Apesar do pensamento que defende Raquel Abecasis no seu texto, que me parece ditado pelos
princípios de firmeza e elevação moral, além da sua qualidade discursiva - que
iria merecer chufas é certo, daqueles a quem ela descobre “a careca”, já o
devia esperar, de entre os seus muitos comentadores -(que suprimi, nauseada por
tantas cabeças enfiando os tais chapéus).
Explicar o inexplicável
De acordo com as teses que agora
invocam os defensores de Putin, a independência de Timor seria uma provocação e
uma perturbação à estratégia da Indonésia, a grande potência da região.
RAQUEL ABECASIS, Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas
eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 08 mar
2022
Ao longo dos últimos dias, pessoas de vários sectores, da extrema-esquerda a uma pretensa intelectualidade com voz nos meios de comunicação social, tentam justificar a agressão russa a um país soberano. A censura internacional ao acto de Putin, bem como a surpresa com a reacção firme do presidente ucraniano, foram suficientes para envergonhar os que se comovem com as dores do Kremlin. Perante isto, a estratégia destes analistas passou a ser a de encontrar outros responsáveis para não deixar Putin sozinho. Como não podia deixar de ser, lá vieram os culpados do costume: a NATO, os americanos e a União Europeia.
Não
se percebe qual é a parte sobre as regras democráticas, o direito internacional
e o direito à autodeterminação dos povos que suscita dúvidas a estes defensores
da geoestratégia de Putin.
Sobretudo, surpreende-me que estas
mesmas pessoas, políticos incluídos, tenham,
contrariamente ao que agora defendem, sido tão firmes na defesa da
independência de Timor. De acordo
com as teses que agora invocam, defender a independência de Timor seria uma
provocação e uma perturbação à estratégia da Indonésia, a grande potência da
região com direito a decidir sobre o futuro dos países limítrofes.
Se
há coisa que os últimos dias têm mostrado é que na ordem internacional não pode
haver meias democracias, que aceitam como parceiros ditadores de corpo inteiro
fazendo de conta que são apenas meios ditadores.
Quem
acha que a Ucrânia se deve manter como neutral, sem direito a aderir à NATO nem
à União Europeia, devia explicar muito bem o que é que a Ucrânia tem a menos do
que qualquer outro país que queira fazer as suas escolhas em termos
estratégicos. É porque são um país vizinho da Rússia? É porque essa vizinhança lhe dá um estatuto de
sub-país? Ou é porque não queremos incomodar o ditador Putin para
continuarmos alegremente a fazer negócios com ele de acordo com as regras dele?
A história da Europa devia ser
suficiente para não nos deixar ter este tipo de equívocos. Mas não só
insistimos nos erros, como nas explicações, como na tentativa de procurar
compromissos com quem não quer compromisso nenhum.
A
verdade é esta: Putin
decidiu esta guerra porque quer anexar a Ucrânia. No dia em que deu a ordem de invasão ficou claro que
não iria recuar. O desfecho da actual situação é complexo, até porque
ninguém está a imaginar Vladimir Putin sentado no banco do Tribunal Penal
Internacional. Resta-nos esperar tudo da bravura e determinação de Zelensky,
como no passado esperámos de Churchill. Para além das armas que, em boa
hora, vários Estados europeus estão a enviar para a Ucrânia, a esperança para
Zelensky pode também estar no efeito de
uma arma poderosa dos tempos modernos: o poder das redes sociais como meio de
destruição da imagem de um ditador aos olhos do seu próprio povo. A multiplicação de manifestações antiguerra na Rússia
dá-nos alguma esperança de que sejam os russos a fazer recuar Putin. Como é que
o vão fazer? Neste momento é imprevisível.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO VLADIMIR
PUTIN RÚSSIA
COMENTÁRIOS:
Eduardo L: Pronto.
E se o México (ou o Canadá) e a Rússia se tornarem 'amigos' e os russos
decidirem lá instalar mísseis militares? A menina jornalista vive num mundo dos
contos de fadas e é mesmo a voz da narrativa oficial do Ocidente, leia-se EUA,
UE e NATO. O Putin já anda a dizer há mais de 7-8 anos que NÃO quer a NATO nas
suas fronteiras, ponto! Desta frase quais a palavras que não percebe? Acontece
que a Rússia é o maior país do mundo, tem um arsenal militar forte (incluindo
muito nuclear) e tem petróleo e gás com fartura. Donde estar numa posição de
mandar umas bocas sobre o que se faz ou não nas suas fronteiras. O tópico
chama-se geo-estratégia e relações internacionais. Se a intenção do Ocidente fosse
pacífica teriam aceite a neutralidade da Ucrânia, a semi-independência dos
estados separatistas e a soberania russa da Crimeia; mais um plano a 3 (Rússia,
UE, IMF) para desenvolver a Ucrânia. Mas não. Querem parecer que são durões e
enfiaram-se num buraco. Qual é o plano dos ocidentais? Protelar esta guerra ad
eterno? A questão não é ser ou não 'defensor de Putin'; a questão é sim a
falta de jeito, total incompetência, dos líderes ocidentais. Van Wanderer > Eduardo L: Trata-se da geração Disney... Anarquista Inconformado: A senhora candidata a deputada, já se esqueceu que os EUA e a UE
