Para tristes expectativas. Educação e Saúde, pouco
importantes, num país alheio a isso, Raquel Abecasis justificando as escolhas do
governo como meio de calar mais a esquerda, na perspectiva de Costa, que se
borrifa para o país. E o país não está nem aí, para se preocupar. Agradecimentos
à RA, que está, e bem adverte.
Dois melões estragados no Governo
O PM decidiu manter na educação e na saúde dois
ministros que provaram pôr a ideologia à frente do interesse das pessoas.
Satisfazem-se os sindicatos, diminuindo a margem para a contestação.
RAQUEL ABECASIS Jornalista e
ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 29 mar 2022
O
novo Governo toma posse amanhã. A partir de amanhã, o país retoma a
normalidade depois de uma crise que deixou o anterior Governo com poderes
limitados desde meados de outubro de 2021. Foram cinco meses de pousio,
com muitas decisões adiadas que deixaram o país tecnicamente parado, numa
altura em que o mundo se virou de pernas para o ar.
Se este foi o preço a pagar pela
precipitação de uma crise política, esperava-se que, ao menos, os resultados
eleitorais confortáveis fossem o mote para termos um Governo capaz de marcar
uma nova fase para o país.
Não vou fazer considerações sobre as
mudanças de nomes e de estrutura do Governo. Como é muitas vezes repetido
nestas ocasiões, é preciso abrir o melão para perceber o que vem lá dentro.
Prefiro falar sobre os melões abertos e
que já sabemos que estão estragados. João Costa e Marta Temido são os embaixadores da defunta geringonça que se
mantêm vivos neste Governo. Ficámos assim a saber que não há nada
de bom a esperar em dois setores fundamentais para o futuro do país. Talvez a
opção de António Costa seja estratégica. Os partidos à sua esquerda ficaram
gravemente feridos, mas ainda estão vivos. É sabido
que o PCP só tem uma estratégia para recuperar algum eleitorado: voltar à
rua e ao protesto. Provavelmente
é esta a razão por que o Primeiro-ministro decidiu manter na educação e na
saúde dois ministros que provaram nos últimos anos pôr a ideologia à frente do
interesse das pessoas. Pelo menos satisfazem-se os sindicatos, diminuindo a
margem para a contestação.
Há
quem diga que Marta Temido provou a sua competência na gestão da pandemia. É uma
avaliação que não resiste à análise dos factos ao longo destes quase dois anos.
É certo que a memória é curta e que, em momentos de aflição, as pessoas tendem
a valorizar quem está. Mas não podemos esquecer que, ao longo deste tempo, a
ministra da Saúde tudo fez para aproveitar a crise pandémica para afastar e
denegrir o setor privado e social. A realidade obrigou-a a arrepiar
caminho, mas a sua obstinação ideológica contribuiu e muito para agravar a
situação de emergência que se vivia no país. Tivesse sido outra a estratégia,
concertando todos os meios disponíveis no setor da saúde, e, estou convencida,
a contabilidade negra da Covid-19 teria sido diferente. Foram motivos ideológicos
que comandaram as decisões políticas de Marta Temido. Os mesmos que presidirão
às decisões que irá tomar para fazer face a um Serviço Nacional de Saúde
exangue e a precisar de reformas profundas. Desconfio que o piquinho a azedo
deste melão vai causar uma profunda intoxicação aos portugueses.
João Costa foi o ministro sombra que acabou com os contratos
de associação que permitiam a milhares de alunos por esse país fora usufruírem
de um ensino de qualidade fossem quais fossem as suas possibilidades
financeiras. Foi também o
ministro sombra que, até hoje, defendeu uma punição exemplar a dois alunos de
excelência que ousaram desafiar o Estado na sua tentativa de doutrinação aos
alunos. O novo
ministro, que antes de ser já o era, traz ainda às costas a situação de caos em
que se encontram as escolas, a braços com uma crise de falta de professores a
que se junta o laxismo e a incompetência na gestão dos docentes existentes: concursos
vazios, baixas fraudulentas não fiscalizadas, falta de avaliação, prioridade
aos sindicatos em detrimento dos alunos. A este brilhante currículo junta-se
ainda uma trágica gestão das escolas durante a pandemia, que agravou as
desigualdades e deixou insuficiências graves na aprendizagem de milhares de
alunos. João Costa deve achar que esta promoção é merecida pelos serviços
prestados. Nós ficamos com a certeza de que, se já tínhamos um problema grave
com a educação dos nossos filhos, daqui para a frente as coisas só podem piorar.
É pena que António Costa não aproveite
a circunstância histórica desta maioria absoluta para fazer a diferença. Não basta mudar a orgânica do Governo ou garantir a
paridade nos nomes escolhidos. Isso dá títulos de jornal nos primeiros dias,
mas não garante o futuro do país. A
saúde e a educação são sectores importantes demais para continuarem cativos de
uma geringonça de má memória que julgávamos ter ficado morta e enterrada no dia
30 de janeiro. Ou será que não?
NOVO
GOVERNO POLÍTICA MINISTÉRIO DA
SAÚDE GOVERNO MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO PAÍS
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