É natural que as haja, a História vista à
distância já, e segundo leituras de diferentes naturezas e conhecimentos e
práticas, e ideologias também… Um texto que parece bem lúcido este de Rui Ramos, provocador de inúmeros comentários pertinentes
– ou menos – mas que nos servirão de orientação. Ou não.
Aprendam com Putin
Salvini mereceu ser vexado na Polónia.
Mas há outros líderes políticos ocidentais a quem também faria bem um duche de
humilhação. É o caso dos ex-chanceleres alemães Gerhard Schroeder e Angela
Merkel.
RUI RAMOS Colunista do Observador
OBSERVADOR, 11 mar 2022, 00:20174
Matteo Salvini, um dos líderes da direita nacionalista italiana,
lembrou-se de ir à Polónia derramar solidariedade sobre os refugiados
ucranianos. Teve azar,
porque Wojciech
Bakun, o presidente da câmara de Przemysl, não
se esquecera do Salvini de 2014, enfiado numa t-shirt com a cara de Putin. Quando
Salvini se preparava para arengar à imprensa, Bakun pregou-lhe na cara com a
dita t-shirt. Não, Bakun
não é um esquerdista: é dirigente de um partido da direita nacionalista, o Kukiz
15, parecido com a Liga de Salvini. Mas os nacionalistas polacos, ao
contrário dos italianos, não se enganaram sobre Putin.
Matteo Salvini em Itália ou Marine
Le Pen em França julgaram Putin um
nacionalista como eles e não hesitaram em tomá-lo como referência na crítica do
wokismo. Não perceberam que a ideia de Putin não consiste na
revalorização das soberanias nacionais, mas na reconstituição do império russo.
Não distinguiram entre a crítica democrática do wokismo, e uma campanha
ditatorial contra a “decadência”. Em tudo isto, revelaram como também
eles, muito empertigados contra a suposta complacência ocidental no debate
sobre as migrações desreguladas, se deixaram corromper por uma igual
complacência no que diz respeito à segurança das nações ocidentais e à defesa
das suas liberdades. Anos de
paz sob o guarda-chuva americano embotaram-lhes, como a todos os outros, o
instinto de sobrevivência. Na
Polónia, os nacionalistas sabem que o seu lugar é ao lado dos EUA contra a
Rússia, tal como na Coreia do Sul sabem que é ao lado dos EUA contra a China. Em Portugal, Ventura também sabe: o Chega, tal como o
Vox em Espanha, condenou a invasão russa desde o princípio. A restante direita
nacionalista da Europa ocidental precisa de acordar, se não quiser ser tratada
– justificadamente — como os idiotas úteis da ditadura de Putin.
Salvini mereceu ser vexado na Polónia.
Mas há outros líderes políticos ocidentais a quem também faria bem um duche de
humilhação. Por exemplo,
os ex-chanceleres alemães Gerhard
Schroeder e Angela Merkel, que
irresponsavelmente submeteram o seu país à dependência energética da Rússia.
Ou todos aqueles que esperaram passar por grandes estadistas ao opinar que a
Rússia devia ser tratada como mais um país para fazer negócios. Também eles não perceberam muita coisa. Não perceberam
que a Rússia, um império falhado, só poderá manter-se através da agressividade
“geopolítica”. Acreditaram
que seria possível diluir politicamente todos os Estados, da Rússia de Putin e
à China de Xi Jinping, no banho morno do comércio livre internacional. E quando
alguém os contradizia, tiravam do bolso um “liberalismo” mal estudado na
véspera para explicar que as nações eram irrelevantes, e que o futuro não tinha
fronteiras.
Os seus erros são ainda mais graves do
que os de Salvini e de Le Pen. Estes apenas se comprometeram a eles próprios.
