Amália, sempre. Mas parece obsceno falar-se
nisso, com o mundo tal como se nos mostra hoje, com os exemplos vindos de um
leste corajoso e valente, a dar-nos tais lições de coragem e digno amor pátrio.
Nós, como sempre: cozinhando o nosso destino, atidos a um chefe que sempre
soube cozinhar o seu.
Sortes e azares num mundo em mudança
Como sempre não nos preparámos no
curto intervalo que mediou entre a saída da troika e a chegada da pandemia. E
agora, como sempre, estamos pior do que a maioria dos nossos parceiros
europeus.
OBSERVADOR, 15 mar 2022, 00:1721
1De
repente, nas poucas horas de uma madrugada, acordámos dentro de uma nova
realidade. A Europa está à beira de um caldeirão a arder e Portugal, cá no
cantinho, está ainda escondido a tentar organizar-se. O eterno atraso que temos
em relação aos nossos parceiros chega ao ponto de nem sequer nos conseguirmos
organizar politicamente em tempo aceitável. Uma crise política que começou em
meados de outubro está ainda por ultrapassar. O que os outros países resolvem
num mês nós tardamos em resolver. Já lá vão seis meses e ainda não temos um
governo empossado.
2Menos
mal que os resultados foram providenciais e a maioria absoluta que os
portugueses deram ao PS trazem-nos, ao menos, um cenário político de
estabilidade para enfrentar os tempos difíceis que se avizinham. Fomos
bafejados pela sorte sem saber como nem porquê. Em tempo de guerra não se
limpam armas e, independentemente da opinião que cada um tem sobre o Governo
PS, é melhor ter à frente dos destinos do país um Primeiro-ministro experiente
do que fazer a rodagem a um novo Primeiro-ministro. Era bom que a experiência
de António Costa o inspirasse a pensar duas vezes antes de mudar os dois,
igualmente experientes, ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa. Na
reorganização de pastas que se avizinha, não é boa ideia mudar os dois
ministros que, até agora, deram prova da sua competência para o lugar.
Substituir Santos Silva e Gomes Cravinho pode trazer-nos o azar de colocar dois
erros de casting para duas pastas onde, agora mais do que nunca, se
exige profissionalismo, sobriedade, experiência e competência.
3Os
quinze dias de guerra que já decorreram foram suficientes para que as
consequências económicas (e o que estamos a ver é só o princípio) já tenham
aterrado no nosso quotidiano como mais uma bomba, em cima dos escombros que
sobraram de uma crise financeira, a que se juntou uma pandemia e agora isto.
Apetece pensar que são azares a mais para um país só. São. Mas a sorte que se
constrói em tempos de acalmia prepara-nos para quando chegam os azares. E a verdade
qual é? Como sempre, não nos preparámos no curto intervalo que mediou entre
a saída da troika e a chegada da pandemia. A palavra de ordem que
vigorou durante esses quatro anos foi desfazer as maldades da troika. Não
aproveitámos a ocasião e agora, como sempre, estamos pior do que a maioria dos
nossos parceiros europeus. E até já há quem, como Durão Barroso este
fim-de-semana, fale no regresso da crise das dívidas que pode colocar Portugal
outra vez debaixo de mira.
4O
aumento dos preços da gasolina, ao ritmo a que está a acontecer, torna
inevitável a necessidade de apertarmos o cinto. Atrás da gasolina vêm todos os
outros produtos, particularmente os bens de primeira necessidade. Uma das
opções que teríamos era a de mais rapidamente fazermos a transição, há muito
ambicionada, de deixar o carro em casa e passar a usar massivamente os
transportes públicos. Seria a ocasião de usar a crise como oportunidade de
mudança. É aqui que mais uma vez deparamos com um azar que poderíamos ter
acautelado. Não há transportes suficientes para satisfazer a procura. Mais
uma vez confiámos na sorte de que teríamos o tempo suficiente para ir fazendo o
discurso climático sem dele tirar consequências e agora fomos apanhados com as
calças na mão.
5Enquanto
tudo isto acontece, o sempre sortudo António Costa pode gabar-se de não ter
perdido a sua estrelinha. Rui Rio, por incrível que pareça, continua a
alumiar-lhe o caminho, deixando livre a autoestrada do poder para o
Primeiro-ministro usar como lhe aprouver, na certeza de que não surgirá ninguém
para o incomodar (agora já nem o PCP nem o BE). É certo que os astros não têm
ajudado no que diz respeito às conjunturas que tem tido que enfrentar: primeiro
uma pandemia, agora uma guerra. Mas acho que nenhum Primeiro-ministro europeu
se sentirá tão à vontade para tomar decisões difíceis como António Costa. Ele
é o único homem para quem os portugueses podem olhar neste momento da aflição.
