quarta-feira, 16 de março de 2022

Acusações


É natural que as haja, a História vista à distância já, e segundo leituras de diferentes naturezas e conhecimentos e práticas, e ideologias também… Um texto que parece bem lúcido este de Rui Ramos,  provocador de inúmeros comentários pertinentes – ou menos – mas que nos servirão de orientação. Ou não.

Aprendam com Putin

Salvini mereceu ser vexado na Polónia. Mas há outros líderes políticos ocidentais a quem também faria bem um duche de humilhação. É o caso dos ex-chanceleres alemães Gerhard Schroeder e Angela Merkel.

RUI RAMOS Colunista do Observador

OBSERVADOR, 11 mar 2022, 00:20174

Matteo Salvini, um dos líderes da direita nacionalista italiana, lembrou-se de ir à Polónia derramar solidariedade sobre os refugiados ucranianos. Teve azar, porque Wojciech Bakun, o presidente da câmara de Przemysl, não se esquecera do Salvini de 2014, enfiado numa t-shirt com a cara de Putin. Quando Salvini se preparava para arengar à imprensa, Bakun pregou-lhe na cara com a dita t-shirt. Não, Bakun não é um esquerdista: é dirigente de um partido da direita nacionalista, o Kukiz 15, parecido com a Liga de Salvini. Mas os nacionalistas polacos, ao contrário dos italianos, não se enganaram sobre Putin.

Matteo Salvini em Itália ou Marine Le Pen em França julgaram Putin um nacionalista como eles e não hesitaram em tomá-lo como referência na crítica do wokismo. Não perceberam que a ideia de Putin não consiste na revalorização das soberanias nacionais, mas na reconstituição do império russo. Não distinguiram entre a crítica democrática do wokismo, e uma campanha ditatorial contra a “decadência”. Em tudo isto, revelaram como também eles, muito empertigados contra a suposta complacência ocidental no debate sobre as migrações desreguladas, se deixaram corromper por uma igual complacência no que diz respeito à segurança das nações ocidentais e à defesa das suas liberdades. Anos de paz sob o guarda-chuva americano embotaram-lhes, como a todos os outros, o instinto de sobrevivência. Na Polónia, os nacionalistas sabem que o seu lugar é ao lado dos EUA contra a Rússia, tal como na Coreia do Sul sabem que é ao lado dos EUA contra a China. Em Portugal, Ventura também sabe: o Chega, tal como o Vox em Espanha, condenou a invasão russa desde o princípio. A restante direita nacionalista da Europa ocidental precisa de acordar, se não quiser ser tratada – justificadamente — como os idiotas úteis da ditadura de Putin.

Salvini mereceu ser vexado na Polónia. Mas há outros líderes políticos ocidentais a quem também faria bem um duche de humilhação. Por exemplo, os ex-chanceleres alemães Gerhard Schroeder e Angela Merkel, que irresponsavelmente submeteram o seu país à dependência energética da Rússia. Ou todos aqueles que esperaram passar por grandes estadistas ao opinar que a Rússia devia ser tratada como mais um país para fazer negócios. Também eles não perceberam muita coisa. Não perceberam que a Rússia, um império falhado, só poderá manter-se através da agressividade “geopolítica”. Acreditaram que seria possível diluir politicamente todos os Estados, da Rússia de Putin e à China de Xi Jinping, no banho morno do comércio livre internacional. E quando alguém os contradizia, tiravam do bolso um “liberalismo” mal estudado na véspera para explicar que as nações eram irrelevantes, e que o futuro não tinha fronteiras.

