sábado, 26 de março de 2022

Um bom trabalho


De Alberto Gonçalves, de indicação dos representantes do Governo. Além de que por ordem alfabética, o que o torna útil para a consulta informativa, apelando à fotocópia. E assim vamos comendo, enquanto isso for possível.

“Tomai e comei: este é o meu governo”

O governo é o que é: uma caderneta de figurinhas repetidas, raspadas pelo dr. Costa do fundo da gaveta, e que apenas por desfastio a imprensa teima em apresentar individualmente.

ALBERTO GONÇALVES, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 26 mar 2022, 00:2110

Eis o primeiro governo verdadeiramente paritário: metade dos ministros são irrelevâncias, metade são calamidades. Todos prestam vassalagem ao dr. Costa, cujas escolhas humilham deliberadamente um eleitorado que não se dá mal com humilhações. O governo é mau? Mau é favor. O governo é uma prova de que pior é sempre possível. Por sorte, desta vez não faz grande diferença. Vinte e cinco anos de socialismo quase ininterrupto lançaram-nos para uma penúria sem grandes hipóteses de redenção. As alucinadas brincadeiras em volta da Covid e as vigentes insinuações de guerra mundial reduziram a redenção a uma anedota.

Em suma, estamos tão desgraçados que já nem o PS poderá desgraçar-nos muito mais. O PS, de resto, resumirá a legislatura à distribuição dos milhões que chegam da Europa, enquanto chegarem. Lamentar que o governo não seja, cito, “reformista” é igual a criticar um calabouço cubano por não ter jacuzzi. O governo é o que é: uma caderneta de figurinhas repetidas, raspadas pelo dr. Costa do fundo da gaveta, e que apenas por desfastio a imprensa teima em apresentar individualmente. Vamos a isso.

Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial. O território está coeso, pelo que a senhora deve estar a trabalhar bem. Em 2017, durante os incêndios de Pedrógão e Leiria, a dra. Ana presidia, por nomeação do governo PSD-CDS, à CDCR do Centro, pelo que a competência não nasceu ontem.

Ana Catarina Mendes, ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares. Uma senhora que existe. Existe há anos, sem se perceber bem porquê ou para quê. Não será desta que ficaremos esclarecidos.

Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social. O trabalho é espezinhado por leis e subserviência estatal. A segurança social tem os pés para a cova. E, tal como não o faria com a da Amizade ou a da Devoção, não comento “pastas” com sentimentos no nome.

António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar. Poeta, no sentido em que alinha frases umas por baixo das outras de modo a formarem estrofes. Nas horas vagas, orientou os destinos do PRR: 99,99% para o PS, perdão, o Estado; 340 euros para a ralé. Ao contrário dos companheiros de governo, tem experiência no sector privado, infelizmente ao serviço da oligarquia angolana e de petrolíferas que acabaram falidas.

Catarina Sarmento e Castro, ministra da Justiça. Como quase tudo, a Justiça é hoje uma metástase do PS. Aposto que a senhora dona Catarina garantirá que assim continua.

Duarte Cordeiro. ministro do Ambiente e Acção Climática. Não sei quem é. Sei que a designação do ministério já inclui a respectiva finalidade: fingir que se salva o mundo de ameaças vagas enquanto, de forma menos vaga, estraçalhamos a economia, colocamo-nos na dependência energética de regimes totalitários e evoluímos rumo à Idade do Bronze.

Elvira Fortunato. ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Não conheço. Li que é cientista, sportinguista e, juro, aspirante ao Nobel, ignoro em qual das qualidades. Por mim está bem.

Fernando Medina, ministro das Finanças. Os méritos exibidos nas contas de uma simples autarquia, que deixou em farrapos, justificam a promoção do homem. O apoio escancarado a uma presidente de Junta que assaltava os munícipes atestam-lhe a seriedade. A delação de opositores do sr. Putin conferem-lhe a aura internacional indispensável ao actual contexto geo-político. Uma escolha sem mácula, e uma humilhação dos eleitores que os eleitores merecem.