Políticos como Schroeder e Merkel comprometeram os seus países, e mais:
estimularam as agressões russas, na medida em que fizeram Putin acreditar que a
dependência energética obstaria a qualquer reacção séria às suas aventuras. Nos EUA, não foi diferente. Em 2008, perante a invasão russa da Geórgia,
Condoleeza Rice disse claramente o que os líderes ocidentais andam a balbuciar
agora, sobre o autoritarismo de Putin e a sua hostilidade. Mas nesse tempo,
isso apenas serviu à esquerda americana para continuar a acusar o presidente
Bush de ter “alienado” Putin. Ainda
em 2012, Barack Obama riu-se das prevenções de Mitt Romney contra a Rússia: era
mais uma vez a direita conservadora a tentar reinventar a Guerra Fria. Em 2014, o
mesmo Obama ignorou praticamente a primeira invasão da Ucrânia. Só em 2016, quando Trump foi eleito, é que os
Democratas se lembraram de o culpar, à falta de melhor, pela indulgência com
que eles próprios tratavam há anos a ditadura russa. Essa russofobia anti-trumpista não fez muita
diferença, porque desde então Biden e os seus aliados europeus mantiveram a
Ucrânia fora da NATO, e só quando Zelensky se recusou a fugir, é que sentiram
obrigação de auxiliar a resistência ucraniana. Já aprenderam que a segurança
das democracias ocidentais não pode depender da ideia de que “Putin e os seus
cúmplices têm tanto dinheiro a perder que não se atreverão a atacar”?
A
maior parte dos líderes
liberais (chamemos-lhes
assim) e nacionalistas
no Ocidente enganou-se
sobre Putin. Apenas os comunistas e os neocomunistas o perceberam.
Não lhes escapou que o ditador russo trabalha para destruir a ordem
internacional que garante as democracias ocidentais contra ataques e
subversões. Por isso, PCP e BE em Portugal recusam-se a condenar Putin
ou, quando forçados a isso, insistem em condenar todas as partes
genericamente, apenas para poderem condenar a “política belicista da Nato”. Putin
não é comunista, mas um líder da Rússia imperial? Comunistas
e neocomunistas conhecem a história. Em 1917, foi a Alemanha imperial que meteu
Lenine num comboio para a Rússia. Os dirigentes do PCP e do BE não se
importariam certamente de chegar a Lisboa num comboio de Putin. Comunistas e
neocomunistas nada têm a aprender. Liberais e nacionalistas é que, pelo
contrário, deveriam começar a fazer um esforço.
PS. Para
quem se perguntar: e ele, não se terá enganado?, remeto para o que escrevi
sobre Putin aqui no Observador vai fazer oito anos, a 19 de Novembro de 2014: “O ar da
Rússia cura a homossexualidade”.
GUERRA NA UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS: (174)
João Alves: Kiev deveria ser proclamada capital do mundo
democrático e liberal, e os governos das democracias liberais deveriam mudar-se
para Kiev para confrontar no terreno as ambições imperialistas de Putin. Seria
que ele se atreveria a matar todos os lideres democráticos desde Biden até
Alberto de Mónaco?
Filipe Ferreira: Os comunistas não se têm portado bem pois continuam a
torcer encapotadamente pelo ditador Putin. Uma série de dirigentes europeus não
só namoraram o facínora como lhe deram o monopólio da energia. Pedro
Assunção: Brilhante como sempre.