Os seus erros são ainda mais graves do que os de Salvini e de Le Pen. Estes apenas se comprometeram a eles próprios. Políticos como Schroeder e Merkel comprometeram os seus países, e mais: estimularam as agressões russas, na medida em que fizeram Putin acreditar que a dependência energética obstaria a qualquer reacção séria às suas aventuras. Nos EUA, não foi diferente. Em 2008, perante a invasão russa da Geórgia, Condoleeza Rice disse claramente o que os líderes ocidentais andam a balbuciar agora, sobre o autoritarismo de Putin e a sua hostilidade. Mas nesse tempo, isso apenas serviu à esquerda americana para continuar a acusar o presidente Bush de ter “alienado” Putin. Ainda em 2012, Barack Obama riu-se das prevenções de Mitt Romney contra a Rússia: era mais uma vez a direita conservadora a tentar reinventar a Guerra Fria. Em 2014, o mesmo Obama ignorou praticamente a primeira invasão da Ucrânia. Só em 2016, quando Trump foi eleito, é que os Democratas se lembraram de o culpar, à falta de melhor, pela indulgência com que eles próprios tratavam há anos a ditadura russa. Essa russofobia anti-trumpista não fez muita diferença, porque desde então Biden e os seus aliados europeus mantiveram a Ucrânia fora da NATO, e só quando Zelensky se recusou a fugir, é que sentiram obrigação de auxiliar a resistência ucraniana. Já aprenderam que a segurança das democracias ocidentais não pode depender da ideia de que “Putin e os seus cúmplices têm tanto dinheiro a perder que não se atreverão a atacar”?

A maior parte dos líderes liberais (chamemos-lhes assim) e nacionalistas no Ocidente enganou-se sobre Putin. Apenas os comunistas e os neocomunistas o perceberam. Não lhes escapou que o ditador russo trabalha para destruir a ordem internacional que garante as democracias ocidentais contra ataques e subversões. Por isso, PCP e BE em Portugal recusam-se a condenar Putin ou, quando forçados a isso, insistem em condenar todas as partes genericamente, apenas para poderem condenar a “política belicista da Nato”. Putin não é comunista, mas um líder da Rússia imperial? Comunistas e neocomunistas conhecem a história. Em 1917, foi a Alemanha imperial que meteu Lenine num comboio para a Rússia. Os dirigentes do PCP e do BE não se importariam certamente de chegar a Lisboa num comboio de Putin. Comunistas e neocomunistas nada têm a aprender. Liberais e nacionalistas é que, pelo contrário, deveriam começar a fazer um esforço.

PS. Para quem se perguntar: e ele, não se terá enganado?, remeto para o que escrevi sobre Putin aqui no Observador vai fazer oito anos, a 19 de Novembro de 2014: “O ar da Rússia cura a homossexualidade”.

GUERRA NA UCRÂNIA   UCRÂNIA   EUROPA   MUNDO

COMENTÁRIOS: (174)

João Alves: Kiev deveria ser proclamada capital do mundo democrático e liberal, e os governos das democracias liberais deveriam mudar-se para Kiev para confrontar no terreno as ambições imperialistas de Putin. Seria que ele se atreveria a matar todos os lideres democráticos desde Biden até Alberto de Mónaco?           Filipe Ferreira: Os comunistas não se têm portado bem pois continuam a torcer encapotadamente pelo ditador Putin. Uma série de dirigentes europeus não só namoraram o facínora como lhe  deram o monopólio da energia. Pedro Assunção: Brilhante como sempre.

 

