Razões para aprimorar os textos da nossa reflexão. É o caso destes, de LSO, a quem agradecemos, naturalmente, pela leveza enriquecedora do seu modus dicendi.
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RÚSSIA,NÓS E ELES (III)
Eu nunca pisei território russo excepto apenas alguns
metros dos corredores da gare do aeroporto Sheremetyevo - o Humberto Delgado
deles - mas, entre os anos de 86 e 95 do século passado, sobrevoei-o com
frequência de Oeste para Leste e vice versa. O que vi impressionou-me: para
lá do Cáucaso, as infindáveis estepes escassamente arborizadas, ideais para o
pastoreio de cervos, corças e gado bovino, mas desprovidas de protectores
obstáculos geográficos naturais significantes. Para cá do Cáucaso, as extensas
planícies que explicam porque é que tanto Napoleão como Hitler chegaram tão
depressa aos arredores da capital moscovita. Esta será razão suficiente para que os russos tenham medo dos seus vizinhos
e precisem de quem saiba guardar as suas fronteiras. Ivan o "Terrível" continua ser para eles o que Don Sebastião foi
para os restauradores de Portugal. Tais configurações territoriais explicam
também porque preferem eles a autossuficiência ao comércio transfronteiriço (a
via do consenso). Entendem eles que os povos desenvolvidos ficam sempre com o
melhor quinhão …no que não deixam de ter razão.
O professor
Damásio que me perdoe, mas eu continuo a acreditar na contribuição telúrica para a explicação do
comportamento humano. Neste particular, a segurança territorial sobreleva o ADN. O político
que queira obter a adesão do homem da estepe tem que diabolizar os vizinhos e
mostrar que não os teme e os domina. No caso, a intimidação é o credo; a
ideologia será quando muito um modo de falar e o entendimento um modo de morrer.
Diz Durão Barroso - uma mente brilhante mal aproveitada - que Putin foi sincero nas 25 vezes
que falou com ele. Disse sempre como via as coisas mas ninguém o levou a
sério. A violência parecia de remoto
passado. Erro grave. Pelo que estamos a ver, Putin continua preso a esse
passado e julga que só intimidação o salvará o que o torna perigosíssimo.
Cuidado.Fanfarronas não.
WIKIFOTO
(continua)
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