Ринат 1: Desculpe intervir na sua discussão, mas nasci na União
Soviética e tenho feito negócios na Ucrânia desde os anos 90, e agora
gentilmente recebido por Portugal e seu povo benevolente, que deu a mim e à
minha família três filhos com asilo, para que sou muito grato e agradecido. O
que quero dizer e por que pode ser importante. Escusado será dizer que todas as
nossas propriedades e negócios permaneceram na Ucrânia e ficamos sem nada,
forçados a deixar o país de explosões e assassinatos, pois as crianças
começaram a gaguejar das explosões nocturnas e da necessidade de descer ao
porão no meio Da noite. Você acha que eu condeno Putin depois de viver na União
Soviética? Não. Eu nem mesmo condeno o governo da Ucrânia, porque o desprezo e
a condenação não andam lado a lado. Desprezo, porque o poder diante de um
comediante contaminado por drogas não tem poder, mas está completamente
subordinado à vontade do establishment americano. É um fato. Por 20 anos, os
americanos na Ucrânia alimentaram uma geração de ódio, e agora os ucranianos
não se importam com quem odeiam: russos ou europeus. Hoje eles odeiam os russos
como cães que foram treinados para odiar as pessoas, e amanhã eles vão odiar
aqueles que lhes dizem do outro lado do oceano. Lembre-se das minhas palavras. A
Ucrânia nunca teve independência. E não vai. Porque os fracos são sempre
dependentes. Agora a Ucrânia depende das trincheiras do Ocidente e às suas
custas, às custas de seus impostos, atira em seus irmãos de sangue e em
resposta. Mas isso é uma consequência. Isso é uma consequência! Consequência de
quê? Putin acordou em 24 de fevereiro de 2022 e decidiu disparar 600 mísseis
contra instalações militares ucranianas? Não. Isso é consequência da política,
ou seja, do comportamento do verde, em relação à maturidade, a política da
Ucrânia Zelensky, em quem a população do país acreditou nas eleições
presidenciais e foi severamente enganada por ele. A guerra de hoje é o
resultado do engano do povo da Ucrânia pelo presidente Zelensky. O que ele está
fazendo agora? Ele mantém refém toda a população masculina fisicamente apta do
país de 18 a 60 anos, forçando-os a lutar pela ilusão de independência, pela
terra que ele roubou de todos os habitantes da Ucrânia ao aprovar a lei sobre a
venda de terra, e agora não possuem nada neste país, nem reservas de recursos
naturais, nada. Ele não permite que ninguém saudável saia, mas apenas os
deficientes, famílias numerosas e idosos. É claro que essas pessoas precisam de
misericórdia e compaixão como o ar, mas poderiam levá-las para casa do presidente,
mas por algum motivo ele não se importava com elas antes e durante a guerra. Putin
alertou que uma política agressiva em relação ao seu país é inaceitável da
Ucrânia, e com razão, e esse comediante não se importa com nada, e
principalmente com seu povo, que ele jogou na fornalha da guerra. Quanto você
toleraria se seu vizinho cuspisse na sua cara todas as manhãs? E a Ucrânia vem
fazendo isso desde 2014 o tempo todo. Os slogans são um, mas as ações são
diferentes. As pessoas agora dizem: "Fomos vendidos". Então Putin é
um libertador hoje. Quem está matando civis? Claro, o presidente da Ucrânia. Quem
está ajudando a escalar o conflito? Oeste. Quão? Dinheiro, armas, conselhos e
conselheiros. Até onde isso vai dar? Acho que pelo menos 5 anos. Mais
especificamente, 4.5. Mas, a principal razão não é o que vemos. Os americanos
não seriam capazes de fazer nada na Ucrânia se os ucranianos não tivessem se
permitido fazer isso consigo mesmos. Foi uma jogada muito competente e
ponderada do ponto de vista da psicologia das pessoas. É tudo sobre as relações
entre os ucranianos. O povo não está sozinho. Cada um por si. Além disso, um
ucraniano se alegra silenciosamente se um vizinho tiver problemas. Isso se
reflete nos provérbios que foram formados por gerações:1. Para a vaca do meu
vizinho morrer.2. Minha casa está fechada, não sei de nada. etc...Sim, nem todo
mundo é assim, mas um verdadeiro ucraniano nunca vai ao banheiro de um vizinho
enquanto o visita, porque suas fezes pertencem a ele, e isso é fertilizante
para seu jardim, e se ele for a um vizinho, ele dará seu merda (potencialmente
fertilizante) vizinho, e isso não é bom (veja o primeiro ditado).Então você
pode pensar que a culpa é da esquerda ou dos democratas com os republicanos,
que Putin é ruim ou o Papai Noel é o culpado... a propósito, onde ele está?