Ринат 1: Desculpe intervir na sua discussão, mas nasci na União Soviética e tenho feito negócios na Ucrânia desde os anos 90, e agora gentilmente recebido por Portugal e seu povo benevolente, que deu a mim e à minha família três filhos com asilo, para que sou muito grato e agradecido. O que quero dizer e por que pode ser importante. Escusado será dizer que todas as nossas propriedades e negócios permaneceram na Ucrânia e ficamos sem nada, forçados a deixar o país de explosões e assassinatos, pois as crianças começaram a gaguejar das explosões nocturnas e da necessidade de descer ao porão no meio Da noite. Você acha que eu condeno Putin depois de viver na União Soviética? Não. Eu nem mesmo condeno o governo da Ucrânia, porque o desprezo e a condenação não andam lado a lado. Desprezo, porque o poder diante de um comediante contaminado por drogas não tem poder, mas está completamente subordinado à vontade do establishment americano. É um fato. Por 20 anos, os americanos na Ucrânia alimentaram uma geração de ódio, e agora os ucranianos não se importam com quem odeiam: russos ou europeus. Hoje eles odeiam os russos como cães que foram treinados para odiar as pessoas, e amanhã eles vão odiar aqueles que lhes dizem do outro lado do oceano. Lembre-se das minhas palavras. A Ucrânia nunca teve independência. E não vai. Porque os fracos são sempre dependentes. Agora a Ucrânia depende das trincheiras do Ocidente e às suas custas, às custas de seus impostos, atira em seus irmãos de sangue e em resposta. Mas isso é uma consequência. Isso é uma consequência! Consequência de quê? Putin acordou em 24 de fevereiro de 2022 e decidiu disparar 600 mísseis contra instalações militares ucranianas? Não. Isso é consequência da política, ou seja, do comportamento do verde, em relação à maturidade, a política da Ucrânia Zelensky, em quem a população do país acreditou nas eleições presidenciais e foi severamente enganada por ele. A guerra de hoje é o resultado do engano do povo da Ucrânia pelo presidente Zelensky. O que ele está fazendo agora? Ele mantém refém toda a população masculina fisicamente apta do país de 18 a 60 anos, forçando-os a lutar pela ilusão de independência, pela terra que ele roubou de todos os habitantes da Ucrânia ao aprovar a lei sobre a venda de terra, e agora não possuem nada neste país, nem reservas de recursos naturais, nada. Ele não permite que ninguém saudável saia, mas apenas os deficientes, famílias numerosas e idosos. É claro que essas pessoas precisam de misericórdia e compaixão como o ar, mas poderiam levá-las para casa do presidente, mas por algum motivo ele não se importava com elas antes e durante a guerra. Putin alertou que uma política agressiva em relação ao seu país é inaceitável da Ucrânia, e com razão, e esse comediante não se importa com nada, e principalmente com seu povo, que ele jogou na fornalha da guerra. Quanto você toleraria se seu vizinho cuspisse na sua cara todas as manhãs? E a Ucrânia vem fazendo isso desde 2014 o tempo todo. Os slogans são um, mas as ações são diferentes. As pessoas agora dizem: "Fomos vendidos". Então Putin é um libertador hoje. Quem está matando civis? Claro, o presidente da Ucrânia. Quem está ajudando a escalar o conflito? Oeste. Quão? Dinheiro, armas, conselhos e conselheiros. Até onde isso vai dar? Acho que pelo menos 5 anos. Mais especificamente, 4.5. Mas, a principal razão não é o que vemos. Os americanos não seriam capazes de fazer nada na Ucrânia se os ucranianos não tivessem se permitido fazer isso consigo mesmos. Foi uma jogada muito competente e ponderada do ponto de vista da psicologia das pessoas. É tudo sobre as relações entre os ucranianos. O povo não está sozinho. Cada um por si. Além disso, um ucraniano se alegra silenciosamente se um vizinho tiver problemas. Isso se reflete nos provérbios que foram formados por gerações:1. Para a vaca do meu vizinho morrer.2. Minha casa está fechada, não sei de nada. etc...Sim, nem todo mundo é assim, mas um verdadeiro ucraniano nunca vai ao banheiro de um vizinho enquanto o visita, porque suas fezes pertencem a ele, e isso é fertilizante para seu jardim, e se ele for a um vizinho, ele dará seu merda (potencialmente fertilizante) vizinho, e isso não é bom (veja o primeiro ditado).Então você pode pensar que a culpa é da esquerda ou dos democratas com os republicanos, que Putin é ruim ou o Papai Noel é o culpado... a propósito, onde ele está? Exigimos que Papai Noel pare com a desgraça e dê a todos os políticos um sedativo para que eles dêem às pessoas para criar e criar, e não destruir e matar (brincadeira).O povo merece não apenas seus governantes, mas também o modo de vida que eles têm. Isso é consequência de sua compreensão.Porque: 1. O resultado é a consequência de uma ação; 2. A ação é o resultado do pensamento;3. O pensamento é fruto da educação; 4. A educação é a cultura de gerações. Sem cultura - sem paz. Se você tiver alguma dúvida ou sugestão para mim, envie um e-mail para: Obrigado pela atenção e compreensão!            Ринат 1Ринат 1 Se você tiver alguma dúvida ou sugestão para mim, escreva para o e-mail: 0122333@ukr.net            Rui DelvasРинат 1: Muita conversa da treta. São os russos que invadem outros países, matam, violam, roubam. Os ucranianos estão quietinhos no seu lugar a produzir trigo e girassol. António Bernardino > Ринат 1: Lamentável o seu comentário. Nem sei se é refugiado, porque simplesmente, quem vê caras, não vê corações.          António Bernardino > Ринат 1: Tudo isso para atacar os americanos?          Zé CunhaРинат 1: Cuspir na mão de quem nos dá de comer nunca deu certo…           God Bless 🇺🇸 