Helena Carreiras, ministra da Defesa. Caipiras de várias inspirações acham fantástico, ou lastimável, que uma mulher ocupe o cargo. Meus caros, o sexo é secundário: a formação em sociologia que a senhora ostenta com orgulho é que não é. Os jornais dizem que os interesses dela versam a “integração de género nas Forças Armadas”. E não precisam dizer mais.

João Costa, ministro da Educação. Fui pesquisar. Descobri um artigo no “Público” em que o sujeito, então secretário de Estado do ramo, exaltava com empenho e péssimo português a disciplina de Cidadania, que confundia com a cidadania propriamente dita. Um ignorante mal-educado, pois. Sobe ao lugar certo.

João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros. Na Defesa, vestia camuflado para uns números giros. Se arranjar um fato civil, talvez continue a passar despercebido entre a monumental insignificância da nossa diplomacia.

José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna. A menos que desate a mutilar velhinhas na via pública para lhes roubar a bolsa, tem tudo para ser um progresso face ao antecessor.

Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação. Há dois anos, saiu da obscuridade para anunciar que a Covid beneficiaria a exportação de carnes nacionais para a Ásia. Dez minutos depois, regressou à obscuridade. Das bifanas não há notícia.

Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência do Conselho de Ministros. É aquela senhora que aparece sempre a dormir, a rir ou a revirar os olhos em eventos públicos. Consta que às vezes diz umas coisas, que nunca ninguém ouviu porque tendemos a dormir, a rir ou a revirar os olhos quando ela fala. Vai coordenar o PRR, aliás já devidamente coordenado em prol do PS. Subiu a “número dois” do governo. Parabéns.

Marta Temido, ministra da Saúde. Há dois anos que espalha medo a pretexto da Covid, ajuda indispensável à nossa penúria presente e ruína futura. Gosta do hino da Intersindical e do SNS, sem gostar de música nem de médicos. Não cumprisse ordens de cima, seria responsável pelo adiamento ou cancelamento de incontáveis consultas e cirurgias. Num país que, após um rali, levaria ao pódio o condutor que atropelasse mais espectadores, a dra. Marta é muito popular.

Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura. Depois de uma carreira a fazer recados ao Benfica e ao PS, tornou-se nomeação óbvia para organizar as comemorações do 25 de Abril. Agora, torna-se nomeação óbvia para a Cultura. Seria nomeação óbvia para qualquer cargo, contanto que pudesse obedecer à vontade.

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, Transportes e HabitaçãoÉ outro animal feroz produzido no Rato: morde as canelas de banqueiros alemães, calunia empresários irlandeses, assalta contribuintes portugueses, etc. Com semelhantes talentos, é natural que sonhe suceder ao dr. Costa para, em definitivo, transformar isto numa Venezuela sem trópicos. Mas o dr. Costa, o seu espantoso governo e a realidade são bem capazes de o conseguir sozinhos.