Exigimos que Papai Noel pare com a desgraça e dê a todos os políticos um
sedativo para que eles dêem às pessoas para criar e criar, e não destruir e
matar (brincadeira).O povo merece não apenas seus governantes, mas também o
modo de vida que eles têm. Isso é consequência de sua compreensão.Porque: 1. O
resultado é a consequência de uma ação; 2. A ação é o resultado do
pensamento;3. O pensamento é fruto da educação; 4. A educação é a cultura de
gerações. Sem cultura - sem paz. Se você tiver alguma dúvida ou sugestão para mim, envie um e-mail
para: Obrigado pela atenção e compreensão! Ринат 1Ринат 1 Se
você tiver alguma dúvida ou sugestão para mim, escreva para o e-mail: 0122333@ukr.net Rui DelvasРинат 1: Muita conversa da treta. São os russos que invadem
outros países, matam, violam, roubam. Os ucranianos estão quietinhos no seu
lugar a produzir trigo e girassol. António Bernardino
> Ринат 1: Lamentável o seu comentário. Nem sei se é refugiado,
porque simplesmente, quem vê caras, não vê corações. António Bernardino > Ринат 1: Tudo isso para atacar os americanos? Zé CunhaРинат 1: Cuspir
na mão de quem nos dá de comer nunca deu certo… God
Bless 🇺🇸
Maria João Liberal: Tem
a razão Rui Ramos, em minha opinião. Fica a pergunta: onde anda a ex Chanceler Angela
Merkel? e Gerhrard Schroeder? Muito estranho que uma europeísta convicta, que
muita coisa boa fez, ande agora MIA ie Desaparecida em acção? No meio de um
conflito desta natureza e grandeza? Com refugiados, tendo ela própria sempre
apoiado os perseguidos? Será que, como alguma literatura recente, abordou o
tema, muito do entourage dela, seus próximos, era favorável às políticas ainda
ditas de leste? Veja se por exemplo que aquela gente toda das Stasi, PIDEs da
ex RDA, nunca foram julgados, arquivos desapareceram, milhões tb segundo alguns
livros,.. Ela, até lhe dou o beneficio da dúvida, não me parece ter tomado esta
catastrófica decisão de pôr todos os ovos no mesmo cesto em matéria de politica
energética, condenando a Alemanha a refém de uma grande potência estrangeira,
por ganância ou lucro, já o Schroeder, não me parece ingénuo.. Gostava de ver
este tema aprofundado: quem lucrou com esta decisão? Porquê este silêncio
inconcebível da Angela Merkel? Rui Delvas > Maria João Liberal: Uma Europa de cobardes. Vivo ou morto nas próximas
eleições vou votar em Zelinsky. Vicente Lemos: O ministério público português já está a aprender.
Malucas, malucas andam as galinhas, ou é o PCP, ou é aextrema direita, ou o
Trump, ou o Bolsonaro… vai na volta são aliens a brincarem ao sim city. No fim
do dia quem fez viagens â China e teve relações com russos e chineses são bem
conhecidos e ocupam cargos políticos e municipais, e são das principais forças
políticas portuguesas.
Eduardo Manuel Sá Gouveia > Vicente Lemos: Sr. Vicente, estou chocado. Chocado e consternado. Os
partidos que refere são partidos de grande dignidade que gastam o dinheiro
público em causas muito nobres. Os seus dirigentes auxiliam em segredo muitos
pobres, doentes, desempregados, acompanhantes de luxo e sem ser de luxo, a
pequena Greta, Mamadu Ba e outras pessoas em más condições de vida. Peço que
reflicta sobre isto.
António Bernardino > Eduardo Manuel Sá Gouveia: Eduardo, olhe que parte dos portugueses, principalmente
os esquerdistas -quando não lhes convém, nunca entendem (ou entendem si
contrário) um boa ironia.
