De Alberto Gonçalves, de indicação dos representantes do Governo. Além de que por ordem alfabética, o que o
torna útil para a consulta informativa, apelando à fotocópia. E assim vamos
comendo, enquanto isso for possível.
“Tomai e comei: este é o meu governo”
O governo é o que é: uma
caderneta de figurinhas repetidas, raspadas pelo dr. Costa do fundo da gaveta,
e que apenas por desfastio a imprensa teima em apresentar individualmente.
ALBERTO GONÇALVES,
Colunista do Observador
OBSERVADOR, 26
mar 2022, 00:2110
Eis o primeiro governo verdadeiramente
paritário: metade dos
ministros são irrelevâncias, metade são calamidades. Todos prestam vassalagem
ao dr. Costa, cujas escolhas humilham deliberadamente um eleitorado que não se
dá mal com humilhações. O governo é mau? Mau é favor. O governo é uma prova de
que pior é sempre possível. Por sorte, desta vez não faz grande diferença. Vinte e
cinco anos de socialismo quase ininterrupto lançaram-nos para uma penúria sem
grandes hipóteses de redenção.
As alucinadas brincadeiras em volta da Covid e as vigentes insinuações de
guerra mundial reduziram a redenção a uma anedota.
Em
suma, estamos tão desgraçados que já nem o PS poderá desgraçar-nos muito
mais. O PS, de resto, resumirá a legislatura à distribuição
dos milhões que chegam da Europa, enquanto chegarem. Lamentar que o governo não seja, cito, “reformista” é
igual a criticar um calabouço cubano por não ter jacuzzi. O governo é o que
é: uma caderneta de figurinhas repetidas, raspadas pelo dr. Costa do fundo da
gaveta, e que apenas por desfastio a imprensa teima em apresentar
individualmente. Vamos a isso.
Ana Abrunhosa, ministra da
Coesão Territorial. O
território está coeso, pelo que a senhora deve estar a trabalhar bem. Em 2017,
durante os incêndios de Pedrógão e Leiria, a dra. Ana presidia, por nomeação do
governo PSD-CDS, à CDCR do Centro, pelo que a competência não nasceu ontem.
Ana Catarina Mendes, ministra adjunta e
dos Assuntos Parlamentares. Uma
senhora que existe. Existe há anos, sem se perceber bem porquê ou para quê. Não
será desta que ficaremos esclarecidos.
Ana Mendes Godinho, ministra do
Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social. O trabalho é espezinhado por leis e subserviência
estatal. A segurança social tem os pés para a cova. E, tal como não o faria com
a da Amizade ou a da Devoção, não comento “pastas” com sentimentos no nome.
António Costa Silva, ministro da
Economia e do Mar. Poeta,
no sentido em que alinha frases umas por baixo das outras de modo a formarem
estrofes. Nas horas vagas, orientou os destinos do PRR: 99,99% para o PS,
perdão, o Estado; 340 euros para a ralé. Ao contrário dos companheiros de
governo, tem experiência no sector privado, infelizmente ao serviço da
oligarquia angolana e de petrolíferas que acabaram falidas.
Catarina Sarmento e Castro, ministra da
Justiça. Como quase tudo, a Justiça é hoje
uma metástase do PS. Aposto que a senhora dona Catarina garantirá que assim
continua.
Duarte Cordeiro. ministro do Ambiente e
Acção Climática. Não sei
quem é. Sei que a designação do ministério já inclui a respectiva finalidade:
fingir que se salva o mundo de ameaças vagas enquanto, de forma menos vaga,
estraçalhamos a economia, colocamo-nos na dependência energética de regimes
totalitários e evoluímos rumo à Idade do Bronze.
Elvira Fortunato. ministra da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior. Não
conheço. Li que é cientista, sportinguista e, juro, aspirante ao Nobel, ignoro
em qual das qualidades. Por mim está bem.
Fernando Medina, ministro das Finanças. Os méritos exibidos nas contas de uma simples
autarquia, que deixou em farrapos, justificam a promoção do homem. O apoio
escancarado a uma presidente de Junta que assaltava os munícipes atestam-lhe a
seriedade. A delação de opositores do sr. Putin conferem-lhe a aura
internacional indispensável ao actual contexto geo-político. Uma escolha
sem mácula, e uma humilhação dos eleitores que os eleitores merecem.