 

Maria João Liberal: Tem a razão Rui Ramos, em minha opinião. Fica a pergunta: onde anda a ex Chanceler Angela  Merkel? e Gerhrard Schroeder? Muito estranho que uma europeísta convicta, que muita coisa boa fez, ande agora MIA ie Desaparecida em acção? No meio de um conflito desta natureza e grandeza? Com refugiados, tendo ela própria sempre apoiado os perseguidos? Será que, como alguma literatura recente, abordou o tema, muito do entourage dela, seus próximos, era favorável às políticas ainda ditas de leste? Veja se por exemplo que aquela gente toda das Stasi, PIDEs da ex RDA, nunca foram julgados, arquivos desapareceram, milhões tb segundo alguns livros,.. Ela, até lhe dou o beneficio da dúvida, não me parece ter tomado esta catastrófica decisão de pôr todos os ovos no mesmo cesto em matéria de politica energética, condenando a Alemanha a refém de uma grande potência estrangeira, por ganância ou lucro, já o Schroeder, não me parece ingénuo.. Gostava de ver este tema aprofundado: quem lucrou com esta decisão? Porquê este silêncio inconcebível da Angela Merkel?           Rui Delvas > Maria João Liberal: Uma Europa de cobardes. Vivo ou morto nas próximas eleições vou votar em Zelinsky.           Vicente Lemos: O ministério público português já está a aprender. Malucas, malucas andam as galinhas, ou é o PCP, ou é aextrema direita, ou o Trump, ou o Bolsonaro… vai na volta são aliens a brincarem ao sim city. No fim do dia quem fez viagens â China e teve relações com russos e chineses são bem conhecidos e ocupam cargos políticos e municipais, e são das principais forças políticas portuguesas.           Eduardo Manuel Sá Gouveia > Vicente Lemos: Sr. Vicente, estou chocado. Chocado e consternado. Os partidos que refere são partidos de grande dignidade que gastam o dinheiro público em causas muito nobres. Os seus dirigentes auxiliam em segredo muitos pobres, doentes, desempregados, acompanhantes de luxo e sem ser de luxo, a pequena Greta, Mamadu Ba e outras pessoas em más condições de vida. Peço que reflicta sobre isto.            António Bernardino > Eduardo Manuel Sá Gouveia: Eduardo, olhe que parte dos portugueses, principalmente os esquerdistas -quando não lhes convém, nunca entendem (ou entendem si contrário) um boa ironia.