Jorge Carvalho: VASCO PULIDO VALENTE - VER OU NÃO VER : Com as suas
preocupações domésticas não nos sobra o tempo para pensar em coisas muito mais
sérias como expansionismo da Rússia. Vem na Wikipédia mas convém repetir que a
Rússia é uma federação de 22 repúblicas 46 regiões autónomas ( como as da
Madeira ) e nove territórios. Pior ainda, tem 160 etnias diferentes, 100
línguas diferentes quatro grandes religiões diferentes ( a ortodoxa, a
islamita, a judaica e a budista) e uma enorme variedade de seitas, que
constantemente varia e se multiplica. Tudo isto para uma população
relativamente pequena de 140 milhões de habitantes. Qualquer pessoa de
senso compreenderá que, segundo um velho hábito do século XVIII, chamamos
Rússia a um império que só pode ser governado autocráticamente e onde
democracia está para ser condenada. O autocrata de hoje já não é o Czar Nicolau
II, nem Lenine, nem Estaline, nem Khruschev, nem Brejnev. É um antigo membro da
polícia secreta e, por consequência, um dissimulador, um mentiroso, um
torcionário e um assassino, que dá pelo nome de Putin e que preside a uma
Cleptocracia, largamente caótica, a que só violência e o seu arbítrio garantem
uma vaga coesão e uma aparência de Estado. Além disso, na falta de uma
legitimidade dinástica como a dos Romanov, ou ideológica como URSS, Putin
precisa, para ser aguentando, de invocar a legitimidade imperial,
principalmente depois da maior derrota que o Império sofreu desde 1613. O que
não seria importante, se depois da implosão do comunismo A Rússia não
permanecesse a segunda potência militar do mundo. E se Europa não se tivesse
desarmado, como desarmou, para pagar o Estado social. A Inglaterra, por
exemplo, gasta em defesa menos de 2% do PIB, no momento em que Putin (de resto
provocado pela França e pela Alemanha ) embarcou numa política claramente
agressiva e revanchista. A Crimeia foi o primeiro objetivo, como já o fora para
Catarina, porque o Império fica fechado ao exterior sem um porto de água
quente; e o segundo foi parte da bacia do Donetsk, porque a Crimeia não serve
de nada sem uma ligação fácil e segura ao coração do Império. Estaline e Hitler
perceberam este ponto essencial. Putin também; e não há a sombra de uma dúvida
de que não recuará. Como tarde ou cedo, vai acabar por querer que as repúblicas
bálticas voltem ao seu domínio e que a Ásia Central aceite obedientemente a sua
ordem. Os movimentos preliminares da III Guerra Mundial estão em curso : para o
Ocidente ver ou não ver. Jornal O Público em 27 de Fevereiro de 2015 . Obrigado
Rui Ramos.
Maria1 > Jorge Carvalho: Para além da afirmação do
óbvio, os historiadores não são os mesmos, e os artigos também não. João Afonso:
Nesta questão da ilusão em relação a
Putin e ao seu regime, quase não houve enganos. O que houve foi uma amostra da
hipocrisia do "socialismo" europeu. Esta esquerda socialista nunca condenou inequivocamente
o regime soviético. Mesmo depois de se conhecerem os horrendos crimes de
Estaline, houve um nevoeiro denso sobre esta realidade, e no fundo, a esquerda
socialista "democrática" sempre esperou que o socialismo soviético
vingasse, de forma mais suave certamente. Não é por acaso que esta esquerda, salvo raras
excepções, nunca se distinguiu da esquerda comunista nos ataques à NATO e aos
EUA., fazendo-o de forma velada quando os EUA são governados por democratas, ou
de forma explícita quando são governados por republicanos. Convém sempre relembrar alguma história factual. A este
propósito, foi sintomática a reacção da esquerda nacional ao 11 de setembro de
2001. O clérigo Louçã tomou o púlpito e vociferou todo o seu ódio aos EUA, e na
mesma ocasião, as palavras de Ana Gomes ainda ecoam na memória: "os
americanos estavam mesmo a pedi-las". Teotonio Bernardo > João Afonso: Os crimes dos EUA/NATO não existem? Democracia nos EUA, não será antes uma farsa encenada
pelo poder económico?
João Afonso > Teotonio Bernardo: Obviamente que na guerra não há santos, como também não
há pecadores. Mas uns respondem perante o direito internacional, porque o
respeitam, e outros estão-se marimbando para esse pormenor. A guerra sendo uma expressão de violência extrema e de
barbárie, não deixa de ter um conjunto de regras e proibições acordadas entre
países civilizados. E há tribunais internacionais para julgar as violações às
regras da guerra, nomeadamente o ataque deliberado e sistemático a alvos civis. João Afonso > vitor manuel: Exactamente. Então o caso português escapa-me de todo! Há um fenómeno que nos distingue de todos os outros
europeus. Há 20000 anos o último neanthertal extinguiu-se no Lapedo em Leiria.
