o qual eu repudio veementemente. Qual a necessidade de fazerem
exercícios militares todos os anos na fronteira russa e de aumentarem
anualmente as suas presenças e capacidades balísticas? Você pode-me dizer: mas
os países têm o direito de fazer isso... E eu respondo: Sim, têm. Mas não é uma
provocação à Rússia? Claramente que é.. O que fariam os EUA na posição inversa?
O que fizeram na década de 60, apenas com a ameaça de instalação de um sistema
de mísseis num país a centena de km das suas fronteiras? Todos os historiadores
reconhecem que o tratado de Versalhes foi muito importante para o eclodir da 2ª
guerra mundial, pelo sentimento de ultraje e revolta que instigou na sociedade
alemã. Isso é desculpa para o ataque à Polónia e outras nações? Claro que
não... Nuno
Salgueiro > Hugo Lawrence: Então explico-lhe de outra
forma: se a Rússia se sentia tão ameaçada, podia fazer o mesmo que a NATO fez,
ou seja, aumentar o seu sistema de defesa e o número de bases militares nas
suas fronteiras. Não precisava de invadir um país. Nuno Salgueiro > Hugo Lawrence: Quer ainda que lhe relembre todos os exercícios
militares que a Rússia tem feito no Mediterrâneo, no Mar do Norte, no Báltico?
Ou ainda a forma como se tem intrometido nos sistemas democráticos europeus,
tanto por propaganda como por ataques cibernéticos? Hugo Lawrence > Nuno Salgueiro: O que está a dizer é exactamente o que a NATO tem
feito sobretudo desde o fim da guerra fria, e em particular os EUA, o que está
a chegar exactamente àquilo que eu digo: esta crise é também consequência das acções
imperialistas da NATO. Só que a NATO está a instalar mísseis e bases militares
a dezenas ou centenas de km da fronteira russa, e não há nenhuma a dezenas e
centenas de km de distância das fronteiras americanas.
E a sua falta de reconhecimento de acções invasoras por parte da NATO a
outras nações demonstra fanatismo ou enviesamento de opinião perante factos e
acontecimentos reais. A diferença para nós
ocidentais é que esses acontecimentos ou não nos são apresentados ou são-nos
apresentados como "um lobo na pele de cordeiro", ou seja, quase como
se fossem "para nosso bem", que tem sido a propaganda oficial dos
últimos 2 anos. Felizmente eu tenho isenção
ideológica e mental suficiente para dizer que o que a Rússia fez é inadmissível
e tem de ser punido e castigado com todas as forças, mas também que a NATO teve
um papel importante nesta crise e deveria retirar-se ou afastar-se das
fronteiras russas. Basicamente, ambos os lados deveriam ceder, e se o tivessem
feito, nada disto teria acontecido. Mas
dados estes acontecimentos, fica muito mais difícil que cada um ceda. Acho que
só mesmo um cessar-fogo pode, aos poucos, restabelecer a paz e algum equilíbrio
a nível mundial. Tudo isto porque, tal como já disse, é mais importante
"fazer peito" do que ceder ou alcançar acordos. E com isto quem sofre
são sempre os milhões de inocentes que vêem as suas vidas estragadas ou
terminadas pelo imperialismo de alguns imbecis.
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