No PSD, o programa está por agora interrompido e o espetáculo só recomeça
sabe-se lá quando.
ECONOMIA ANTÓNIO COSTA POLÍTICA GUERRA NA UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
Carlos Chaves: Caríssima Raquel, se me permite, acho que já é tempo de assumir que vai no
mesmo caminho do Freitas do Amaral! A adesão ao PS. josé maria: Como sempre não nos preparámos
no curto intervalo que mediou entre a saída da troika e a chegada da pandemia.
E agora, como sempre, estamos pior do que a maioria dos nossos parceiros
europeus Versão da mentira Goebbels, na variante feminina da Raquel Abecassis.. Paulo Cardoso > josé maria: Para ti é mentira, porque és um
daqueles que sempre comeu da gamela, que o socialismo enche. O triste, não é
ter gente como tu. Triste, é haver muitos que pensam e são como tu. Mais triste
ainda, é haver muitos mais ainda que pensam o contrário, mas não têm a
fidelidade canina de colocar a cruz no boletim. advoga diabo: Sim sim, uns malvados estes
socialistas, Governo e povo, como demonstra a maioria absoluta, salvaram o país
depois do mórbido Passos, conseguiram o 1º superavit da democracia, reagiram
com alto mérito à pandemia. Só falta resistirem às provações da guerra!!!
Malandros. JD F
> advoga diabo: Está a falar dos mesmos
malandros que saíram do mórbido passos / troika e voltaram a dar-lhe, com
maioria relativa, o ganho do acto eleitoral? A malandros tem de acrescentar
esquizofrénicos, ou então, largar o discurso da troika e saída da
troika...passados estes anos todos, parece que os socialistas ainda estão mais
incomodados com a geringonça e subida ao poder do que os social democratas... Curiosamente fica sempre fora
do discurso que quem chamou a troika foi o mórbido do socras, ps, e graças ao
que os portugueses se sujeitaram, com o mórbido do passos e que portugal teve a
confiança para aquelas taxas de juro espetaculares que tanto deram a costa
gabarolanço de grandes negócios de juros de divida...acho que até eu que não
percebo nada disso fazia grandes negócios com a coisa de feição! João Ramos:
No ponto 2 não partilho da alegria da autora para a maioria de António Costa e
a razão é exactamente por se tratar de António Costa, um mentiroso compulsivo
que vive para intrujar o ignorante povo português, e da qual já temos uma
pequena amostra, é que das verbas já recebidas da “bazuca” 90% foram para o
sector público, isto é, para sustentar o monstro, a única eventual vantagem é o
facto de ele a partir de agora não ter em quem se desculpar e a
responsabilidade será apenas do seu governo, desculpas com pandemia e a guerra,
certamente as vai tentar, mas um bom governo sabê-las ia enfrentar coisa de que
tenho as maiores dúvidas em relação ao personagem… pobre país!!! José Menezes: Ah e Guterres ! Ouvir o Secretário Geral da UN
(nas declarações de ontem por exemplo) é como ouvir uma 'wish-list' ou o
comentário de 'esperto' dos que passam pelos vários canais digitais. A falta de
liderança de Guterres, de capacidade de mobilizar, de moderar, de interceder,
de incutir esperança - mostra bem em como 'o fraco líder faz fraca a forte
gente'. José
Menezes: Concordo
totalmente com o que escreve nos 5 pontos.
Acho que é preciso acrescentar tb 6. a UE não vai poder/conseguir manter as ajudas aos estados membros
pós-pandemia pq afinal há catástrofes muito maiores do que a gripe viral que
matou 0,01% dos Europeus - face a uma guerra mortal que pode mantar 500 a 1000
vezes mais do que o SARS-COV2. 7. sem PRR e sem qq auto-suficiência (energética e
alimentar, pelo menos) Portugal é um náufrago - um país inviável - e precisa de
um plano de contingência para os 3 anos que esta situação de guerra na Europa
vai levar a ultrapassar (no mínimo, uma vez que a última desta natureza levou 6
anos e 10 anos a recuperar). 8. sem líderes à altura, com os portugueses distraídos, e as elites políticas
perdidas na pequena política (PSD etc) não vai haver nem plano nem um caminho
que se possa apresentar e mobilizar os portugueses (nascidos ou não cá, mas a
viver e a querer o melhor para Portugal). Por mais sorte que Costa tenha e tem
imensa, este é o momento que irá realmente colocá-lo à prova e mostrar sem o
futuro dele passa por uma carreira a outro nível em Bruxelas. Cisca Impllit:
O parlapié é
sempre o mesmo para não fazermos as reformas necessárias (ou então desfazê-las
deitando fora os sacrifícios já feitos). Socialisticos e atrasadinhos.