Helena Carreiras, ministra da Defesa. Caipiras de várias inspirações acham fantástico,
ou lastimável, que uma mulher ocupe o cargo. Meus caros, o sexo é secundário: a
formação em sociologia que a senhora ostenta com orgulho é que não é. Os
jornais dizem que os interesses dela versam a “integração de género nas
Forças Armadas”. E não precisam dizer mais.
João Costa, ministro da Educação. Fui pesquisar. Descobri um artigo no “Público”
em que o sujeito, então secretário de Estado do ramo, exaltava com empenho e
péssimo português a disciplina de Cidadania, que confundia com a cidadania
propriamente dita. Um ignorante mal-educado, pois. Sobe ao lugar certo.
João Gomes Cravinho, ministro dos
Negócios Estrangeiros. Na
Defesa, vestia camuflado para uns números giros. Se arranjar um fato civil,
talvez continue a passar despercebido entre a monumental insignificância da
nossa diplomacia.
José Luís Carneiro, ministro da
Administração Interna. A menos
que desate a mutilar velhinhas na via pública para lhes roubar a bolsa, tem
tudo para ser um progresso face ao antecessor.
Maria do Céu Antunes, ministra da
Agricultura e da Alimentação. Há dois
anos, saiu da obscuridade para anunciar que a Covid beneficiaria a exportação
de carnes nacionais para a Ásia. Dez minutos depois, regressou à obscuridade. Das
bifanas não há notícia.
Mariana Vieira da Silva, ministra da
Presidência do Conselho de Ministros. É
aquela senhora que aparece sempre a dormir, a rir ou a revirar os olhos em
eventos públicos. Consta que às vezes diz umas coisas, que nunca ninguém ouviu
porque tendemos a dormir, a rir ou a revirar os olhos quando ela fala. Vai
coordenar o PRR, aliás já devidamente coordenado em prol do PS. Subiu a “número
dois” do governo. Parabéns.
Marta Temido, ministra da Saúde. Há dois anos que espalha medo a pretexto da
Covid, ajuda indispensável à nossa penúria presente e ruína futura. Gosta do hino
da Intersindical e do SNS, sem gostar de música nem de médicos. Não
cumprisse ordens de cima, seria responsável pelo adiamento ou cancelamento de
incontáveis consultas e cirurgias. Num país que, após um rali, levaria ao pódio
o condutor que atropelasse mais espectadores, a dra. Marta é muito popular.
Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura. Depois de uma carreira a fazer recados ao
Benfica e ao PS, tornou-se nomeação óbvia para organizar as
comemorações do 25 de Abril. Agora, torna-se nomeação óbvia para a Cultura.
Seria nomeação óbvia para qualquer cargo, contanto que pudesse obedecer à
vontade.
Pedro Nuno Santos, ministro das
Infraestruturas, Transportes e Habitação. É
outro animal feroz produzido no Rato: morde as canelas de banqueiros alemães,
calunia empresários irlandeses, assalta contribuintes portugueses, etc. Com
semelhantes talentos, é natural que sonhe suceder ao dr. Costa para, em
definitivo, transformar isto numa Venezuela sem trópicos. Mas o dr. Costa, o seu espantoso governo e a realidade
são bem capazes de o conseguir sozinhos.
COMENTÁRIOS
Pedro Lisboa: Em 25 anos de
governos xuxas tivemos: 3 bancarrotas, temos a maior dívida pública
portuguesa de sempre, estamos na cauda da Europa e já fomos ultrapassados pelos
países de leste, temos a maior carga fiscal da história, temos um SNS
moribundo. Só temos de
agradecer aos acéfalos que votam no PS. João Floriano: Extremamente informativo. Revelo o meu espanto por AG
não se lembrar de Duarte Cordeiro, logo ele o responsável pela maioria absoluta
de António Costa. Deu-lhe uma imagem de Moisés carregando não as Tábuas
mas o Orçamento que ninguém quis, mas agora vamos ter de engolir. Fernando
Medina é nitidamente o melhor exemplo que a vingança serve-se fria condimentada
pelo rancor. Não em q.b. mas em larga quantidade. «Ai não o quiseram a
azucrinar Lisboa? pois agora levem com ele a azucrinar o país todo!». Estou
muito feliz com a escolha de Helena
Carreiras. A
integração do LGBT e das questões fracturantes na Defesa é mesmo o que
estamos a precisar. Quanto a João
Gomes Cravinho, todo enxuto,
todo elegante, quem melhor para a diplomacia? Medidas perfeitas para fato e
gravata e não tem de encolher a pança nas fotos de família, embora Portugal
nunca fique na primeira fila, a menos que haja uma cimeira aqui no Centro
Cultural de Belém. Mariana
Vieira da Silva é o melhor
exemplo de que o graxismo compensa e bem. Ainda me lembro dos rasgados
elogios a António Costa e de falar da sorte que nós tinhamos em ter alguém como
ele, tão conceituado internacionalmente e sobretudo falando inglês. «Can I
go to the bank?». Pena que na lista não apareça Eduardo Cabrita.