Para quando a extinção do último partido comunista europeu?
……….PortugueseMan ...Na
Polónia, os nacionalistas sabem que o seu lugar é ao lado dos EUA contra a
Rússia, tal como na Coreia do Sul sabem que é ao lado dos EUA contra a
China... Você
nem tem a noção do disparate que está a dizer. Nem tem a noção. As acções da Coreia do Sul em relação à Rússia,
foram/são muito mais importantes que a actuação da Alemanha no que respeita à
energia russa. É
triste ler coisas destas. Podia dizer-lhe para ir falar com o José Milhazes,
mas ele também está à nora sobre o que se passa na Rússia. O navio russo que esteve agora a despejar gás russo em
Sines, foi construído na Coreia do Sul, este navio faz parte da nova frota
russa classe Arc7 e únicos no mundo pela sua capacidade de navegar no
gelo russo. A
Coreia do Sul, que só é o 3º maior importador de
Gás Natural Líquido tem estado activamente a trabalhar para desviar o gás russo
para eles. A
Coreia do Sul está a construir e a entregar desde 2016 estes navios, onde até
2020 tinham que estar 15 prontos. Mais,
está a transferir a tecnologia necessária para que a Rússia os construa de
forma autónoma no novo (e maior) estaleiro que a Rússia tem localizado no
Pacífico e a Rússia já está a construir um novo lote de navios GNL. Até lhe digo mais, a Coreia do Sul opera dezenas de helicópteros Kamov e, ao contrário dos
portugueses, não parece ter problemas em operá-los. E não estão lá só para
apagar fogos. Mas
pode perguntar ao José Milhazes se estou a dizer algo incorrecto. Se ele não
souber responder, faça uma visita ao meu blogue e procure por: "Sines: Gás Americano Vs Gás
Russo" de 2016 "A Nova Frota Russa" de 2019 "O Novo Caminho Marítimo Para A
Índia" de 2021 Nem
temos a noção do que aí vem. A
Rússia só ainda não desviou todo o seu gás GNL da Europa porque não quis. A Europa está a entregar de mão beijada a energia russa
barata a países asiáticos. Eu
acho engraçado ver as pessoas a correrem para encher os depósitos para pouparem
uns cêntimos. Simplesmente
não têm a noção do que vem aí. Pedro Eiras Antunes: Tentar encontrar um laço de causalidade directa entre a
dependência energética europeia do gás russo (não só alemã, RR, esqueceu-se de
enunciar todos os outros países europeus que dele dependem fortemente para além
da Alemanha!) e a oportunidade para invadir a Ucrânia é abstruso e de
argumentação oportunista. O Tio Sam, do qual RR diz que dependermos todos, é
sem dúvida um dos principais culpados da situação catastrófica actual ao
fomentar a cowboyada da Nato nos países do leste europeu, acicatando o urso
russo com as consequências que agora vivemos. Nada desculpa a forma bruta e
selvagem como a Rússia reagiu, mas se reagiu foi igualmente porque foi
provocada no limite do aceitável no jogo das superpotências. Tentar encontrar
culpados onde só convém a certo ideário ideológico não é honesto. Convém
aceitar que andámos literalmente todos - incluindo todos os governos da UE em
bloco - a dormir na forma. Por outro lado, o que agora vivemos poderia ter sido
provavelmente evitado, com realismo, algumas cedências, e com consciência de
que a realidade geopolítica e estratégica não se compadece com bravatas,
slogans e clichés politicamente correctos, que na prática custam vidas humanas
e sofrimento a milhões de pessoas. É duro, mas nisto a humanidade não vai mudar
nunca. Só agora depois do caldo entornado, é que nos demos conta do pântano em
que nos tínhamos atolado. A maioria dos líderes ocidentais deveria ser alvo de
uma avaliação dura e objectiva, muito mais profunda que o seu artigo à vol
d'oiseau. Apontar dedos a alguns, surfando o mainstream do momento, pode dar
popularidade mediática, mas não leva a lado nenhum. Nuno Salgueiro > Pedro Eiras Antunes:
O urso foi provocado? Que eu saiba,
nenhum país foi obrigado a juntar-se à NATO. Pedro
Eiras Antunes > Nuno Salgueiro: Caro Nuno Salgueiro. Claro que não mas convém
esclarecer que no dia 7/2/2014 , sob proposta do presidente Petro Poroshenko, o
Parlamento de Kiev aprovou emendas à Constituição (334 votos a favor, 35 contra
e 16 abstenções) onde no seu preâmbulo se inscreve o “percurso irreversível da
Ucrânia para a integração euro-atlântica”; os artigos 85º e 116º decretam que
um dever fundamental do Parlamento e do governo é “obter a pertença plena da
Ucrânia à NATO e à UE”; o artigo 102º estipula que “o presidente da Ucrânia é o
garante do percurso estratégico do Estado para obter a plena pertença à NATO e
à UE”. Esta "linha vermelha" foi oportunamente denunciada pelos
russos e claro que a alteração cristalizou a intenção no documento constituinte
do estado ucraniano, tornando-o mais do que uma mera intenção, de facto um
objectivo de regime. As consequências dessa decisão democraticamente expressa
foram bastante analisadas desde então, e os russos sempre a enunciaram como uma
linha vermelha e uma recusa de negociação de qualquer estatuto de neutralidade,
adoptado por outros países de "fronteira com o estado russo, bem
conhecidos. Agora, repito, com o caldo entornado, o estado ucraniano parece
aceitar que esse desiderato seja revisto. Seguramente, demasiado tarde. Nuno Pê: Os atuais líderes europeus, que
agora andam a mandar mercenários e granadas para a Ucrânia andaram bem? Em 2007
a Rússia disse em público em Munique que isto se ia passar. Por que razão andam
desde 2008 a forçar a entrada da Ucrânia na NATO? A Finlândia não está na NATO
e desde a criação da NATO nunca foi atacada. Ao historiador custa a escrever o óbvio: é uma
guerra entre os EUA e a Rússia em que só a Europa, a Rússia e os ucranianos é
que perdem, com o Tio Sam, lá longe do fluxo de refugiados e a vender gás e
armas.
Antonio Bentes: Excelente
crónica de Rui Ramos. De Putin já quase se disse tudo, mas é sempre bom repetir
o que este ser rastejante é. Mas, existe uma figura histórica que cada vez me
causa mais perplexidade e que é mencionada nesta crónica de Rui ramos. Trata-se
de Angela Merkel. A história demonstrará o que foram os anos da senhora Merkel
a governar os destinos da Alemanha e não serei eu a emitir juízos de valor. No
entanto, existe uma imagem que na altura me causou uma enorme perplexidade,
quase desconforto e, neste momento, não me sai da cabeça. Trata-se do enorme
ramo de flores que Putin ofereceu a Angela Merkel na última visita à Rússia
(não tenho a certeza se foi na Rússia ou na Alemanha), no último encontro
oficial com Putin. Parecia existir uma enorme cumplicidade entre os dois
governantes. Demasiada cumplicidade. Também não me sai da cabeça o disparate
com consequências catastróficas para a Europa que foi a atitude da
senhora Merkel em abrir as portas de uma forma irracional aos refugiados
muçulmanos. Como também foi assustador obrigar todos os países europeus a
fazerem o mesmo. E aqueles que resistiram, como o caso da Polónia, foram quase
queimados em praça pública. Mais uma vez a história o dirá, mas existem
atitudes de Angela Merkel que no mínimo são misteriosas como também o é a
decisão de tornar a Alemanha quase totalmente dependente do gás russo. Eduardo Francisco Louro Marques: Sim! os Ocidentais "chegados" ao Putin,
deveriam denunciar, sem rodeios, sem vergonha, absolutamente sem pudor, aquele
tirano desenvergonhado! No
mínimo, o Salvini deveria vir ás TV´s dizer: "Sr. Lavrov, conseguiu dizer,
sem se rir, que não foi a Rússia a atacar a Ucrânia?"
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