Muito moles da cabeça. Tiago
S: O PS NÃO MUDARÁ. Artigo muito bom como sempre,
mas é impossível aceitar a visão de que costa e o ps assumirão a
responsabilidade da austeridade em que já estamos, e daquela que se tornará
ainda mais inevitável. Lembrar que quando o largo do rato se apercebeu das
consequências na altura de gerir o país com a troika que encomendou, não
hesitaram, quais ratos do largo, em mandar cobardemente o seu governo de então
capitular. Esperaríamos que a guerra e a austeridade fossem mais uma vez uma
oportunidade para libertar o país da actual canga de impostos, reformar a
segurança social, baixar a despesa pública primária, etc, etc, etc, e dotar o
país de um módico de viabilidade futura? Errado: o ps e costa não vêem a
libertação da sociedade civil do estado com bons olhos. Mais,
consideram-na mesmo uma inimiga dos seus intentos. Exemplo? O anúncio de apoio
a 1.4 milhões de Portugueses para a compra de bens essenciais é tão só mais um
capítulo do aprofundamento da dependência do estado em que estão mergulhados
mais de 50% dos Portugueses. Costa e o ps não largarão esta urna a troco de
nada, e muito menos em nome da viabilidade futura do país. - Mais uma vez os
avençados da esquerda e extrema-esquerda bem tentaram denunciar este
comentário, mas sem efeito. O mesmo foi reaprovado pelo Observador em menos de
nada. bento
guerra: O Costa é o PM
com mais sorte das últimas décadas e agora, em vez da falência, que era previsível,
vão sair mais "bazucas" e ajudas, para suavizar o plano inclinado. A
própria oposição anda entretida."Vai acabar tudo bem, com alguns sacrifícios"
diz o homem das "selfies" Cisca Impllit > bento guerra Tantas vezes a cantarinha vai
à fonte... Nós já estamos habituados a escaqueirarmo-nos!! Seknevasse:
Uma muito boa
crónica. Consigo estar de acordo com os pontos todos citados. Nos meus anos de
vida, a expressão "eterno atraso" tem vindo a aplicar-se a Portugal,
muitas vezes, é certo que nem sempre é uma desvantagem esse atraso... sobre os
políticos de uma possível oposição ao PS, salientava apenas que em Espanha após
a crise da liderança de Casado espoletada pela espionagem a Ayuso (e fracos
resultados das sondagens) já existe um novo líder, o Feijó, consensual e muito
provavelmente o sucessor de Sanchez... Por cá nada de novo, a lapa do Rio não
deixa o poder de jeito nenhum. E candidatos a líder, com carisma, nem um !! Valquíria:
“É certo que os astros não têm ajudado no que
diz respeito às conjunturas que tem tido que enfrentar: primeiro uma pandemia,
agora uma guerra.” Desculpe, não têm ajudado os portugueses,
porque a António Costa têm dado um jeitão estas crises simétricas são uma
maravilha para qualquer governante, há sempre um desculpa para a miséria. Paulo CardosoValquíria: Tal e qual. Paulo Cardoso: Sim, Raquel. Entendo o seu
raciocínio, mas não posso concordar. O habilidoso pode ser o único dente que
nos resta na boca. Mas, é aquele dente podre, tão podre, que está a infectar a
gengiva. Se não se remover, vai gangrenar aquela e alastrar. Mais valeria
arrancá-lo já e aprender a mastigar sem nenhum. Esta é a verdade. Pode ser
dura, mas é a que temos. Não desista, Raquel. sioux boomerang: Não, portugal encaixou
perfeitamente nesta filosofia ocidental dos outros, perfeitamente, já somos
europeus as nossas empresas já estão entregues ao estrangeiro, já não damos um
passo sem primeiro nos dizerem lá de fora para que lado , os bancos também já
só faltam dois e depois já está tudo entregue também , a bancarrota era o
destino óbvio desta filosofia e chegamos lá sem problemas nenhuns , olhe para
azar só faltava sermos europeus espanhóis , e já não falta muito . Madalena Sa: Tudo isto é bem verdade mas
triste povo que não se sabe dar ao respeito e vota nesta gente! Não se augura
nada de bom com o governo que se avizinha! Ouvir hoje, a ainda ministra da Agricultura
armada em vedeta fez dó!
Nenhum comentário:
Postar um comentário