Mas tenhamos esperança porque ainda temos os secretários de estado. FME > João Floriano: Bom
dia caro JF, Comentário inspiradíssimo para começar bem o fim de semana.
OutraConta Apagada: O (presente) e o futuro de Portugal é negro. Vitor Batista: Grande apresentação do bando do Alibabá e dos quarenta ladrões.
Não os contei mas certamente serão muitos mais do que
quarenta. Carreguem
xuxas, o povo ignaro espera por mais um vaucher. António Lamas: Mais um grande texto. Obrigado Saiu um Cabrita, entraram um Carneiro e um
Cordeiro. Nada como um
governo ovino para governar a carneirada, que pelos vistos, gosta que a chamem
assim Pois.
Tomai e comei, este é o meu governo entregue por vós.
Tomai e bebei, para apaziguar a dor. Sim senhor, caro
AG, eu sei que dói. Mas, por favor, não coces tanto na careca! Manuel Martins: Em minha opinião, este governo, composto pelos pesos
pesados do PS e umas figurinhas independentes só para cumprir quotas ou ficar
bem nas fotos e na imprensa, é feito à medida dos interesses do PS e não do
país. Temo, agora que a maioria dos órgãos de fiscalização estejam nas mãos do
ps, pelo uso dos fundos do PPR. O cartão de militante e uma boa agenda
telefónica são a melhor condição de sucesso neste país... FME: Um dos elogios que o novo governo de Costa tem recebido
é o por ser paritário. Contando com o primeiro-ministro são 9 mulheres e
nove homens. Este equilíbrio de género não foi casual mas forçado. Na
minha opinião, condicionar as escolhas ao aspecto estético não beneficia as
competências dos escolhidos. Porque não pode o governo ter mais mulheres que
homens ou homens que mulheres à frente dos ministérios? Esta estratégia de igualdade de género traz outras
implicações. Por exemplo, se agora o ministro da cultura Adão e Silva, se pegar
num evento cultural com o Manuel Serrão e de cabeça perdida lhe prometer umas
porradas, e ainda de cabeça perdida pedir a demissão, Costa, só o poderá
substituir por outro homem para manter o equilíbrio. A mudança de género à frente de ministérios só poderá
ocorrer com remodelações de governo. Como num jogo de cartas, baralha-se e
dá-se de novo. O próprio primeiro-ministro só poderá ser substituído por Medina
ou PNS, a não ser que se faça uma remodelação na altura. Na minha opinião, a paridade num governo corresponde a
cotas, e o cumprimento de cotas nem sempre corresponde a qualidade. Costa
apostou também em elementos muito submissos por assim dizer. São carreiristas
na sua maioria, e a ascensão a lugares dourados será tida como um prémio. Costa está quase como Putin sentado na cabeceira
daquela mesa de 50 metros, com uma ninhada de ministros sentados na outra
ponta. Poder é isto, e Costa conseguiu-o. Para correr bem, tudo vai depender
cada vez mais da UE. Se a UE falhar, ou tomar Costa por ponta é uma catástrofe.
Se Costa conseguir dar a volta às chaves de cofre vamos continuando a empurrar
com a barriga. Bom
artigo, relativamente aos "novos" ministros, é melhor rir para não
chorar Anarquista
Inconformado: Ainda o
governo não tomou posse e o A.G. já está neste estado comatoso. Muito vai sofrer e resfolegar. Vitor Batista > Anarquista Inconformado: Não é o Alberto que vai sofrer, serão todos os que não
vão ao beija-mão dos xuxas. Alberto Sérgio Sousa: Zero... É zero o número de algum ranking Europeu
significativo em que Portugal tenha melhorado com os governos do sr. Costa.
Três. É o número das bancarrotas e intervenção do FMI resultantes de governos
PS. O dinheiro da UE pode disfarçar, mas a pobreza aproxima-se.
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