designaram um presidente indigitado para a Venezuela? E que cobardemente, não designaram Alexei Navalny presidente
interino da Rússia. Já
agora, os EUA foram a correr pedir ao presidente legítimo da Venezuela que lhes
forneça petróleo isto depois de terem roubado o dinheiro que o estado
Venezuelano tinha investido nos EUA. Sabia dessas verdades senhora candidata a deputada? Anarquista
Inconformado: Dona
Raquel, talvez por desconhecimento não saiba que a invasão de Timor pela
Indonésia foi ordenada pelos EUA. Mr. Lobby: E no entanto, ao tempo, os EUA incitaram a Indonésia a tomar de
conta de Timor, tal como indicaram à Espanha de Franco que não se oporiam a que
esta anexasse Portugal... E
após todos os esforços portugueses pela independência de Timor, foi a Austrália
a €$colhida como a nação amiga do povo maubere... José Paulo C Castro > Mr. Lobby: A estratégia de justificar Putin com os podres dos outros... Geralmente
é usada para concluir que a podridão é admissível de um dos lados. João
Afonso > Mr. Lobby: Só nas ditaduras comunistas e sucedâneos é que se criminaliza o
pensamento. Nas democracias liberais só se criminalizam os actos. Por exemplo, eu posso pensar em apropriar-me de amizades que me
proporcionem casas em Paris, férias de sonho, vestuário à la carte em
Manhattan, e ter uma vida de nababo, mas nunca serei condenado por ter esses
pensamentos. Sei
que não vivemos num estado ditatorial, do agrado da comunagem, mas será que
vivemos numa democracia liberal? Esperemos para ver! Van Wanderer > José Paulo C Castro: Não compreendo o
ataque presente ao PCP... Não foi precisamente o que
fizeram PSD e CDS na defesa da guerra ilegal promovida pelos EUA no Iraque em
2003, tentando justificar o injustificável. até anos mais tarde vir Blair e
Barroso, tal qual duas crianças, dizerem que foram enganados na avaliação das
informações que lhes mostraram?!... Van Wanderer > João Afonso: A guerra no Iraque em 2003 foi um pensamento?!... José Paulo C Castro > Van Wanderer: E por causa do que aconteceu em 2003 agora não se pode atacar a
posição do PCP ? O PCP é contra a liberdade individual do cidadão face ao
Estado e do modo de vida ocidental. Seria criticável apenas por isso, não fossem
ainda as tentativas de parecer que não é isso, que é outra coisa e que não pode
ser criticado.
Van Wanderer > José Paulo C Castro: Pois... Só
que os moralistas que agora condenam o PCP são fundamentalmente os
mesmos (os mediáticos e presentes em ambos os cenários) que não condenaram PSD
e CDS pelo seu apoio à guerra ilegal no Iraque, nem sequer condenaram tal
guerra, o que agora o PCP ao menos faz. José Paulo C Castro > Van Wanderer: Nem vá mais longe. Os superiores moralistas PCP e
associados mediáticos que agora condenam a invasão da Ucrânia são os mesmos que
diziam ser boato falso e ingerência ostracizante enganadora aqueles avisos que
os EUA e a NATO indicavam sobre a intenção de Putin invadir a Ucrânia. Não foi em 2003 e enganados com documentos que só se revelaram
falsos anos depois. Foi há menos de um mês e com fotos claras da acumulação
de forças no terreno. Quanto mais não fosse, deviam ser criticados por
serem sonsos, além de tudo o resto. O pior é que eu acho que não estavam a ser sonsos, tal como agora
não condenam a invasão. São só palavras defensivas
pois, no fundo, desejam que a Rússia e Putin mostrem ganhar esta guerra nas
barbas da
NATO e submeter a Ucrânia. Só têm de dizer o contrário para minorar danos auto-infligidos. Nós que sempre fomos da verdadeira direita! José Paulo C
Castro: Donde
se conclui que em Portugal, considerando os principais actores políticos
presentes em ambos os momentos, só o PS manteve a coerência, tanto condenando
ao tempo os EUA, como condenando agora a Rússia. Já os restantes (PSD, CDS, PCP) parecem preferir a plasticina
política do alinhamento mais conveniente para as condenações... Pontifex Maximus: O mais triste disto tudo é o papel que alguns generais do nosso
exército se têm prestado fazer a comentar a guerra de agressão da Rússia. E é
nestes senhores que confiamos e pagamos para nos defenderem de uma possível
agressão de um estado-maior, mais populoso e mais rico que esteja por aí (se
não sabem quem poderá ser, comprem uma qualquer História de Portugal, por
exemplo do Oliveira Marques que li no liceu). JS M: Menina Abecassis , sobre Timor ler Rui Cinatti e lembrar o herói
português Magiollo de Gouveia. E nunca esquecer a Fretilin comunista inventada
em Lisboa com o apoio da senhora Ana Gomes na altura do MRPP. Sobre a UE reler
o soviético Bukovski que disse apontando para Bruxelas- eu já vivi o vosso
futuro! Sobre a América lembrar Hiroshima e Nagasaki. Ninguém mais a não ser os
americanos lançaram bombas atômicas sobre as cidades. João Afonso > JS M: Nagasaki e Hiroshima são crimes de guerra, a exemplo dos
bombardeamentos sistemáticos às cidades alemãs, como Dresden. Contudo, esses
crimes de guerra não definem os EUA, ou como o dito popular, no melhor pano cai
a nódoa. Já
na URSS, e agora na Federação Russa de Putin, o melhor pano....está tão cheio
de nódoas que não se descortina a cor original.
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