Jorge Carvalho: VASCO PULIDO VALENTE - VER OU NÃO VER : Com as suas preocupações domésticas não nos sobra o tempo para pensar em coisas muito mais sérias como expansionismo da Rússia. Vem na Wikipédia mas convém repetir que a Rússia é uma federação de 22 repúblicas 46 regiões autónomas ( como as da Madeira ) e nove territórios. Pior ainda, tem 160 etnias diferentes, 100 línguas diferentes quatro grandes religiões diferentes ( a ortodoxa, a islamita, a judaica e a budista) e uma enorme variedade de seitas, que constantemente varia e se multiplica. Tudo isto para uma população relativamente pequena de 140 milhões de habitantes. Qualquer pessoa de senso compreenderá que, segundo um velho hábito do século XVIII, chamamos Rússia a um império que só pode ser governado autocráticamente e onde democracia está para ser condenada. O autocrata de hoje já não é o Czar Nicolau II, nem Lenine, nem Estaline, nem Khruschev, nem Brejnev. É um antigo membro da polícia secreta e, por consequência, um dissimulador, um mentiroso, um torcionário e um assassino, que dá pelo nome de Putin e que preside a uma Cleptocracia, largamente caótica, a que só violência e o seu arbítrio garantem uma vaga coesão e uma aparência de Estado. Além disso, na falta de uma legitimidade dinástica como a dos Romanov, ou ideológica como URSS, Putin precisa, para ser aguentando, de invocar a legitimidade imperial, principalmente depois da maior derrota que o Império sofreu desde 1613. O que não seria importante, se depois da implosão do comunismo A Rússia não permanecesse a segunda potência militar do mundo. E se Europa não se tivesse desarmado, como desarmou, para pagar o Estado social. A Inglaterra, por exemplo, gasta em defesa menos de 2% do PIB, no momento em que Putin (de resto provocado pela França e pela Alemanha ) embarcou numa política claramente agressiva e revanchista. A Crimeia foi o primeiro objetivo, como já o fora para Catarina, porque o Império fica fechado ao exterior sem um porto de água quente; e o segundo foi parte da bacia do Donetsk, porque a Crimeia não serve de nada sem uma ligação fácil e segura ao coração do Império. Estaline e Hitler perceberam este ponto essencial. Putin também; e não há a sombra de uma dúvida de que não recuará. Como tarde ou cedo, vai acabar por querer que as repúblicas bálticas voltem ao seu domínio e que a Ásia Central aceite obedientemente a sua ordem. Os movimentos preliminares da III Guerra Mundial estão em curso : para o Ocidente ver ou não ver. Jornal O Público em 27 de Fevereiro de 2015 . Obrigado Rui Ramos.           Maria1 >  Jorge Carvalho: Para além da afirmação do óbvio, os historiadores não são os mesmos, e os artigos também não.            João Afonso: Nesta questão da ilusão em relação a Putin e ao seu regime, quase não houve enganos. O que houve foi uma amostra da hipocrisia do "socialismo" europeu. Esta esquerda socialista nunca condenou inequivocamente o regime soviético. Mesmo depois de se conhecerem os horrendos crimes de Estaline, houve um nevoeiro denso sobre esta realidade, e no fundo, a esquerda socialista "democrática" sempre esperou que o socialismo soviético vingasse, de forma mais suave certamente. Não é por acaso que esta esquerda, salvo raras excepções, nunca se distinguiu da esquerda comunista nos ataques à NATO e aos EUA., fazendo-o de forma velada quando os EUA são governados por democratas, ou de forma explícita quando são governados por republicanos. Convém sempre relembrar alguma história factual. A este propósito, foi sintomática a reacção da esquerda nacional ao 11 de setembro de 2001. O clérigo Louçã tomou o púlpito e vociferou todo o seu ódio aos EUA, e na mesma ocasião, as palavras de Ana Gomes ainda ecoam na memória: "os americanos estavam mesmo a pedi-las".             Teotonio Bernardo > João Afonso: Os crimes dos EUA/NATO não existem? Democracia nos EUA, não será antes uma farsa encenada pelo poder económico?          João Afonso > Teotonio Bernardo: Obviamente que na guerra não há santos, como também não há pecadores. Mas uns respondem perante o direito internacional, porque o respeitam, e outros estão-se marimbando para esse pormenor.  A guerra sendo uma expressão de violência extrema e de barbárie, não deixa de ter um conjunto de regras e proibições acordadas entre países civilizados. E há tribunais internacionais para julgar as violações às regras da guerra, nomeadamente o ataque deliberado e sistemático a alvos civis.      João Afonso > vitor manuel: Exactamente. Então o caso português escapa-me de todo! Há um fenómeno que nos distingue de todos os outros europeus. Há 20000 anos o último neanthertal extinguiu-se no Lapedo em Leiria. Para quando a extinção do último partido comunista europeu?