NOVO GOVERNO   POLÍTICA

COMENTÁRIOS 

Pedro Lisboa: Em 25 anos de governos xuxas tivemos:  3 bancarrotas, temos a maior dívida pública portuguesa de sempre, estamos na cauda da Europa e já fomos ultrapassados pelos países de leste, temos a maior carga fiscal da história, temos um SNS moribundo. Só temos de agradecer aos acéfalos que votam no PS.              João Floriano: Extremamente informativo. Revelo o meu espanto por AG não se lembrar de Duarte Cordeiro, logo ele o responsável pela maioria absoluta de António Costa. Deu-lhe uma imagem  de Moisés carregando não as Tábuas mas o Orçamento que ninguém quis, mas agora vamos ter de engolir. Fernando Medina é nitidamente o melhor exemplo que a vingança serve-se fria condimentada pelo rancor. Não em q.b. mas em larga quantidade. «Ai não o quiseram a azucrinar Lisboa? pois agora levem com ele a azucrinar o país todo!». Estou muito feliz com a escolha de Helena Carreiras. A integração do LGBT e das questões fracturantes na Defesa é mesmo o que estamos  a precisar. Quanto a João Gomes Cravinho, todo enxuto, todo elegante, quem melhor para a diplomacia? Medidas perfeitas para fato e gravata e não tem de encolher a pança nas fotos de família, embora Portugal nunca fique na primeira fila, a menos que haja uma cimeira aqui no Centro Cultural de Belém. Mariana Vieira da Silva é o melhor exemplo de que o graxismo compensa e bem. Ainda me lembro dos rasgados elogios a António Costa e de falar da sorte que nós tinhamos em ter alguém como ele, tão conceituado internacionalmente e sobretudo falando inglês. «Can I go to the bank?». Pena que na lista não apareça Eduardo Cabrita. Mas tenhamos esperança porque ainda temos os secretários de estado.            FME > João Floriano: Bom dia caro JF,  Comentário inspiradíssimo para começar bem o fim de semana.    OutraConta Apagada: O (presente) e o futuro de Portugal é negro.            Vitor Batista: Grande apresentação do bando do Alibabá e dos quarenta ladrões.  Não os contei mas certamente serão muitos mais do que quarenta.  Carreguem xuxas, o povo ignaro espera por mais um vaucher.           António Lamas: Mais um grande texto. Obrigado  Saiu um Cabrita, entraram um Carneiro e um Cordeiro.  Nada como um governo ovino para governar a carneirada, que pelos vistos, gosta que a chamem assim Pois. Tomai e comei, este é o meu governo entregue por vós. Tomai e bebei, para apaziguar a dor. Sim senhor, caro AG, eu sei que dói. Mas, por favor, não coces tanto na careca!        Manuel Martins: Em minha opinião,  este governo, composto pelos pesos pesados do PS e umas figurinhas independentes só para cumprir quotas ou ficar bem nas fotos e na imprensa, é feito à medida dos interesses do PS e não do país. Temo, agora que a maioria dos órgãos de fiscalização estejam nas mãos do ps, pelo uso dos fundos do PPR. O cartão de militante e uma  boa agenda telefónica  são a melhor condição de sucesso neste país...            FME: Um dos elogios que o novo governo de Costa tem recebido é o por ser paritário. Contando com o primeiro-ministro são 9 mulheres e nove homens. Este equilíbrio de género não foi casual mas forçado. Na minha opinião, condicionar as escolhas ao aspecto estético não beneficia as competências dos escolhidos. Porque não pode o governo ter mais mulheres que homens ou homens que mulheres à frente dos ministérios?  Esta estratégia de igualdade de género traz outras implicações. Por exemplo, se agora o ministro da cultura Adão e Silva, se pegar num evento cultural com o Manuel Serrão e de cabeça perdida lhe prometer umas porradas, e ainda de cabeça perdida pedir a demissão, Costa, só o poderá substituir por outro homem para manter o equilíbrio.  A mudança de género à frente de ministérios só poderá ocorrer com remodelações de governo. Como num jogo de cartas, baralha-se e dá-se de novo. O próprio primeiro-ministro só poderá ser substituído por Medina ou PNS, a não ser que se faça uma remodelação na altura. Na minha opinião, a paridade num governo corresponde a cotas, e o cumprimento de cotas nem sempre corresponde a qualidade. Costa apostou também em elementos muito submissos por assim dizer. São carreiristas na sua maioria, e a ascensão a lugares dourados será tida como um prémio. Costa está quase como Putin sentado na cabeceira daquela mesa de 50 metros, com uma ninhada de ministros sentados na outra ponta. Poder é isto, e Costa conseguiu-o. Para correr bem, tudo vai depender cada vez mais da UE. Se a UE falhar, ou tomar Costa por ponta é uma catástrofe. Se Costa conseguir dar a volta às chaves de cofre vamos continuando a empurrar com a barriga.  Bom artigo, relativamente aos "novos" ministros, é melhor rir para não chorar           Anarquista Inconformado: Ainda o governo não tomou posse e o A.G. já está neste estado comatoso. Muito vai sofrer e resfolegar.        Vitor Batista > Anarquista Inconformado: Não é o Alberto que vai sofrer, serão todos os que não vão ao beija-mão dos xuxas.          Alberto Sérgio Sousa: Zero... É zero o número de algum ranking Europeu significativo em que Portugal tenha melhorado com os governos do sr. Costa. Três. É o número das bancarrotas e intervenção do FMI resultantes de governos PS. O dinheiro da UE pode disfarçar, mas a pobreza aproxima-se.

 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário: