sexta-feira, 4 de março de 2022

Um cisma


Religioso, segundo sábia opinião, de que António Justo não parece discordar. Para colmatar a minha ignorância a respeito dos cultos religiosos na Ucrânia, mais uma vez me socorri da benfazeja  Internet, apenas para entender melhor a tal questão do cisma, de que trata o Dr. Salles, como explicação para um crime “incontornável”, que me parece atribuível, antes, a uma cisma de poder, pelos vistos também incontornável. Ou incontrolável, como rima. Sem poesia, contudo, nem sequer épica, de tão cobarde que se demonstra.

UCRÂNIA - 1

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

 A BEM DA NAÇÃO, 03.03.22

GUERRA RELIGIOSA

Extracto do Editorial do «CORRIERE DELLA SERA» – 2022-02-22

Autor: ALESSANDRO TROCINO

«Bem vindos!

Hoje, vamos tentar aprofundar alguns temas apenas mencionados nas notícias mas que são de importância capital, começando pela guerra na Ucrânia (…).

A guerra religiosa: em 2018 houve um cisma entre a Igreja Ortodoxa de Kiev e a de Moscovo. Entre os objectivos da ofensiva russa está também o de recuperar o controlo de 30 milhões de fiéis ucranianos.

(…)».

p.e.f. Maria Eugénia Múrias

* * *

Apesar do título, creio que não se trata de guerra causada por motivos religiosos propriamente ditos, de fé, nem sequer resultantes de alguma particularidade mais ou menos recôndita da Exegese. Trata-se de algo praticamente profano, axiomático, o patriotismo ucraniano que se tem por «pai» russo, não por «filho» e muito menos por «colónia».

Assim se compreende a vontade da Igreja da Ucrânia se querer reportar directamente ao Patriarca de Constantinopla, o Sumo Pontífice dos ortodoxos não ligados a Roma.

Ainda em matéria profana, compreendemos agora melhor a disponibilidade inicial de Erdogan para mediar o conflito mas tendo rapidamente passado a fornecer drones à Ucrânia e a proibir a navegação no Bósforo a navios de guerra.

Desconheço que trunfos tem Erdogan nas mangas para fazer valer esta proibição se Putin ordenar à sua frota que cruze o Búsforo, o Mar de Mármara ou o Estreito dos Dardanelos mas admito que seja necessário entupir a rota pelo afundamento de alguns navios ali entre o estádio do Galatasarai e Calzedonia.

A ver…

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COMENTÁRIOS

 Adriano Miranda Lima  04.03.2022  13:40: Diz muito bem, Dr. Salles, esta guerra nada tem de religioso, é totalmente profana, sendo muito estranho que se lhe queira introduzir alguma motivação religiosa. Com muito propósito, alude ao papel que Erdogan pode ter no conflito, tanto mais quando se sabe que o seu país é membro da NATO, pelo que não se pode deixar de elogiar o posicionamento que tem assumido até ao momento. Penso que ele tem consciência de que vai andar sobre o fio da navalha.

 António Justo  04.03.2022  13:50: Também penso assim: A separação da Igreja provocada pela Ucrânia (três grupos!) deve-se a interesses políticos ligados à independência ucraniana que não viu com bons olhos o facto de o Patriarca em Moscovo não se ter pronunciado em relação ao conflito; mas isto já vem de trás! Por outro lado a existência de três igrejas (como era o caso depois de 2018) mais complica o processo de uma Ucrânia unida!

 

NOTAS DA INTERNET:

1 - Como nasceu a Ucrânia - e quais seus vínculos históricos com a Rússia

Redacção: BBC News Mundo

27 fevereiro 2022

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Laços entre os países remontam ao século 9º

Desde o dia 24 de fevereiro a comunidade internacional assiste com perplexidade à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Como outras nações vizinhas, os dois países têm tanto laços históricos e culturais que as unem quanto os que as separam.

Essa herança em comum remonta ao século 9, quando Kiev, a actual capital ucraniana, era centro do primeiro Estado eslavo, criado por um povo que se autodenominava "rus".

Foi esse grande Estado medieval, que os historiadores chamam de Rus de Kiev, que deu origem à Ucrânia e à Rússia - cuja capital actual, Moscou, surgiu no século 12.

A fé professada era a cristã ortodoxa, instituída em 988 por Vladimir 1º de Kiev (ou São Vladimir Svyatoslavich "O Grande"), que consolidou o reino Rus no território que corresponde hoje a Belarus, Rússia e Ucrânia e se estende até o Mar Báltico.

2 - Religião na Ucrânia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Historicamente, os territórios da actual Ucrânia eram habitados por tribos pagãs, mas o rito bizantino do cristianismo foi introduzido na virada do primeiro milénio. Escritores procuraram colocar o cristianismo deste país como introduzido pelo Apóstolo André.

No entanto, foi somente no século X que o estado emergente se tornou influenciado pelo Império Bizantino, a primeira conversão era conhecida foi a da princesa Santa Olga que veio para Constantinopla em 945 ou 957. Vários anos depois, seu neto, o knyaz Vladimir baptizou seu povo no rio Dnieper. Aí começou a longa história do domínio da Ortodoxia Oriental na Ruténia que mais tarde influenciaria a Rússia e a Ucrânia.

Judaísmo está presente em terras ucranianas há cerca de 2000 anos, quando os comerciantes judeus apareceram em colónias gregas. Desde o século XIII a presença judaica na Ucrânia aumentou significativamente. Mais tarde, na Ucrânia foi estabelecido novo ensinamento do judaísmo - hassidismo.

Islamismo foi trazido para a Ucrânia com a Horda de Ouro pelo Império Otomano. Os tártaros da Crimeia aceitaram o Islã por ser uma parte da Horda de Ouro e mais tarde os vassalos do Império Otomano.

A religião na Ucrânia passou por uma série de fases, mas em especial nos tempos da União Soviética, quando tal era o domínio do regime oficial comunista, que os cristãos foram perseguidos e apenas uma pequena fracção de pessoas foram oficialmente frequentadoras da igreja.

Estrutura religiosa da sociedade

As estimativas compiladas pela independente Razumkov Centre em uma pesquisa nacional em 2003 constatou que 75,2 por cento dos entrevistados acreditam em Deus e 22 por cento disseram que não acreditam em Deus. 37,4 por cento disseram frequentar a igreja regularmente.

Em 1 de janeiro de 2006, havia 30.507 organizações religiosas registradas, incluindo 29.262 comunidades religiosas, o Governo estimou haver cerca de 1.679 comunidades religiosas não registradas. Mais de 90 por cento dos cidadãos religiosamente activos eram cristãos, a maioria ortodoxa. A prática religiosa é geralmente mais forte na parte ocidental do país, devido à Ucrânia Ocidental fazer parte da União Soviética para período mais curto (1939–1941, 1944–1991).

As diferentes confissões na sociedade ucraniana foram estimadas pela pesquisa nacional. O resultado difere do número oficial de grupos religiosos registrados. Assim, a Igreja Ortodoxa Russa (hoje na Ucrânia, ele é chamado Igreja Ortodoxa Ucraniana tradicionalmente (desde os tempos do Império Russo e da União Soviética) teve a favor de muitas autoridades locais.

Igreja Ortodoxa Ucraniana - Patriarcado de Moscou

A Igreja Ortodoxa Ucraniana - Patriarcado de Moscou tem 35 eparquias e 10.875 comunidades (cerca de 68 por cento de todas as comunidades cristãs ortodoxas do país), a maioria das quais são localizados no centra, sul e leste do país. Em 2007, a Igreja tinha 122 mosteiros, 3.519 monges e freiras, 7.509 sacerdotes, 7.755 igrejas com 840 igrejas sendo construídas. 

A Igreja é liderada pelo Metropolita de Kiev e de toda a UcrâniaVolodymyr Viktor Sabodan. Esta Igreja utiliza predominantemente o idioma eslavo para os serviços.

Igreja Ortodoxa Ucraniana - Patriarcado de Kiev

A Igreja Ortodoxa Ucraniana - Patriarcado de Kiev foi formada após a independência sendo dirigida desde 1995 pelo Patriarca Filaret (Denysenko), que era anteriormente o Metropolitana Ortodoxo Russo de Kiev e de toda a Ucrânia. A Igreja afirma linhagem directa com o metropolitano de Kiev Petro Mohyla.

A Igreja tem 31 eparquias, 3.721 comunidades e 2.816 membros do clero. Aproximadamente 60 por cento dos seus fiéis vivem na parte ocidental do país. Não foi reconhecida pela Comunhão Ortodoxa Oriental.

Esta igreja usa o ucraniano e o eslavo como línguas litúrgicas.

Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana

Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana foi fundada em 1919, em Kiev. Foi banida durante a era soviética e voltou a ser legalizada em 1989.

A igreja tem 12 eparquias e 1166 comunidades, cerca de 70 por cento deles, na parte ocidental do país. Seu clero possui 686 membros.

No interesse da possível unificação futura das igrejas ortodoxas do país, não nomearam um patriarca para suceder o falecido Patriarca Dmitriy. A Igreja foi formalmente liderada no país pelo Metropolita Methodij de Ternopil e Podil, no entanto, as grandes eparquias de Kharkiv-Poltava, Lviv, Rivne-Volyn e Tavriya, quebraram oficialmente as relações com Methodij e pediram para ser colocado sob a jurisdição directa do com base em Istambul, do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I.

A Igreja usa a língua ucraniana.

Igreja Greco-Católica Ucraniana

Igreja Greco-Católica Ucraniana constitui o segundo maior grupo de crentes depois das igrejas ortodoxas cristãs. União de Brest formou a Igreja em 1596 para unificar os crentes católicos ortodoxos e romanos. Proibida pela União Soviética em 1946 e legalizada novamente em 1987.

A IGCU tem 18 eparquias, 3.433 comunidades e 2.136 membros do clero. Os membros da Igreja, que constituíam a maioria dos crentes na Ucrânia ocidental, é numerada em cerca de quatro milhões fiéis.

Arcebispo Maior Sviatoslav Shevchuk é o actual chefe da Igreja greco-católica ucraniana.  A língua utilizada pela Igreja é a ucraniana.

Igreja Católica Romana

Igreja Católica Romana é tradicionalmente associada com bolsos históricos de cidadãos de ascendência polonesa, que vivem principalmente nas regiões central e ocidental.

A Igreja Católica possui sete dioceses, 879 comunidades e 499 membros do clero que servem a aproximadamente um milhão de pessoas.

A Igreja usa os idiomas polonês, latim, ucraniano e russo. Os católicos latinos estão em comunhão com os grego-católicos ucranianos.

Igrejas Protestantes ucranianas

Protestantes fazem de 1% para cerca de 3% da população na Ucrânia, mas eles constituem mais de 25% da rede de igreja no país. O maior deles é o pentecostal, com mais de 2.500 igrejas e mais de 250 mil membros que fazem vários sindicatos e também há 1560 igrejas carismáticos. Existem mais de 2.500 igrejas batistas com mais de 150 mil membros, além de metodistasmenonitasluteranospresbiterianos e outros.

Outras igrejas e movimentos cristãos

Há também comunidades de católicos arméniosapostólicos arménios e algumas outras activas na Ucrânia .Embaixada de Deus de Domingo Adelaja mantém uma presença significativa em todo o país, assim como os outros [[neopentecostal] grupos]. Os testemunhas de Jeová são fortes, com 265.985 adeptos relatados em 2013 pelo Anuário do movimento. Em 2010, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons) construiu seu Templo em Kiev, a capital, e em 2012 reivindicou uma sociedade mais 11.000 adeptos em 57 congregações na Ucrânia. Outros movimentos activos incluem Adventistas do Sétimo Dia, igrejas protestantes pentecostais e branhamitas.

Islã

De acordo com o Pew Research Center no relatório de 2009, há uma estimativa de 456 mil muçulmanos na Ucrânia. Na Crimeia, os muçulmanos ucranianos podem ser até 12% da população. A maior parte das estepes do sul da Ucrânia moderna em um determinado período pertenceu a povos turcos, a maioria dos quais eram muçulmanos desde a queda de Khazar Canato.

O "tártaros da Crimeia" é o único grupo étnico muçulmano nativo no país. O Nogays, outro grupo de muçulmanos que viviam nas estepes do sul da Ucrânia, mas emigrou para a Turquia entre os séculos 18 e 19. Além disso, existem comunidades muçulmanas em todas as grandes cidades ucranianas que representam os imigrantes da era soviética de origens muçulmanas. Há aproximadamente 150 mesquitas na Ucrânia.

Judaísmo

O tamanho da população judaica actual varia. O Comité Estadual de Estatísticas estimou haver 103.600 judeus. Alguns líderes judeus, porém, dizem que a população judaica poderia ser tão alta quanto 300 mil. Observadores acreditam que 35 a 40 por cento da população judaica era activa comunitariamente, e há 240 organizações judaicas registradas. A maioria dos judeus observantes eram ortodoxos. Havia 104 comunidades Chabad-Lubavitch no país.

 

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