……….PortugueseMan ...Na Polónia, os nacionalistas sabem que o seu lugar é ao lado dos EUA contra a Rússia, tal como na Coreia do Sul sabem que é ao lado dos EUA contra a China... Você nem tem a noção do disparate que está a dizer. Nem tem a noção. As acções da Coreia do Sul em relação à Rússia, foram/são muito mais importantes que a actuação da Alemanha no que respeita à energia russa. É triste ler coisas destas. Podia dizer-lhe para ir falar com o José Milhazes, mas ele também está à nora sobre o que se passa na Rússia. O navio russo que esteve agora a despejar gás russo em Sines, foi construído na Coreia do Sul, este navio faz parte da nova frota russa classe Arc7  e únicos no mundo pela sua capacidade de navegar no gelo russo. A Coreia do Sul, que só é o 3º maior importador de Gás Natural Líquido tem estado activamente a trabalhar para desviar o gás russo para eles. A Coreia do Sul está a construir e a entregar desde 2016 estes navios, onde até 2020 tinham que estar 15 prontos. Mais, está a transferir a tecnologia necessária para que a Rússia os construa de forma autónoma no novo (e maior) estaleiro que a Rússia tem localizado no Pacífico e a Rússia já está a construir um novo lote de navios GNL. Até lhe digo mais, a Coreia do Sul opera dezenas de helicópteros Kamov e, ao contrário dos portugueses, não parece ter problemas em operá-los. E não estão lá só para apagar fogos. Mas pode perguntar ao José Milhazes se estou a dizer algo incorrecto. Se ele não souber responder, faça uma visita ao meu blogue e procure por: "Sines: Gás Americano Vs Gás Russo" de 2016 "A Nova Frota Russa" de 2019 "O Novo Caminho Marítimo Para A Índia" de 2021 Nem temos a noção do que aí vem. A Rússia só ainda não desviou todo o seu gás GNL da Europa porque não quis. A Europa está a entregar de mão beijada a energia russa barata a países asiáticos. Eu acho engraçado ver as pessoas a correrem para encher os depósitos para pouparem uns cêntimos. Simplesmente não têm a noção do que vem aí.         Pedro Eiras Antunes: Tentar encontrar um laço de causalidade directa entre a dependência energética europeia do gás russo (não só alemã, RR, esqueceu-se de enunciar todos os outros países europeus que dele dependem fortemente para além da Alemanha!) e a oportunidade para invadir a Ucrânia é abstruso e de argumentação oportunista. O Tio Sam, do qual RR diz que dependermos todos, é sem dúvida um dos principais culpados da situação catastrófica actual ao fomentar a cowboyada da Nato nos países do leste europeu, acicatando o urso russo com as consequências que agora vivemos. Nada desculpa a forma bruta e selvagem como a Rússia reagiu, mas se reagiu foi igualmente porque foi provocada no limite do aceitável no jogo das superpotências. Tentar encontrar culpados onde só convém a certo ideário ideológico não é honesto. Convém aceitar que andámos literalmente todos - incluindo todos os governos da UE em bloco - a dormir na forma. Por outro lado, o que agora vivemos poderia ter sido provavelmente evitado, com realismo, algumas cedências, e com consciência de que a realidade geopolítica e estratégica não se compadece com bravatas, slogans e clichés politicamente correctos, que na prática custam vidas humanas e sofrimento a milhões de pessoas. É duro, mas nisto a humanidade não vai mudar nunca. Só agora depois do caldo entornado, é que nos demos conta do pântano em que nos tínhamos atolado. A maioria dos líderes ocidentais deveria ser alvo de uma avaliação dura e objectiva, muito mais profunda que o seu artigo à vol d'oiseau. Apontar dedos a alguns, surfando o mainstream do momento, pode dar popularidade mediática, mas não leva a lado nenhum.        Nuno Salgueiro > Pedro Eiras Antunes: O urso foi provocado? Que eu saiba, nenhum país foi obrigado a juntar-se à NATO.            Pedro Eiras Antunes > Nuno Salgueiro: Caro Nuno Salgueiro. Claro que não mas convém esclarecer que no dia 7/2/2014 , sob proposta do presidente Petro Poroshenko, o Parlamento de Kiev aprovou emendas à Constituição (334 votos a favor, 35 contra e 16 abstenções) onde no seu preâmbulo se inscreve o “percurso irreversível da Ucrânia para a integração euro-atlântica”; os artigos 85º e 116º decretam que um dever fundamental do Parlamento e do governo é “obter a pertença plena da Ucrânia à NATO e à UE”; o artigo 102º estipula que “o presidente da Ucrânia é o garante do percurso estratégico do Estado para obter a plena pertença à NATO e à UE”. Esta "linha vermelha" foi oportunamente denunciada pelos russos e claro que a alteração cristalizou a intenção no documento constituinte do estado ucraniano, tornando-o mais do que uma mera intenção, de facto um objectivo de regime. As consequências dessa decisão democraticamente expressa foram bastante analisadas desde então, e os russos sempre a enunciaram como uma linha vermelha e uma recusa de negociação de qualquer estatuto de neutralidade, adoptado por outros países de "fronteira com o estado russo, bem conhecidos. Agora, repito, com o caldo entornado, o estado ucraniano parece aceitar que esse desiderato seja revisto. Seguramente, demasiado tarde.          Nuno Pê: Os atuais líderes europeus, que agora andam a mandar mercenários e granadas para a Ucrânia andaram bem? Em 2007 a Rússia disse em público em Munique que isto se ia passar. Por que razão andam desde 2008 a forçar a entrada da Ucrânia na NATO? A Finlândia não está na NATO e desde a criação da NATO nunca foi atacada. Ao historiador custa a escrever o óbvio: é uma guerra entre os EUA e a Rússia em que só a Europa, a Rússia e os ucranianos é que perdem, com o Tio Sam, lá longe do fluxo de refugiados e a vender gás e armas.

Antonio Bentes: Excelente crónica de Rui Ramos. De Putin já quase se disse tudo, mas é sempre bom repetir o que este ser rastejante é. Mas, existe uma figura histórica que cada vez me causa mais perplexidade e que é mencionada nesta crónica de Rui ramos. Trata-se de Angela Merkel. A história demonstrará o que foram os anos da senhora Merkel a governar os destinos da Alemanha e não serei eu a emitir juízos de valor. No entanto, existe uma imagem que na altura me causou uma enorme perplexidade, quase desconforto e, neste momento, não me sai da cabeça. Trata-se do enorme ramo de flores que Putin ofereceu a Angela Merkel na última visita à Rússia (não tenho a certeza se foi na Rússia ou na Alemanha), no último encontro oficial com Putin. Parecia existir uma enorme cumplicidade entre os dois governantes. Demasiada cumplicidade. Também não me sai da cabeça o disparate com consequências catastróficas para a Europa que foi  a atitude da senhora Merkel em abrir as portas de uma forma irracional aos refugiados muçulmanos. Como também foi assustador obrigar todos os países europeus a fazerem o mesmo. E aqueles que resistiram, como o caso da Polónia, foram quase queimados em praça pública. Mais uma vez a história o dirá, mas existem atitudes de Angela Merkel que no mínimo são misteriosas como também o é a decisão de tornar a Alemanha quase totalmente dependente do gás russo. Eduardo Francisco Louro Marques: Sim! os Ocidentais "chegados" ao Putin, deveriam denunciar, sem rodeios, sem vergonha, absolutamente sem pudor, aquele tirano desenvergonhado! No mínimo, o Salvini deveria vir ás TV´s dizer: "Sr. Lavrov, conseguiu dizer, sem se rir, que não foi a Rússia a atacar a Ucrânia?" 


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